Segunda-feira, 11 de Junho, 2012


Emeli Sandé, Next to Me

Texto recebido por mail, sem indicação da autoria primeira (mas posso acrescentá-la…).

Segundo informação divulgada pelo GAVE “As provas nacionais de aferição visam recolher informação relevante sobre os desempenhos dos alunos nas áreas de Língua Portuguesa e de Matemática. Estas provas, pelo carácter universal da sua aplicação e pela natureza da informação que os seus resultados proporcionam, constituem um instrumento de diagnóstico disponibilizado às escolas, aos professores e às famílias, que permite uma reflexão coletiva e individual sobre a adequação das práticas letivas às finalidades e aos objetivos educacionais propostos no currículo.”

Efetivamente, nos últimos anos as provas de aferição têm constituído um importante instrumento de reflexão, devolvendo aos professores e aos pais a imagem das fragilidades do nosso ensino e reorientando algumas práticas docentes, que gradualmente se deslocaram para uma outra forma de abordar os conteúdos, nomeadamente no que se refere à Matemática. As editoras não perderam tempo e puseram no mercado, não só as provas que foram saindo, como manuais atualizados com modelos semelhantes, que induziram os professores a treinarem os alunos segundo aqueles figurinos. Portanto, de algum modo, as provas de aferição têm sido também formadoras para muitos professores.

Este ano, as provas de aferição foram de uma perplexidade inquietante. Se, por um lado, o formato não era muito diferente, os conteúdos e a forma de colocar as questões primaram pela criação gratuita de obstáculos aos alunos, parecendo confundir-se exigência com provas demasiado longas, no caso da de Língua Portuguesa, e com dificuldades provocadas por questões pouco facilitadoras da compreensão, na de Matemática. Exemplo disso é a pergunta 5 do caderno 1, com uma redação difícil e pouco clara: “Escreve duas razões diferentes, uma para cada um, que mostrem que os outros dois amigos se enganaram.”(?!) Mas todas as questões pareciam querer dificultar o acesso ao objetivo da pergunta.

Relativamente à prova de Língua Portuguesa, é sabido, neste momento, que uma grande percentagem de alunos (mesmo aqueles que normalmente têm um bom desempenho académico) não teve tempo de a terminar, alguns mesmo nem de chegar à Gramática. Mas se para alguma coisa servissem as ocorrências que têm de ser registadas durante a prova, bastaria que o GAVE fizesse a percentagem dos alunos que não tiveram tempo de acabar a prova, para perceber a sua pouca adequação a crianças destas idades.

Quanto à Matemática, de acordo com a informação do GAVE “a prova tem por referência o Programa de Matemática do Ensino Básico (homologado em dezembro de 2007)”. Não podemos, contudo, esquecer que o novo programa, implementado de forma faseada, só foi generalizado em 2010.

No entanto, esta prova de Matemática parece pretender avaliar tópicos/objetivos que não estão expressos no programa do 1º ciclo (só no 2º ciclo), o que é uma decisão pouco rigorosa e, certamente, com consequências no próprio processo avaliativo. Exemplo disso é o diagrama de caule-e-folhas (pergunta 8, do Caderno 1), que não faz parte dos tópicos nem dos objetivos específicos do programa do 1º ciclo, mas é apresentado como um exemplo de tratamento de dados nas notas, cujo papel é “esclarecer o alcance de cada objetivo, proporcionando opções metodológicas para o professor”(PMEB, pg.2). Basta consultar o Programa de Matemática, na página 27, no tema “Organização e tratamento de dados” e confrontar o mesmo tema com o do Programa do 2º ciclo, na página 43. Por que razão se escolheu esta forma organização da informação e não outras que vêm claramente explícitas no Programa do 1º Ciclo (gráficos de barras, gráficos circulares…)?!

O mesmo acontece com as isometrias (pergunta 11 do Caderno 2), em que apenas aparece explícito como objetivo específico o trabalho com as simetrias de reflexão, nomeadamente em frisos. Mais uma vez, é nas notas que se apresenta como sugestão de atividade, de forma a ajudar os alunos a apropriarem-se do conceito, não como um conteúdo, tal como aparece na pergunta da prova.

O que se pretende, então, avaliar do novo programa? Os objetivos (gerais e específicos) ou as notas, que sugerem atividades? Não podemos também deixar de nos questionar: qual é a legitimidade de um instrumento de aferição que tem itens que não são conteúdos nem objetivos específicos do Programa do 1º ciclo? O que se quer provar?

Muitos professores, perplexos, sobretudo com a prova de Matemática, depois de intenso trabalho com os alunos, questionam-se: afinal, o que está a ser aferido? O que os alunos devem mesmo saber no final de um 4º ano de escolaridade ou o novo programa de matemática, pondo-o em causa (através de questões já referidas)?

Por outro lado, qual a coerência das orientações do Ministério da Educação? De acordo com o Despacho nº 17169/2011 o conceito de competência, designadamente o “Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais” deixa de “constituir referência para os documentos oficiais do Ministério da Educação e Ciência, nomeadamente para os programas, metas de aprendizagem, provas e exames nacionais”. No entanto, agora aparece-nos uma prova que exige uma complexidade de competências.

Qual é a reflexão que devemos fazer? Trabalhar mais o que é lateral aos Programas? Ou quiçá, o que não é do Programa? Treinar os conteúdos que exigem mecanização? Ou colocar os alunos perante uma progressiva complexidade de competências? (Mas, já agora, ao nível das suas idades!)

