Perversidades


… mesmo se, de todas, esta seria a intervenção mais aceitável. MAs que só existe depois do descalabro da última…

Tony Blair: west must intervene in Iraq.

Ex-PM says allies should consider military options short of sending troops after denying 2003 invasion led to Isis crisis.

Esta questão é demasiado grave para ainda não ter sido tratada com o devido destaque:

“Salvo quando se encontrem mandatados para o efeito, os colaboradores e demais agentes do organismo devem abster-se de emitir declarações públicas, nomeadamente quando possam pôr em causa a imagem da (nome do serviço ou organismo), em especial fazendo uso dos meios de comunicação social.” Este é um pontos que o governo quer ver explicitado nos futuros códigos de ética das instituições.

(…)

O projecto de despacho do governo explicita que o dever de confidencialidade se mantém mesmo após a cessação de funções. Tal como nas restantes áreas, a violação é susceptível de constituir responsabilidade disciplinar punível nos termos da lei, sem prejuízo de responsabilidade civil e ou criminal a que houver lugar. O projecto de diploma prevê que as entidades monitorizem internamente o cumprimento dos códigos logo que estejam implementados.

As ferramentas tecnológicas já existem… apenas vai ser legal violarem o vosso mail, histórico de navegação na net, fotocópias tiradas, declarações públicas ou não.

Com os meios actuais de devassa da privacidade alheia, isto não é o Big Brother, é algo muitíssimo mais grave.

Por exemplo e para efeitos práticos, a mim ficará vedado criticar qualquer decisão política ou administrativa na área da Educação.

Como tenho feito em relação a muitas falhas em coisas como o teste made in Cambridge. Passarei a estar proibido de comentar desfavoravelmente as barracadas do senhor director do IAVE que, por sua vez, pode publicamente culpar os professores de tudo no congresso da APPI e nada acontecer.

E nesse dia, quando deixar de me sentir livre, ou isto fecha ou a guerra será total e aberta à estratégia das charruadas.

Como também já disse, há quem saiba do que se anda a preparar e já tenha entrado por esse caminho de intimidação mas, curiosamente, quando foi contactado directamente por mail, acobardou-se.

A Renascença foi conhecer quatro casos de famílias, onde trabalhar mais uma hora por dia vai obrigar a uma reorganização de toda a rotina e até a mais gastos. A lei das 40 horas semanais entra em vigor no sábado.

Mas os nossos governantes lá percebem a diferença entre mais e melhor, produção e produtividade?

Quanto aos efeitos negativos desta medida em termos sociais e familiares, há sempre aquela facção muito deus-ao-peito-a-favor-das-famílias que deveria raciocinar sobre os valores e como defender em vez de apenas os enunciar com a boca cheia de anda,

Não me interessa entrar na questão que animou as redes sociais e blogues quase tanto quanto a recuperação do Benfica nos descontos, ou seja, o falecimento de António Borges.

Mas interessa-me analisar com a devida superficialidade o elogio fúnebre que Marcelo Rebelo de Sousa lhe fez ontem na TVI e que se baseou em conceitos que muito estranho.

Disse MRS que António Borges, ao saber do estado de saúde em que estava e principalmente na fase mais terminal, trabalhou incansavelmente e optou por dizer aquilo em que muito acreditava, com coragem, substituindo-se nisso aos elementos do Governo.

Pelo caminho, fez um paralelismo com Maria José Nogueira Pinto e falou na forma como as pessoas que acreditam na eternidade vivem a passagem para essa eternidade, com mais calma e assumindo com clareza as suas convicções.

Isto baralha-me porque, como agnóstico e descrente da eternidade, acho que quem acredita em recompensas celestes pelos bons actos terrestres não deveria ter receio em ser corajoso toda a sua vida e não sentir essa súbita coragem só na iminência de ir para a tal eternidade.

Complicado é quem acha que tudo se paga cá na finitude terrestre falar verdade, sem receio das consequências, ao longo da sua vida, sem esperar pela proximidade do fim da vida. Porque não acredita que será compensado pelas chatices que lhe podem acontecer (e acontecem) cá em “baixo”.

Tenho a certeza que MRS não queria fazer este tipo de elogio que acaba por ser paradoxal: então quem acredita na salvação eterna dos justos só ganha coragem para falar abertamente sobre as coisas quando sabe estar de partida?

