Já não era sem tempo. Está aqui.
Polémicas
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Março 9, 2015
Posição Da APPI Sobre O PET For Schools
Posted by Paulo Guinote under O Cambridge, Pet For Schools, Polémicas, Posições[20] Comments
Já não era sem tempo. Está aqui.
Março 8, 2015
Carta Aberta A Nuno Crato, A Propósito Do PET For Schools
Posted by Paulo Guinote under Carta Aberta, Pet For Schools, Polémicas[21] Comments
Célia Pedro Rosado
Abrantes
Sábado, 7 de março de 2015
Carta aberta ao Sr. Ministro da Educação
Dr. Nuno Crato
No dia cinco de março, quinta-feira passada, o diretor do agrupamento de escolas onde leciono há dezoito anos informou-me que me tinha nomeado para ser professora classificadora do teste PET concebido pelo Cambridge English Language Assessment da Universidade de Cambridge.
Na altura, reconheço que fiquei bastante perturbada com a nomeação. Tinha andado a leste desta problemática que já soava no ar há algum tempo, não só porque nunca pressupus qualquer concretização efetiva, mas também porque este é um tempo de muito trabalho envolvendo a avaliação dos muitos alunos que tenho a meu cargo. Já no ano anterior, com o projeto, em tudo semelhante, mas denominado KET porque o nível de proficiência na língua inglesa era mais elementar, eu me tinha questionado sobre a oportunidade que o seu ministério estava a dar aos nossos alunos e tinha decidido não me voluntariar para integrar o conjunto de professores classificadores, não só porque percebi que afinal não seriam os professores do Cambridge como o Sr. havia referido no início com alguma pompa e circunstância, mas também porque nenhuma informação dada me pareceu séria ou credível no que às condições de adesão ao referido projeto dizia respeito e, sobretudo, à valorização da minha pessoa enquanto profissional da educação há já trinta anos, sensivelmente. E fiquei perturbada com a nomeação porque, apesar de me pagarem as deslocações quando o entenderem, considero uma irresponsabilidade e um enorme desleixo que, no início de março, a bem mais de metade do ano letivo, me venham informar que daqui a menos de um mês terei de me deslocar a outras escolas da minha área geográfica, sabe-se lá onde porque não faço qualquer ideia do perímetro, para realizar sessões de avaliação da oralidade de alunos que eu não posso conhecer. Fiquei perturbada porque, não tendo uma viatura disponível para esse efeito, terei de fazer o percurso que me destinarem à boleia ou de transporte público, o que se revelará bastante penoso para os meus alunos já que terei de faltar, possivelmente, durante todo um dia de trabalho pois na minha área geográfica os transportes públicos não abundam como nas que o Sr. Ministro está habituado a frequentar. Fiquei perturbada quando o Sr. Diretor do meu agrupamento me disse que o problema do transporte não poderia ser um critério para a não nomeação, mas, nessa altura, aceitei fazer um esforço e seguir o seu conselho de que “com bom senso, resolveríamos a situação da melhor forma”.
Agora, que já li a legislação publicada no dia dois de março, nomeadamente o Despacho nº 2179-B/2015, pergunto como é que se legisla no sentido de nomear pessoas para determinada tarefa com o pressuposto de que, não tendo a certificação exigida, essas pessoas a tenham de fazer à posteriori, conjuntamente com formação prévia, a menos de um mês do início de tal tarefa? A mim, parece-me que voltámos ao tempo da “outra senhora” quando primeiro batiam e só depois perguntavam onde as queriam apanhar. O Sr. considera poder obrigar pessoas formadas nas diferentes universidades deste país a realizar um teste (CEPT) validado por uma universidade inglesa só porque sim? Considera que estas mesmas pessoas estão motivadas a apostar na sua formação quando a nossa carreira não existe há dez anos? Eu, muito claramente lhe digo, não estou! E não estou, também porque, apesar de ter sido coordenadora do Departamento de Línguas do meu Agrupamento de Escolas durante cinco anos e de ter tido uma avaliação de “Muito Bom”, serei contemplada com um “horário zero” já que o seu ministério decidiu fechar tês vagas na minha área disciplinar. O Sr., mais do que todos os outros ministros da educação anteriores a si, é responsável por esta minha desmotivação porque, depois de todas as palavras de apoio à classe e contra a sua antecessora quando éramos achincalhados em praça pública ainda há tão pouco tempo, tem vindo a mostrar que toda a estratégia tem somente a ver com interesses políticos e económicos e não com pessoas e os seus direitos. Isto que o senhor e o governo do qual faz parte estão a fazer aos docentes de Inglês deste país é um ultraje. A liberdade conquistada há, daqui a pouco, quarenta e um anos e que começamos a celebrar já por todo o país, especialmente nas escolas do nosso agrupamento, não pode ser só uma rotina que se instalou porque fica sempre bem falar do assunto. Há que cumprir o significado e não fica bem aos governantes de um país, exemplos máximos de toda a estrutura, fecharem os olhos e fazerem “ouvidos de mercador” aos valores e pilares base de qualquer sociedade. Se calhar eu é que estou enganada e o Sr. até está a zelar pelos meus interesses, obrigando-me a realizar uma certificação que me possibilitará trabalhar noutros países europeus. Será que com esta medida, o Sr. está a incentivar-me a emigrar para o estrangeiro quando eu não for mais necessária para desempenhar a tarefa de há largos anos, como, de resto, o nosso primeiro-ministro tem feito com os jovens licenciados que não têm emprego em Portugal? Com quase cinquenta e quatro anos, parece-me um pouco difícil contratarem-me noutro qualquer país do espaço europeu para dar aulas de inglês, quando lá, também eles, sofrem do mesmo problema.
