Não dei pela saída da peça no DN de 3ª feira sobre a questão da possibilidade de copiar nas escolas, incluindo Universidade. Por não saber exactamente o que saiu, pois o espaço é sempre pouco, ficam aqui as respostas completas dadas à jornalista Joana Capucho:
No âmbito da notícia sobre o direito a copiar para os alunos da Universidade de Sevilha, diz, no seu blog, que sempre deu esse direito aos seus alunos.
Sempre dei esse direito aos alunos, caso conseguissem enganar-me. A posteriori poderiam confessar sem consequências. Se fossem apanhados no momento, seriam penalizados.
– Já “apanhou” alunos a copiar? Se sim, quais os métodos que utilizavam?
Muitas vezes, mas mais no passado e quando leccionei 3º ciclo ou Secundário. Tradicionalmente, usavam-se os papelinhos escondidos nos bolsos, debaixo das pernas, dentro das mangas, enrolados dento das esferográficas. Também apontamentos decalcados em folhas brancas, que depois se viam contra a luz. Menmónicas para certos assuntos eram mais raras. Por vezes o próprio livro a ser aberto por pensarem que eu não estaria a ver. O olhar para o teste do parceiro, a pergunta sussurrada.
Actualmente, a tentação é a da utilização do telemóvel, mas é mais difícil, porque o objecto é mais visível e não pode estar presente na sala de aula à vista.– O que acontece quando um aluno seu é apanhado a usar cábulas ou a copiar por um colega durante um teste/exame?
Um aluno meu se for apanhado a copiar num teste, terá um desconto na classificação equivalente ao que considero ter sido a utilização de “cábulas”. Só anulo um teste, sem direito a repetição, em casos muito, muito excepcionais.
No caso de exames, as regras são nacionais e diferentes, sendo o exame anulado.
– No seu entender, quais as questões subjacentes ao uso de cábulas?
O uso das cábulas tem um aspecto positivo que é o facto de, ao serem preparadas, serem uma técnica de resumo da matéria e, portanto, de estudo. Digo-lhes que se forem bem feitas, as cábulas não precisam de ser usadas, pois certamente eles se lembram do que fizeram e de parte (pelo menos) do conteúdo. Aliás, o estudar, fazendo apontamentos da matéria, esquemas, resumos, é a fase anterior a transformar isso numa “cábula” para uso no dia do teste.
A parte negativa é a cábula desleixada, o copianço de última hora, o aproveitar o teste alheio que é uma esfera de desonestidade intelectual para mim mais grave, pois revela total preguiça. Uma cábula bem feita dá trabalho.
– O que acha do facto de a Universidade de Sevilha ter dado aos estudantes o “direito à cópia”?
Depende de como se interpreta o “copianço”. Na Universidade fiz muitos testes com consulta e eram os mais difíceis, pois as perguntas eram mais complexas e exigiam um trabalho prévio de estudo, não chegando levar livros e apontamentos se não os soubessemos usar. E era necessário referir as fontes da informação.
Fiz testes em que me era dado um leque de possíveis perguntas e eu poderia levar para a aula o que entendesse no dia da avaliação. Era uma falsa “facilidade”, pois exigia um trabalho de pesquisa e de relacionação dos dados maior do que um teste sem consulta com perguntas mais directas.
Claro que o “copianço” simples de poder responder a perguntas directas com recurso a qualquer ajuda possível não é aceitável. E muito pior se os alunos nem referirem os meios usados.
Como disse, uma boa cábula exige pesquisa.– Acha que esta medida devia ser aplicada em Portugal? Porquê?
Depende dos contextos e da forma como fosse posta em prática. Conheço casos no passado mais ou menos distante ou próximo, de autênticas fraudes académicas em testes e trabalhos, com os professores a serem incapazes de detectar trabalhos que não eram dos signatários, seja trabalhos copiados de outrem, seja produzidos por outras pessoas conhecendo o fim. Tudo porque os próprios professores não têm tempo ou paciência para fazer uma verificação extra (oral, por exemplo) dos métodos de trabalho usados e do próprio conteúdo.
Porque uma coisa é aceitar o recurso a meios adicionais de consulta num teste, outra aceitar o plágio e a mera cópia.
Resumindo, acho que seria uma medida mal interpretada e certamente usada de forma desregrada, ainda mais do que já acontece.
– Considera que os alunos encaram o uso de cábulas com normalidade, ou reconhecem-no como uma prática ilícita?