Mas é infelizmente o país desejado por muitos dos governantes e daqueles que orbitam o poder, reclamando dos outros aquilo que não dão.

O país do Pedro, do Miguel e do Vítor que, em especial nos dois primeiros casos, parecem demasiado confortáveis num papel que os parece deslumbrar pelo poder assim à mão. No caso do segundo, o ar divertido dos primeiros tempos tem dado espaço a um olhar fizo, que sinceramente me preocupa em termos humanos.

Mais um Dia de Desemprego

Mais um dia de desemprego, mais uma apresentação quinzenal. Procuro lugar de estacionamento nas ruas envolventes à Câmara Municipal, malditas máquinas automáticas, introduzo-lhe uma moeda das castanhas e já vão com sorte. Reparo na maior parte dos carros um cartão de funcionário da Câmara, estes não pagam, “ok eu sou cidadã de 2ª”. Entro no edifício, dirijo um bom dia à funcionária de atendimento geral, no meio de mais um bocejo, lá sai um bom dia arrastado. Átrio vazio, tiro senha, espero, espero porquê se já conheço este filme? O meu número aparece. A visão do costume, entro numa sala com 10 senhoras para atendimento. Estranho, hoje não me olham de cima a baixo. Penso: “não me preparei o suficiente para a ocasião”… Uma come um biscoitinho enquanto faz um like; outra mostra à colega as novas unhas de gel que o maldito teclado teima em roubar; três estão em pé em altas gargalhadas, em frente ao monitor da engraçadinha lá do sítio; vá lá escondem os dentes…Invejo o ar condicionado. Aquele momento é interminável, é só mandar imprimir novo papelinho (penso) não custa nada, faça um esforço mulher!… “Dia 5” diz ela. Eu sei ler, escusa de se esforçar, cada palavra e gesto desta gente dá-me vómitos. Bato a porta. Caminho pelas ruas, a moeda aguenta-se… Lembro-me daquelas caras da escola secundária, as maiores totós lá do sítio. Uso as recordações para me vingar da humilhação que sinto.  Filha de peixe sabe nadar. Cada uma delas tem o emprego que merece. Câmara, hospital, escolas, tudo controlado. Os empregos dos pais, avós, trisavós, seriam delas, quem diria?

Tenho direito ou não ao subsídio de desemprego? Descontei… Acho piada a quem sabe contornar estas leis medonhas. Conheci um pai de uma aluna minha que trabalhava em Espanha e vinha cá de 15 em 15 dias para a apresentação quinzenal… Ladrão por ladrão.

Ainda me lembrei daqueles funcionários que se encostam uns aos outros. Na minha escola do ano passado havia um cavalinho estragado. Comuniquei à Câmara. Foram rápidos na atuação. Chegou uma carrinha cheia de homens, alegria das crianças. Um tirou os parafusos, outro segurou-os, outro tirou a tábua, outro levou tudo para a carrinha, o encarregado dava ordens, o motorista levou-os de volta para a oficina. As crianças observaram como se trabalha quando se é grande, grande equipa, digo eu… O cavalinho ainda hoje está com os ferros ao alto. Não há dinheiro nem para uma tábua, constava-se por ali. Mas há dinheiro para pagar a 5 homens parados na oficina. Os professores são descartáveis, os funcionários das câmaras são intocáveis. O mal dos outros não me concerta mas a justiça sim.

Sigo para o carro, ligo o rádio, nem de propósito os “Deolinda”, hoje é sem dúvida um dia especial… Um dia em que toda uma vida se concentra numa apresentação quinzenal.

M.

Conheço pessoalmente este colega que anda a fazer o calvário das entrevistas das ofertas de escola, em especial de escolas TEIP onde em muitas se vão multiplicando os abusos:

Boa tarde Paulo

Vou-te enviar uma anexo com a minha situação [escola da margem sul]:

De uma forma resumida explico o que aconteceu:

– nesta escola eu era o candidato nº6, soube por colegas que tinham sido convocados os candidatos até ao nº10, como não tinha sido convocado liguei para lá a questionar a situação e disseram-me para ir à entrevista na segunda-feira dia 10 de Setembro;

– compareci à entrevista e não me disseram mais nada;

– ontem apercebi-me que dava para ver na aplicação da dgrhe o motivo do nosso afastamento do horário, quando li não queria acreditar… “docente colocado, não aceitou comparecer à entrevista”;

– nunca pensei que estas escolas descessem tão baixo, fiquei completamente surpreendido pois eles é que não me convocaram, eu é que liguei e só depois me disseram para ir lá.

