Escolas


Government policy is credited for the capital’s educational turnaround – but others say it is the result of more children from aspirational ethnic minority families at its schools

Intervenção [não como orador, mas como mero assistente no intervalo para “debate”] no seminário sobre “Avaliação Externa das Escolas”, promovido pelo CNE, em parceria com o Inst. de Educ. da Univ. do Minho e com a IGEC, no passado dia 13 em Coimbra.
 
    Caros colegas
 
    É por todos conhecida a posição de denúncia assumida pelo sindicato antes da realização do seminário em apreço [ver o nosso mail das 13:56 do passado dia 6]: a organização, que integrava a IGEC, excluiu os “Inspectores-do-terreno” do lote dos oradores e, objectivamente, a IGEC dificultou a sua simples presença na iniciativa. Quem estivesse de fora do processo ficaria com a ideia de que os “Inspectores-do-terreno” não constituem o essencial dessa actividade e que não passam de simples instrumentos-de-trabalho. Tal enquadramento, confirmado pelos factos, é em absoluto inaceitável!
 
    Por todas estas razões, o sindicato inscreveu-se no seminário no dia 23 de Fevereiro e estivemos lá presentes. Os colegas que lá estavam conhecem a intervenção que nos foi possível fazer, muito condicionada pelo limitadíssimo tempo que nos foi concedido [a mesa que dirigiu os trabalhos apontava para um tempo de 120 segundos!]. Assim, na impossibilidade de reconstituirmos aqui a nossa intervenção, eis os pontos que nos foi possível abordar:
 

    1. Deixámos perfeitamente claro desde logo que — mau grado as apetências que desperta, no âmbito das tendências para a mercantilização da educação, para a fragilização do Estado e para o outsourcing — nenhuma outra instituição, pública ou privada, está, como a IGEC, em condições de assegurar a concretização da avaliação externa das escolas, no respeito pela Constituição da República e

pela

 Lei de Bases do Sistema Educativo, e ainda que, sendo a IGEC uma inspecção “do Estado” e não “do governo”, reúne as condições necessárias e suficientes para o exercício dessa actividade com autonomia; em situações concretas, a eventual instrumentalização ou governamentalização da IGEC são, naturalmente, da responsabilidade de quem instrumentaliza ou governamentaliza, e não podem assumir-se como argumentos de princípio contra ela, a favor do sector privado ou não-público; também por isso, o nosso sindicato desde 1988 que pugna por uma dupla tutela para as inspecções da educação: da Assembleia da República ou da Assembleia Legislativa Regional, por um lado, e do governo da República ou do governo Regional, por outro; 

 
    2. Deixámos perfeitamente claro, logo depois, que os verdadeiros “heróis” da avaliação externa — foi mesmo a palavra“heróis” aquela que utilizámos — são os Inspectores, sem cujos know how, competência e amor-à-camisola, muito para além do estrito cumprimento do dever, a avaliação externa se tornaria impossível: são os Inspectores quem suporta horários de trabalho diários típicos da revolução industrial do século XIX, são os Inspectores quem disponibiliza para o serviço os seus automóveis, são os Inspectores quem torna possível o serviço com as suas impressoras, com os seus telemóveis, com a sua internet e com a ocupação de muitos dos seus fins-de-semana, roubados ao descanso e à família; e isto tinha de ser dito — ali, perante o CNE, os investigadores, os avaliadores, os directores das escolas, as universidades –, para que se colocasse a descoberto a componente que permite suportar o cenário da avaliação externa e que se encontra por detrás dele;
 
    3. Sobre a concretização da actividade Avaliação Externa das Escolas, assinalámos:
 
    3. 1. A AEE tem de imperativamente ser estendida ao sector privado da educação, em particular aos colégios que, de uma maneira ou de outra, usufruem de subsídios do Estado; se, constitucionalmente, todos estão obrigados à prestação de contas, esta obrigação torna-se particularmente relevante quando auferem verbas provenientes da fazenda pública, e esta contrapartida é de tal modo óbvia que, já depois do seminário, se percebem mal as reacções do patrão-dos-privadosa esta matéria, vindas a lume nos jornais;
 