As duas coisas não se excluem, pois encaram o acto ilícito como normal, fruto de uma cultura de impunidade na sociedade que os rodeia. Observam personalidades a cometer actos ilegais e a conseguirem fugir das consequências com desculpas e detalhes formais. Conhecem a confissão de crimes em gravações, que depois são contestadas como prova, não sendo negado o crime.
Pelo que é normal que muitos considerem que o “truque” é um recurso como outro qualquer. Tentam não ser apanhados. Sendo-o, tentam arranjar múltiplas explicações. Imitam os modelos sociais vigentes.
Se temos juristas e políticos a assumir que há leis e medidas inconstitucionais, porque assim tem de ser, o que hão-de dizer adolescentes sobre isso?Só um detalhe adicional.
Há já muitos anos, um aluno meu copiou e depois de o fazer, confessou-me como.
A aula era no rés do chão e ele deixou a janela semi-aberta na aula anterior, entrou no intervalo e resumiu 2 ou 3 respostas nas costas da cadeira à frente do seu lugar.Não dei por nada, não o penalizei, conforme prometido. Era uma “injustiça” fazê-lo depois de tanto trabalho.
Março 15, 2012 at 12:20 am
A questão não se centra na cópia, mas somenos no discernimento da cópia.
Março 15, 2012 at 12:24 am
A mim, pediram-se algumas vezes para fazer “testes com consulta” em Filosofia.
Mas cada turma só me pediu isso uma vez: as negativas subiram muito…
Março 15, 2012 at 12:29 am
Nunca percebi essa das negativas, não as há abaixo de zero.
Março 15, 2012 at 12:41 am
Eu tive muitos alunos com negativas e alguns deles eram abaixo de zero: maus alunos e não eram melhores como pessoas…
Março 15, 2012 at 1:01 am
Já se percebeu que a bitola é outra, ousa-se chamar negativa abaixo de dez. Cambada de burros!
Março 15, 2012 at 1:27 am
copiar é fraude
um povo habituado à fraude descamba um país
Março 15, 2012 at 8:08 am
Não fora “um país habituade à fraude” e….
Perspectiva muito interessante! Lucidez!
Março 15, 2012 at 8:57 am
#3,
Sabes que há uma escala paralela em que, em vendo um zero, abaixo dele é negativa.
Passa-se isso, por exemplo, com o 10.
Já toda uma outra abordagem – mais moralista – é a de que quem não tem três deve ser avaliado(a) negativamente pela sociedade.
Março 15, 2012 at 10:01 am
Não me agrada nada a ideia de ter uma consulta com um médico que tirou o curso a copiar nos testes…
O mesmo se aplica ao piloto ou ao motorista do autocarro, ou ao condutor do comboio, etc em que eu me encontre a viajar… ou os gajos que fazem as pontes e as estradas e as canalizações e os carros e os edifícios …que eu utilizo. A mesma coisa para os gajos que nos governam…
Março 15, 2012 at 10:30 am
http://visao.sapo.pt/justica-bloqueia-lucros-musica-ai-se-eu-te-pego=f652507
Março 15, 2012 at 10:38 am
“Sempre dei esse direito aos alunos, caso conseguissem enganar-me.”
Será como dizer: Tens o direito de andar na estrada à velocidade que quiseres, desde que consigas enganar a polícia.
Ou, num outro plano, em tempos aqui debatido, tens o direito a governar acumulando dívida pública sem limite, desde que consigas enganar os credores e o povo que votou em ti.
A frase pode dar bonito efeito em termos jornalísticos, mas entra por um terreno que, eticamente, é muito resvaladiço.
Mas é curioso como se exige ética a quem lida com os mercados financeiros e se apresenta a pessoas concretas a falta de ética como um eventual “direito”…
Março 15, 2012 at 10:44 am
#11,
Sim, Grande Homem Ético.
É tudo igual, tudo semelhante.-
Tive professores na Faculdade, um em concreto, que também achava(m) que todas as ditaduras eram Fascistas, só as de Esquerda é que não eram.
Salazar era igual a Hitler.
Mas Estaline, Mao, Fidel e outros não.
E era(m) contra a c ensura, quando aplicada a eles, mas depois aplicavam-na para silenciar os alunos incómodos.
Um pouco como a tua escola ideológica gosta de fazer.
O relativismo não está do meu lado, por estranho que pareça.
Copiar uma pergunta num teste de História é equivalente a defraudar empresas e povos em milhões de milhões de euros.
Realmente, António, já tinha percebido que um imenso oceano nos separa (para além das superfícies ocasionais) em termos éticos.
