Dezembro 2013


A uma distância enorme do resto.

Lorde, Royals

My friends and I—we’ve cracked the code.
We count our dollars on the train to the party.
And everyone who knows us knows that we’re fine with this,
We didn’t come for money.

The WordPress.com stats helper monkeys prepared a 2013 annual report for this blog.

Here’s an excerpt:

About 2,500,000 people visit MoMA in New York every year. This blog was viewed about 8,500,000 times in 2013. If it were an exhibit at MoMA, it would take about 3 years for that many people to see it.

Click here to see the complete report.

Em jeito de balanço, muito resumido, e no qual até me esqueci de incluir o aumento da dimensão das turmas, como outro claro exemplo da defesa dos “interesses dos alunos”.

Mesmo a acabar o texto leia-se “os professores contarem apenas consigo mesmos”. Erro meu, má fortuna de não rever os textos à lupa.

PG 31Dez13

Público, 31 de Dezembro de 2013

 

Guilherme Valente tem hoje, no Público, um artigo notável a vários os títulos, mas nenhum deles que me desperte especial afinidade.

Antes de mais, ao meter-se numa espécie de polémica com texto anterior de Maria Emília Brederode Santos, demonstra algo que vai sendo cada vez mais evidente e que é a enorme confusão que algumas pessoas fazem em torno de um conceito popularizado como “eduquês”, baralhando sistematicamente o que ele designava na formulação original e ocasional de Marçal Grilo – um discurso hermético, palavroso, redundante, alegadamente científico, em torno da Educação e destinado a dar a ilusão de só ser acessível a uma comunidade de iniciados, muitos deles ligados às Ciências da Educação mas também à Sociologia – e aquilo que alguns transformaram em práticas pedagógicas consideradas facilitistas por estarem na esteira da chamada “Pedagogia do Sucesso”.

Não tenho aqui tempo ou vontade para explicar em detalhe a Guilherme Valente que a intersecção entre teóricos e pedagogos palavrosos na tal “Pedagogia do Sucesso” não significa que o “eduquês” enquanto linguagem seja o mesmo que Guilherme Valente associa a práticas pedagógicas que ele considera erradas, não distinguindo retórica discursiva ou legislativa e prática pedagógica dos professores nas salas de aula. Mas esse “esquecimento” (do papel dos professores na tradução concreta das reformas) é muito habitual nos analistas comprometidos com uma determinada situação política.

Teria de lhe relembrar escritos que ele certamente conhece que remontam ao Movimento Escola Moderna e aparecem mais em força desde finais dos anos 60 e inícios dos anos 70 ligados ao Centro de Investigação Pedagógica da Gulbenkian e mesmo à reforma Veiga Simão. São textos críticos das pedagogias dirigistas dominantes da altura e que só num segundo momento são utilizados como fundamento para uma outra vaga de autores, mais sociólogos do que pedagogos, de que podem ser exemplos Stephen Stoer ou Boaventura Sousa Santos que criam um aparato conceptual de matriz pós-moderna destinado a cobrir muito do relativismo que enxameou posteriormente alguns sectores das Ciências da Educação.

A História desta deriva desde os anos 80 não cabe neste post que, para além disso, se destina a sublinhar um outro aspecto, certamente notável para mim porque confirma algumas das coisas que escrevi neste últimos dois anos, das políticas de Nuno Crato e que passa pela continuidade.

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Guilherme Valente é muito claro e, em meu entender, muito útil ao explicar que as políticas do seu amigo Nuno Crato surgem na continuidade das de Sócrates/Maria de Lurdes Rodrigues que por sua vez terão aprofundado as políticas do também seu amigo David Justino (o qual talvez já seja mais céptico do que parece em relação a muitas das suas ideias quando aplicadas à nossa realidade).

Mesmo quando erra – nem tudo o que Crato tem feito decorre em linha recta do que fizeram os seus antecessores, dos quais é apagada Isabel Alçada – Guilherme Valente presta-nos o inestimável serviço de confessar que, no seu entender, muito próximo do actual MEC, as actuais políticas mais não fazem do que continuar e aprofundar as anteriores.