    3.2. A AEE tem de passar a integrar a observação da prática lectiva em situação de aula; desde o lançamento do processo que o nosso sindicato tem vindo a reclamá-la, por razões científicas e institucionais, e não vemos como ela pode levantar objecções se ficar garantido o seu carácter de avaliação global da docência e não de classificação nominal do docente;
 
    3.3. A AEE tem de ser expurgada da sua ligação perversa a uma classificação das escolas e, por essa via, à classificação siadapiana de professores e directores; um parecer do CNE, bem depois de nós, teve ocasião de referir esta ligação como uma das fragilidades do modelo; não existe classificação sem avaliação, mas pode — e deve, no caso da AEE — existir avaliação sem classificação; esse expurgo, absolutamente necessário, contribuiria para eliminar uma anormalidade que a inércia das coisas pode, sem quaisquer vantagens, tornar “normal”;
 
    3.4. Existe um risco em qualquer processo de avaliação externa, e assim também na AEE, para o qual todos — escolas e IGEC — temos de estar prevenidos, e que pode colocar-se do seguinte modo: há avaliação externa para as escolas ou há escolas para a avaliação externa?; a não estarmos prevenidos, corre-se o risco de uma verdadeira encenação do processo;
 
    3.5. Para que muitas das questões atrás assinaladas possam ser ultrapassadas com mais facilidade, isto é, para que a AEE seja reforçada nos seus fundamentos e nas suas conclusões e não corra o risco de se tornar “impressionista” e “etnográfica”, torna-se imprescindível o aumento substancial do número de dias para a permanência nas escolas e do número de Inspectores afectos à actividade; é preciso eliminar uma perspectiva obreirista e quantitativista da AEE: é essencial cobrir menos escolas e o ritmo de trabalho dos Inspectores tem de ser reduzido.
 
    Caros colegas:
 
    Eis o que nos foi possível dizer no seminário e, verdadeiramente, nem tudo isto foi possível explicitar nos 120 segundos que nos destinavam (verdade seja dita que os ultrapassámos largamente, teremos ficado pelos 240, como não podia deixar de ser). Matérias houve, e importantes, que de todo não foi possível abordar. O Senhor Presidente do CNE, Professor David Justino, disse, na abertura do seminário, que com frequência “fala-se muito e ouve-se pouco”. Os Inspectores estão entre aqueles que quase não são ouvidos… Mas ficou claro, com a nossa pequena intervenção, que os Inspectores não são instrumentos-de-trabalho — pensam-e-fazem e fazem-e-pensam!

Saudações sindicais!
Pel’A Direcção do SIEE

José Calçada
(Presidente)

Será que se está a falar do mesmo relatório (que está aqui)?

Citação 1:

O domínio da Liderança e Gestão é aquele em que a classificação de Muito Bom é mais significativa (42,2%); mas é na Prestação do Serviço Educativo que a soma das classificações de Bom (56,3%) e de Muito Bom (31,5%) é mais alta (87,8%). No que respeita aos Resultados (que incluem, entre outros aspectos os resultados académicos e sociais), as classificações distribuem-se pelo Bom (57,9%), Muito Bom (24%), Suficiente (17,6%) e Insuficiente (0,5%). A classificação de excelente só chegou a ser aplicada pelos inspectores no domínio da liderança e em 0,5% das escolas.

Citação 2:

Os dados da IGEC referentes ao processo de avaliação externa das escolas desde 2011, que hoje são apresentados em Coimbra, num seminário dedicado ao tema, organizado pelo Conselho Nacional de Educação, mostram que é na prestação do serviço educativo que as escolas mais precisam de melhorar (46% das escolas já avaliadas), em aspetos como as práticas de ensino ou o acompanhamento e avaliação do ensino e aprendizagens.

Há uma coisa que a mim parece óbvia: com base no modelo de inspecção que se fazia duvido muito da fundamentação empírica de qualquer considerando sobre a qualidade (ou não) das práticas de ensino.

