Guilherme Valente tem hoje, no Público, um artigo notável a vários os títulos, mas nenhum deles que me desperte especial afinidade.
Antes de mais, ao meter-se numa espécie de polémica com texto anterior de Maria Emília Brederode Santos, demonstra algo que vai sendo cada vez mais evidente e que é a enorme confusão que algumas pessoas fazem em torno de um conceito popularizado como “eduquês”, baralhando sistematicamente o que ele designava na formulação original e ocasional de Marçal Grilo – um discurso hermético, palavroso, redundante, alegadamente científico, em torno da Educação e destinado a dar a ilusão de só ser acessível a uma comunidade de iniciados, muitos deles ligados às Ciências da Educação mas também à Sociologia – e aquilo que alguns transformaram em práticas pedagógicas consideradas facilitistas por estarem na esteira da chamada “Pedagogia do Sucesso”.
Não tenho aqui tempo ou vontade para explicar em detalhe a Guilherme Valente que a intersecção entre teóricos e pedagogos palavrosos na tal “Pedagogia do Sucesso” não significa que o “eduquês” enquanto linguagem seja o mesmo que Guilherme Valente associa a práticas pedagógicas que ele considera erradas, não distinguindo retórica discursiva ou legislativa e prática pedagógica dos professores nas salas de aula. Mas esse “esquecimento” (do papel dos professores na tradução concreta das reformas) é muito habitual nos analistas comprometidos com uma determinada situação política.
Teria de lhe relembrar escritos que ele certamente conhece que remontam ao Movimento Escola Moderna e aparecem mais em força desde finais dos anos 60 e inícios dos anos 70 ligados ao Centro de Investigação Pedagógica da Gulbenkian e mesmo à reforma Veiga Simão. São textos críticos das pedagogias dirigistas dominantes da altura e que só num segundo momento são utilizados como fundamento para uma outra vaga de autores, mais sociólogos do que pedagogos, de que podem ser exemplos Stephen Stoer ou Boaventura Sousa Santos que criam um aparato conceptual de matriz pós-moderna destinado a cobrir muito do relativismo que enxameou posteriormente alguns sectores das Ciências da Educação.
A História desta deriva desde os anos 80 não cabe neste post que, para além disso, se destina a sublinhar um outro aspecto, certamente notável para mim porque confirma algumas das coisas que escrevi neste últimos dois anos, das políticas de Nuno Crato e que passa pela continuidade.
Guilherme Valente é muito claro e, em meu entender, muito útil ao explicar que as políticas do seu amigo Nuno Crato surgem na continuidade das de Sócrates/Maria de Lurdes Rodrigues que por sua vez terão aprofundado as políticas do também seu amigo David Justino (o qual talvez já seja mais céptico do que parece em relação a muitas das suas ideias quando aplicadas à nossa realidade).
Mesmo quando erra – nem tudo o que Crato tem feito decorre em linha recta do que fizeram os seus antecessores, dos quais é apagada Isabel Alçada – Guilherme Valente presta-nos o inestimável serviço de confessar que, no seu entender, muito próximo do actual MEC, as actuais políticas mais não fazem do que continuar e aprofundar as anteriores.
E é esta confissão, clara, límpida, transparente, de que todos os estes ministros tiveram e têm uma luta comum – o combate ao “eduquês” na versão baralhada e distorcida de Guilherme Valente que apenas ignora como reagiram os professores nas escolas a essas teorias – que nos é extremamente útil para contextualizar tudo o que vivemos e demonstrar que, afinal, não é uma teoria da conspiração afirmar que existe uma confraria de ex-ME(C) que sentem a necessidade de defender-se entre si no essencial, mesmo quando parecem estar em divergência.
Dezembro 31, 2013 at 1:35 pm
http://www.publico.pt/temas/jornal/quando-a-escola-deixar-de-ser-uma-fabrica-de-alunos-27008265
Dezembro 31, 2013 at 1:37 pm
Esse é o filme que querem impingir aos portugueses: Nuno Crato é apenas um simples continuador de Maria L Rodrigues.
É falso.
Nuno Crato tem é uma agenda ideológica muito Americana (dos tempos de Ronald Reagan) que quer impingir em Portugal, mesmo contra alguma doutrina do PSD
Dezembro 31, 2013 at 1:58 pm
#2,
A agenda tem pontos comuns e pontos divergentes.
