Termina hoje a actual temporada de exames.
Mas continua em pleno a temporada dos recursos.
Sei que não leccionando o 12º ano desde 1992 estou salvaguardado da versão mais aguda desse vírus. Como me ficou só até ao 6º desde meados dos anos 90, estou protegido, embora já tenha assistido até a recursos de notas do 2º período no 5º ano porque devia ter sido 5 e não 4. Nunca fui até hoje contemplado com um recurso a uma nota minha, mas já estive em Conselhos de Turma onde os houve. Na maior parte dos casos diverti-me. Como me divertiria se fosse comigo.
A sério. É que não compreendo a forma como 95% dos meus colegas encaram os recursos. Como não compreendo que dêem 2-2-3 ao longo do ano por sistema. Como não compreendo que, a cada vez que a tutela alarga a margem de manobra para as aprovações, certo(a)s colegas ainda alarguem mais a malha e comecem a querer obrigar os outros a “levantar” notas porque afinal o Zéquinha “só” tem 4 negativas a Português, Matemática, Inglês e História.
Porque isto está tudo ligado e, lá na raiz, resume-se a uma atitude irracional de medo e insegurança por parte de muitos de nós, quando não é apenas de preguiça perante o trabalho que dá justificar certas situações. Lembro-me de um Conselho de Turma logo a seguir à reforma da avaliação no início dos anos 90, quando começou a ser necessária imensa papelada para justificar uma retenção (o eufemismo para reprovação), em que um miúdo ia chumbar com umas quatro “negas”, sendo uma delas a minha em português. O miúdo nem o próprio nome completo ainda sabia escrever no 5º ano. O secretário da reunião, professor de História e meu colega de grupo, para não ter trabalho propôs a transição, “para evitar problemas” e “algum recurso” e não se falava mais nisso. A maioria concordou, em especial os que davam negativa ao rapaz, mas não se importava que achavam quye estava em condições de passar. Então, como tipo chato que sou, fiz uma declaração de 2 páginas para a acta – que ele foi obrigado a passar – com a minha declaração de voto de vencido. Acho que não me voltou a falar a partir daí.
Voltando ao assunto:
Os recursos são uma espécie de peste bubónica para boa parte da classe docente.
Fala-se neles e muita gente treme, como se fosse algo de consequências devastadoras e incontroláveis. Quantos milhares de classificações são conscientemente adulteradas para evitar “recursos”, reais ou meramente imaginários. Quantas pressões entre o subtil e o brutal para colegas – ou mais novos ou de disciplinas “menores” – alterarem a classificação, “para não termos recurso e depois temos de nor reunir outra vez e o trabalho que isso dá“.
Tudo por causa, em primeiro lugar, do medo não sei bem de quê ou por causa da falta de segurança no trabalho feito ao longo de um ano, em seguida por falta de solidariedade nos Conselhos de Turma e, por fim, por pura e simples preguiça. E olhem que estou a deixar de lado aquela parte em que entram em acção os arautos da teoria do coitadinho. Algo que mereceria uma tese de doutoramento completa.
Os recursos são uma espécie de ameaça permanente de chantagem nas mãos de encarregados de educação menos criteriosos contra os professores. Em especial quando os sentem mais vulneráveis e inseguros. Quando sentem o medo e a insegurança. Quando duvidam, não que o seu educando merecia a classificação que teve, mas que o(a) docente seja capaz de se justificar e resistir psicologicamente à pressão. Ou que o Conselho pedagógico arrisque perante uma ameaça de “inspecção“, “pois eu tenho os meus conhecimentos”.
Há quem só surja na escola, em final do 3º período, para transmitir a ameaça de recurso.
Já vi e ouvi falar de todo o tipo de recursos.
Há uns anos assisti a um, apresentado pela explicadora de um aluno como forma de, em grande medida, ocultar a ineficácia do seu trabalho. Graças ao tal medo, o órgão de gestão aceitou o recurso fora de prazo e sem a assinatura do Encarregado de Educação.