Envio-te o presente mail para estares ao corrente destas situações.

Abraço

A.

Caso divulgado pela APEVT:

Começam a surgir-nos situações “desabafos” e preocupações muito complexas.
Uma colega, a chorar, fez-nos chegar um depoimento ao qual não podemos ser estranhos.
Reside a pouco mais de 50 Km da Escola onde exerce funções docentes. Esta colega de EVT, grupo 240 (um dos mais afetados), não tem transporte próprio, pelo que utiliza transportes públicos (comboio e/ou autocarro) para se deslocar, como até 31 de agosto sempre fizera.
Hoje tomou conhecimento do serviço docente que lhe foi atribuído. Sendo que tinha “horário zero” e foi “respescada”, atribuíram-lhe serviço em 11 Escolas do 1º CEB no Agrupamento, Mega, onde está. Algumas dessas escolas distam 8 a 10 Kms umas das outras.
Como vai resolver a situação? A escola providencia transporte? Imaginem encaixar 11 escolas, 2 horas em cada escola, num horário. Sendo que entre cada bloco de 2 horas há um “furo” para andar a saltar de “uma escola para outra”. Cabe às escolas providenciar as deslocações? O que vou fazer? Meto uma licença sem vencimento? – Estas foram questão que quem denunciou a situação nos colocou…

Recebido por mail. Retirei a identificação do director e agrupamento:

É urgente divulgar o escândalo das ofertas de escola que assume contornos cada vez mais perversos.

Encaminho a resposta dada pelo Sr. Diretor do Agrupamento de Escolas da ************* a um e-mail enviado por mim a pedir a alteração da hora da entrevista marcada para amanhã, dia 4 de setembro de 2012, uma vez que já tinha outra entrevista à mesma hora.

De referir que os subcritérios da escola, que valem 50%, são:

Continuidade Pedagógica: 30%

Perfil adequado para o projeto educativo do agrupamento: 20%

Aqui vai a resposta, ipsis verbis:

———–

-A sua entrevista pode ser realizada até as 13h. No entanto quero recordar o seguinte:

A convocatória é para todos os candidatos.

As entrevistas serão realizadas por ordem da graduação dos docentes em sucessivas tranches de 5 docentes até ao docente que cumpra com os subcritérios definidos pelo Agrupamento.

O primeiro subcritério é o da continuidade pedagógica no Agrupamento e apenas um candidato o irá cumprir: o colega que lecionou no ano letivo de 2011/12.

Espero ter clarificado as dúvidas e pessoalmente lamento que o Agrupamento tenha de utilizar este processo.

Com os melhores cumprimentos

(…)

Diretor do Agrupamento de Escolas de ***************

Ainda não percebi aquela “cena” do treze.

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Outros perceberam e vão iluminados – e isso é que importa?

A página que se segue é retirada de uma peça da Visão desta semana. Apresenta seis níveis de utilização da net. A generalidade dos frequentadores do blogue, assim como eu, usam(os) os dois primeiros níveis, mesmo quando nos ligamos a redes sociais ou quando se usam nicks, mas sem disfarçar a origem da navegação.

Já os mafarricos que navegam anonimamente, que usam técnicas cyberstalking e outras formas de actuação cobarde, usam recursos pelo menos o nível 3 (o 4º de profundidade) que está – adequadamente – bem mais próximo do lodo virtual do que da luz. É o nível da pirataria informática.

O objectivo é, teoricamente, não serem detectáveis, mas os maus aromas notam-se por muito que se encubram. Há quem, não tendo vivido a clandestinidade real, mesmo quando fabricam passados, resvalam para pseudo-clandestinidades virtuais, em busca de um heroísmo bacoco, que a penugem que lhes sobra na nuca deveria desaconselhar. 😆

Visão, 1 de Março de 2012

As raízes da minha embirração com certos serviços prioritários dos CTT é muito antiga, precedendo de muito este blogue e nasceu com os correios coloridos, a começar pelo azul que prometia fazer o que antes se fazia sem cor. E com melhores estradas e viaturas para o fazer, enquanto se fala do decréscimo do volume de missivas.