É errado esquecer os pontos comuns.
Dezembro 31, 2013 at 2:06 pm
… Nuno Crato continua o pior de ML Rodrigues…
Dezembro 31, 2013 at 2:12 pm
#4,
Exacto.
Dezembro 31, 2013 at 2:16 pm
#0
Sou sócio do MEM e vejo que também o conheces. Mas que bom.
Dezembro 31, 2013 at 2:39 pm
Sempre que posso compro o Público. Hoje pude e nele li o artigo publicado pelo Sr. Guilherme Valente e, antes dele, o seu próprio artigo, Paulo, com prazer renovado, pela clareza de ideias e pela capacidade de análise que nele demonstra, mais uma vez. Parabéns, pois, quer pelo artigo publicado quer por este post sobre o texto do dito Guilherme Valente. E que em 2014 a sua pena permaneça ativa na defesa do bom senso em matéria de educação, em geral, e da escola pública de qualidade, para todos, em particular. (coisa curiosa esta que me saiu!).
Parabéns e um 2014 de sucesso para si e para os seus!
Elias
Dezembro 31, 2013 at 3:06 pm
Parece-me a mim que o chamado eduquês resulta da conjugação do tal discurso palavroso e pedante, fruto dum novo-riquismo cultural apressadamente bebido em Boston e noutras paragens, com o aproveitamento político que a escola inclusiva e o direito ao sucesso a custos módicos propiciaram.
Parece-me também que, se quisermos ser rigorosos, há dois eduqueses, ou duas variantes do mesmo eduquês, uma mais à esquerda, da pedagogia construtivista em torno das competências e do aprender fazendo como forma de mascarar o insucesso, da escola inclusiva como forma barata de integrar crianças com deficiências ou necessidades especiais no ensino regular. E muito paleio redondo, muita papelada para construir, ainda que no plano meramente conceptual e retórico, o melhor dos mundos educativos.
O outro eduquês, mais à direita, é o do suposto rigor e exigência que só valem se certificados por exames e mais exames, pois, como dizia a cantiga de antigamente, “só-passa-quem-souber”. O que substitui a inclusão de fachada por cursos profissionais e vocacionais da treta. Talvez menos palavroso mas não menos comprometido. Já não há “direito ao sucesso” mas resolvem-se as carências das escolas com muita “ética escolar”…
Dezembro 31, 2013 at 3:16 pm
Concordo com a lógica de continuidade do rodriguismo para o cratismo.
Creio que está bem estruturada e definida uma política consensual no centrão em relação ao sistema educativo, e esse é o mérito, na perspectiva do arco do poder, de MLR, que assumiu com clareza e levou para a frente um programa de política educativa essencialmente de direita que há muito estava delineado mas ninguém tinha força, vontade ou coragem para implementar.
Do legado rodriguista faz também parte o princípio de que o ministro da educação tem de levar o mandato até ao fim, custe o que custar e mesmo que a sua presença seja, a partir de certo ponto, inútil ou contraproducente. Os outros ministros podem ser remodelados, o da educação, não, pois isso seria mostrar fraqueza perante os professores, o corporativismo docente, as manifestações, as greves, os sindicatos, o que quer que seja.
Julgo por isso que este ministro cumprirá o mandato até ao fim. Mandá-lo embora mais cedo implicará calçar os patins a todo o governo…
Dezembro 31, 2013 at 3:26 pm
Crato é um obcecado, como era MRL. Ambos, desconfiados da competência dos professores, querem controlar tudo o que lhes diz respeito, dando deles uma péssima imagem. Depois, a esfera mediática faz o resto, em termos de humilhação no “pelourinho”. Estou para ver o folclore em torno dos resultados da prova infame …
Dezembro 31, 2013 at 3:26 pm
#0
O eduquês, com as suas inerentes permissividade, facilitismo e porreirismo. tem os dias contados. Mas é uma luta contínua, dura e lenta contra os interesses instalados, que tem sido protagonizada pelos últimos governos. Os próximos continuarão nesta senda, embora com cambiantes cosméticos.
Paulo, habitua-te, pá…
Dezembro 31, 2013 at 3:33 pm
#11,
😆
Ainda tu não tinhas tacho, já eu criticava directamente muitos dos que tentavam implementar essa palavrice nas escolas.