A grande diferença é que as frases para “efeito jornalístico” correspondem a factos e podem ser escrutinadas, assim como a minha visibilidade torna o que escrevo confrontável com a realidade.
Desta vez nem te vou pedir desculpa, atendendo ao tom de paternalismo que usaste, para te responder que o que escreves aqui vale o que vale, pois não sabemos, nem temos meios para saber se não passam de uma ficção politicamente correcta para consumo blogosférico.
Vai-te catar, pá!
Março 15, 2012 at 10:53 am
Há uma diferença enorme entre fazer cumprir as regras de forma rigorosa e admitir que, caso o não consiga, o “enganador” – confessando o acto – não ser penalizado, pela minha incompetência em detectá-lo.
Acho isso mais honesto do que ter entidades reguladoras a flhar as obrigações e, quando descobertas, atirarem as culpas para outros.
Se, como professor que não aceita o copianço, permitir que isso aconteça a culpa é minha e de mais ninguém.
Mas há toda uma escola de auto-desculpabilização que atuira as culpas para os outros ou pede a absolvição a Deus.
Os antóniosduartes – acelerados a acusar os outros antes de reflectirem – pertencem à escola que nem pedem desculpa por errarem. Culpam os alunos pelas suas falhas.
Gostaste?
E não vale a pena dizer que estou a ser personalizado no ataque”, pois mais não faço do que defender-me de um ataque que, ele sim, foi completamente “ao homem”.
Março 15, 2012 at 3:16 pm
“Se, como professor que não aceita o copianço, permitir que isso aconteça a culpa é minha e de mais ninguém.”
Como?! Um aluno mais dotado de artes de disfarce e artimanhas de “xico-espertismo” deverá ser recompensado face a uma aluno trabalhador, interessado e empenhado? É um modelo um tanto ou quanto “estranho”…
Se assim for, não será um logro e não estará o Paulo a contribuir para que o aluno apenas se iluda com a nota obtida!? O que acontecerá a um aluno destes quando encontrar um professor, desculpe a franqueza, mais competente em detetar fraudes? Os fins justificam os meios?
Parece-me que se exaltou com o sr. que acima lhe teceu criticas. Só assim compreendo esta posição extemporânea!
Não, não é uma crítica, ou um ataque pessoal às suas posições! Se tem uma história com o sr. de cima é diferente! Mas, como diz, expõe-se às críticas e ideias contrárias às suas! Naturalmente…
P.s. Uma sugestão de toda inocente: peça aos livrescos e e coisas assim, que não o defendam como se o Paulo se tratasse de uma fina flor, ou um homem de cristal. Sabe-se defender! É inteligente! Não precisa de “cães”, ou de uma guarda pretoriana!
Março 15, 2012 at 3:48 pm
Paulo, não foi um ataque ao homem e continuará a não ser. De tudo o que escreveste houve uma expressão com que não concordei. Critiquei, frontalmente como é meu hábito, a referência ao copianço como um “direito” e expliquei porquê. Tentei demonstrar, com exemplos até, que isso entra em contradição com outras coisas que já escreveste.
Invocaste escolas ideológicas que nunca frequentei, fascistas ou social-fascistas ou outras quaisquer. Lá saberás porque decidiste levar a réplica para esse lado, que representa um peditório para o qual não costumo contribuir.
Voltando à questão, claro que todos temos ou tivemos alunos que copiaram nos testes. Apanhamos uns, mas um ou outro acabará sempre por escapar sem ser castigado. Chamar a isso um direito? Não concordo. É evidente que copiar uma resposta num teste não é a mesma coisa que roubar ou matar, e não percebo porque fazes essa comparação, mas, lá está, é um princípio ético o que está em causa: não se copia.
Na minha maneira de ver, que não pretende ser mais ou menos ética que a dos outros, deve ser este o ponto de partida. Ou se não quisermos invocar a ética, invoquemos o estatuto do aluno, o regulamento interno ou outra coisa qualquer. Mas, insisto, ao chamar “direito” a um acto ilícito de um aluno, apenas porque não houve a punição adequada, estamos a passar uma mensagem que a meu ver é errada.
A minha opinião, repito. Mas estou pronto a considerar os argumentos de quem me queira demonstrar o contrário.
Poderia acrescentar mais coisas, mas sobre éticas fiquemos assim: eu nunca disse aos meus filhos que copiar sem serem apanhados era um direito deles. Também nunca o diria aos meus alunos, a quem não reservo princípios de segunda categoria.