Em outro caso, repetido em vários sítios, conheci o chamado recurso permanente, ou seja, o recurso que é anunciado logo no 1º período ao DT, ameaçando-se com conhecimentos nas estruturas da DREL ou da 5 de Outubro.
Um dos mais divertidos, que me comunicaram há pouco, é o de um recurso que começa com o argumento do aluno “ter sido o único na turma a chumbar com 5 negativas” (!!!).
Hilariante?
Claro!
Só que nem todos encaram a coisa assim.
As pessoas ofendem-se, ficam magoadas, amedrontam-se e nos anos seguintes acvada vez se encolhem mais, aumenta a sua insegurança, tornam-se mais permeáveis às pressões de colegas que chegam a interceder por alunos seus vizinhos, meramente conhecidos ou vagamente aparentados.
E o triste é que muitas vezes a chantagem e a intimidação compensam.
E o medo infiltra-se nos comportamentos
E lá temos na avaliação dos períodos: 2-2-3 ou 7-7-10. Milagres dos Santos Populares na gíria das salas de professores.
Ou pior, dá-se positiva a todos porque eles vão a exame e logo chumbam, porque vão tirar 1.
E é tudo isto que mina o “sistema”. Um clima de chantagem quase permanente que induz atitudes defensivas e, em última instãncia, o desvirtuamento de qualquer modelo coerente e rigoroso de avaliação.
Mas, no fundo, no fundo, tudo isto não passa de umais uma estratégia ao serviço da pedagogia e do direito ao sucesso. Assim com letrinha minúscula.
Julho 17, 2007 at 3:08 pm
Também há casos outros… Os tais que não dá para entender as classificações tão levianamente atribuídas (pelo Conselho de Turma, realço!).
E falo de casos de 9-9-9 (ao longo dos três períodos). A três disciplinas no 11.º ano, por exemplo. E o aluno, sem eufemismos, chumba mesmo. Eu gostava mesmo muito de conseguir ser tão EXCELENTE avaliador/classificador…
Ou outros de 3-4-3, sendo que no 3.º período o aluno trabalhou, suponhamos, num grupo de colegas todos avaliados com 3-4-5. E se metermos eleições para o CExec à mistura, fica algo de explosivo.
Isto tudo no reino da fantasia, claro. Que, muitas vezes, é ultrapassada pela realidade…
Julho 17, 2007 at 3:21 pm
Aprendi há mais de 20 anos que não se dava 9 a um aluno.
Aprendi-o na Faculdade, quando as pautas davam um salto sempre do 7 ou 8 para o 10.
😉
Julho 17, 2007 at 5:16 pm
Eu já contei a vergonheirra que foi na minha escola com os recursos. E o pior é que, depois de os professores terem matido as negas, os alunos fizeram recurso para a DREN. E o que ainda é pior é que provavelmente vão ter provimento porque poderão desenvolver as suas capacidades/competências até ao final do ciclo.
Julho 17, 2007 at 6:00 pm
Paulo:
Sem dúvida que todos nós, professores, já observámos sobejamente o que descreve, mas não percebi bem uma coisa na sua opinião: Pensa que se devia restringir o direito ao recurso? Pergunto, não porque me pareça que seja essa a sua opinião, mas porque a mim parece que a realidade que descreve é da responsabilidade dos professores e é lamentável – no entanto, o Paulo fala em clima de chantagem e de mais uma estratégia ao serviço do direito ao sucesso. Talvez eu tenha que ser mais compreensiva/tolerante sobre medos de chantagens e mudanças de classificações para não se ter o trabalho resultante dos recursos, mas, sinceramente, neste caso não me parece que as estratégias tenham responsabilidades externas, por muito que me custe dizer isto relativamente a colegas ou conselhos de turma. Os professores que são conscienciosos e claros nas suas avaliações não têm que ter medo – ou estou errada e intolerante?
Julho 17, 2007 at 6:21 pm
Não está errada Isabel.
Aliás eu insurjo-me em primeiro lugar contra aqueles que, entre nós, receiam os recursos e se deixam condicionar por isso.