Palavrice que se desenvolveu sob a batuta do IIE nos governos de Cavaco Silva.
Entre os especialistas pontificava um tal… Valter Lemos, então no CDS.
Interesses instalados?
Sim, em especial os que andam pelos gabinetes antes de se tornarem directores executivos, consultores, etc.
Esses, sim, são um “cancro” do sistema. Os facilitadores quando estão do lado público e os aproveitadores quando estão do lado privado.
Dezembro 31, 2013 at 3:34 pm
#11
O discurso eduquês está vivo e recomenda-se, e os próximos governos eventualmente continuarão na mesma senda, se os deixarmos. Houve apenas a necessidade de reformular o discurso, para o adaptar aos novos tempos e às ideologias em voga.
Quanto ao resto, os cortes orçamentais que se fazem nos gastos com os alunos e com os professores que com estes trabalham directamente garantem que os “interesses instalados” continuarão a ser devidamente protegidos…
Dezembro 31, 2013 at 3:46 pm
Meu Caro Paulo Guinote:
Em primeiro lugar os meus votos de um excelente 2014, para si e todos os seus.
E a seguir algumas, também rápidas, observações:
1. A rapidez com que comentou o meu artigo tocou-me muito.
2. Relativamente ao tom catedrático e à ideia, que pretende transmitir, de que possui um saber que os outros não têm, nem ao qual podem aceder — que, também comigo, o meu Amigo, porventura, inadvertidamente, usou — não me permito a grosseria de lhe dizer o que penso, mas que deve, agora, imaginar.
3. Sobre o sentido com que uso a expressão «eduquês», expliquei-o já inúmeras vezes. Como toda a gente compreende, uso a expressão por não ser praticável estar sempre «a contar a história» toda. (E tive o cuidado de deixar escrito a quem deve ser atribuído o «achado» que ela foi, a Marçal Grilo, outro meu Amigo.)
Também o meu Amigo compreende isso, seguramente, mas preferiu simular essa incompreensão para exibir a sua sapiência. Sapiência bem superficial, aliás, filosófica e historicamente, permita-me a franqueza..
3. Com o meu artigo, apenas pretendi defender as minhas convicções, que a realidade, infelizmente, tem vindo sempre a confirmar.
Finalmente, a montagem e o aproveitamento que tenta fazer com o meu texto, teve para mim, particularmente nesta época sempre um pouco nostálgica, um sabor de algum modo gratificante. De facto, pela sua motivação mais do que óbvia, pela ingénua revelação dos seus propósitos, transportou-me às alegres discussões dos meus tempos do liceu.
Amistosos cumprimentos,
Guilherme Valente
Dezembro 31, 2013 at 3:56 pm
#14,
😉
Atribui-me um tom que o post não tem, pois a ter um tom é de relativo enfado perante o eterno retorno de certas questiúnculas.
Aliás, é explícito no texto que os textos a que aludo são do seu conhecimento, não sendo necessário aqui recordá-los. Este não é um tom catedrático, impossível em professor do básico e que se orgulha disso, meu caro Amigo.
A rapidez de resposta foi apenas equivalente à que um dia teve em encontrar o meu nome num abaixo-assinado, só porque lá estava o de outra pessoa. Cada um reage ao que lhe interessa e chama a atenção. Já reparou com que ausência de rapidez reajo aos casos que acho perdidos?
O seu texto explica-se por amizade, acima de tudo. Pelo actual MEC de que será sempre defensor, honra lhe seja feita.
Não busco outras razões, históricas ou filosóficas, muito menos políticas, para o seu escrito.
Se o fiz voltar aos tempos das discussões de Liceu?
Ainda bem que mantém um espírito jovem… quiçá ingénuo, ao tratar destas coisas e ao atribuir, de forma juvenil, intenções a terceiros que eles nunca tiveram. Sei que paira um “fantasma” em certos ambientes, mas é injustificado. 😉 Procurem esses fantasmas em outras paragens e, por favor, não faça insinuações que não tem possibilidade de provar de modo algum, pela simples razão que essas intenções não existem, existiram ou existirão.
Ainda quanto a Liceu, não andei em nenhum, sou rapaz de Escola Secundária.
Não devolvo a acusação de superficialidade na sua abordagem, porque não se sublinham evidências, é desnecessário.