Da minha antiga admiração pelos carteiros, passei a uma aversão razoável à organização com fins lucrativos, com especial destaque para a loja de conveniência em que se tornou quase toda a estação dos Correios. Parece que a coisa foi considerada de boa gestão, mas é uma coisa sem grande nexo.

Aqui pelas minhas bandas desisti da assinatura de algumas revistas porque ou eram trucidadas ao serem colocadas na caixa de correio, sem o cuidado de um toque de campainha para as recolher ou porque, sendo mais vistosas, desaparecia, em média, uma em cada três. Restou a assinatura da Visão que parece não despertar a cobiça de ninguém lá pelas bandas da distribuição postal. Já escrevi sobre isto e em devido tempo queixei-me por escrito a um responsável banana que tudo encobriu.

Qual não é a minha relativa falta de surpresa quando hoje leio no Sol a denúncia do presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações de que há atrasos deliberados na distribuição do correio normal, tudo para fomentar o recurso aos serviços de valor acrescentado.

Não será por acaso que empresas internacionais como a Amazon prescindem do recurso aos CTT. Não será apenas por causa do custo em si, mas da relação entre o custo e o serviço prestado.

Deveriam ser os Correios geridos no sentido do Interesse Público e não apenas no da maximização da exploração dos seus utentes/clientes?

Quiçá, mas ainda me chamam socialista e defensor de um Estado Gordo ou coisas piores.

Na Visão de hoje pode ler-se que aquele senhor que chefiava o serviço de coscuvilhice nacional mantinha no seu telefone pessoal dossiers completos sobre numerosas figuras públicas e que os manteve (claro!) mesmo depois de ter saído do cargo.

Isto é inadmissível, porque isto significa que um qualquer sicrano trata como seus os dados recolhidos por uma organização destinada (teoricamente!) a preservar a segurança nacional.

E abre a porta a um poder pessoal imenso para pressionar muita gente.

Isto foi possível e nem sequer espanta.

Nem espanta que este tipo de poder se assemelhe ao de um qualquer chefe de uma secreta de uma ditadura. Ou de um obcecado com J. Edgar Hoover.

Que segurança existe que este homem não tenha espalhado informações privadas acerca de qualquer pessoa investigada pelo SIED? Para que precisava de trazer tais dados consigo?

O problema é que nada mudará, talvez o sucessor seja mais discreto, mas quase tudo continuará a assim ser enquanto o serviço público for encarado como uma plataforma para outras coisas. Mesmo em sectores altamente sensíveis.

Não sei qual o regime jurídico aplicável, mas certamente será compreensivo para com este tipo de condutas. Pessoalmente, acho que o castigo deveria ser exemplar e que todos aqueles associados à teia de poder deste homem deveriam ser banidos de qualquer contacto e/ou contrato com o Estado. Porque é mais do que legítima a ideia de que quem pactua com isto algo tem a esconder.

vão ter que me aturar

Quando dizem que os professores não querem ser avaliados. Quando os professores são avaliados. Quando os professores são mal avaliados. Quando os professores não chegam a ser avaliados.

Quando os professores fazem coisas boas. Quando os alunos fazem coisas boas. Quando os professores fazem coisas más. Quando os alunos fazem coisas más.

Quando os alunos têm más notas nos exames. Quando têm boas notas nos exames. Quando têm notas nos exames, mas nem se percebe se foram boas ou más.

Quando há escolas novas, quando há escolas velhas. Quando há escolas novas que metem água. Quando há escolas velhas que metem água.

Quando os professores ficam à espera do concurso. Quando os professores ficam fora do concurso. Quando os professores reclamam do concurso. Quando nada se sabe do que se passou, afinal no concurso.

Quando os professores se manifestam. Quando os sindicatos se manifestam. Quando os professores não se manifestam.

Quando os professores são desrespeitados na sala de aula. Quando os professores reagem. Quando os professores são agredidos na escola. Quando os professores são agredidos fora da escola. Quando colocam processos, quando são processados. Quando nada se resolve.

Quando os alunos batem em alunos. Quando os pais de uns alunos batem em outros alunos.

Quando os alunos têm fome. Quando os alunos têm muita fome,

Quando o ministro diz que é azul, quando diz que é verde. Quando diz que é para fazer assim. Quando desdiz que é assado. Quando é para cortar, quando não é para cortar. Quando quer dialogar, quando já não quer dialogar.

Quando os sindicatos dizem que vão lutar. Quando os sindicatos dizem que é para acordar e pacificar. Quando os sindicatos dizem que é para voltar a lutar.