E muito mais teria para lhe dizer não fosse a pilha de trabalho que tenho às minhas costas e, como amanhã se celebra o Dia da Mulher, não quero estar a tarde toda a ver os testes dos meus alunos já que lhes prometi entregar-lhos na segunda-feira. Burra? Com certeza, mas eu gosto de cumprir as promessas que faço. Parafraseando uma jovem de treze anos que muitas vezes oiço dizer “É a vida…!”, deixe-me dizer-lhe que a vida dos adolescentes é, de facto difícil, mas a vida dos adultos comuns deste país também é muito difícil, cada vez mais, em grande parte, devido às ideias que teima pôr em prática, infelizmente!
Célia Pedro Rosado
Março 8, 2015
Carta (Ainda Sem Resposta) À ASPL
Posted by Paulo Guinote under Concursos, Contratados, Polémicas[28] Comments
Divulgada com autorização da autora:
Bom diaO meu contato vem na sequência dos meus contatos anteriores sobre a lei que irá permitir a entrada para os quadros do MEC (provavelmente enquanto QZP) os contratados que tiveram nestes últimos 5 anos a grande sorte e em alguns casos grande favorecimento de algumas direções esclares.E venho perguntar o que foi feito e o que será feito para evitar esta injustiça e mesmo esta ilegalidade. Sim porque isto pode estar legislado e até em vigor mas é uma lei que promove a desigualdade e o favorecimento e claramente inconstitucional e contra o espeirto do Código do trabalho e das leis laborais que regulam TODOS os setores de atividade económica. Como vão os sindicatos explicar a TODOS os contratados a concretização disto? Como esperam os sindicatos e vocês na ASPL sobreviver depois disto?No meu caso em particular, tendo já mostrado e enviado para vocês um exemplo concreto de favorecimento e irregularidade no que respeita às contratações no AE da (…) nos últimos anos, mesmo que as renovações posteriores fossem legais as contratações iniciais NÃO o foram. Como posso eu aceitar a vossa inatividade? Que esperar de pessoas que passaram a “efetivas” depois de terem “cilindrado” tudo e todos? Atropelado a lei com toda a desfaçatez e terem agora o seu prémio? Que esperar do seu desempenho profissional quando a sua conduta pessoal é abjeta?Que esperar desta gente que quando confrontada com as suas ações as negam como virgens ofendidas e em simultaneo se RIEM, sim SE RIEM na cara dos outros, amesquinhando-os insinuando que foi pela SUA COMPETÊNCIA QUE VÃO EFETIVAR. QUE SÃO MELHORES QUE OS OUTROS E QUE OS OUTROS NÃO VALEM NADA. E que quando confrontadas TAMBÉM NÃO ESCONDEM AS SUAS LIGAÇÕES POLÍTICAS E ASSOCIATIVAS E AS SUAS AMBIÇÕES.Querem os sindicatos lidar com este tipo de pessoas? É esse o futuro que desejam?EXPLIQUEM-ME PORQUE É QUE AINDA NãO FIZERAM NADA?EXPLIQUEM-ME a mim professora profissionalizada desde 1997. Contratada há 18 anos, Com 15 valores de média académica na licenciatura e 16 de estágio pedagógico realizado numa universidade pública a FLUL E SEM FAVORECIMENTO!Atentamente e a aguardar uma resposta se me a puderam dar.a vossa sóciaSandra Baião
Dezembro 19, 2014
Sim, Acho Muito Injustas As Quotas Para A Excelência
Posted by Paulo Guinote under Friends will be Friends, Investigação, Polémicas, Tarde E A Más Horas[11] Comments
E acho isso não apenas quando a desdita me cai na sopa, como está a acontecer aos investigadores na sua disputa com a FCT e o MEC.
Eu sei que fica bem mostrar solidariedade e fingir que não me lembro de como a maior parte deles achou que o mecanismo de limitação da avaliação dos professorzecos até era justo ou, no mínimo, que não merecia sequer especial atenção por parte da douta classe a que pertencem.
Pois, mas eu tenho memória e por muito que ache justa a sua causa, seria hipócrita se não relembrasse que a sua solidariedade foi nula quando queimaram uma casa que não era a deles e que achavam ser localizada num bairro pobre, da periferia.
Não perceberam que a seguir iriam em busca de quem se sentia num boulevard de primeira.
Se assim se mata a investigação? Não se matará, mas amputará seriamente, como se amputou o trabalho dos professores não superiores, enquanto muita gente assobiava para o lado, quando não aplaudia o “princípio”.
Sorry.
Luta justa, uma enorme falta de visão e de solidariedade em devido tempo.
Novembro 22, 2014
… na defesa do Estado de Direito, ela que leu os livros como cidadã, com toda a atenção.
Que não gosta de Sócrates, mas que defende a liberdade e mais uma série de coisas que não lhe suscitaram prosas tão inflamadas quando outros foram assim detidos. Pelo menos, que me lembre, não produziu libelo tão inflamado e no Eixo do Mal bem que se inflama de outro modo contra outr@s.
Se o raio do exclusivo não tivesse ido para o CM e o Sol… e se o Expresso não tivesse sido obrigado a mudar de página à ultima hora, acredito que a prosa seria a mesma.
Porque o Expresso nunca publicou nada oferecido em bandeja dourada. Nem nunca publicou nada sobre, por exemplo, o caso Espírito Santo com origem numa das partes em disputa com Ricardo Salgado.
Nunca.
Claro.
Expresso, 22 de Novembro de 2014 (1ª página pela meia noite)
Novembro 19, 2014
O João Bilhim, Da CRESAP, Acabou De Desmentir A Ministra Da Justiça…
Posted by Paulo Guinote under Polémicas, Zona Tóxica[16] Comments
… com todas as letras e alguma irritação, no noticiário da RTP2, dizendo com clareza que foi ela que fez as nomeações do tipo dos Notariados (o concurso não teve lista de escolhidos, ficando a escolha ao critério da titular da pasta) e da secretária-geral do seu Ministério (nomeada originalmente em 2011).
Se um desmentido destes, em que é dito explicitamente que mentiu, não é razão para ela se enfiar num buraco, não sei o que será.