Até porque a evolução verificada neste domínio tem sido bem favorável:

IGECRel11d

O problema é que isto dá para os dois lados… há pontos fortes aqui que também são pontos fracos acolá e por aí adiante… generalizar é que dá normalmente confusão.

IGECRel11e

Vejamos alguns dos dados:

IGECRel11

Globalmente, a prestação do serviço educativo é 0 3º domínio na soma de MBom/Bom, encontrando-se na mesma posição em termos de Suf/Insuf (neste caso está no último lugar, ou seja é o domínio com menos menções de Insuf).

Eis os valores do domínio, distribuídos por factores. Eu confesso que gostava de saber como foram obtidos estes valores, com base no que as inspecções faziam nas escolas, sendo a sua actividade quase nula quanto á verificação da prática pedagógica.

IGECRel11b

O que parece é que o que se pretende, até mais do que colocar os inspectores a fazer observação de aulas é obrigar as escolas a adoptar práticas de observação de aulas fora do âmbito da ADD.

É isso que deduzo de certas observações dispersas e conversas que andarão a ser feitas em algumas escolas com os inspectores a darem a entender que ou a observação de aulas passa a ser feita de forma sistemática porque isso poderá dar vantagens num futuro próximo.

Só que isso passa mais pelo domínio da auto-regulação do que por qualquer outro… que é aquele onde a menção de Suficiente é mais elevada.

E implica que quem vai observar aulas percebe do assunto mais do que aquilo que acha bem.

Já agora, uma dúvida… como é que a classificação de um domínio, numa determinada menção qualitativa, pode ser superior ou inferior à dos dois factores que são considerados? Nem falo de médias…

IGECRel11c

Sou mesmo um burro de letras, não percebo este tipo de aritmética.

 

Eu sei que ando com mau feitio com estas coisas, em especial quando nada tenho contra investigações e investigadores em concreto.

Só que se queremos discutir a Educação de forma séria, mesmo a sério, seria de evitar que grupos de especialistas de várias universidades fizessem estudos em que uma das conclusões seja a seguinte:

Como ponto positivo, este modelo de avaliação externa das escolas melhorou a prestação de contas, é bem aceite pelas escolas e melhora a relação das escolas com a comunidade, indica o coordenador. “O facto de só 30% (481) das escolas avaliadas terem apresentado contraditório, significa que pelo menos os diretores não contestam o modelo e a avaliação”. Por outro lado, como se trata de uma avaliação externa, os resultados da escola “são valorizados pela comunidade”.

Agora vejamos os dados do relatório da própria IGEC:

De acordo com o relatório intercalar da Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) relativo ao 2.º ciclo de avaliação, que nesta sexta-feira será analisado em Coimbra, mais de 80% das 375 escolas públicas sujeitas a avaliação externa entre Novembro de 2011 e Maio de 2013 obtiveram a classificação de “Bom” e de “Muito Bom” em cada um dos três domínios analisados – Liderança e Gestão, Resultados e Prestação do Serviço Educativo.

O domínio da Liderança e Gestão é aquele em que a classificação de Muito Bom é mais significativa (42,2%); mas é na Prestação do Serviço Educativo que a soma das classificações de Bom (56,3%) e de Muito Bom (31,5%) é mais alta (87,8%). No que respeita aos Resultados (que incluem, entre outros aspectos os resultados académicos e sociais), as classificações distribuem-se pelo Bom (57,9%), Muito Bom (24%), Suficiente (17,6%) e Insuficiente (0,5%). A classificação de excelente só chegou a ser aplicada pelos inspectores no domínio da liderança e em 0,5% das escolas.

Isto é muito interessante porque se há 30% a fazer contraditório é porque uma boa parte daquelas que tiveram pelo menos “Bom” (mais de 80% e perto de 90% na “Prestação do Serviço Educativo) reclamaram de classificação. Se isto é uma aceitação pacífica da avaliação vou ali e já venho…

E é duplamente interessante porque se os resultados são estes não se compreende de nenhuma forma o que tem sido dito publicamente – incluindo num recente seminário do próprio CNE – sobre a profunda necessidade de mudar a forma de funcionamento das escolas, nomeadamente a transferência de competências delas para os municípios.