Tudo isto, em si mesmo, é bom, positivo, informa.

Mas também se vai tornando cacofónico, caleidoscópico, perde-se uma noção de conjunto, uma perspectiva. Sobram olhares, quantas vezes comprometidos com algo.

Mas, de forma perversa ou não, é este o espelho fiel da Educação, cada vez menos apenas a Básica ou Secundária, tal como ela está. Uma desorientação, alimentada todos os dias por novos elementos que é necessário encaixar, desmontar, assimilar, rejeitar.

Após o terramoto MLR, o mandato (curto) de Isabel Alçada trouxe a pacificação entre o ME e os sindicatos e a forçada domesticação dos professores.

O mandato de Nuno Crato poderia ter trazido a pacificação dos professores mas, pelo contrário, trouxe a perturbação, uma agitação insana, que alguns dizem ser por causa da troika e que não podia ser de outro modo.

Poder, podia, mas o novo ministro não foi capaz, não está a ser capaz e parece não vir a ser capaz de mobilizar os professores para enfrentarem um período de enorme instabilidade. Pelo contrário, quando fala, é hesitante, dá o dito anteriormente por dito de outra forma, parece desconhecer a realidade terrena. Quando fica em silêncio, deixa o rumorejar dos boatos disseminar-se.

Já são seis meses no lugar. Com os anos anteriores de análise, já deveriam existir mais ideias, se possível boas ideias. Não há.

O que há? Espaço para teorias da conspiração, teorizações variadas, parangonas jornalísticas sem substância. Como a do I de hoje. Que tem escassa fundamentação na notícia que se lê nas páginas interiores e que fica aqui: I7Nov2011Professores.

A Educação vende.

E todos se querem aproveitar disso. Mesmo se com os truques mais rasteiros.

As vítimas: quem vive todos os dias nas escolas.

Porque não entendo bem como é que quem, criticando a injustiça relativa nas classificações obtidas em cursos com anos de duração, acha que é o arbítrio de um relator e/ou director que vale mais.

Boa noite Paulo,

Sou uma leitora assídua do seu blogue embora nunca tenha intervindo no mesmo. Tenho acompanhado os posts sobre as contratações de escola, que este ano têm tido uma maior contestação apesar de os critérios utilizados este ano serem os mesmos utilizados em anos anteriores.
Ganhei, por fim, coragem para enviar este e-mail pois, tratando-me de uma jovem professora com pouco tempo de serviço ainda, não sei se tenho o “direito”  de me sentir indignada sabendo que há colegas melhor graduados na situação de desemprego. A situação destes colegas será, com certeza, mais dramática.
Contudo, na esperança que se abra caminho para uma discussão sobre os critérios de selecção para estas contratações e transparência das mesmas, envio em anexo um print screen de 3 ofertas às quais me candidatei e nas quais ficaram colocadas colegas muito menos graduadas. Confesso que a partir da 4ª situação desisti de verificar pois a frustração tomou conta de mim, mas acredito que fossem muitas mais.
Aproveito, também, para chamar à atenção para a injustiça que este ano se verificou com os professores que leccionaram/leccionam na R.A. Madeira e que, apesar de terem sido avaliados com Muito Bom ou Excelente viram a sua ADD não ser considerada para este concurso.

Com os melhores cumprimentos,

L
.

Seria mais simples assumir que isto são nomeações feitas à medida ou reconduções. Seria mais transparente e não se iludia ninguém. Assumia-se a autonomia para recrutar à medida (como prometido aos TEIP) e não se fingia que isto são concursos.

O documento inteiro que me foi enviado por uma colega fica aqui: desenvolvimento depdf.

Agora o destaque de alguns casos, incluindo o dos melhor posissionados. Caramba, pá, um pouco mais de cuidado!

Caro colega,

Todos os docentes que ainda não estão colocados têm acesso a esta informação e já houve pelo menos um blogue em que chamaram a atenção para este facto, mas considero muito estranho, mesmo!!!, aparecerem 20 ofertas de escola para docentes do 1.º Ciclo com o motivo de aumento de turmas catalogadas como tipo de necessidade: desenvolvimento de projetos.

Se o motivo é o aumento de turmas e se os detalhes da categoria são docentes do 1.º Ciclo então as vagas deveriam ser do tipo de necessidade: grupo de recrutamento e não de desenvolvimento de projetos.