Já agora…
Novembro 2, 2014
A Luta Voltou Ao Muro
Posted by Paulo Guinote under Censura, Polémicas, Sociologia q.b., Teoria Política Aprofundada Da Realidade Portuguesa[5] Comments
A polémica anda quente.
O artigo em causa apenas peca por curto e não incluir muito mais materiais polémicos, que os há à vista de todos, com qualidade gráfica e conteúdo com mais do que evidente interesse sociológico: AS_212_EV.
Contra a censura míope de um cientista social de gabinete, nada como divulgar o objecto censurado.
Outubro 24, 2014
Mas Os Painéis De Avaliação Até Tinham Gente Que Dá Aulas Lá Fora E Tudo
Posted by Paulo Guinote under Ciência, Polémicas[4] Comments
Reitores arrasam avaliação da FCT: “Um falhanço pleno”
Reitores de 15 universidades portuguesas consideram que a avaliação dos centros de investigação do país não tem a “necessária qualidade”, apresenta inúmeros erros factuais e é “uma oportunidade perdida” para a promoção da ciência.
Outubro 9, 2014
Vamos Lá A Relembrar, De-va-ga-ri-nho
Posted by Paulo Guinote under Doutor Em Spin, Poeira Nos Olhos, Polémicas[20] Comments
Desde 2009 que não existe qualquer verdadeiro concurso nacional e alargado de colocação de professores.
Existiram vinculações extraordinárias, mobilidades internas, ofertas de escola, bolsas de recrutamento, até mesmo um fingimento de concurso nacional em 2013.
Este ano, aquilo a que assistimos, na esteira das ofertas de escola, foi a uma tentativa de sistematização do concurso para contratação de docentes para escolas com contrato de autonomia ou TEIP.
E este ano tivemos uma nova tenativa para complementar a graduação profissional com base na média de curso e tempo de serviço com subcritérios que cada escola escolhia como sendo mais adequados às suas necessidades.
Já li e ouvi directores a dizer que este método não lhes dá a autonomia que desejavam.
Acredito.
Mas a verdade é que têm sido estas tentativas para subverter o modelo clássico de concurso – apresentado como grau zero de inteligência por algumas sapiências – que têm culminado em fiascos.
Claro que podemos fazer textos, berrar, espernear, etc, etc, etc, clamando contra o centralismno do MEC e defendendo que as contratações deveriam ser feitas de acordo com métodos ad hoc.
E chamar-lhe liberalismo, liberdade, etc, etc, as larachas do costume.
Mas isso é apenas uma forma pouco hábil para tentar esconder a realidade.
O que fracassou foi exactamente a “operacionalização” da tentativa mais forte de desmantelamento de um concurso simples de fazer quando as regras são claras.
Quanto aos directores insatisfeitos com a falta de autonomia… eu compreendo-vos. Também seria mais fácil se fosse eu a escolher a dedo os alunos das minhas turmas.
Agosto 27, 2014
Da Desonestidade Ignorante – 4
Posted by Paulo Guinote under Polémicas, Ripa Na Rapaqueca | Etiquetas: Chove Torrencialmente No Molhado, Isto Não É Pessoal, Racha! |[62] Comments
Vou tentar fechar esta série de posts, que já vai longa para quem não queria dar conversa a miúdos reguilas, abordando de novo o tema dos salários, seu valor e evolução, em conjunto com a questão dos rácios alunos/professor, para que não se pense que não tenho “factos&argumentos” a esse respeito, para além de questões metodológicas…
Porque não gosto de ler coisas como esta (e outras coisas bem mais inanes nos comentários):
Em especial quando se insere numa narrativa que vem dos tempos do engenheiro (se pensarmos bem, foi desde o início a sua linha de acção mais consistente) e que se pode resumir assim:
- Os professores ganham muito, em especial em termos relativos, quando comparados com os de outros países, sendo muitos e com um rácio de alunos por professor muito mais baixo do que nesses países. Por isso, devem ganhar menos, o seu leque salarial deve ser estreitado, pois chegam muito rapidamente ao topo da carreira, e devem existir menos professores para o sistema ser mais eficaz. Para além disso, não perderam poder de compra na última década.
Eu vou dividir esta narrativa em duas partes: a do nível salarial e a dos famigerados rácios. Para isso, vou usar os dados de diversas publicações da rede Eurydice, que é a base de dados especificamente sobre Educação na Europa com maior rigor na sua apresentação e na explicitação das metodologias usadas, incluindo quando assumem que existem dados para alguns países que não são completamente compatíveis entre si.
Quanto aos salários, não vou contestar aquela parte em que se diz que os professores portugueses ganham imenso (o que é ridículo), mas apenas desmistificar alguns dos aspectos da narrativa e apresentar uma explicação que deveria ser óbvia, mas ao que parece não ocorre a certos inteligentes.
Antes de mais, vejamos a tabela comparativa dos valores NOMINAIS dos salários mínimo e máximo:
No caso do valor mínimo, ajustado ao PIB de cada país, Portugal não está muito longe da generalidade da amostra. No caso do valor máximo, já expliquei em post anterior que ninguém está no mítico 10º escalão (Índice 370), pelo que há ali uma representação (assinalada com um círculo verde( que não tem correspondência com a realidade.
Vejamos agora se é verdade que os professores portugueses chegam muito rapidamente ao topo da carreira:
Como facilmente se verifica, é falso, pois os professores portugueses são dos levam mais tempo a chegar ao topo da carreira, mais exactamente 34 anos. Na maior parte dos países, o topo da carreira é alcançado em menos 10 anos.
Passemos então a outro aspecto, que é o da evolução salarial dos docentes desde 2000… é fácil verificar que, tirando o ano pré-eleitoral de 2009, não existem ganhos salariais. é ainda interessante ler a nota explicativa no fim do quadro.
E quanto à evolução nos últimos anos?