Março 15, 2012 at 4:18 pm
#14,
Importa-se de referir em que comentário surge aqyui o Livresco?
Não tenho nenhum problema pessoal com o António, só não gosto das repetidas vezes em que usa a questão da “ética” para alfinetar.
Não sou cristão, reajo.
#15,
António, digas o que disseres, sabes a intenção com que “alfinetaste”.
Algo que se nota nos “princípios de segunda categoria”.
Tu és de “primeira”.
E os outros de 2segunda”.
perante isso, lamento, mas acho que te deves ir mesmo catar porque aqui defendeste várias vezes direitos acrescidos a uns, que negaste a outros (os de “segunda”).
Estou cansado de quem, em nome do politicamente correcto, se refugia em práticas “puras” e ideais, parecendo que nunca pecou.
E, já agora, não respondeste a nenhum dos meus argumentos, apenas voltaste a debitar a tua ética superior, estendo-a da sala de aula á família.
Março 15, 2012 at 4:23 pm
Acho fantástico – ou melhor, percebo o gozo com que agarram no “fio” que parece solto – para erigirem um fait-divers em “regra” e um direito que eu afirmo dar aos meus alunos (o de tentarem copiar) em Direito Universal anunciado a todas as turmas no início do ano lectivo.
Acho de uma desonestidade intelectual a toda a prova certas afirmações contidas em #14 (e a desonestidade remete para outro comentário do mesmo nick em outro lado), pois em nenhum momento defendi o prewdomínio do “xico-espertismo” sobre a seriedade.
Quem afirma isso faz aquela coisa adorável que é ignorar o conjunto do que é escrito.
Mas… assim seja… pois mantenho o que afirmei. Sempre dei o direito aos meus alunos de fazer cábulas, assim como sempre tive o direito de os fazer sofrer consequências por uso.
É o que está escrito.
Ainda bem que o “Ned Ludd” e o António Duarte têm a posição “pura” e competente de quem nunca foi enganado.
Normalmente, são os que caem de mais alto… de tanto se erguerem em cima da própria presunção.
Março 15, 2012 at 4:27 pm
Terminando… felizmente sou favorável a exames e coisas assim. Os meus “princípios de segunda” têm podido ser objecto de avaliação.
Março 15, 2012 at 4:51 pm
Paulo, também não sou cristão, embora algo me tenha ficado, daí que às vezes, ao contrário de ti, ainda caia na tentação de dar a outra face, do que geralmente me arrependo…
O essencial de tudo isto resume-se àquela palavrinha mágica, o “direito”…
Não concordo com a sua utilização naquele contexto, e expliquei porquê. Se achas que sim, tudo bem, apenas não me convenceste.
Também não afirmei que os meus alunos nunca tentaram copiar nos testes, ou copiaram sem eu ver, antes pelo contrário. Relê o que escrevi, sff.
Quanto à ética, a ver se consigo esclarecer de vez o seguinte: há ética no que as pessoas dizem ou fazem, não no comportamento ou funcionamento de entidades impessoais ou colectivas como os “mercados”, por exemplo. Foi daí que nasceu a divergência.
Ah, e se tens uma dívida a pagar a uns banqueiros e uns milhares de crianças a morrer de fome, a ética não é o “paga-o-que-deves”. A ética deve ajudar-te, isso sim, a decidir onde gastar o pouco dinheiro que tens.
Março 15, 2012 at 4:51 pm
Pelo que me estou a aperceber, estas respostas terão sido do Paulo….Comentei sem o saber, sinceramente, pensando que fosse de outro ” alguém”.
Acho que se estão a confundir as coisas, porque não está implícita a representação vulgarizada do tal copiar.
Está sim,uma maneira organizada de estudo que tornará o “copiar” prescindível.
Mas note-se que isto não será para todos os alunos. Será para os que trabalham e têm gosto e inteligência.
Março 15, 2012 at 4:52 pm
Como o Paulo honestamente percebeu, a referência ao tal “livresco” “remete para outro comentário do mesmo nick em outro lado”. Assim sendo, deixo esse assunto em pousio.
Eu não digo que nunca fui enganado pelos meus alunos! Porém, não defendo a sua posição! Pelo menos a posição tal qual me a pareceu colocar. Também não considero que esta sua opinião faz de si uma pessoa mais ou menos coerente, mais ou menos inteligente, nem mais ou menos “ética!” É uma posição apenas isso e, portanto, passível de ser contrariada ou criticada! Não concorda?!
De alfinetes não percebo nada, nem quero!
