Segunda-feira, 8 de Outubro, 2012


George Thorogood, Get a Haircut

A pseudotsuga e a liquidambar. Paixão.

Os diapositivos seguintes fazem parte da comunicação apresentada pelo Professor David Justino em Montemor, no dia 29 de Setembro.

Resumindo: atendendo aos constrangimentos de ordem social e cultural das suas famílias, os alunos portugueses têm um desempenho acima da média nos testes PISA.

E esta hein?

Não fui eu que inventei… é o resultado de um estudo em decurso para publicação internacional e deita por terra muitas ideias feitas sobre o mau trabalho feito nas escolas portuguesas, as quais conseguem, com alunos com um background mais problemático, alcançar resultados acima do previsível.

O João Galamba está na RTP Informação a dizer que o PS quer cumprir o acordo com a troika, apenas quer fazê-lo mais devagarinho.

E é com ele e outros como ele que há quem queira estabelecer pontes e alternativas para uma “nova” política?

Um redondo vocábulo

Como deveria ser lógico, só aos alunos que este ano entram para o 10º ano se poderá pedir tal…

Não perceberam isso desde o início?

Ministério da Educação recua na questão dos exames do 12.º ano

Ainda não é este ano que os alunos do 12.º ano vão ter de responder, nos exames nacionais, sobre os programas dos três anos das disciplinas trienais. Mas a regra é para aplicar gradualmente. Os alunos que chegarem ao 12.º ano em 2014/2015 já serão abrangidos.

Sublinhando que a maioria passará pelos professores.

Mas podemos sempre acreditar que existirá uma vinculação ultra-extraordinária.

Governo quer reduzir a metade número de contratos a prazo no Estado

(…)

Na proposta de legislação entregue esta segunda feira aos sindicatos da função pública, o Executivo exige que, “até 31 de Dezembro de 2013, os serviços e organismos das administrações, directa e indirecta do Estado, regionais e autárquicas reduzam, no mínimo, em 50% o número de trabalhadores com contrato de trabalho a termo resolutivo e ou com nomeação transitória existente em 31 de Dezembro de 2012, com exclusão dos que sejam cofinanciados por fundos europeus”.

Isto significa que metade dos trabalhadores do Estado com contrato a prazo não deverão ver o seu vínculo renovado no decorrer do próximo ano.

A entrada no quadro não será uma perspectiva realista tendo em conta o congelamento de admissões actualmente em vigor.

A administração central (incluindo os hospitais EPE) tinha 85.640 trabalhadores a termo em Junho passado. A maioria sob a alçada dos Ministérios da Educação (perto de 51 mil), da Saúde e da Defesa.

A menos que o plano seja empurrar muita gente para a aposentação com brutais reduções… ou ficar até toda a sanidade se esvair…

Governo antecipa aumento da idade da reforma para 65 anos na função pública

(c) João Francisco

Empresa de que Passos foi gestor dominou fundo gerido por Relvas

A Tecnoforma, uma empresa de que Passos Coelho foi consultor e administrador, dominou por completo, na região Centro, um programa de formação profissional destinado a funcionários das autarquias que era tutelado por Miguel Relvas, então Secretário de Estado da Administração Local.
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Acho que a isto se chama liberalismo, empreendedorismo e iniciativa privada.

Chegou por mail, colhido no FB.

Nada como uma pequena dose de demagogia matinal feita de números à bruta.

É simples. O meu salário é o que se segue e tenho cerca de 100 alunos em 5 turmas (nada de excitações com a média, pois lecciono duas turmas PCA e uma com alunos NEE).

Isto significa, na aritmética básica de alguns estudos que eu custo nominalmente ao Estado 21,37 euros por aluno, 20, 45 em termos reais e 15 em termos líquidos. Isto em termos mensais.

Há professores nestes Conselhos de Turma com mais alunos do que eu e, em média, percepciono que a maioria tem mesmo mais alunos do que eu. Claro que há professores que estão em outros escalões, acima e abaixo de mim que estou ali no degrau do 5º escalão (índice 235), aquele que foi criado para fazer compasso. Há contratados (índice 126 ou 151) e professores do 9º escalão (índice 340).

Mas vamos acreditar que eu sou um professor médio, mediano, na moda (estatística, claro, que eu não gosto dos padrões desta estação). E que por ano (multiplicar por 12, por favor) eu custo ao Estado cerca de 250 euros (estou a arredondar para cima) em termos nominais ao Estado por aluno e cerca de 180 em termos líquidos.

Isso significa ainda que num Conselho de Turma do 2º ciclo com 8 professores nas mesmas condições, os encargos com pessoal são de 2000 euros nominais, e num do 3º com 10 professores serão de 2500. E, claro, no 1º ciclo, os encargos são bem menores…

Eu sei que as contas não se devem fazer assim. Há muito mais variáveis e subtilezas. Mas gosto de mostrar que, demagogia por demagogia, também a posso fazer com números claros e evidentes.

Mas estou plenamente convicto que andam a fazer pior do que isto, pois andam a somar todos os encargos, a dividi-los pelos alunos e depois aparecerão a dizer que é tudo muito caro e que os professores andam a ganhar muito, não questionando (só a título de exemplo) a EDP e outros encargos fixos. E aparecerão a dizer que é preciso fazerem-se co-pagamentos e tal. Quando já são feitos, pois o ensino obrigatório só é efectivamente gratuito para quem usufrui de ASE, escalão A.

No primeiro painel da tarde do encontro realizado nas Caldas sobre o tema “Gestão de Expectativas no Seio da Classe Docente e Da Burocracia à Desinformação na Educação”, o Luis Braga começou por mostrar alguns dos aspectos do quotidiano num agrupamento TEIP e a necessidade da gestão se adaptar às exigência de um meio local com problemáticas de inserção de comunidades culturais minoritárias. Em seguida salientou a necessidade do trabalho de um director se reger por princípios de ética e transparência, nos procedimentos e decisões. Realçou ainda o papel da boa burocracia ao serviço da eficácia da gestão e acabou por exemplificar com os mecanismos introduzidos no seu agrupamento para prevenção e redução da indisciplina.

Seguiram-se o Ricardo Montes e o Nuno Coelho que destacaram a actual divergência de expectativas no seio da classe docente enquanto todo mas também em cada uma das partes em que se pode decompor e em que acaba por se dividir quando se tratam assuntos delicados como a distribuição do serviço lectivo, a própria progressão na carreira ou a questão da vinculação (extra)ordinária dos professores contratados que voltou a despertar alguma discussão adicional à da manhã.

Por fim, o Nuno Rolo (em seu nome e do Abel Martins) demonstraram de forma muito clara as deficiências do trabalho legislativo do MEC em diversas áreas, em particular no que se refere à falta de pensamento integrado dos diplomas que sucessivamente vão sendo publicados mas também no que se refere ao extremo atraso da publicação de algumas regulamentações essenciais para a aplicação dos decretos-lei. Apresentaram ainda o seu contributo, ao nível da produção de documentos comparativos das diversas versões de leis como o Estatuto do Aluno e de outros materiais destinados à operacionalização, nas escolas, do referido Estatuto e de outros normativos em vigor. Sublinharam que esse é um trabalho que o aparato técnico-burocrático do MEC não faz, faz com atraso ou divulga de forma mitigada, acabando por terem de ser os professores e alguns bloggers a ter de traduzir de forma compreensível o que os legisladores não conseguiram.

Nada de peneiras, pois o Guerra e Paz está fora do sítio porque nunca consegui chegar ao fim. E a tradução desta edição é fraquinha, fraquinha.