Diga a tertúlia insurgente e o seu jovem “economista de formação” CGP mais a “claquezinha” de comentadores, os números são indesmentíveis. Portugal foi um dos poucos países onde as perdas salariais dos docentes ultrapassaram os 5% anuais desde 2010:
Com a Eslovénia e a Grécia, Portugal é um dos países onde os professores foram mais atingidos pelos cortes salariais.
Mas… ainda assim ganham demais?
Porque será?
Será que… por estranha que seja a ideia… é porque os professores portugueses passam mais tempo na sala de aula?
Será?
Vejamos:
Um professor finlandês do 3º ciclo deve leccionar 14 a 16 horas lectivas e ficar na escola entre 17 e 21. Um português deve leccionar 22 horas e permanecer na escola pelo menos 25. Uma ampla maioria dos professores apenas deve leccionar até 20 horas e são muitos os países que se ficam pelas 16 e 18 horas.
Os professores portugueses ganham mais, em termos relativos?
PORQUE TRABALHAM MAIS, DANDO MAIS AULAS OU DESEMPENHANDO OUTRAS TAREFAS NA ESCOLA!
Não defendem que se deve remunerar de acordo com o trabalho? Se um professor português lecciona mais 20% do tempo não deve receber mais do que quem trabalha menos?
Eu penso que sim.
***
E quanto aos rácios?
Haverá explicação para essa praga de haver mais professores portugueses nas escolas do que em outros países?
Há várias explicações, mas eu deixaria aqui uma, em busca de confirmação pelos factos.
Será que é porque… o currículo dos alunos portugueses é mais extenso, implicando mais horas de aulas e, por consequência, mais professores?
Não é natural que, antes de se insultarem os professores por serem muitos, e na sequência do que ficou acima já exposto, se busquem explicações naturais e óbvias?
Será que dá para tentar confirmar esta minha ideia?
Vamos lá…
Já repararam como desde o 5º ano, mas em especial desde o 7º ano (estes dados ainda não contemplam a escolaridade obrigatória de 12 anos entre nós), o número de horas de aulas dos alunos é, em Portugal, bem maior do que em outros países?
Uma diferença bem significativa… sendo por isso que o ministro Crato andou a tentar cortar o máximo no currículo, não em defesa dos alunos, mas para cortar professores, cortando as ACND, mas não repondo as horas que tinham sido retiradas às restantes disciplinas “nucleares”?
Dá para perceber porque há mais professores nas escolas?
E que não é por terem menos alunos do que os outros?
Mas porque existe uma carga lectiva maior?
É preciso fazer um desenho para ensinar os economistas-gestores-empreendedores insurgentes inteligentes A PENSAR?
Não será que é mais honesto procurar as explicações REAIS antes de
Agosto 27, 2014
Da Desonestidade Ignorante – 3
Posted by Paulo Guinote under Polémicas | Etiquetas: Estás Aqui estÀs a Levá-las A Sério, Ripa na Rapaqueca |[69] Comments
Vamos lá, dia novo, malhação nova.
Eu bem que quis evitar isto, porque não gosto de ter de voltar pela 741ª vez a coisas já escritas e rescritas ao longo dos anos, mas a tertúlia económica insurgente para totós provocou demasiado e esticou-se na presunção de ter “factos&argumentos” e os seus odiados de estimação – os professores – não serem capazes de rebater a sua “narrativa”, herdeira do socratismo e tão honesta quanto ela na utilização dos “dados”.
Ahhh… e depois há aquela peneirice de serem os “economistas de formação” dotados de um conhecimento técnico de tipo iniciático a que os comuns mortais não conseguem chegar só porque usam termos ingleses para designar platitudes.
Mas vamos lá… concentremo-nos em outra parte da “narrativa”, aquela em que dizem que o nossos sistema educativo, em especial o público, é de má qualidade em termos comparativos, que o nosso desempenho é medíocre e que isso é culpa de professores que trabalham mal e recebem muito.
Tal como em post anterior, poderia ir buscar as fontes próximas deste tipo de discurso anti-professores do ensino público, muito comum há anos nos EUA e que entre nós é decalcado com ligeiras alterações. Mas, acho que já deu para se perceber que os entusiasmados falácios estão longe de ter um pensamento próprio.
Bom… não nos dispersemos.
Concentremo-nos num sistema educativo que teve de recuperar de um atraso de décadas, pois nos anos 50 do século XX era um dos mais atrasados – de longe – da Europa.
Os dados estatísticos da época são da UNESCO:
Foi este panorama que foi necessário combater, pois estávamos muito longe de quaisquer padrões internacionais, em particular europeus. Poderia falar de benchmarks e de como partilhávamos com Malta a base da distribuição, mas parece-me desnecessário.
Essa evolução foi especialmente acelerada a partir dos anos 70, com uma massificação do ensino que conduziu a que os resultados, em termos qualitativos, nem sempre fossem os melhores.
A estabilização do sistema só acontece nos anos 90, apesar de muitas inflexões, truncagens e adaptações da reforma de Roberto Carneiro, em especial no período final do cavaquismo, quando as coisas apertaram e a Educação foi lançada para o fim das prioridades e se sucederam muito maus ministros da Educação, desde o efémero tio do Zé Durão à Dama Ferreira Leite de Ferro. O guterrismo chegou, com paixão pela Educação, mas muita outra ganga à mistura.
Mas isto não é uma aula de História da Educação, mas sim um texto que deve demonstrar como o desempenho do nossos sistema educativo, apesar das falhas que sempre lhe apontámos, até conseguiu muito.
Comecemos pelo primeiro ciclo e vejamos como foi a evolução dos alunos portugueses nos testes comparativos internacionais PIRLS e TIMMS.
Ao contrário do que se tenta dar a entender, os alunos portugueses foram dos que mais evoluíram dos anos 90 até 2011, apresentando uma performance próxima ou acima da dos alunos de outros países “de referência”, aqueles que há 50 anos tinham 40 pontos de avanço sobre nós em termos de literacia da população:
Pois é… estão ali a ver o “PIRLS Scale Centerpoint”?