Quando falo em clima de permanente chantagem sobre os docentes, refiro-me a um conjunto restrito de Enc. Educação – alguns, nem por acaso, docentes – que usam essa ameaça como “ferramenta” no diálogo com os docentes.
Quanto ao direito de recurso sou favorável a que exista, desde que seja fundamentado e apresentado com pés e cabeça.
tomara eu que, nos tempos de Faculdade, tivesse direito a recurso, coisa que não existia, porque as injustiças são para denunciar.
Que as há em todos os níveis de ensino.
Agora o que repito é que a ameaça ou o fantasma do recurso não podem ser desculpa para que muitos docentes se deixem condicionar na sua avaliação.
Porque assim abdicam do respeito por si mesmos. E dos outros.
Julho 17, 2007 at 6:41 pm
A acrescentar a estas «maravilhas» apresentadas em «Exames, Medos e Recursos» já fui alvo de um recurso, há alguns anos, em que todos os elementos de avaliação que eu tinha anotado e corrigido estavam «pintados» a corrector sobre as minhas anotações e comentários, deixando ver tudo, mas a branco e não a vermelho .
Para melhorar a questão, o recurso era redigido e assinado em nome do próprio aluno de catorze anos de idade. É claro que expressei em acta de conselho de turma a minha apreensão face a:
1- ser aceite um recurso com todos os testes e trabalhos pintados a corrector;
2- obrigar a reunir pela segunda vez um conselho de turma quando um menor não pode apresentar recurso…
Julho 17, 2007 at 7:16 pm
ehhhhh, duas páginas para acta…bem feito….
Julho 17, 2007 at 7:52 pm
olá espero que estejam bem.
no final deste ano lectivo atribui um nivel 2 a uma aluna do 8º ano; que justifiquei numa A4, com as compeências não adquiridas -transversais, gerais e específicas a uma aluna que chegou à 4/5 meses do leste.
Eu explico melhor, uma aluna do 9º não pôde ter 4 numa lingua estr. porque era impossivel ( 2º a coordenadora do departamento)ter adquirido essa totalidade de competências de ciclo num só ano, por ter vindo de um pais estrangeiro( com aulas de reforço e numa escola especializada de linguas e a respectiva docente jurar que ela era de nivel 4). como o conselho de turma foi “pressionado a trabalhar melhor”, decidi justificar convictamente todos os niveis dois. resultado , alguns milagres dos santos populares, mas, nenhuma das minhas notas foi mudada tal era o testamento de competências que eu inseri nas IACTAS (fiquei de consciência trânquila e tenho andado de bom humor , para o ano volto a justificar todos os niveis negativos, pronto, agora sou tão eficiente que não me devem achar muita graça. gosto tanto de aprender!!!!
Julho 17, 2007 at 9:14 pm
Angélica
Espero que não seja professora de Língua Portuguesa porque, pelo exemplo acima, não me parece que os seus alunos tenham muito a aprender consigo.
Julho 17, 2007 at 9:24 pm
Eu justifico tudinho de bom grado.
E, após interrupção de alguns anos, recuperei parte do meu papel de elaboração daa maior parte dos planos disto e daquilo.
Normalmente até me ofereço, para não se perder tempo a discutir quem faz o quê.
Tenho uma sebenta de competências por atingir que se vai renovando a cada ano.
Normalmente aumenta.
Mas este ano, tirando o caso de uma turma em HGP, até nem foi necessário puxar da ladaínha.
Julho 17, 2007 at 11:38 pm
Eu acho que o direito ao recurso deve existir e, ao contrário de vários colegas, pelos vistos, parece-me que só não há mais recursos porque os encarregados de educação não os sabem fazer e, os que o sabem quase sempre também conseguem resolver os casos antes de se chegar aí – com chantagem ou sem chantagem.
E claro que não é por acaso que os docentes/encarregados de educação são os primeiros a questionar os colegas – pertencem ao grupo que está mais por dentro de todo o sistema. E temos que concordar que, embora em minoria, os professores irresponsáveis – que os há, como em todas as profissões, claro – afectam dezenas de alunos e não considero que deva pactuar com determinados desleixos.