E é esta confissão, clara, límpida, transparente, de que todos os estes ministros tiveram e têm uma luta comum – o combate ao “eduquês” na versão baralhada e distorcida de Guilherme Valente que apenas ignora como reagiram os professores nas escolas a essas teorias – que nos é extremamente útil para contextualizar tudo o que vivemos e demonstrar que, afinal, não é uma teoria da conspiração afirmar que existe uma confraria de ex-ME(C) que sentem a necessidade de defender-se entre si no essencial, mesmo quando parecem estar em divergência.

… resta informá-lo ou ele perceber isso.

Na semana passada, numa avaliação por parte de jornalistas do Expresso que o acolhera como articulista residente surgiu como terceiro pior ministro (classificação baixo de 8 não dava sequer acesso a um exame nos meus tempos) de um Governo com nota abaixo de 10, apenas à frente do inenarrável Machete e do dúbio Aguiar Branco.

Hoje, no Público, o balanço destes dois anos e meio revela o ponto até ao qual Nuno Crato se afundou na sua incapacidade política e incompetência técnica para o cargo.

Algo que já várias vezes lamentei, pois nunca fui dos que o recusaram desde o primeiro dia por ser “de Direita”. Só que é impossível não ver como ao avançar pelas questões a resolver Nuno Crato foi falando a destempo, errando nas apreciações, sendo desastrado e desmentindo-se sucessivamente.

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Não são balanços corporativos feitos por professores malvados. São balanços feitos no ambiente que sempre o recebeu de braços abertos, dando-lhe todo o espaço para explanar as suas ideias.

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ABC, When Smokey Sings

The “middle class” myth: Here’s why wages are really so low today

Want to understand the failures of the “free market” and the key to getting a decent wage? Here’s the real story.

O Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Porto aceitou nesta segunda-feira a providência cautelar interposta pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) para suspender a prova de avaliação de capacidades e conhecimentos (PACC) dos docentes. De acordo com o comunicado divulgado pela Fenprof, esta decisão impede o Ministério da Educação e Ciência (MEC) de realizar qualquer acto relacionado com a prova. O MEC vai recorrrer.

Segundo o comunicado da Fenprof, a decisão do TAF “não deixa margem para dúvidas”: “Nestes termos, e pelas razões vindas de aduzir, julgo a presente providência cautelar procedente e, em consequência, determino a suspensão da eficácia do despacho n.º 14293-A/2013 do ministro da Educação e Ciência, publicado no Diário da República n.º 214, suplemento, 2.ª série, de 5 de Novembro de 2013 e intimo a entidade requerida a abster-se de praticar qualquer acto conducente à realização da prova de avaliação de conhecimentos”, lê-se na decisão do TAF do Porto.

PISA2012K1Inesperados para alguns, não tanto para quem segue com mediana atenção a evolução das reformas educativas na Europa e não só, os resultados dos testes PISA 2012 chegaram quase a acabar o ano e foram como aquela bigorna dos Monty Python a cair em cima dos promotores da narrativa acerca das reformas educativas de sucesso.« e do fracasso do nosso sistema educativo, em especial das escolas públicas.

Ficou à vista de todos, mesmo dos que fingiram perceber outras coisas, o colapso dos resultados dos alunos dos países que aqueles que fazem o séquito do actual MEC em defesa da “liberdade de escolha” apresentavam como modelos maiores de sucesso nos testes internacionais que o próprio Nuno Crato há pouco tempo exaltava como a melhor maneira para comparar a performance dos sistemas educativos.

Mantendo eu reservas sobre alguns aspectos dos testes de 2009 entre nós, não posso deixar de sublinhar que, apesar da estabilização dos ganhos em 2012, o desempenho dos alunos portugueses teve uma das melhores evoluções da última década e muito melhor do que a dos alunos suecos, australianos, neozelandeses e de outros origens que tanto nos quiseram apresentar como exemplos a seguir.

Estamos ainda abaixo da média? Sim, mas somos dos que mais progredimos! Os resultados poderiam ser melhores? Nem por isso, atendendo ao contexto socioeconómico dos nossos alunos e ao atraso endémico que vivemos ao longo do século XX.

Podem atribuir-se responsabilidades directas a este ou aquele governante, a esta ou aquela reforma específica? Não, pois os resultados de alunos com 15 anos e 9 de escolaridade não se explicam por reformas a 6 meses de distância, ou mesmo a 2-3 anos. São o resultado acumulado de um trabalho que se inicia 9 anos antes e que dificilmente permite saltos repentinos a meio ou no final do trajecto.

