Sábado, 27 de Outubro, 2012


Manic Street Preachers, A Design For Life

Libraries gave us power
Then work came and made us free
What price now for a shallow piece of dignity

… que quem se ergueu à custa de blogues diga tanto mal, logo que chega aos gabinetes, daquela malta imunda dos blogues.

Relvas teve equivalência a cadeiras que não existiam

Crato quer “moralizar admissão de professores”

Ainda hoje alguém me dizia para não deixar esquecer o assunto.

Embora eu saiba que se alguém na imprensa for investigar o assunto agora será, por certo, acusado de estar a seguir a “agenda dos blogues”, essa coisa obscura e perigosa.

Mas não deixarei de tentar que…

… até porque não sou apenas eu a ter indícios (repito… indícios, tomara eu ter a certeza-certezinha) da possibilidade de andarem a ser feitos estudos em duplicado, para instituições públicas e privadas.

Sei que isso pode passar por empreendedorismo, mas… não se fala muito em moralização dos gastos? E 29 milhões em 2 anos ainda são uns cobres valentes…

O bocadinho original de vídeo já era bastante bom mas não resisti a deixá-lo mais parvo ainda,  era completamente desnecessário mas…

Uma espécie de refundação

Este post provocou algum incómodo. Em comentários e por mail foi-me comunicado que a celebração do contrato em causa foi feita antes de João Grancho ser nomeado como DREN.

É verdade. O contrato começou a 25 de Maio de 2011, estendendo-se até 31 de Dezembro do mesmo ano.

João Grancho foi nomeado cerca de três meses depois do início do contrato. Não tenho elementos para dizer se terminou com o contrato antes do prazo estabelecido ou não.

Mas, se existiu incómodo na insinuação implícita no título do post, a forma simples de tratar a questão é ser-me enviado o devido contraditório, sem ser por portas meios travessas, devidamente documentado.

Por regra não altero posts só por ser incómoda a minha forma de criticar ou por existirem leituras diversas dos mesmos factos. Se o ex-DREN terminou com aquele contrato de promoção de imagem, a forma de me o fazerem saber não tem nada de difícil. Ou vem desmentido assinado ou, sendo o mail ou o comentário feito na base do nick, é indispensável algo mais.

Termino com o conteúdo, muito ligeiramente retocado de um mail meu de resposta que enviei a quem me solicitou a mudança do título do post:

No post estão todos os elementos para se aceder à informação sobre o contrato.
Percebo que tudo tenha de ser muito sério e sisudo e que se me imputem intenções tenebrosas.

É verdade que o “compensou” é jocoso mas, vamos lá ser sérios a sério, uma campanha pública de imagem é diferente de uma campanha para conquista de um lugar, pois não é o “público” que nomeia o DREN para SE.

João Grancho foi nomeado DREN cerca de 3 meses depois do lançamento deste concurso, o qual terá vigorado quatro meses durante o seu mandato. [não tenho outros elementos que me levem a afirmar o contrário]

Se formos a ser puristas, efectivamente “compensou”… mesmo se não lançou, nem precisaria.

Para finalizar… considero que a nomeação de JG para SE apenas pecou por não ter sido feito logo no início do mandato e considero-o uma pessoa conhecedora do sector, embora – como o actual MEC – esteja a prolongar políticas que criticou num passado bem recente e de que temos memória.

O segundo painel do debate da manhã de hoje, moderado por José Manuel Mestre, começou por uma comunicação minha que se estendeu no tempo mais do que o necessário, apesar de nem sequer ter muito suporte visual. A modos que as coisas foram escorrendo. Mais abaixo incluo parte dos diapositivos que serviram de pretexto para uma digressão em que disse uma parte do que efectivamente penso sobre o clima de falta de confiança e desmobilização entre os professores.

Seguiu-se David Justino que abordou a forma como os diversos agentes no terreno da Educação podem colaborar (ministério, municípios, famílias, escolas, professores), embora com alguma nota de desencanto (leitura minha) em relação à ausência de avaliação das políticas educativas desenvolvidas ao longo dos anos. Falou ainda do desperdício que acaba por ser a aposta na educação mais longa e especializada de jovens a quem, no fim, resta a opção pela emigração para países que lhes oferecem – sem ter apostado na sua formação – melhores condições profissionais.

Seguiu-se um período de debate que me vou escusar a resumir aqui, pois estou com preguiça. Mas como muita gente ainda resistia pelas 13.30, acredito que foi das iniciativas deste tipo em que participei que revelou maior adesão e interesse por parte do público-alvo.

 

Uma longa manhã de debate, no Colégio Vasco da Gama (sendo anfitrião o seu director Inácio Casinhas), com organização da Associação Viver Sintra (com destaque para Albertina Mateus e Manuel Moreira) e uma plateia bem acima das 300 pessoas, talvez mesmo a rondar as 400 a meio da manhã.

Depois das intervenções iniciais protocolares, o primeiro painel moderado por Bárbara Wong com João Barroso e Marçal Grilo.

O primeiro sublinhou as continuidades no modelo pedagógico dominante no último século, assim como na forma de conceber o espaço da escola e da sala de aula, sublinhando como as propostas alternativas à educação moderna,  homogeneizada, num mesmo tempo e espaço (a Educação Nova e a Desescolarização,) não vingaram. Marçal Grilo optou por uma intervenção que apresentou como dirigida primordialmente aos professores, que considera serem os elementos fundamental para o sucesso de qualquer reforma educativa, devendo trabalhar em prol da sua autonomia profissional e de se continuarem a constituir, num tempo de incertezas, como referenciais e modelos para os alunos.

NÚMEROS PERVERSOS

            As escolas e os professores sofrem cada vez mais pressões no sentido de atingirem objetivos e metas. Uma das pressões mais fortes prende-se com a redução das retenções. Ora, ao proceder desse modo por imposição do ministério ou das escolas, está-se a falsear os números, o que todos sabemos.

Devido às pressões, muitas das classificações são logo à partida inflacionadas. Comparam-se percentagens de negativas atribuídas e nenhum professor ou grupo disciplinar quer ser apontado como o mais “castigador” dos alunos. Como se não bastasse as notas saírem já empoladas dos conselhos de turma, a seguir o conselho pedagógico trata ainda de passar mais uns quantos alunos retidos, à partida, em conselho de turma. Os elementos dos conselhos pedagógicos também sentem (talvez eles mais do que ninguém) a tal pressão a ser exercida de vários quadrantes.

Por isso, num ano passa-se tudo e mais alguma coisa, mas no ano seguinte as direções das escolas admiram-se quando os professores propõem tantos alunos para apoio, e em tantas disciplinas.

A isto, além de só por si já ser demasiado perverso, acresce uma outra perversão, de que a maior parte dos professores não se apercebe. É que a redução de retenções, além de servir para fazer estatísticas bonitas, serve essencialmente para pôr professores no desemprego. Sem se aperceberem, ao alinharem com isto, os professores estão a trabalhar arduamente para o desemprego dos seus colegas e, ironia das ironias, de si mesmos em tantos casos.

Pois é, pois é!

António Galrinho

Professor

Recomendo, em especial, o capítulo 7 onde nos surge o actual MEC na sua fase mais leninista, a fazer tracinhos debaixo do número das páginas, em vez de círculos ao seu redor, por ser mais rápido.