Julho 17, 2007 at 11:57 pm
Se houvesse mais bom-senso e honestidade, e menos fúria normativa e estupidez pura, bem andaria o mundo.
A questão não está no direito ao recurso, mas na forma escandalosa como esse direito é usado, para pressionar. Os professores ouvem desaforos dos pais, e depois vêem-se desautorizados quando os recursos são providos, injustamente.
Se os professores reprovam alunos, são postos em cheque. Se passam os passam para não se chatearem, são acusados de desleixo e incompetência.
Daqui a uns anos vai ser como em alguns países: o Ensino Público não vai valer um chavo. Quem puder pagar colégio particular, põe os filhos onde haja aulas a sério, onde não se viva num ambiente permanente de guetto violento, onde os professores tenham condições para ensinar. Aí sim, estará concretizado o “racismo social” que alguns já devem estar a entrever nestas palavras. Não sou só eu que o digo.
Julho 18, 2007 at 12:43 am
Eu não sou contra os recursos.
Há muitas avaliações confusas, muito confusas, e os alunos e EEs têm direito de pedir informações.
Os professores que estão certos das suas avaliações não têm de temer. Têm é que, dentro de cada departamento, avaliarem de acordo com os mesmos critérios.E esses critérios devem estar registados em actas do departamento e ser do conhecimento de alunos e EEs.
Como EE já elaborei 2 recursos em provas de exame nacional, por acaso ambos à disciplina de Português de 9º e 12º ano. Apesar de não ser professora de Português, é fácil ler os critérios e contestar a classificação. No ano passado consegui subir 10 pontos na prova de 9º. Este ano fiz novo recurso, agora na prova de Português de 12º ano da 1ª fase.
Meus amigos, quem viu esta prova limitou-se a aceitar somente os cenários de resposta possíveis apresentados.O que demonstra uma enorme falta de segurança. E quem leu aquele texto final tão bem escrito e organizado, denotando uma cultura geral tão razoável e, num total de 30 pontos vê serem atribuídos 9 pontos para o conteúdo e 4 para a forma, lamentavelmente não deve ter entendido o que leu.
Isto de “ver” estas coisas como professores e EEs é complicado, muito complicado mesmo.
Julho 18, 2007 at 10:09 am
Não isento os professores de culpas, é claro. Há professores e professores, e quando andava na escola também tive que aturar verdadeiras bestas quadradas. Não pode é tudo comer pela medida grossa.
Julho 18, 2007 at 10:37 am
Mas Marco…
Um problema é que os alunos parecem estar convictos de que basta matricularem-se para os professores serem obrigados a passá-los.
Eu estive num conselho de turma em que apreciámos o recurso de um aluno com 8 negativas cujo pai alegava que o filho devia passar porque… gostava que o filho passasse ❗
Julho 18, 2007 at 2:00 pm
Tal como a Fernanda, também eu já fiz vários recursos para alunos do 12º ano e constatei o que diz: há correctores (felizmente, uma minoria!) que só aceitam a resposta do aluno se ela for totalmente coincidente com as sugestões de resposta do Gave, quando aquilo são apenas “sugestões”. E então na dissertação há discrepâncias monumentais! A última questão valia 40 e não 30 pontos, Fernanda, e com um aluno meu aconteceu uma situação idêntica; pior um bocadito: não teve 9, mas 6 pontos no conteúdo! Estou à espera de ver o resultado do pedido de reapreciação.
Julho 18, 2007 at 2:52 pm
Não lhes estou a retirar a razão, nem à necessidade de recursos, em especial nesses casos.
Agora em casos de avaliação interna contínua, desde que as coisas funcionem como devem ao nível do controle do trabalhos dos docentes pelos Departamentos e Conselhos de Turma, é difícil que esses abusos sejam regra.
E não justificam as pressões sobre colegas mais novos ou que se adivinham menos resistentes do ponto de vista psicológico.