Por isso, concordo que devemos discutir estas coisas de forma intelectual e politicamente honesta.

 

 

… e eu nem discordo. Discordava era do modelo antigo baseado na análise de dossieres e conversas liofilizadas.

Quando disse isso, em observação lateral, num seminário do CNE, ia sendo cilindrado pelo inspector-geral da altura.

Afinal… é chato um tipo dizer as coisas antes de tempo. Eu já devia ter aprendido a calar-me e a acenar, mas não consigo.

Convém é que @s inspector@s não apareçam com a cabeça formatada apenas para as ideias del@s.

O alargamento aos privados é da mais elementar justiça… em especial para os que tanto querem transparência e responsabilização… mas apenas nos outros. E que se verifique se quem está a dar as aulas é efectivamente quem deve e se as horas de acumulação estão correctas e coisas assim, pois às vezes há das tais desconformidades, resultantes da inconsciência da (i)legalidade.

Avaliação das escolas vai incluir observação de aulas

Alargamento aos privados será outra das novidades em breve, avançou Inspector-Geral de Educação e Ciência.

 

Failings of American High Schools

(…)

Most discussions of high school reform focus, not surprisingly, on schools and teachers. They typically call for changes in the curriculum, in instructional methods, or in the selection, training, or compensation of teachers. I think this focus on what takes place inside the classroom is myopic. And it is why our efforts to improve high schools in America have largely failed. We haven’t done anything to improve adolescents’ noncognitive skills.

Nearly twenty years ago, in Beyond the Classroom (Steinberg, 1996), I argued that no school-reform effort would have any impact, though, if students didn’t come to school ready and able to learn. I continue to believe that this is true. The fundamental problem with American high-school achievement is not our schools or, for that matter, our teachers. If parents don’t raise their children in ways that enable them to maintain interest in what their teachers are teaching, it doesn’t much matter who the teachers are, how they teach, what they teach, or how much they’re paid. Without changing the culture of student achievement, changes in instructors or instruction won’t, and can’t, make a difference. In order to do this successfully, we need to start with families.

… eu defenderia que ela deveria passar por criar equipas para tratar os problemas do insucesso e abandono que não estivessem dependentes de quem tem reduções ao abrigo do artigo 79º como se passa agora, em que os horários vão sendo medidos ao minuto e não há liberdade – diferente, por definição, de poder arbitrário – quase nenhuma para colocar as pessoas adequadas nas funções necessárias.

David Justino aproxima-se disso quando se afirma:

O presidente do CNE frisou que, com esta recomendação, “não se está a apelar a passagens administrativas ou a facilitismos”, mas sim  a que os alunos com dificuldades “tenham respostas efectivas da escola, o que só se consegue com mais apoio e trabalho”.  Por isso, o CNE recomenda que seja dada mais autonomia às escolas para que estas possam dar “respostas contextualizadas” (constituição de turmas, gestão do currículo, construção de diferentes percursos escolares) à sua situação concreta.

O problema é que a recomendação do CNE – aprovada por unanimidade, não me canso de sublinhar – tem várias lacunas graves e diversos alçapões dissimulados que é necessário identificar.

Não vou deter-me sobre as considerações gerais acerca do que se pode fazer, porque é habitual que nestas recomendações se especifiquem muitas coisas que pouco têm de verdadeiramente concreto.

Apenas assinalo que numa recomendação co-assinada pelo presidente da Confap seja aos alunos e “famílias” que menos se pede (apenas 3 em 26 das recomendações lhes são dirigidas, como se tudo assentasse no “outro lado”), enquanto se regressa a um discurso típico do cruzamento entre o eduquês “de esquerda” no seu pior (por um lado diz-se que os alunos se sentem menorizados emocionalmente pela retenção, mas logo a seguir que eles desenvolvem “lideranças divergentes”) e o discurso “da eficácia financeira” característico da “direita” economicista (reter é mau porque, em especial, custa milhões de euros, o que é uma distorção grosseira da realidade porque a proporção dos encargos de um aluno não é proporcional e directa, pois ele vai integrar-se numa turma já existente).