Estamos muito acima.
Mas passemos para a parte da Matemática, em que tradicionalmente esbarramos:
Estamos bem acima da média internacional!
Mas lá isto é possível!!! A teoria económica educacional insurgente não contempla tal possibilidade!
Muito pior… conseguimos recuperar do atraso em que ainda estávamos nos anos 90 e tivemos uma evolução capaz de envergonhar germânicos e escandinavos.
Olhem lá agora os benchemarquises:
Ganda tareia que damos à maioria dos europeus!!!
E logo no início do Ensino Básico, leccionada por “professor@s primári@s”, que merecem o desdém sistemático dos inteligentes.
Mas… pois… eles não sabem que testes são estes, só conhecem os resultados do PISA.
Aqueles sobre os quais escrevi várias vezes como aqui, revelando as minhas reservas sobre a evolução dos resultados em 2009.
A verdade é que os alunos portugueses apresentaram uma evolução positiva no médio prazo, apesar de eventuais distorções localizadas, recuperando bastante da posição baixa em que estavam e aproximando-se progressivamente da média.
Mais interessante… revelaram-se dos melhores a resolver problemas:
E conseguiram isso, alcançando dos mais elevados ganhos anuais:
Mais interessante ainda, conseguiram resultados bem acima do expectável com base no seu background socio-económico. Há dados do PISA que revelam isso, mas que foram sistematizados e tratados pelo insuspeito ex-ministro e actual presidente do CNE, David Justino:
Ora bem… agora vamos lá PENSAR um pouco…
- Os alunos melhoraram os seus resultados de forma consistente do 1º ao 3º ciclo.
- O sistema conseguiu passar da massificação à melhoria da qualidade do desempenho, atendendo aos padrões comparativos internacionais.
- Os resultados são acima do que seria de esperar, atendendo ao perfil socio-económico das famílias.
Então… se calhar… quiçá… porventura… talvez…
… tenham sido as escolas e os professores a contribuir para isso, com o seu trabalho quotidiano, aquele trabalho que alguns imbecis amesquinham, na base do preconceito, da ignorância e da desonestidade.
Já agora… que actividade (económica) em Portugal se pode gabar de apresentar estes resultados?
Que outros profissionais (à excepção do SNS) pode gabar-se de ganhos tão significativos, que demonstram a qualidade de um serviço público universal que muita gente gosta de desdenhar?
A verdade é que… comparados com certos “economistas de formação”, “empreendedores” subsidiodependentes e “consultores” de empresas que vivem de contratos com os poderes públicos, “encostando-se” ao Estado que criticam em textos indigentes, os professores são génios, overachievers, incomparáveis com base em qualquer padrão reconhecível, benchemarquises ou outros.
É minha opinião que, atendendo ao que se pode demonstrar, os professores deveriam ganhar muito mais e ter o respeito – ou pelo menos o silêncio respeitoso – de blogueiros de quarta categoria.
Chega assim, com muitos gráficos e números, ou precisam de ser mais malhados?
(todos estes dados e gráficos são de posts publicados desde 2006, nem foi preciso ir buscar nada de novo…)
Agosto 26, 2014
Eu só deveria submeter-me uma vez por dia a isto, mas hoje esteve meio nublado e amanhã devo ir até à praia mais os meus calçanitos abetados.
Por isso, vamos lá à questão dos salários dos professores, sobre a qual já escrevi bastante, já inclui quadros comparativos e já expliquei muitos dos problemas resultantes de comparações que não vão além das tabelas nominais fornecidas por cada país.
O que é que os falácios insurgentes dizem sobre isto?
Nesse aspecto em nada se distinguem da pandilha socrática. São farinhas com tons algo diferentes de sacos saídos do mesmo moinho.
A narrativa é assim:
- Os professores ganham muito.
- Os professores ganham muito, em comparação com os professores de outros países.
- Os professores têm um leque salarial muito amplo e ganham muito, mas mesmo muito, no topo da carreira.
- Os professores ganham mais do que os seus equivalentes em habilitações no sector privado.
Há outros aspectos (os rácios… os rácio… a dimensão das turmas… o tempo que leccionam, etc, etc) mas vou-me ficar por aqui.
Quem quiser um resumo da posição dos falácios, pode sempre considerar a hipótese de o ler mais próximo da fonte. Basta lerem um artigo como este para perceberem que o que os falácios escrevem já foi escrito, até nos títulos de posts e capítulos. Ou mesmo quando enveredam pelas comparações com outras profissões.
Há quem acuse os outros de não pensar, mas há quem nem sequer consiga escolher títulos originais.
Mas vamos lá ao essencial.
Não vou questionar ou argumentar sobre coisas que me parecem periféricas, preferindo concentrar-me no erro fundamental da metodologia comparativa da OCDE nas suas tabelas, sendo que já escrevi também sobre isso.
A OCDE compara tabelas salariais, baseando os seus cálculos na duração dos escalões da carreira de professor e não no tempo efectivo de exercício da carreira dos professores. Quando consideram, nas suas comparações, professores com 15 anos de docência estão a comparar aquilo que deveriam, de acordo com as tabelas salariais, ganhar professores com 15 anos de carreira docente, algo que, em circunstâncias legais, deveria acontecer após 15 anos de exercício profissional, vulgo, carreira.
Estou a ser repetitivo?
Há quem já tenha percebido porquê.
Por partes:
- Há quem esteja há 15 anos a leccionar de forma consecutiva e nem ganhe pelo primeiro escalão da carreira, pois os sucessivos desgovernos não cumpriram as leis relativas à vinculação de contratados. No recente concurso para vinculação extraordinária entraram para a carreira muitos professores já com 15 anos de carreira, ou quase, que irão ser posicionados no 1º escalão, como tendo entrado agora para carreira e não como gente que já lecciona há quase duas décadas.