Julho 19, 2007 at 8:33 pm
Sobre uma aluna de 11 ou 12 anos que reprovou no 6º ano e irá integrar uma turma minha, ouvi hoje este mimo da boca de uma das suas professoras do ano que findou:
“ela é boa aluna mas deu-lhe forte a primavera, reprovou mais para aperto de calos do que por falta de conhecimentos.”
A transcrição é exacta. Fiquei tão incomodada que tomei nota. Devo confessar que, embora me custasse, me mantive calada.
Julho 19, 2007 at 8:55 pm
No comments!
Como vai ser sua aluna, avise-a atempadamente que compre uns sapatos com um número acima….
Julho 19, 2007 at 9:08 pm
😦
Situações como essa não são caso único.
Mas conto um na inversa.
Há 10 anos, com uma turma muito problemática do ponto de vista das atitudes inter-pares e do absoluto desinteresse pelo que os profes debitavam, foi necessário fazer uma reunião geral do Conselho de Turma com todos os pais.
Por causa das coisas, estávamos em meados dos anos 90, a pedagogia do sucesso no auge, a turma até tinha notas inflacionadamente razoáveis, excepto a HGP, que o raio do professor era chato como tudo.
Está tudo muito bem (ou mal)a ciscutir quem atirou que sapatos para que sanita, quem rasgou o qu~e, quem desenhou exactamente que órgão sexual em que caderno, até qu um pai relativamente novo lá do fundo da sala se levanta e diz algo como “pois, isto é tudo muito bomito, o meu F. é muito mal comportado e mal educado, não faz nada, mas só teve dois a História e eu quero saber quem é o professor para o cumprimentar, porque o miúdo nem sabe ler, como é que consegue ter 3 ao resto?”.
O prof. de História agradeceu sorridente o cumprimento e o F. acabou por repetir o ano com 4 negativas.
Mais tarde fez o 3º CEB com boas notas e prof e aluno voltaram a encontrar-se noutras paragens.
Com um sorriso e sem ressentimentos.
Dessa vez os calos foram apertados na altura certa.
Julho 12, 2009 at 12:38 pm
Sou mãe e encarregada de educação dum aluno que fez o 5º ano. Chumbou com 4 negativas : ed. visual, ed.musical, àrea de projecto e ed. física. Teve as três primeiras negativas desde o 1º periodo, e teve plano de recuperação que nunca foi posto em prática. A negativa a Ed. Fisica foi, apenas, para o poderem chumbar. No primeiro periodo, teve outro professor a esta disciplina, que é vice-presidente do conselho executivo e com quem teve a nota 4, pois efectivamente é bom aluno. Foi o conselho executivo que me aconselhou a fazer recurso, eu nem sabia que existia tal possibilidade. Os seus professores estão divididos, muitos são contra a sua retenção, ele não teve um único teste negativo. Mas tem 4 docentes no grupo que, simplesmente, nem aulas deveriam dar por características pessoais suas. Existe de tudo, a exemplo a sua directora de turma chegou a ligar-me, alarmada, que tinha acabado de ver o meu filho a almoçar com uns colegas, num restaurante perto da escola, com umas atitudes de comportamento de risco. Atendi esta chamada com o meu filho a almoçar comigo, e a bem da verdade nem nunca lhe passou pela cabeça sair da escola sozinho. Ficou irritada por se ter exposto ao ridículo e passou todo o ano a tentar confirmar a sua expectativa, chegando a relatar-me situações que se passavem noutras aulas, que nunca aconteceram, pois fui sempre falar com os outros docentes, mesmo com ela a tentar impedir a comunicação. O conselho executivo sempre soube destas perseguições e diziam: ” ela é um pouco diferente, temos de ter paciência, é do quadro e nada podemos fazer”. Hoje, penso que talvez pudesse ter feito participação por escrito do seu comportamento. Mas a verdade é que tive medo de tomar atitudes mais radicais com o meu filho lá, porque existem pessoas perturbadas a dar aulas e são os nossos filhos que lá estão.
Não fazia ideia que estas coisas aconteciam. Hoje, aguardo a decisão do recurso, há casos que o justificam e este é um deles.
Cumprimentos