Posso então depreender que estas ofertas de escola estão escondidas dos docentes queconcorrem aos grupos de recrutamento e que consideram o desenvolvimento de projetos ofertas de trabalho para psicólogos, assistentes sociais e educadores sociais.

É uma pouca-vergonha!O que fazer?

O ministério não vê que os diretores das escolas arranjam tachos para os amigos?!!

Com os melhores cumprimentos

R. P.

Ao longo do dia, vou acrescentar mais casos quie já recebi por mail.

Complementarmente, espreitar aqui o Blog DeAr Lindo.

Testemunho chegado por mail com a devida identificação de quem remeteu:

Paulo,

Vive-se um verdadeiro “lamaçal” nas escolas. Como é possível uma escola ter mandado professores a DACL e agora serem lá colocados outros DACL´s? Estou a falar do meu agrupamento, onde o diretor mandou 2 professoras do 1º CEB a DACL, e agora vejo que hoje foi colocada lá…também uma DACL para uma vaga que existia…ainda continuam a faltar professores…mas as colegas que eram do quadro de escola, entretanto movidas para quadro de agrupamento, foram à vida…Isto está a bandalheira! Principalmente porque era do conhecimento de todos o “amor” do diretor pelas pessoas em questão…Querem dar mais autonomia na escolha dos docentes? Pelo amor de Deus…hoje eles, amanhã nós!!! Haja transparência! Uma das colegas é sindicalizada, mas ninguém faz nada…

Cumprimentos.

R.

Há algum tempo atrás dei apoio a uma reclamação e depois recurso hierárquico para a respectiva DRE que protestava quanto a uma situação equivalente.

A Direcção alegou o desconhecimento, à data da elaboração dos horários, do número exacto de turmas que iriam abrir no ano lectivo seguinte (o que era corrente, no agrupamento em causa, ser falso) e a DRE fez por engolir e considerou improcedente o recurso.

Já tive acesso à edição em papel da Visão e ao longo artigo sobre os plágios na Universidade, por alunos e professores.

Sobre o que aí é dito e em especial sobre as declarações que incluo a seguir gostava apenas de dizer que o plágio só se torna preocupante e quase norma quando a qualidade escasseia entre os professores, seja em que nível de ensino for.

Não é só a questão de se saber o suficiente sobre dada matéria e identificar uma citação, mais ou menos longa, encoberta ou mal traduzida ou copiada de um pdf que se julga que mais ninguém conhece.

Passa, também e de forma muito relevante, pela falta de capacidade dos professores perceberem o que cada aluno é capaz (ou não) de fazer. E de controlar a qualidade do trabalho, para além da análise em papel ou em ficheiro virtual. passando pela inquirição sobre as fontes (primárias ou secundárias), pelo acompanhamento do trabalho, e pelas opções quanto à organização e apresentação final dos trabalhos.

A cultura do copy/paste, que se sucede à da fotocópia ou da mera cópia não referenciada, surge em todos os níveis de ensino. Cumpre a todos (os professores) fazerem o seu trabalho de cotejo e avaliação, caso o consigam e, já agora, avisar a tempo para as consequências dos plágios (explícitos ou implícitos) e colocar em prática as devidas penalizações, caso os avisos sejam ignorados.

Esta cultura não é específica de um nível de ensino, nem apenas dos alunos, como se percebe na peça. E há o plágio directo, o mais preguiçoso, que se limita à mera cópia, e há o plágio mias habilidoso, que passa por agarrar em ideias alheias e salteá-las, reordenando-as um pouco para parecerem suas.

É algo que não se restringe à Academia.

Nada disto significa que eu defenda a erudição bacoca como método de apresentação de um texto, com mais de metade do espaço gasto em notas de rodapé pasmosas de saber. Basta fazer-se uma pequena referência ao autor e data do estudo, arrumando a bibliografia seleccionada no final. Basta mencionar no próprio corpo do texto a quem se recorreu, na falta de capacidade autónoma de pensamento ou como apoio legítimo.

Mas o maior problema da cultura do copy/paste passa, muitas vezes, pelo facto de aqueles que a devem denunciar estarem com algumas partes do telhado demasiado cristalizadas. E é melhor não começar aqui a desenvolver demasiado esta questão ou ainda acabava nos rá-rá-rá.

Visão, 15 de Setembro de 2011

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