Só lhe faltou, meu caro Amigo, escrever aqui que a rapidez com que escrevi este post só é comparável à rapidez com que dele lhe dei conhecimento. Por mail que ficou sem resposta, fui agora confirmar. Coisas de juventude. Arrufos. 🙂
Tinha ficado bonito esse detalhe, numa altura em que, de novo jovens liceais, nos confrontamos com a eventualidade de um novo ano ainda mais triste para a Educação.
Um grande abraço deste que se assina superficialmente,
P
Dezembro 31, 2013 at 4:08 pm
A forma como certos “Amigos” servem de ideólogos e testas de ferro dos interesses que se movem em torno do poder, do dinheiro e do tráfico de influências na esfera educativa é muito elucidativa.
Estes Amigos nunca virão para junto de nós, professores das escolas básicas e secundárias, experimentar ao vivo e a cores os resultados práticos das suas experiências eduquesas e anti-eduquesas.
É muito bonita a Amizade dos Amigos com A grande quando são sempre os outros que se lixam, e essa sabe-se que é, sem recorrer a grandes e ocultas sabedorias, uma das principais origens dos nossos males colectivos enquanto povo e nação.
Dezembro 31, 2013 at 4:15 pm
#1
Texto muito oportuno.
De facto, na sua essência, a Escola, é, nos currículos, nos métodos e no perfil dos professores, a mesma da 1ª República. Incrível!!!
Mas o absurdo não pode durar para sempre.
Acredito que, um dia, esta Escola, académica e formatada em blocos pré-definidos, morrerá. Manter-se-á, quando muito, para ensinar a ler, escrever e contar.
A partir daí, cada um construirá o seu próprio currículo, de acordo com as suas necessidades funcionais, recorrendo aos saberes e competências em exercício, seja qual for a área de atividade.
E já são tantos os recursos disponíveis para o efeito, que o apego à velha escola só é compreensível à luz de fortes interesses corporativos.
Dezembro 31, 2013 at 4:21 pm
Então o Paulo Guinote é superficial e fraco e desconhecedor, só servindo para discutir ao nível de adolescentes de liceu. Desvalorizar o outro é sempre mais fácil, claro. O problema de muito teórico é não ter o que o Paulo tem de sobra: a prática do dia-a-dia. Mas a realidade, tanto na economia, como na política, como na educação não interessa nada, o que explica, em parte, o estado calamitoso do país.
Não se deve deixar que a realidade estrague uma boa história…
Dezembro 31, 2013 at 4:24 pm
17
Escola académica???? Ah, espere, deve estar a falar dos cursos profissionais. Os fortes interesses corporativos são, certamente, primos dos interesses instalados. Chiça, que estes professores querem ter um salário em troca do seu trabalho!!
Dezembro 31, 2013 at 4:27 pm
#1 e 17,
Discordo dessa visão em que tudo é igual ao que já foi.
Dezembro 31, 2013 at 4:47 pm
O post e o postado acusam-se mutuamente de um certo intelectualismo balofo que parasita os meandros do poder.
E não é que ambos parecem ter razão?!
Senhores, as coisas são muito mais simples!
É tudo uma questão de coerência.
Se queremos uma economia de mercado, então teremos de apostar nos resultados e em tudo o que isso implica.
Se queremos uma economia social, então a prioridade será a inclusão.
Todo esse palavreado mais não faz que transpor para a educação o nosso comportamento político: queremos ter os rendimentos dos alemães e trabalhar como os albaneses…
Dezembro 31, 2013 at 4:59 pm
#21,
Não acusei GV de nada disso. E ele acusou-me de outra coisa.
Podem ser mais ou menos graves, mas não são nada do que escreveu.
Aliás, se há algo em que concordamos é na crítica a quem tem esse discurso.
.
O “chato” ou não sabe ler ou não tem a coragem de assumir a acusação aos visados na primeira pessoa.
O resto do comentário é apenas o habitual preconceito xenófobo… afinal, “o chato” sabe se os albaneses trabalham muito ou pouco?
Talvez se tivesse enfiado a viola no saco em vez de querer armar-se ao pingarelho teria feito muito melhor, pois assim só revelou que ou não sabe ler ou é desonesto.
Desculpe lá se sou chato.
