A forma como o 25 de Abril surge nas principais publicações semanais da nossa imprensa de notícias é bem diversa e revela duas atitudes quase diametralmente opostas.
A Visão e o Expresso (actualmente pertencentes ao mesmo grupo empresarial) investiram bastante na efeméride, desde a a realização de debates e a preparação de revistas específicas em edições anteriores (Expresso) à produção da revista com um grafismo e conteúdos à maneira de há 40 anos (Visão).
Nesta semana, o Expresso traz ainda um caderno especial dedicado à reprodução de muitas primeiras páginas da imprensa de 25 de Abril de 1974, para além de abordagens no caderno principal, no Actual e na Revista.
Já os casos da revista Sábado e do semanário Sol revelam uma atitude muito diferente e optam por tratamentos do tema claramente baseados no “lá terá de ser” e na preguiça.
A Sábado deixa a cargo de crónicas com 40 anos de Gabriel Garcia Marquez sobre o 25 de Abril a maior parte do espaço dedicado ao tema, no que seria uma opção curiosa como anexo a outra coisa. Mas o resto é escasso e muito pobre, revelando um desinteresse muito grande, só faltando mesmo a encomenda de uma peça a Rui Ramos a relativizar tudo o que se passou, como aconteceu há uns anos com a passagem dos 100 anos da República. O grande interesse da revista é o ex-pião-maçon Silva Carvalho que, em meu entender, nem dignifica a espionagem (que é algo bem diverso da mexeriquice à conta do Estado), nem a Maçonaria (que sempre me constou ensinar as suas gentes a serem discretas) com o seu desejo imenso de falar e acertar contas muito cedo. Se aliarmos esta opção à do Correio da Manhã, conclui-se com há um certo grupo empresarial na área da comunicação que acha dispensável assinalar de forma c0ndigna os 40 anos de Abril.
Já o Sol opta por incluir um portefólio de imagens mais do que conhecidas e ao nível de um manual escolar do 3º ciclo e dar a palavra a Rentes de Carvalho, a nova coqueluche sénior da nossa literatura, que nem sequer vivia em Portugal em 1974, mas que diz ter começado a preparar o livro – cujo tema parece ser o 25 de Abril – em 1962 mas que apenas é publicado em 2014. Confesso que não o li, mas já ouvi várias pessoas a desmentir factualmente diversos episódios lá relatados, o que acabou por me tirar a vontade de o comprar. O destaque da 1ª página do jornal vai para o inefável Durão Barroso (aquele que parece acha que Cavaco, Soares e Sampaio ou Eanes não passaram de burros) e o da revista para o muito divertido Vasco Palmeirim que, com um pouco mais de atenção, poderia ter aceitado aparecer na capa de outra edição. Acho eu, que sou esquerdista e vermelho.