Tudo misturado com uma retórica que se conhece há décadas e que escapa sempre a exigir responsabilidade à sociedade envolvente na promoção do sucesso, deixando para as escolas todo o ónus, em particular para os professores:

A cultura de avaliação das aprendizagens, mais orientada para a classificação e seriação, praticadas no seio das escolas, aprofundam o carácter sancionatório e penalizador da avaliação, ao invés de centrar o seu foco na deteção de dificuldades, com vista à determinação da intervenção adequada para colmatar as mesmas, reforçando as áreas menos fortes.

(…)

Os professores, como principais atores do sistema educativo, assumem um papel fundamental no quadro de uma desejável alteração da cultura escolar, pelo que será através da sua mobilização e capacitação que se poderá, de uma forma gradual e assertiva, modificar a conceção de sucesso que gravita em torno da “nota” e faz apelo a uma avaliação punitiva e centrada na “classificação”, para uma conceção de avaliação assente na deteção de dificuldades e na exigência do trabalho de recuperação de áreas com insucesso, com vista à promoção de aprendizagens em todos os alunos e ao seu sucesso escolar.

Mas será que os professores não reclamam, há muitos anos, mecanismos e meios específicos para a detecção precoce e enquadramento dos factores de insucesso dos alunos, enquanto a tutela, ministr@ após ministr@ se limitou a mandá-los calar-se e tratar de tudo na sala de aula? É que os quadros interactivos não resolvem este tipo de problemas…

E depois gostaria de destacar aqui um dos “alçapões” desta recomendação e que é a legitimação da retirada de competências às escolas, alegando que se devem focar apenas nas questões pedagógicas e que o resto deve ficar fora delas, leia-se… nos municípios?

No interior das escolas, as lideranças têm, atualmente, um cariz eminentemente burocrático-administrativo, sendo fundamental que se desenvolvam verdadeiras lideranças pedagógicas, orientadas para a potenciação das aprendizagens dos alunos e para a promoção do sucesso educativo. Nesse sentido, deverão, ainda, ser minimizadas as inúmeras tarefas de cariz burocrático que são solicitadas pela administração central às escolas e aos seus órgãos de gestão, permitindo a concentração nas questões de gestão pedagógica das escolas e agrupamentos.

Que eu saiba, a retirada de poderes ao Conselho Pedagógico (que muito tempo representou o espaço colegial de debate e liderança nessas matérias) é consequência do actual modelo único de administração escolar. As “lideranças pedagógicas” foram desprezadas na última década… ou mesmo mais, por serem consideradas de menor interesse para as poupanças.

Em seguida, não deixa de ser curioso que seja o ex-ministro que tanto incentivou os anteriores presidentes dos conselhos executivos a fazer cursos de administração e gestão escolar que agora apareça a recomendar que essas funções lhes sejam retiradas.

Acaso já pensaram os conselheiros que no CNE aprovaram estas recomendações por unanimidade que “minimizar as solicitações de cariz burocrático-administrativo acometidas às escolas” é diverso de modificar os processos que, isso sim, significa uma reforma sempre adiada ou feita para pior.

Uma coisa é mudar os procedimentos burocráticos, aligeirando-os, outra retirar essa competência às escolas e, por tabela, transferir os recursos para outra sede.

Por fim… recomendo agora eu… para quando uma reformulação do modelo de administração escolar que permita lideranças colegiais com diferenciação funcional em vez de retirar competências e autonomia às escolas?

Porque de pouco vale uma excelente liderança pedagógica se tudo emperrar no mau humor d@ senhor@ vereador@ ou presidente da Câmara que bloqueie todo o tipo de medidas, estrangulando-as do ponto de vista financeiro.

E é isso que se anuncia.