- Há quem esteja há 15 anos na carreira mas que, em virtude de alterações na estrutura dos escalões e aos congelamentos, esteja na realidade pelo menos dois escalões abaixo do que do ponto de vista nominal deveriam estar. Mesmo descontando o tempo de contratados, professores com 15 anos de carreira deveriam estar no 4º escalão (após ultrapassarem 3 escalões de 4 anos) a um ano de passarem para o 5º. A larga maioria está apenas no 2º escalão, com sorte no 3º. A OCDE sabe disso? Não! Agarra na tabela dos escalões e assume que com 15 anos um professor português está num índice salarial muito acima do que realmente está.
- Nas comparações da OCDE não há “espaço” para incluir – já nem falo dos congelamentos – os sucessivos cortes salariais e aumentos de impostos e outros descontos que se tornaram regra na última meia dúzia de anos (2009 à parte). O que os falácios insurgentes não dizem é que o salário nominal de um professor se mantém no próprio recibo, mas que o real é outro e o líquido é muito menor, sendo que a OCDE não faz comparações com os salários líquidos, mas sim com os valores nominais brutos. Em outros países foram feitos alguns cortes, mas esses cortes tiveram tradução legislativa nas tabelas e não foram escondidos, como os que entre nós foram feitos. O meu recibo manteve um valor nominal para o meu salário, mesmo quando ele era realmente quase 15% mais baixo.
(concretizando com o meu salário dos primeiros meses de 2014… o salário real correspondia a 88% do salário nominal e o salário líquido a 59% do valor oficial da tabela… a OCDE faz as comparações com os salários líquidos reais, contabiliza carga fiscal e os descontos? Não!!!)
- Outra falsidade, mas com aparência de verdade, resulta da habilideza final de Sócrates que tanto jeito dá a estes meninos. Na reformulação da tabela salarial que foi feita para iludir alguns parolos (leia-se ” alguns titulares”), foi criado um novo 10º escalão salarial (índice 370) para o qual poderiam progredir os que estavam no anterior topo salarial (índice 340). A verdade é que, com os congelamentos e outros truques, nunca existiu qualquer progressão para esse escalão e não há professores nesse escalão, pelo que as comparações entre a base e o topo da tabela, bem como comparações com outros países, são deturpadas por esse facto… a existência (apenas no plano nominal legal, de novo) de um escalão salarial no qual não existe qualquer professor. Mas, se necessário, a OCDE compara, pois é essa a tabela que lhe é dada e aquela que está legislada. E nem poderia fazer de outro modo, a menos que lhes fornecessem os dados sobre os salários reais.
Os falácios insurgentes não são obrigados a saber isto, claro, pois não é a vida deles e eles escrevem em cima de coisas que vêem escritas, que seleccionam por lhes parecer bem, estejam ou não adequadas à realidade concreta, pois a eles satisfaz a mera “representação” conveniente de uma realidade “mítica”.
Descontam mitos inexistentes.
Imputam a outros argumentos, opiniões, privilégios, benesses, que não existem. Tomam tudo pelo valor facial, ou porque não conseguem ir mais longe, ou porque optam não o fazer.
Pode ser que boa parte seja causada por ignorância, Mas, desculpem-me lá… estou velho para ingenuidades dessas… a maior parte é por pura desonestidade intelectual.
.
Anexo: Em 2011, à entrada deste desgoverno eu fiz a comparação entre a evolução do valor real e do nominal dos salários dos professores durante o período socrático. Como 2011 é o ano de referência para CGP (mesmo se no início de 2014 os salários reais estavam já entre 100 e 300 euros mais baixos), pode ser que aprenda alguma coisa:
Pior do que desistir de pensar é pensar apenas com a finalidade de enganar quem ouve ou lê.
Agosto 26, 2014
Da Desonestidade Ignorante – 1
Posted by Paulo Guinote under Poeira Nos Olhos, Polémicas[16] Comments
Enfim… é a última semana de férias… vamos lá considerá-la um calvário e desmontar com calminha as mentiras que alguns colaboradores do colectivo insurgente têm andado a espalhar, ao serviço da enésima campanha anti-professores, para justificar os cortes salariais, congelamento da progressão, despedimentos e outras coisas muito “liberais”.
Sobre a questão mais em “geral”, escreverei um texto específico para publicação além-blogue.
Mas para as questões do expediente quotidiano, irei ser breve, curto e grosso.
Sobre a estrutura das despesas do MEC continua-se a usar a ladaínha – um pouco como o Medina Carreira durante uns anos – baseada numa pseudo-despesa com o pessoal (que se assume serem todos professores, ao que parece) acima de 90% do total do orçamento do MEC. O que provaria que todo o “sistema” estaria inquinado pelo enorme poder sindical dos professores (nota-se!).
É MENTIRA.
Para provar aquela teoria, vão-se recortar uns dados a relatórios internacionais (estimáveis, mas que quantas vezes adaptam critérios muito diferentes entre países, como comparar encargos de ministérios com a tutela de todo o pessoal docente com outros que apenas gerem parte desse pessoal) e abdica-se de consultar as fontes internas e mais directas que temos ao dispor, nomeadamente os orçamentos do dito MEC.
Ora, para 2013 e 2014, o que vem lá escrito é muito diverso para o Ensino Não-Superior… são valores 25 pontos abaixo do que é dado a entender pelo inteligente e são para todo o pessoal, não apenas para os professores.
Eu não inventei estes números, nem fui buscá-los a Paris. Fui ao site do MEC.
Para dados, argumentos, factos e objectividade, prefiro (salvo raríssimas excepções) usar as fontes primárias mais recentes e não coisas que se apanham sem grande critério.
O Calçanitos Guimarães Pintarolas pode ofender-me, dizer que os professores não percebem nada de nada, insultar toda a gente e mais alguém, mas… um gajo que se apresenta como “consultor” internacional não saber pesquisar o mínimo dos mínimos é muito triste, porque revela total ignorância ou pura desonestidade.