Para completar este quadro que se adivinha já bastante negro, os critérios de correção das provas são arrasadores. Vejam-se as orientações dadas aos professores corretores para cortar e para não aceitar estratégias diversificadas de resolução dos problemas, limitando a cotação ao  “certo/errado”.

Uma certeza fica: esta é a prova mais politizada até agora. Parece haver necessidade de mostrar que o Novo Programa de Matemática “não funciona” para o poder denegrir e criar uma justificação para o reformular, voltando a gastar mais uns milhares. Mas é, sobretudo, pouco ético, pois é feito à custa dos alunos e dos professores.

Perante os resultados, que se adivinham desastrosos, estas provas de aferição apenas conseguem criar o descrédito relativamente a este tipo de avaliação. Mas então será também isso o que se pretende?

Num país livre (por enquanto!) e num estado de direito, não podemos deixar de denunciar estes aspetos de que ninguém fala, por desconhecimento. Somos nós, professores, que temos de fazer ouvir a nossa voz e antes que a avalanche dos resultados nos caia em cima. Sobretudo, é preciso tornar claro que o que se evidencia neste processo é o insucesso destas provas, mais do que o retrato do que os alunos sabem ou do que os professores ensinam!

Só dei pela coisa agorinha mesmo e estou estarrecido. Ao fim de mais de uma década, e quando se estão as despedir as ditas provas, o GAVE decidiu ensinar-nos a ler os resultados e, no fundo, acaba a dizer que de nada serve tal leitura, se não for para relativizar as ditas provas e os seus resultados. Que serão afixados amanhã e quer-me parece que serão coiso.

Penso que seja uma espécie de vingança de alguém.

Ou então um humor britânico muito peculiarmente meridional. Mas… se fornecem os pesos relativos de cada domínio não é possível tentar estabelecer médias ou fazer comparações?

Então para que servem?

O que, atendendo ao histórico recente, me parece bem e motivo para um extremamente moderado regozijo e mui escassa satisfação.

80 auxiliares de escolas da Lourinhã despedidas com um salário em atraso

Agrupamento de Escolas de Arganil leva alunos a estagiar na Irlanda

“Já somos um mega-agrupamento”

O director do Agrupamento de Escolas de Nogueira (AEN), em Braga, manifestou-se, anteontem, publicamente contra a criação dos chamados mega-agrupamentos de estabelecimentos de ensino.

Obras na Escola Básica de Alvalade em Santiago do Cacém

Câmara Municipal assinou acordo de colaboração com Diretora Regional de Educação do Alentejo

S. Romão vai ter Ensino Secundário (c/video)

Recolha do Livresco.

Em reunião do agrupamento de exames de Sintra disseram hoje que dia 6 de Julho os elementos do secretariado de exames têm que estar de prevenção para receber as provas durante a tarde/noite. Perguntado ao responsável o que significava “noite” foi dito à colega do secretariado que significa (…) horas. Isto cabe na cabeça de alguém?

F.

E depois acham que a malta fica queimadinha cedo porquê?

Adenda: Pediu-me a minha fonte que retirasse a referência específica a horas, que terá sido um equívoco. Pois…  Isto cansa-me.

E no cabo cuidão os grandes, que são como as sanguixugas , que fazem grande mal ao doente , quando lhe chupão o sangue, cuidão que fazem soberano beneficio aos pequenos , quando se servem delles até os aniquilarem. O beneficio, que vos fazem he servirse de vós, e a pensão tomarvos a fazenda, como se a ganharão, quando vos admittirão ao serviço  que lhes fizestes. (Arte de Furtar, pp 51-52 da edição de 1744)

Euro crisis: it’s the banks, stupid!

At last, leaders of the eurozone are talking about the issue that really matters – the existential threat to the single currency.

Spain reaction: ‘This is a rescue for the rich. The poor will only get poorer’

It has become a common sight at Bankia branches across Spain since the banking group became the first last month to declare it needed a massive injection of funds to shore it up.

Eurozone buys itself some time

States and banks in lethal embrace as key dysfunction unaddressed

… gostava de ver alguns dos seus críticos a recusar uma, caso lhes aparecesse a oferta.

Não me apetece desenvolver choradinhos em torno do que é óbvio e que só quem tem uma evidente má vontade e má-fé pode negar ou menorizar. E não adianta aconselhar a saída pura e simples aos velhos, porque muitos dos novos têm ainda menor capacidade de resistência às adversidades.

Poderão alguns inteligentes dizer o contrário, mas são balelas. Não há faixa etária ou posição na carreira que torne alguém imune à situação. E muitos dos que se sentem de fora e com vontade de entrar a substituir os lesionados ao intervalo não estão em muito melhor estado.

Apetece-me apenas prever uma evidência: no próximo ano lectivo as coisas vão piorar porque Nuno Crato deu rédea livre a quem decidiu sobrecarregar ainda mais os professores, sem qualquer compensação relevante. Ou então foi ele que decidiu aceitar todas as imposições externas para que assim fosse. Parou o discurso agressivo de há uns anos, mas o resto permaneceu, acentuando-se os mecanismos de controle e limitação da autonomia do trabalho dos professores.

E é mentira que a burocracia esteja a recuar…

Poderia espraiar-me em exemplos, mas já estou cansado de escrever sobre o mesmo.

Metade dos professores portugueses sofre de stress, ansiedade e exaustão

Investigadoras do ISPA inquiriram mais de oitocentos docentes de todo o país. A indisciplina e o desinteresse dos alunos, o excesso de carga lectiva e a extrema burocracia nas escolas são os principais motivos apontados.

Guião e arte das amiguinhas Helena e Marta, muito hiper-realistas.

“É urgente passar das palavras aos actos“, afirmou neste domingo …

[daqui]