“Há uma diferença enorme entre fazer cumprir as regras de forma rigorosa e admitir que, caso o não consiga, o “enganador” – confessando o acto – não ser penalizado, pela minha incompetência em detectá-lo.” No meu dicionário, pobre e limitado, admito, esta sua frase, apesar de isolada do todo, contém muito do que entendo por “Xico-espertismo”. Não vejo como a confissão do acto fraudulento poderá ser redentora para quem o comete.
Não sinto regozijo em atacar as suas posições! Como disse, sempre que quiser ser intelectualmente honesto, conte comigo para lhe dar a minha opinião, neutra e própria. Não espere ecos das suas palavras, nem reflexos de um espelho, nem tão pouco “alfinetadas” gratuitas ou não!
Sou livre, muitas vezes incoerente e tantas vezes inconsistente, mas ouso pensar sobre a educação, o meu mester, e não hesito em questionar-me, nem em questionar os outros.
Março 15, 2012 at 5:07 pm
A minha leitura do é a seguinte:
– os alunos têm a liberdade para elaborar cábulas e também para copiar(mas a sua liberdade acaba, no momento em que o professor os apanha em fraude: “Sempre dei esse direito aos alunos, caso conseguissem enganar-me.(…) Se fossem apanhados no momento, seriam penalizados.”).
É óbvio que o professor só poderá anular a prova/a resposta do aluno se tiver provas, ou seja, se o conseguir apanhar a copiar.
Quando leio esta parte: “A posteriori poderiam confessar sem consequências.”, entendo que, quando um professor afirma isto, pretende dizer aos seus alunos que irá estar bastante atento e vigilante durante a realização da prova, ou seja, se os alunos conseguirem copiar, isso poderá significar que utilizam métodos de copianço difíceis de detectar ou que o professor desconhece (o facto de o aluno poder vir a confessar a técnica utilizada – e que escapou à atenção do professor- poderá ajudar o professor a aperfeiçoar a sua técnica de vigilância, isto é, a confissão de um erro ocasional por parte de um aluno poderá ser extremamente útil, em situações futuras, daí que se entenda a não penalização de quem confessou ter copiado.)
____________________________________________________________
É oportuno relembrar que as cábulas também são conhecidas por “auxiliares de memória” … e isso também pode ser interpretado de diferentes formas – uma é aquela que indica que elas podem ajudar o aluno a memorizar os conteúdos.
(Se cada professor contasse aqui situações pelas quais já passou, provavelmente, teríamos, neste post, um conjunto de comentários recheados de Bom Humor e Boa Disposição!!!)
Março 15, 2012 at 5:07 pm
Errata: do post(l.1).
Março 15, 2012 at 5:09 pm
Ah, só mais duas coisinhas:
1. Os direitos acrescidos a uns, negados aos outros, que supostamente aqui terei defendido, não sei quais são. Sempre fui a favor da igualdade de direitos e de uma sociedade capaz de compatibilizar o mais possível os direitos de todos. E de liberdade com responsabilidade.
2. Duas afirmações em #17:
“Sempre dei o direito aos meus alunos de fazer cábulas”.
Nada a opor. Subscrevo inteiramente.
“É o que está escrito.”
Não, não é. Se fosse, esta discussão não teria sentido.
Março 15, 2012 at 6:31 pm
“24,
No meu comentário #18,
O que escrevi no post:
Relê tudo o que escrevi.
E um pedido adicional.
Não me voltes a dirigir passagens como esta:
Março 15, 2012 at 6:42 pm
#21,
Não preciso de elogios ou reflexos.
Preciso de uma base de honestidade na discussão por parte de quem acusa os outros – de forma implícita, claro – de desonestidade.
O que está escrito corresponde ao que eu penso e pratico, resultado de anos de “mister” não ao que outros querem que lá esteja.
O que está escrito (e o engraçado é que as partes “polémicas” nem sequer eram respostas a questões directas, mas apenas a contextualização transparente do que faço) é que eu não penalizo terceiros por falhas minhas.
Nunca incitei a copiar.
provavelmente quem assim pensa é que, se lhe dissessem o que eu digo, “ouviriam” outra coisa.
Março 15, 2012 at 6:53 pm
Há uma altura em que o cansaço invade qualquer um, por mais resistente que seja, quando se percebe que o tiro ao alvo, a partir de posições abertas ou camufladas é o desporto favorito.
Pode parecer off-topic, mas não é: eu estou onde sempre disse que estaria, não onde muita gente previu que eu desejaria ou haveria de estar.