Ele bem pode dizer que eu andei em busca do que ele “consultava”, mas a verdade é que apenas pesquisei para quem ele trabalhava e com quem trabalham os seus empregadores, porque ele me chamou “covarde” quando o acusei de ser um “encostado”. Descobri que dão “consultas” a governos do terceiro mundo, tendo grande parte das receitas à custa de dinheiros públicos de Estados com regimes “esquisitos”, do tipo Arábia Saudita, Uzbequistão e etc.
Não é que isso seja relevante para o que aqui nos traz, mas ajuda a perceber o calibre destes “liberais” que abominam o “Estado” quando vivem das “consultas” pagas com dinheiros públicos (em Portugal, uma das empresas para que trabalha o consultor CGP tem feito assessorias e consultadorias na área das privatizações de transportes públicos, águas e resíduos).
O que é mesmo relevante é que o “consultor” em causa não sabe “consultar” ou, se sabe, é totalmente desonesto na forma de apresentar os dados.
Se a OCDE é credível?
depende dos objectivos, não é?
Mas então a OCDE vai buscar os dados onde?
Eu não gosto de ver gente a errar por falha inconsciente, mas detesto quem deturpa os dados de forma voluntária para adulterar todo e qualquer debate.
Até hoje, tinha decidido não dar trela à miudagem. Mas como por lá têm redobrado nas ofensas, seja a mim, seja aos professores, por alegadamente não saberem o que são as tretas dos benchmarkings, dos rácios e daquelas coisas muito básicas da economia&finanças para licenciados de ocasião, achei que era altura de os meter no lugar.
Porque eu nunca abdiquei de pensar.
Mas, mais importante, nunca usei como critério de intervenção o apenas querer aldrabar as coisas.
Agosto 24, 2014
Resposta da CAP à carta das associações de pais que publiquei aqui há um par de dias. Pela sua extensão, fica aqui o ficheiro completo: Resposta carta REPRESENTANTES PAIS FINAL.
Agosto 23, 2014
O António Nabais Deu-se Ao Trabalho De Responder…
Posted by Paulo Guinote under Blogosfera, Polémicas[55] Comments
… e ao que parece vai no terceiro texto por causa de umas coisas escritas por um tipo que, na falta de melhor, se afirma “consultor” (tal qual o pai albino s’assinava antes do encosto ao PS… até parece sina desta malta que vende “consultas”), o que – confessemo-lo – sempre é um pouco melhor do que “empreendedor” que é a designação que outros, amigos dele nas escrivanhices arremelgadas, arranjam para disfarçar outras coisas.
Mas, pronto, o Nabais lá sabe a paciência e o tempo que tem para dispensar… eu, cá por mim, não estou para dar trela a quem argumenta voluntariamente de modo pouco sério e honesto, não apenas por ignorância, mas porque quer mesmo deturpar as coisas, distorcendo o que dizem ser “factos”.
Ou não sabem ler gráficos, ou não sabem traduzir as legendas ou são mesmo – é a minha primeira hipótese – intelectualmente do mais fraquinho que a destra blogueira tem para oferecer, depois dos menos maus terem ido para os gabinetes, corredores e assessorias de grupos parlamentares e coisas assim.
Tudo em nome do “liberalismo” e do “empreendedorismo”.
Agosto 22, 2014
Resposta A Lurdes Figueiral
Posted by Paulo Guinote under Penso Eu De Que..., Polémicas[2] Comments
Publico a minha resposta que foi enviada por mail, com todo o aspecto coloquial de uma correspondência, mas… como o que escrevo em privado sobre estas matérias é o que digo há muito em público… fica mesmo assim, só corrigindo umas quantas gralhas do mail original.
Acho que este tipo de discussão, debate ou polémica é útil, frutuoso e dificilmente acontece com a visibilidade permitida por este blogue (que me permitam a imodéstia).
Acho.
Em primeiro lugar… gostaria de publicar a sua carta ou, em alternativa, as respostas completas ao Expresso.
Quanto ao resto… eu também gosto de escrever e escrevo muito, no blogue e fora dele, não menorizando nenhuma forma de expressão articulada e coerente e desgosto muito de quem amesquinha “os blogues” sem ter tido oportunidade de os seguir, analisar e comparar.
Estou habituado a que remetam “os blogues” para um “submundo” em que tudo é mau, sujo e vil. Não é verdade.
Há mais de 25 anos que frequento outros espaços de debate – congressos, seminários, etc, etc, nacionais e não só – e em média os blogues sobre Educação têm um debate mais aberto, vivo e produtivo. E, muito em especial, não se fecham a falar apenas do que se gosta, com quem se gosta.
Mas essa seria uma discussão que seria muito longa.
Como muito longa seria a discussão em torno do ensino da Matemática e do que para mim é a disputa territorial quase juvenil entre a APM e a SPM.
Por acaso, ao contrário do que supõe, até me preocupa bastante isso, como professor e como pai de uma aluna que, apesar de ainda no 6º ano, já foi objecto de diversas “experimentações” metodológicas numa área crucial das aprendizagens e para a qual lhe noto apetência e algum talento.
Discordo profundamente da forma como junto do MEC vão rodando facções – não apenas no caso da Matemática – ou grupos de influência em relação a programas e procedimentos (didácticos, pedagógicos, curriculares), até porque isso influencia negativamente o trabalho nas escolas e salas de aula.
Outra discussão longa seria a relativa à “cultura de retenção” que, vai perdoar-me alguma falta de humildade que me é reconhecida quando defendo pontos de vista que não elaborei em minutos ou horas mas em muitos anos, eu sei bem a que se refere e que vai sempre cair nas costas dos professores.
Não há que o negar ou que ter vergonha em assumir-se um “discurso” que é o dos políticos desde o abastardamento da reforma de Roberto Carneiro e do início da retórica galopante do direito ao sucesso, partilhada por quase todo o espectro político quando chega ao poder e não só.