Foram resultados obtidos com aquele sistema de ensino e aqueles professores que tanta gente andou preocupada em menorizar e ofender? Sim!

Para vergonha de muitos escrevinhadores e tecladores de ocasião, especialistas instantâneos em Educação, com doutoramento honoris causa no caso dos que procriaram e têm filhos em idade escolar, os testes internacionais que tanto endeusaram (os PISA como os PIRLS e TIMMS) surgiram a provar o erro das suas teorias de algibeira.

Só que, infelizmente, quem está e tem estado no poder é crente nessas teorias e o que tem sido feito no último punhado de anos é contra´rio a todo o bom senso e às evidências, colocando seriamente em risco os ganhos conseguidos.

Os vários volumes relativos aos resultados e respectivas análises dos PISA 2012 deveriam ser leitura de cabeceira para quem quer mesmo manter o desempenho dos alunos portugueses em trajectória ascendente. Claro que devem ser colocados de lado por quem anda apenas à cata de negócio.

Não é uma lista exaustiva, mas apenas apontamentos sobre as melhores surpresas ou confirmações do ano.

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Que emoção, meu Deus, que emoção.

Vale a pena ser fiel amigo do grande líder. Nem é preciso uma pacc, pois tem um currículo de luxo para o cargo.

José Maria Teixeira Leite Martins, João Almeida e António Manuel Costa Moura são os novos secretários de Estado

(…)

Já João Almeida, de 37 anos, novo secretário de Estado da Administração Interna, era porta-voz do CDS-PP e deputado eleito por aquele partido.  Licenciado em Direito, frequenta um mestrado em Economia e Políticas Públicas e é atualmente vice-presidente do grupo parlamentar do CDS-PP e porta-voz do partido. Antes da sua eleição como deputado foi adjunto da então vereadora Maria José Nogueira Pinto na Câmara Municipal de Lisboa, presidente do Conselho da Administração do clube de futebol “Os Belenenses” e secretário-geral do CDS-PP.

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Lorde, Team

… porque só assim é possível aguentar os olegários e o rai’s parta do Fabiano.

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Four tough questions about charter schools

(…)

It is time to ask some hard questions. In the past six years, have charters:

1. Narrowed the gap in educational achievement by race and class, whether measured by test scores, high school graduation rates, college completion rates, or  more holistic measures?

2. Helped to stabilize and improve inner city neighborhoods and protect them from gentrification, displacement and demographic inversion (moving the poor out of cities into the suburbs)?

3. Created a stable force of talented committed teachers in inner city communities, many of whom live in the communities they teach in?

4. Helped reduce neighborhood and school violence or disrupt the school-to-prison pipeline in any important way?

If the answer to all or most of these questions is no (and it is), advocates for public education need to have an honest conversation with the civil rights community about charters, understanding the basis of community support for these schools while respectfully pointing out how real-estate interests, profiteers and ambitious politicians have taken what began as an experiment and turned it into a scorched-earth policy that may well be doing more harm than good.

In all too many cities — New York City, Chicago, Newark, Detroit, Philadelphia– the creation of charters during the Obama presidency has not been a slow,  incremental policy crafted and implemented with careful community consultation, but rather a dramatic transformation of the educational landscape made possible by the mass closing of public schools that have served communities for decades, often over the protests of neighborhood residents.

The sheer number of these closings — 168 in New York City over the last four years, 47 in Chicago in the last year — as well as the speed with which they have occurred, have been unprecedented in the history of U.S. education.. The result has been destabilization of neighborhoods, weakening of teachers unions, and mass firings of veteran teachers — many of them teachers of color — all done with the support of the U.S. Department of Education as part of its Race to the Top policy. Though these measures have been justified as advancing educational opportunity in inner-city communities — and have been indeed promoted as a “civil rights” measure by Obama administration officials — we need a careful evaluation of the results on students, families and communities before closings and charter formation on a grand scale are brought to other cities.

To date, they have not produced the results they promised.

Com o merecido elogio ao restaurante Dona Isilda, onde se passam uns belos momentos de degustação.

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Público, 29 de Novembro de 2013

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(c) M.

NoNoNo, Pumpin Blood

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