Dezembro 31, 2013 at 5:09 pm
#21
Pelo que entendi, o caro “chato” quer ser como os alemães? Então ficará ainda mais chato!
E quanto ao trabalhar como os albaneses… isso é o que essa tão adorada “economia de mercado” pretende, ao desregular os direitos sociais em Portugal,ao estilo dos países terceiro mundistas ou esses explorados países de leste. Mas não acha que os seus amigos estão no bom caminho para conseguirem que ganhemos tão mal ou pior que os albaneses? E quem lhe diz que os albaneses trabalham pouco? Viveu para essas bandas?
Não é um conflito entre economia de “mercado” e uma Economia “social”. É a tentativa de imnposição de uma economia financeira e especulativa que promove a desigualdade de direitos e de oportunidades, que quer criar apenas duas clasees, a de uma élite bacoca e de um resto de população de escravos, sem tempo para viver oara além do trabalho de sobrevivência. É colocar o ser humano ao serviço do dinheiro, em vez do contrário.
Esse tipo de “ideologia” estúpida, totalmente acéfala e egoísta, há-de estrebuchar e perecer em breve, de tão absurda que é, espero eu que não `cuata de mais uma guerra
Essa vil ideologia há-de morrer e estrebuchar, espero eu que não a
Dezembro 31, 2013 at 5:11 pm
Continuando:
… espero que não à custa de mais uma guerra entre países, como noutras épocas, dirigidas também por tantos seres obtusos e impreparados como os actuais… 😦
Dezembro 31, 2013 at 5:13 pm
#22
olha olha, Paulo, aquela observação sobre os ditos “albaneses”… transmissão de pensamento, eheh ? 😉
Dezembro 31, 2013 at 5:17 pm
Se ler sem (aparentes, desculpe…) complexos a minha resposta, verá que as intenções que lhe retribuí – bem ao contrário do que sugere relativamente a David Justino, mas isso com ele), não são insinuações e referem-se ao que tentou fazer com o meu texto, à distorção (falsamente) iletrada que tentou fazer dele. O que eu pensei sobre angeriores ministros e governantes disse-o na altura, sempre frontalmente, pagando os custos, muito gostosamente, que essa minha frontalidade me custou.
Quanto a eu chamar liceu ao estabelecimento de enino em que fiz o secundário, chamava-se assim, nem percebo o que pretende…insinuar. Quer dizer que eu sou um velho? O que hei-de eu fazer? Parabéns pela sua tão invejável juventude.
Com amizade,
Guilherme Valente
Dezembro 31, 2013 at 5:20 pm
Não me parece que o Paulo Guinote tenha puxado dos seus galões catedráticos ao comentar o tal artigo de GV. Não leio isso em qualquer frase que seja doi seu comentário.
Fico com pena que GV, que não conheço pessoalmente, tenha aparecido com tanta veemência a defender estas políticas educativas (???) de MLR e de NC como se tivessem trazido algo de benéfico. Pois habituara-me a admirar GV como editor. Lá está, para se falar de um assunto convinha a um cronista informar-se devidamente, ou então falar das suas especialidades.
E há tanto a dizer e a pôr em causa com o que se está a passar a nível cultural no mundo editorial e dos livreiros…
Espero que se informe melhor sobre a destruição que o seu amigo NC e outros anteriores andam a fazer na Escola Portuguesa, apesar de tão bem falantes, em rampas inclinadas televisivas. E Bom Ano de 2014.
Dezembro 31, 2013 at 6:12 pm
#26,
Como se pode distorcer um texto de que inclui a imagem fielmente reproduzida?
Vai-me desculpar, mas a sua reacção é a algo que não escrevi e que só pode estar num qualquer imaginário.
O que imputo a David Justino resulta de intervenções públicas que ele tem feito, não é uma adivinhação.
A menos que não tenha seguido o que o actual presidente do CNE disse sobre diversas matérias de alguma actualidade.
Bom 2014, com mais pontaria.
Dezembro 31, 2013 at 6:16 pm
Quanto ao “Liceu”, eu posso explicitar melhor… mas julgo que é desnecessário relembrar que muito do facilitismo na Educação nasceu em alguns dos seus alunos, em especial urbanos, que contestavam toda e qualquer avaliação ou exame.
Não andei lá, não sei se o GV testemunhou isso.