A “cultura de retenção” é sempre uma arma contra os professores e não contra mais ninguém.
Ora, como aluno do Ensino Básico durante os anos 70, em especial após o 25 de Abril, sei bem o que era uma cultura facilitista de retenção que fazia chumbar 80 a 90% dos meus colegas de turma entre o 7º e o 9º ano, por exemplo, apesar de ter professores muito “progressistas”.
A situação inverteu-se por completo em termos estatísticos, felizmente e agora vejo quem antes chumbava turmas em massa a falar do contrário (refiro-me a quem conheço de perto, não ao seu caso).
Mas nem sempre da melhor forma.
A “colagem” ao discurso do presidente do CNE, pessoa que estimo e com quem tenho debatido com alguma regularidade estas questões em público, não é algo que eu tenha feito com “desdém” mas com o cansaço de quem ouve as mesmas coisas, com formulações ligeiramente diversas, mas sempre com o mesmo conteúdo: os professores não fazem tudo o que podem pelo sucesso dos seus alunos.
É algo que eu já disse pessoalmente ao presidente do CNE, em público e privado.
Quando as coisas correm bem, a responsabilidade é das políticas e de quem as delineou, quando falham é de quem as não soube executar, do conservadorismo “das escolas” e dos professores.
Estou cansado desse discurso.
É, para mim, um discurso “velho” que (des)responsabiliza sempre os mesmos.
Mesmo que não se explicite, isso é sempre aproveitado dessa forma e acho que temos anos suficientes “disto” para sabermos que assim é.
.
Acho ainda que enquanto não soubermos defender-nos publicamente enquanto corpo profissional – com a coragem de assumir erros, não fugindo a avaliações, lutando por uma auto-regulação ético-profissional – e formos optando por adoptarmos discursos com outras origens, abdicamos da nossa identidade profissional e perdermo-nos em quezílias de tipo feudal
A minha resposta vai longa, quase tão longa quanto muitos dos meus posts no blogue.
Cumprimentos, bom final de Agosto (e repito o pedido para publicar o seu contraditório no blogue, algo que pode considerar inadequado, mas que eu garanto não ser…)
P
Agosto 18, 2014
Agosto 13, 2014
O Meu Direito De Resposta Ao Alexandre Homem Cristo
Posted by Paulo Guinote under Educação, Polémicas[22] Comments
Agradecendo, com naturalidade, o pluralismo e abertura do Observador e do José Manuel Fernandes à polémica. Rasgadinha.
Polémica: Investigador rico, professor pobre
(…)
O que aconteceu é que Alexandre Homem Cristo decidiu achincalhar directamente todos os professores com base numa amostra que não permite essa generalização.
Julho 23, 2014
é o AO1990?
Maio 31, 2014
O José Manuel Fernandes Em Roda Livre
Posted by Paulo Guinote under Estás Aqui Estás A Levá-las A Sério!, Polémicas, Zona Tóxica[40] Comments
Escreve ele, no seu mural do FBook:
É fundamental ler as declarações de voto ao acórdão do Constitucional para perceber que há juízes que discordaram “radicalmente” da decisão. que foi tomada por maioria. É totalmente falsa a ideia de que existe qualquer consenso entre os constitucionalistas nas questões que estiveram em apreciação. Houve apenas uma maioria de juízes com um entendimento sectário e muito visto em interesse próprio, de funcionários do Estado.
E remete para este seu artigo de opinião, que será reproduzido no todo ou em parte em muitas tertúlias blasfemas e insurgentes.
A mim, este tipo de argumentação diverte.
É “sectária” e “facciosa” uma decisão tomada por uma maioria (nem sequer tangencial) de juízes, mas é digna de total adesão a de uma minoria constituída por nomeados pelo desgoverno actual, incluindo mesmo o parente de um actual ministro.
Isto é patético, cómico, caricatural mas, ao mesmo tempo, trágico e preocupante porque se toma como boa uma total inversão de princípios e conceitos, como seja a de afirmar que a posição certa será a de uma “minoria dissidente se demarca radicalmente das conclusões” do acórdão final do TC.
Temos, pois, que uma minoria dissidente e radical é merecedora de todo o aplauso por demonstrar que não existe um consenso constitucional, considerando-se “sectária” a posição de uma maioria substancial de juízes.
O que eu gostaria mesmo era de ver o JMF a aplicar esta lógica às decisões do Supreme Court e como ele consideraria as decisões tomadas por diferença tangencial (5-4) sob a batuta de Antonin Scalia, Clarence Thomas e, mais recentemente, Samuel Alito, os ídolos justiceiros do conservadorismo americano.
O que José Manuel Fernandes parece ter esquecido – para além da sua discordância de opinião em relação à decisão – é que é indispensável que as palavras tenham algum valor e que os conceitos não flutuem no seu conteúdo conforme as ocasiões.
“Sectária” é a posição de 8 ou 9 juízes em relação à de 3 ou 4?
O “interesse próprio” só se aplica a uns e não a outros?
Se JMF vai ao ponto de acusar que as medidas do TC são ditadas pelos interesses salariais de alguns juízes, não poderia aplicar o mesmo princípio às posições dos restantes juízes pois, bastando para isso ver o caso da actual presidente do Parlamento, sabemos lá nós quais são os seus planos de futuro em termos de carreira?
Concedo, sem qualquer rebuço, que JMF percebe muito mais de sectarismos e facciosismos do que eu. Agora que use esse conhecimento para subverter os próprios conceitos e entrar à cabeçada por uma polémica que faz lembrar as velhas tácticas dos comités revolucionários de há 40 anos é que me parece um ‘cadinho despropositado.
Mas há que apresentar serviço aos promotores do Observador, certo? Há que opinar em “interesse” próprio ou alheio, correcto?
Ou estarei a ver mal a coisa?
Não me parece.