Parafraseando com liberdade o outro, sei bem os caminhos pelos quais não vou, mesmo se não tenho nenhum definido com clareza.
Março 15, 2012 at 7:05 pm
Continuando o desbafo, em forma de estado d’alma, não necessariamente dirigido aos comentadores NL e AD, mas de certa forma motivado por um dia com muitas aulas e não só.
Tenho a completa consciência de que se um dia eu tivesse algum azar profissional, os meus melhores e mais acérrimos defensores seriam os alunos, pois sei o quanto há quem esteja sempre à espreita da “escorregadela”.
Pior ainda: quando se admite que desde sempre houve a percepção da falibilidade, até isso é argumento usado como arma de arremesso.
Um tipo escreve que, falhando, não culpa terceiros e há quem consiga ver nisso uma declaração de infalibilidade e arrogãncia de ter sempre razão.
Haja santa paciência porque não há @%&§§### que aguente isto.
Março 15, 2012 at 7:21 pm
#25
Paulo, já tinha lido isso tudo, e nada tenho a opor. A única afirmação que me mereceu crítica foi a que transcrevi no primeiro comentário:
“Sempre dei esse direito aos alunos, caso conseguissem enganar-me.”
Percebo que ela surge num tom inicial que é dado pelo jornalista, que fala em “direito a copiar”, mas que tu não contrarias. É só aqui que está a nossa discordância, embora tenda a desaparecer com a contextualização que depois fazes da afirmação inicial.
Quanto à parte do meu comentário que te melindrou, lamento, não era esse o objectivo. Escrevi na primeira pessoa, e em defesa do meu ponto de vista. Não pretendeu ser alfinetada para ninguém, estou a dizer o que penso, em relação a mim próprio. Em defesa da minha ética, se quiseres, que contudo não pretendo impor aos outros nem considerar superior à de ninguém.
Março 15, 2012 at 8:59 pm
“Continuando o desbafo, em forma de estado d’alma, não necessariamente dirigido aos comentadores NL e AD, mas de certa forma motivado por um dia com muitas aulas e não só.”
Pois, acredito! Só assim compreendo esta autêntica cruzada para defender uma posição tão susceptível de ser criticada como outra qualquer e de menor dimensão, se quer que lho diga! O Paulo levou a questão para o foro pessoal porque teve um dia difícil!? OK! Porém, não compreendo a sua indignação, pelo menos no que diz respeito aos meus comentários. Quanto aos”reflexos” que diz não precisar, devia-os conter! Não lhe fica bem a agressividade como o protegem …instintos quase animais e maternais de felídeos…
Se quer honestidade intelectual não deve comentar propostas que lhe faço, bem ou mal, sobre a avaliação do impacto que os blogues têm na nossa sociedade, especificamente o seu, na base do “eu sou bom e sei que o que tu queres é qualquer coisa e tal da conspiração e dos não sei o quê que comem crianças e só me querem atacar e coisa e tal e respondo de forma enigmática para calar o gajo! São alguns complexos?! Depois, a forma como atiça os seus apaniguados, que se limitam a rugir, não argumentam, nem querem, tão pouco produzem ideias válidas, faz com que apareça um chorrilho de asneiras ao comentário franco que lhe dirigi ontem!
A humildade é uma característica humana que muito prezo, sabe?! E deveria ter a humildade de se sujeitar às ideias dos outros, bem como às suas criticas num espaço de discussão que tornou público. Caso contrário, torne-o fechado aos que lhe querem tanto bem…
Março 15, 2012 at 9:13 pm
#30,
Eu não incentivo, nem contrario as disputas que aqui acontecem.
Barrei um par de pessoas, de forma definitiva na medida do possível, em meia dúzia de anos.
Porque desrespeitavam e gozavam com outro(a)s comentadores(as) de forma que não admito.
Ainda o fazem no spam.
A forma como eu respondo ou deixo de responder é comigo. Responsabiliza-me a mim.
Não comecei por responder “torto” depois de um dia cheio de aulas, mas antes, por causa do “tom” do seu tal comentário que, parecendo que não, já trazia a resposta às questões.
A minha resposta não foi para o calar, como parece mais do que óbvio.
O problema é que esse tipo de questões já passou por aqui tantas vezes e sempre com a mesma tese implícita, que já me canso.
No seu caso acha que é uma questão nova por aqui?
Não é.
Como não são as posições de quem acha que os blogues só produzem “ruído” e pouco mais.
Quanto à humildade ou falta dela, acho fantástico que me diga isso depois do que eu escrevi, de ter afirmado que sei que falho e que quando isso acontece não culpo os outros.