 

… falou-se bastante na diferença entre um projecto de alegada descentralização que mais não passa de uma retirada de competências das escolas para os municípios e uma verdadeira descentralização das decisões para as escolas, dando-lhes verdadeira autonomia. Isto foi muito sublinhado pelos directores presentes e por este presidente de CG que aqui escreve.

Na sua intervenção de encerramento, o presidente do CNE desafiou as escolas a definirem, num próximo debate, exactamente quais são as competências que as escolas querem manter, as que não se importam de perder porque só as sobrecarregam e aquelas que gostariam de ter e não têm.

Informalmente, disse-lhe que isso é muito fácil de fazer, porque é só desobrigar as escolas de muita burocracia e dar-lhes a capacidade de decisão em matérias que, no presente, legalmente lhes estão quase proibidas ou em que a margem de gestão é mínima.

Só que pode ser que exista uma diferença semântica quando falamos em “autonomia das escolas” porque eu entendo por isso exactamente “autonomia das escolas” e não “autonomia das direcções executivas” ou “autonomia d@ director@” por muito bem que desempenhem os seus cargos e são muit@s que o fazem e eu nunca tenho problemas em reconhecê-lo.

Só que… como eu vou (re)descobrindo, há pelo país que até já tenha demasiada autonomia unipessoal ou de mini-grupo, muitas vezes com as chamadas costas quentes pelas redes locais e regionais de poder e amiguismo variado, sentindo-se acima de qualquer tipo de legalidade porque consideram que nunca lhes acontecerá nada, pois tudo está controlado.

Atitude que também conheci quando, no âmbito do sector privado, se deu aquele caso mediático do grupo GPS.

A “autonomia das escolas” é para mim a autonomia de uma organização partilhada e cooperativa no bom sentido, algo pouco compatível com o modelo único que temos de administração escolar e que desincentiva a colaboração e o confronto de posições sem receios de ricochetes.

Aliás, acho mesmo que é curioso que depois de se andarem a formar directores escolares em imensas matérias administrativas, financeiras e e etc, se queira agora reduzi-los a líderes pedagógicos das escolas e agrupamentos, que é o que restará aos directores nos concelhos em que ocorra a municipalização.

Por isso, antes de discutirmos a “autonomia das escolas” é importante sabermos se estamos mesmo a falar da de autonomia DAS ESCOLAS.

 

 

… passa por dar mais liberdade às escolas e aos professores e não em retirar-lhe a maior parte das competências para as entregar a políticos e burocratas locais.

Local Schools, Local Decisions

Local Schools, Local Decisions is an education reform that gives NSW public schools more authority to make local decisions about how best to meet the needs of their students.

We are giving teachers and principals more authority to adapt what they do and how they do it. This means giving schools greater freedom to make decisions about how to use the money we spend on public education.

Eu sei que os exemplos da Austrália só são evocados quando dá jeito, mas neste caso a reforma em decurso na província de Nova Gales do Sul parece interessante até porque é feita pela positiva, com um discurso mobilizador para as escolas públicas e não como cá, onde se justifica todas as reformas com os “falhanços” atribuídos sempre pelos decisores políticos ás escolas e professores:

Schools have been doing a great job in our complex education system. We want to support them to do a better job.
Students are at the centre of everything we do. Quality teaching improves student learning. We have a responsibility to provide quality teaching for every student in every classroom.
School principals and teachers are constantly making decisions about individual students and catering for their unique needs. Students have different learning needs and decisions about what works best for them are discussed every day.

(…)

To achieve better student outcomes we need changes so that:
■ Schools directly manage an increased percentage of the total education budget, including the budget for school-based staff.
■ Funding allocations to schools reflect the complexity of the school and its students.
■ Schools have the flexibility to respond to student needs by managing a single overall budget rather than many small program budgets.

(…)

We want to work locally so that:
■ Schools have more authority to make local decisions about maintenance and purchasing, including the use of local tradespeople and businesses where they offer better value.
■ Schools have more opportunities to meet their local needs by working together and combining resources (eg curriculum delivery, shared facilities, staff) within communities of schools, and across our large network of schools.