Dezembro 31, 2013 at 6:55 pm
Tenho aqui diversas vezes salientado a afinidade, de fundo – que em muitos domínios se torna simples continuidade, mas sem evolução… -, que assiste às políticas educativas que confluem em MLR e NC. Trata-se de seguir uma análise com mais malhas mais finas do que as de macropolítica usadas por Guilherme Valente e afins.
Em síntese:
Aquela afinidade – doutrinária e/ou instrumental – atravessa e expressa-se no eduquês, que aparece como o aparelho ideológico que subjaz e enforma tais políticas.
Estrutura-se em formas de poder e controlo geral – centrados no aparelho político do ME, sob a forma do centralismo administrativo – sobre o sistema educativo, e formas mais capilares de controlo técnico, que incide nas práticas disciplinares e pedagógicas (que objectivam o conhecimento como uma “coisa” e, concomitantemente, tornam a pedagogia uma técnica, sujeita à mensurabilidade, e que se expressa em formas de adestramento cada vez mais sibilinas, a que as ciências da educação emprestam caução axiológica e epistémica), tendo por objectivo primeiro e comum prover as supostas necessidades do mercado (seja numa perspectiva mais paternalista/assistencialista de MLR ou numa óptica mais meritocrática em NC).
Formar pessoas e seres pensantes – propósito maior de uma Educação digna desse nome – é algo que estas políticas ignoram olímpica e ostensivamente, e que lhes dá o veredito final que o futuro pronunciará, implacavelmente. O que não nos serve de consolo…
Dezembro 31, 2013 at 7:17 pm
Continuo a não perceber nada, sinceramente, das suas alusões ao ” liceu”. Usei a expressão espontaneamente, como os meus colegas da minha idade a usam, era assim que se dizia.
A propósito de outros comentários, fico sempre espantado como muitas pessoas, mesmo sem má intenção, não lêem o que está escrito nos textos. Mas houve alguém que tenha criticado mais persistente e veementemente do que o que se passou na educação nos últimos, digamos, 35 anos? Só o Sottomayor Cardia, enquanto viveu.
Bom Ano Novo para todos!
Janeiro 1, 2014 at 11:38 am
31
O liceu não tem nada de mal, se estivesse lá escola secundária era a mesma coisa, penso eu. O mal é o senhor tentar desvalorizar a discussão em torno do seu texto, colocando-a ao nível de discussões de alunos do secundário/ liceal. Eu andei no liceu, meu querido liceu, e lembro-me que era bem naive! É só isso! Nem o sr. nem o Paulo são adolescentes. Isto já não é o liceu. É a vida real! Depois, o que me custa é que o sr. defende as políticas dos últimos ministros, atacando os professores. Que bela seria a Escola, pastoreada por tão bons ministros, tão excelsas políticas, se não existissem professores, não é?
Janeiro 1, 2014 at 2:22 pm
Para que serve a escola?
A esta questão básica a maioria dos fazedores de opinião embrulham-se em considerações sobre a burocracia, os professores e invocam a feitiçaria dos exames para nada dizerem sobre o essencial.
Como se a competência dos professores fosse ditada pelos exames ad hoc, como se o sucesso educativo fosse uma questão de convicção ideológica.
E assim cada um dos governos vai colocando alegremente mais um tijolo na fábrica de alienação e resignação-ao-sistema-capitalista.
Bem hajam os ministros da educação, intelectuais orgânicos e sindicatos que obraram no sentido da domesticação e imbecilizacão dos portugueses nestes últimos 40 anos!
Janeiro 1, 2014 at 2:32 pm
#33
Para que não restem duvidas de interpretação: a escola do Estado Novo era repressiva e autoritária mas não o escondia e cada uma podia fazer a contestação ao modelo de forma subversiva e empenhada.
Hoje em dia contesta-se exactamente o quê?
Cada qual e cada um tece considerações e bocejos, acrescentando um monte de nada e o vazio aumenta na proporção directa da acumulação de mais-valia à custa da impotência e e da corrupção políticos sindical.
Janeiro 2, 2014 at 4:59 pm
Este foi o que deu abrigo aos ex-maoístas na sua editora para a campanha a favor da escola privada, disfarçando com a ladaínha do “eduquês”; em troca ganhou coluna no Público na altura do outro ex-maoísta JMF.