Agora quando defendo as minhas posições, defendo-as.
Quando as mudo, mudo. E depois acusam-me de ter mudado de opinião. Se não as mudo sou arrogante.
Fico sem perceber.
Já admiti várias vezes que me enganei e fiz mea culpa. Veio a brigada do “olha para ele, a limpar-se”.
Quando mantenho as minhas ideias, vem a outra brigada que diz “olha para o gajo, não admite que se engana”.
Cansa!!!
Percebo que cada comentador crítico sinta que tem direito a cortar uma fatia do autor do blogue e braseá-la. Só que o braseado sou eu e reajo.
#29,
Porque és tu e porque não adianta estarmos agora a ir lá ver as entrelinhas, mando-te daqui um ENORME abraço.
Março 15, 2012 at 9:23 pm
31,
Ficou-lhe bem ter sido piegas! 🙂
Março 15, 2012 at 10:06 pm
Interessante ler alguns argumentos e certas comparações.
Tentar fazer um paralelo entre adultos roubarem e jovens copiarem é mesmo… como hei de classificar… enfim, inacreditável.
– Principalmente vindo de quem acha que um país deve pedir dinheiro emprestado para depois não pagar…
Uma pergunta ao António Duarte:
– Nunca, em toda a sua vida de estudante, copiou… certo?
Eu, por acaso, já. Não foram muitas as vezes – até pela manifesta falta de jeito, pois suava feito um desalmado mal pensava no acto – mas sim, assumo sem problemas que copiei.
– Mas nunca na minha vida roubei ou enganei qualquer pessoa; nunca pedi emprestado e depois não paguei.
Por isso considero o paralelismo do António mesmo absurdo.
Sempre disse em tom jocoso aos meus alunos que “copiar é uma arte”. E que se o “artista” for bom o suficiente para me “enganar”, que pode até chegar ao fim do teste e dizer que o fez pois eu não descontarei absolutamente nada.
– Mas que saibam de antemão que estarei atento e que, dificilmente, me enganarão.
Porque, pelo menos para mim, o fundamental é conseguirmos anteriormente criar uma relação com os alunos que faça com que os próprios sintam-se mal em copiar – em tentar enganar o professor.
– Que sintam que nos desiludem ao fazê-lo.
Nunca consegui, na minha vida de estudante, copiar em testes de disciplinas cujos professores me cativaram e acabaram por servir de inspiração para mim. Nunca mesmo.
Por outro lado, no caso daqueles professores mais “distantes” e que faziam questão de dizer o famoso “- Ai de quem eu apanhe a copiar!”, a tentação sempre foi muito maior.
Concordo totalmente com esta forma de ver as coisas do Paulo.
Março 15, 2012 at 10:13 pm
PARA QUEM QUISER AQUI VAI UMA CÁBULA…ASSOCIAR NÚMEROS A LETRAS E FAZER UM CÓDIGO..DIGNO DE COPIAR QUEM FIZER ISSO..FEZ-ME UMA VEZ UM PUTO E DISSE-ME MAIS TARDE NO FIM DO ANO..A MINHA RESPOSTA: SE SE DEU A ESSA TRABALHEIRA MERECEU A NOTA..IMAGINO O TRABALHÃO!!!
Março 15, 2012 at 10:45 pm
” Porque desrespeitavam e gozavam com outro(a)s comentadores(as) de forma que não admito.” A linguagem utilizada pelas pessoas por mim hoje visadas são admissíveis e já cumprem com o seu “código de honra”? Linguagem brejeira e totalmente desinteressante, não concorda?!
“A forma como eu respondo ou deixo de responder é comigo. Responsabiliza-me a mim.” Pois quando responde, deverá ser claro. Isto é, se pretende responder a alguma coisa! Parto do pressuposto que quando responde o faz com uma intenção! A forma como o faz tem consequências óbvias naqueles a quem apelidei de “guarda pretoriana”.
“Não comecei por responder “torto” depois de um dia cheio de aulas, mas antes, por causa do “tom” do seu tal comentário que, parecendo que não, já trazia a resposta às questões.” Se respondeu “torto” não o devia e preconceituoso relativamente à minha pessoa! O meu tom foi provocador?! Talvez porque pensei que estava a conversar com pessoas “intelectualmente honestas” e que a questão suscitaria, de forma positiva, uma reflexão sobre o triste panorâma em que se encontra o meu país e os meus compatriotas!