Agora reparem lá como se faz um cronograma de uma reforma a sério. O que se calendariza é a sequência das medidas a implementar e não o número de escolas que as adoptam.

Por c+a faz-se ao contrário. Decide-se tudo e depois impõem-se as medidas às escolas, em especial as que lhes retiram amplas competências.

No caso em apreço, considera-se que as escolas são o melhor centro de decisões. Por cá… é ao contrário, cortesia das ideias “iluminadas”do ministro Maduro e da apatia do ministro (?) Crato.

Claro que nem dá para comparar a transparência dos processos… por cá é tudo meio secreto, às escondidas, com medo que se percebam, as negociatas, os envelopes financeiros, as seduções e tentações em jogo.

Podemos discordar de alguns aspectos da reforma em desenvolvimento por lá, mas… não há comparação nos processos e nos objectivos.

Jornal publica manifesto de pais e alunos contra bullying nas escolas

Porque este é o país das leis mortas à nascença, como aquela da proibição dos telemóveis. Desde logo porque, se o bichinho é confiscado como a lei manda, grande parte dos progenitores reage como se lhes tivesse confiscado a casa, o carro e todos os salários por vir, sendo a indignação maior do que se lhes tivessem atropelado todos os direitos constitucionais.

DISCONNECTING FROM TECHNOLOGY (FOR A WHILE)

… mas é uma enorme treta e nem sequer se resolveu com a maior “autonomia” dos directores.

O processo de substituição de professores em situação de atestado é tão tau mau ou pior do que já foi, pois entre a publicitação do horário e o processo de aceitação ou não, se o atestado for de 30 dias, chega o novo professor quando o anterior já está quase de volta.

É estúpido, sim senhor, os principais prejudicados são mesmo os alunos, mas o MEC prefere engalanar-se com chavões destituídos de qualquer substância, porque é difícil ter-se substância quando se desconhece o essencial e se prefere ocupar-se com o acessório.

Porque não se trata de uma medida reclamada por pais, alunos, professores, pessoal não docente e dirigentes da área da educação; não corresponde a uma verdadeira reforma do modelo de gestão das escolas; e está limitada a um número reduzido de municípios, esta decisão governamental deve ser interpretada no contexto do movimento de redução da administração central do Estado, tanto ao nível das suas competências como ao nível da redução do seu número de funcionários.

(…)

O simples facto de os municípios passarem a gerir todos os recursos financeiros afetos à educação pública de nível não superior na sua área territorial, quer se trate de escolas com contrato de autonomia, quer nos outros casos, importa uma alteração considerável da esfera do poder de decisão em matéria educativa e levará, quer se goste quer não, à politização das escolas.

Nesse sentido, esta proposta de descentralização administrativa rompe com a linha que foi adotada, até agora, de aprofundamento da autonomia dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas que, enquanto serviços locais do Ministério da Educação e Ciência, conquistaram um estatuto próprio no panorama da administração pública que, lamentavelmente, é posto em causa com esta “novidade” legislativa.

… que era contra o envio de “comissários políticos” para as escolas.

Eu até concordo que se analisem com calma estes desvios “ascendentes”, até porque é fácil detectar um fenómeno de “concorrência” em termos geográficos, em busca de “clientes”, numa lógica de “mercado”.

Há 24 escolas que dão por sistema notas acima do esperado

Governo divulgou novos dados sobre a evolução das notas em cada escola. Entende que elas podem agora saber se estão a ser mais ou menos exigentes do que as outras. Inspecção vai analisar maiores desvios.

Pub19Jan15

…se sabe dar as suas.

Temos um modelo muito sui generis, isso é verdade. Construído a partir de cima, á pressa, para apresentar trunfos eleitorais e pseudo-coragem anti-corporativa, usando os recursos que se diziam não estar bem preparados e estratégias completamente sem sentido.

Por isso, se calhar é mesmo melhor que deixem as aulas com os professores, pois ninguém sabe se quem lá vai ver percebe mesmo do assunto, se apenas vai para impor a sua visão particular do que deve ser.

