Memórias


… e fui contactado na minha escola por uma pessoa muito simpática, assessora de uma embaixada que não interessa muito agora, para me auscultar sobre o que eu achava da situação na área da Educação em Portugal por essa altura, a do pós-acordo das pizzas.

Fui bastante pessimista. Mesmo muito.

Quase a terminar, a conversa evoluiu para a situação política global e foi-me perguntado se o actual PM (que então já se adivinhava vir a sê-lo a curto ou médio prazo) estaria em condições de ser o responsável por levantar o país e a política do descrédito em que se encontravam.

Respondi que não, que não via nele essa capacidade, até por causa daqueles que o enquadravam, mas verdade se diga que também não via ninguém, no PSD ou fora dele, com essa capacidade.

Já nesses tempos, achava que o pântano estava de óptima saúde e sem sinais de dar parte de fraco.

E nem sabia que o então ainda potencial PM era amnésico em relação aos seus rendimentos e inconsciente quanto às suas obrigações contributivas.

 

HistCromos

Agora que já todos andam esquecidos…

Charlie1Charlie Hebdo (1970)

 

… para os professores na opinião publicada é que muita gente já deu aulas, algures, no seu remoto passado, quase sempre há mais de 20-25 anos, quando precisou de um biscate e havia vagas para quem tivesse uma licenciatura ou mesmo menos do que isso.

Aconteceu muito nos anos 70 e 80, só desaparecendo nos anos 90 e à medida que as profissionalizações foram sendo exigidas e as vagas escassearam para os part-times, enquanto se esperava por algo diferente, que quase todos os que agora escrevem sobre “a qualidade dos professores” consideram ter sido melhor.

Isto inclui quem deixou de ser professor para assumir outro tipo de cargos na administração pública, incluindo no MEC.

É bem verdade que quase tod@s ess@s escrevinhador@s têm estórinhas de arrepiar para contar, de falta de profissionalismo, de fuga às obrigações, de más práticas.

O curioso é que – excepto quando têm uma história lapidar passada com um filhinh@ ou netinh@ – são quase sempre estórinhas dos tempos em que realmente todo o bicho careta conseguia fazer um bico (sem segundas intenções, que essas ficam para fazer outras insinuações) no ensino e agora dizerem mal daquilo de que fizeram parte e que consideram ainda ser a regra.

Eu poderia desenvolver, explicar que, se calhar, muitos dos que ficaram no ensino não o fizeram por não conseguirem fazer bicos (agora, talvez, já esteja a ter segundas intenções) em outras ocupações, mas sim por não o quererem ou porque, quiçá, até gostavam do ensino.

Mas não sei se vale a pena. Basta dizer que não devem medir os actuais professores pela sua própria forma de estar ou dos que lhes eram próximos.

Quanto ao resto, há muita gente, mesmo muita gente, com amnésia selectiva, que @s faz apagar episódios de um passado de que aionda há quem se lembre. Eu, por exemplo, lembro-me de muita gente de há 30-25 anos e do que fizeram para fazer o que fazem.

Eu não conseguiria, admito.

El@s foram e são muito melhores nesses particulares. Só lhes falha a memória em relação a detalhes do trajecto e não é raro ficarem com ar chocado quando se lhes faz o necessário lembrete só para chatear.

PC1

Spirou38

Spirou (1938)

tintin48

Tintin (1948)

Lene Lovich, Lucky Number

Tintin

Tintin (1946), nº 1

Ruts, Staring at the Rude Boys

Little Feat (com Emmylou Harris e Bonnie Raitt), Dixie Chicken

Middle of the Road, Chirpy Chirpy Cheep Cheep

Xutos e Pontapés, Remar, Remar

Ainda se lembram quando estas coisas significavam algo e mexiam cá dentro, não servindo apenas para liturgias de telemóvel em punho?

Lou Reed, Vicious

Queen, Fat Bottomed Girls

Porque quem ganha pouco, de poucas origens, se lembra de qualquer acréscimo.

E porque, por variadíssimas vezes, o fisco me incomodou com dúvidas, sempre carentes de fundamento.

Mas enquanto me incomodava a mim por causa de amendoins, deixava as melancias passear sem problemas.

Já agora… eu desenvolvi diversos trabalhos de investigação, quase todos publicados, mas… curiosamente… as instituições que as patrocinaram, nunca me pagaram despesas relativas a deslocações, aquisição de bibliografia específica, etc, etc. Se há coisas que coleccionei, foram recusas.

Não se podendo reescrever a História, tentam apagar-se os sinais…

Gazeta das Caldas - 22 de Agosto 1Gazeta das Caldas, 22 de Agosto de 2014 (o link da notícia está aqui, mas… ainda alguém manda apagá-lo…)

Eu sei… o fascismo e tal… a repressão sexual e o camandro. Era preciso libertar as pulsões e o povo andava reprimido ao ponto de achar que a margarina era o afrodisíaco ideal.

Nos anos 70 e mesmo 80 a malta nova não tinha dinheiro ou espaço para libertar a líbido em condições e os GNR ajudaram à mitologia das dunas, a pele ao sol, o sal do mar, os arranhões das salgadeiras ou cactos malandros e a areia em sítios onde só se dava por isso um bocado depois de saber bem.

Aqui por baixo, a Tróia e a Lagoa de Albufeira tomadas de assalto pelo campismo selvagem em democracia eram territórios de eleição e experiências interessantes, entre alguma setentrional em busca de emoções fortes e a amiga que menos de um ano depois se tornava conjuge por causa das circunstâncias e carências.

O deserto da juventude em fogo.

E mais piroseiras a condizer.

Mas… desculpem-me lá… tudo a favor do aquecimento e do despertar, mas muito pouco a favor da concretização em tais paragens… a menos que não existisse mesmo alternativa próxima e a oportunidade se perdesse de vez. Nesse caso, lá teria de ser mesmo e fé nos deuses.

Há quem continue a dizer, décadas depois, que se sente excitad@ com a sensação de rebeldia, de perigo, de desafio às convenções sociais.

Que é romântico?!

De romântico, a areia na virilha ou em outras paragens aconchegadas tem pouco, em especial se associada a um escaldão (pulverizar sempre as áreas expostas antes de as expor… confiem em mim, a menos que tenham melanina de sobra… o que não é o meu caso)

Rebeldia? Radicalidade?

Se querem ser rebeldes e radicais e exibir a vossa potência genésica, tentem lá então fazer a coisa ouvindo música do Nel Monteiro ou uma crónica do Marques Mendes.

Meninas, se o rapaz conseguir manter uma operacionalidade sensual é porque vos ama de verdade ou então porque é um tarado completo.

Meninos, se ela se mantiver interessada na coisa ou é surda ou então ainda acabam por descobrir que trouxeram a avó em vez da neta.

Poderia desenvolver o tema, mas penso que já fica o rascunho suficiente.

Echo and the Bunnymen, Heaven Up Here

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