“A minha resposta não foi para o calar, como parece mais do que óbvio.” Não sei como não o foi! Não compreendi e não a compreendo senão assim sendo, como forma de me calar!
“O problema é que esse tipo de questões já passou por aqui tantas vezes e sempre com a mesma tese implícita, que já me canso.” Acredito! Não era minha intenção! Admiro o seu trabalho produzido no blogue, mas reservo-me o direito de intervir, enquanto mo for permitido, colocando as questões que me preocupam!
“No seu caso acha que é uma questão nova por aqui?
Não é.” Fico a saber. Obrigado! Comprendi! Quer discuti-la?! Não! OK!
“Quanto à humildade ou falta dela, acho fantástico que me diga isso depois do que eu escrevi, de ter afirmado que sei que falho e que quando isso acontece não culpo os outros.” Falta de humildade na reposta que me deu quando o interpelei ontem quanto à fecundidade ou esterilidade presente nos blogues, no seu em especial, porque o sigo com interesse! Pareceu-me excesso de sobranceria…
“Agora quando defendo as minhas posições, defendo-as.
Quando as mudo, mudo. E depois acusam-me de ter mudado de opinião. Se não as mudo sou arrogante.
Fico sem perceber.
Já admiti várias vezes que me enganei e fiz mea culpa. Veio a brigada do “olha para ele, a limpar-se”.
Quando mantenho as minhas ideias, vem a outra brigada que diz “olha para o gajo, não admite que se engana”.
Cansa!!!
Percebo que cada comentador crítico sinta que tem direito a cortar uma fatia do autor do blogue e braseá-la. Só que o braseado sou eu e reajo.”
Acredito! Não deve ser fácil! Admito-o! Porém, fas parte do seu mester aqui, sobretudo enquanto voz activa do mester educativo!
Março 15, 2012 at 10:56 pm
#35,
Vou responder apenas ao que acho relevante neste momento:
1) Não falo de brejeirices. Falo de coisa mais maldosa que era usual numa comentadora.
2) É mais do que óbvio que não se calou, nem eu tomei qualquer iniciativa para que se calasse.
3) Releia a forma como interpelou, recorde-se de qual é a sua tese implícita e deixemo-nos de coisas a meias palavras.
4) Era mais simples, se acompanha o blogue, reparar no que afirmo sobre ser criticado por ficar parado, mas também por me mexer.
5) O essencial: quando estamos numa aula, num blogue, seja onde for e temos muitos interlocutores é difícil manter o diálogo com todos como se fossem únicos, por muito que assim se achem e às suas questões.
Quer então uma resposta minha à sua questão inicial: a blogosfera tem coisas boas e coisas más. É como tudo na vida.
Entre as más: muita irrelevância, muito boato, muito disparate.
Entre as boas: circulação em rede de informação e opinião sem controle organizacional.
O que acho sobre tudo isso: com o tempo, o “mercado” blogosférico distingue o que é minimamente de qualidade e o que só vem produzir “ruído”.
Março 16, 2012 at 12:12 am
Sumário:
3) A tese é minha (com reticências, pois chamar-lhe-ia questão apenas) . De tudo o dirimido e esgrimido, com espírito , vai-me permitir fazer a minha síntese, que tardia e enviesada já perdeu o interesse inical e potencial que teria tido dado a sua (Paulo Guinote) manifesta competência na área: há bom e mau serviço blogosférico em todos os blogues e repito todos! Que ninguém se ache dono da verdade, sob pena de falhar na intenção comunicativa, pedagógica, informativa, ou outra. A questão essencial tem que ver com pro-actividade ou falta desta, que resulta de tanto serviço blogosférico na educação! Resulta numa sala de desabafos inconsequentes, ou poderá ser mais do que isso!? Era bom que fosse mais, pois habituei-me a pensar que devemos agir, que é do devir que surge o presente e se constrói o futuro! O Paulo está numa situação privilegiada para influir neste ponto? Claro! É por demais evidente que o seu trabalho neste blogue o torna uma figura incontornável do panorâma educativo português e, assim, detentor de um poder que não assiste a todos os agentes educativos.
5) “O essencial: quando estamos numa aula, num blogue, seja onde for e temos muitos interlocutores é difícil manter o diálogo com todos como se fossem únicos, por muito que assim se achem e às suas questões,” porém, quando nos dirigimos a um aluno, a uma qualquer pessoa, ou outro, para dar uma resposta a uma sua questão devemos ser atentos,claros e pedagógicos, sob pena da questão cair em “saco roto” e a resposta também!
Boa noite!