Pub18Jan15

Público, 18 de Janeiro de 2015

Schools Guide 2015

Ah, schools. They can inspire endless fascination, nay obsession, in many. Have you registered yet? Do you have a back-up choice? Did you hear so-and-so is moving to blah-blah? But navigating your way through the options can be pretty tricky, and with fees rising faster than you can say International Baccalaureate, you’d better get plenty of bang for your buck. Herewith, the 11th edition of the Tatler Schools Guide, featuring the country’s top prep and public schools – your indispensible companion to steer you through the educational melee. With unparalleled knowledge and experience, we cut through the prospectus schtick to give you the inside track.

Our peerless team of researchers has travelled nationwide, grilling heads and registrars, chefs and groundsmen, grandparents and pupils. We have ears in the playground, eyes in the staff room and seats at the most heated dinner-party debates. We’ve surveyed the swankiest of new science blocks and peeked at the untidiest of dorms – and sampled a lot of treacle sponge along the way. (And no, Sir, you can’t buy your way into this guide – we choose each school on merit alone.) Whether you want your little one to come away with grubby knees or straight As, there is something here for everyone. So settle in and enjoy reading about the best schools that this country has to offer.

Georgina Blackwell

Schools Guide editor

A Rural High School with a 21st Century Outlook

School libraries are essential for learning

… termos uma óptima elite de gestores ou uma classe de gestores com ética. Mas temos imensa gente disponível para fotos e artigos de opinião na imprensa da especialidade.

Basta ver o multi-premiado e idolatrada Zeinal.

Portugal obtém a melhor classificação de sempre no ranking das escolas de gestão da Europa

Católica e Nova estão em 25º e 28ª lugar na lista do Financial Times que distingue as melhores no ensino da gestão. Porto Business School subiu sete posições e está em 59º lugar.

Sim, ando cheio de preconceitos com estas escolas que precisam de se inglesar para se destacarem. Eu sei que é prática comum, mas… a 1 de Dezembro cai-me no jejum patriótico.

De que muita gente não gosta, por convicção ou oportunidade. O Público traz um grande conjunto de matérias sobre o tema, desde o ranking propriamente dito à sua explicação e a diversas opiniões e análises, desde logo dos autores deste ranking específico.

Eu acho-os úteis se não os lermos de forma linear, unidimensional e maniqueísta. Por estranho que pareça, os rankings até nos podem ajudar a demonstrar aquilo que alguns mais lhes criticam.

É isso que tento demonstrar aqui:

Os rankings como retrato de uma Educação a várias velocidades

(…)

O que a última década de rankings nos revela de forma mais evidente é que não se pode perturbar continuamente o funcionamento das escolas, em especial das públicas, e esperar que ela acompanhem o desempenho das privadas que funcionam com estabilidade ao longo dos anos, praticamente imunes aos efeitos da incontinência legislativa do Ministério da Educação. Revela-nos ainda que, sejam públicas ou privadas, as escolas mais inclusivas, as que não praticam formas mais ou menos assumidas de selecção dos alunos, tendem a ter desempenhos menos positivos à medida que as condições de vida da parte mais desfavorecida da população pioram, mesmo se esse factor não determina, por si só, o insucesso individual. Complementarmente, demonstra-nos que a aposta num apoio diferenciado às escolas públicas, com investimentos concentrados numa minoria de equipamentos de elevada qualidade, em regra localizados em zonas que já antes dispunham de condições envolventes mais vantajosas, conduziu a um agravamento das desigualdades na própria rede pública.

Sobre as opiniões de cada um, muito haveria a dizer pois há quem defenda a transparências dos dados das escolas públicas, mas não exija o mesmo das escolas do sector privado, que continuam a não fornecer os dados de contexto. Mas não vale a pena entrar muito por aí, pois não se trata de um ranking de coerência.

A transparência, quando nasce, não é para todos e as virtudes exigidas por alguns são, em regra, apenas aos outros.

 

Página seguinte »