Não me interessa entrar na questão que animou as redes sociais e blogues quase tanto quanto a recuperação do Benfica nos descontos, ou seja, o falecimento de António Borges.
Mas interessa-me analisar com a devida superficialidade o elogio fúnebre que Marcelo Rebelo de Sousa lhe fez ontem na TVI e que se baseou em conceitos que muito estranho.
Disse MRS que António Borges, ao saber do estado de saúde em que estava e principalmente na fase mais terminal, trabalhou incansavelmente e optou por dizer aquilo em que muito acreditava, com coragem, substituindo-se nisso aos elementos do Governo.
Pelo caminho, fez um paralelismo com Maria José Nogueira Pinto e falou na forma como as pessoas que acreditam na eternidade vivem a passagem para essa eternidade, com mais calma e assumindo com clareza as suas convicções.
Isto baralha-me porque, como agnóstico e descrente da eternidade, acho que quem acredita em recompensas celestes pelos bons actos terrestres não deveria ter receio em ser corajoso toda a sua vida e não sentir essa súbita coragem só na iminência de ir para a tal eternidade.
Complicado é quem acha que tudo se paga cá na finitude terrestre falar verdade, sem receio das consequências, ao longo da sua vida, sem esperar pela proximidade do fim da vida. Porque não acredita que será compensado pelas chatices que lhe podem acontecer (e acontecem) cá em “baixo”.
Tenho a certeza que MRS não queria fazer este tipo de elogio que acaba por ser paradoxal: então quem acredita na salvação eterna dos justos só ganha coragem para falar abertamente sobre as coisas quando sabe estar de partida?
Agosto 26, 2013 at 11:56 am
Pena q n tivesse feito a autocrítica da participação d gs nas maiores trfulhices q custaram a vida a milhares de pessoas. O mundo continua a pagar a manipulação das contas gregas feitas pelo banco do sr Borges
Agosto 26, 2013 at 12:29 pm
sendo eu budista
e acreditando
na vida para lá da vida terrena, é o tempo em que os desencarnados fazem um balanço do que fizeram, do que não fizeram e do que aprenderam. O juiz, esse é imparcial e o advogado de acusação também, afinal ambos os papéis são desempenhados pelo próprio.
É só para acrescentar outra perspectiva.
Agosto 26, 2013 at 12:50 pm
Até me apetecia comentar… muito haveria para dizer, ora se havia…
mas como sou crente vou cumprir o mandamento: “Deixa que a sua alma se submeta ao juízo final, e preocupa-te com os pecadores na terra”.
Agosto 26, 2013 at 1:06 pm
Giro, giro é ler as odes.
Gosto muito do meu bold. O António Borges não estava do lado dos interesses e da banca? Deve ser impressão minha…
Editorial
O país de Borges é um país à porta fechada
26/08/2013 | 11:59 | Dinheiro Vivo
António Borges era o economista que o país precisava. O professor do INSEAD que quase rompeu com o carreirismo típico de quem sobe à liderança do PSD, o vice do FMI que virou costas a Christine Lagarde, que abriu guerras no Banco de Portugal, o gestor que tinha uma visão única do que deveria ser o país a prazo, do caminho insustentável que percorríamos.
Borges, bruto e direto, quis retirar o Estado da equação, reduzindo a asfixia que provocava sobre tudo o que mexia e, por isso, a banca detestava-lhe a influência e o PSD a prepotência de quem nunca tinha passado pelo circuito da carne assada. Mesmo sem deixar escola política, Borges deixa lições de independência num Estado onde é difícil não viver de interesses. Durante anos continuaremos a elogiar esse legado.
Mas, ao mesmo tempo, António Borges foi o economista que o país não precisava. Como interlocutor de peso e influência, vivia liberto de qualquer base política, longe de qualquer base social. Como 12º ministro, raramente foi ao Parlamento. Como consultor com voz de ministro, raramente se percebeu se tinha mais peso que outros. Poucas vezes se percebeu até onde influía, que conselhos dava, que assessoria prestava.
“Somos um país de interesses fortíssimos”, gostava de dizer. Onde estes interesses “se mobilizam muito bem para bloquear a mudança e que tornam este país muitíssimo conservador”. Pelo que tinha nas mãos – PPP, privatizações – Borges deve ter esbarrado de frente contra essa barreira, mas foi uma guerra silenciosa. Da mesma maneira que é difícil ler o peso dos interesses, também se tornou difícil ler o poder de António Borges.
http://www.dinheirovivo.pt/Artigo/CIECO251022.html
Agosto 26, 2013 at 1:27 pm
Claro que estava do lado dos interesses. E de brilhante não tem nada. Foi um economista financeiro de boa qualidade mas um péssimo macroeconomista e com uma ideologia que tinha tanto de ignorante como de mal intencionado.
Paz à sua alma e condolências à família. Como homem não merecia isto. Mas como economista não deixa saudade. Este endeusamento já está a ser uma vergonha.
Agosto 26, 2013 at 1:28 pm
Subliminarmente, a crença na eternidade parece constituir para MRS um critério de verdade do que se afirma em vida e, até, o contraditório (com chancela divina, que vale mais do que a do Tribunal Constitucional) de acusações do que poderia ser uma conduta deliberadamente imprópria em vida. Assim, em vez dessa conduta imprópria colocar em causa a seriedade da crença na eternidade e na «accountability» associada, é o construto opaco da crença que acaba por passar uma esponja nos meandros mais obscuros da vida.
O elogio fúnebre é certeiro para quem se habitou a fazer de deus e a jogar com o destinos dos povos, lançando-os na miséria. A Goldman Sachs ajuda a conduzir os países à miséria e depois quer roubar-lhes a alma.
Se é assim que se pretende salvar o neoliberalismo da acusação de crimes contra a humanidade, o MRS podia ao menos curvar-se perante aqueles que viveram e morreram com a dignidade de não acreditarem em deus e na eternidade.
«Porque perguntar é abrir essa distância que está sempre em nós. Quando essa distância é máxima, a resposta está no infinito. Assim no homem maior ela está para lá de Deus.»
Vergílio Ferreira – Pensar, p. 22-23.
Agosto 26, 2013 at 1:39 pm
Agosto 26, 2013 at 2:11 pm
Respeito a pessoa de AB. Quanto às suas ideias ultraliberais,repúdio.
Poderá alguém aceitar que tendo um vencimento líquido de várias centenas de milhares de euros defenda acerrimamente,para os outros, a diminuição dos vencimentos de poucas centenas de euros?
Por isso, só foi possível ouvir falar na CS das suas imensas qualidades profissionais… 😦
Agosto 26, 2013 at 2:24 pm
Vai haver festa rija lá por baixo, vai, vai…
Agosto 26, 2013 at 2:59 pm
Published on Sep 6, 2012
António Borges, o mesmo que se propõe vender Portugal a retalho, tenta mostrar ao entrevistador que os fins justificam os meios e o neoliberalismo é o caminho. Só não contava ser arrasado pelo jornalista da BBC, Stephen Sacku
Agosto 26, 2013 at 3:00 pm
gostava de saber, por entre os que acreditam quem é que anda por aí a falar a verdade com muita coragem…
Agosto 26, 2013 at 3:01 pm
Published on Sep 30, 2012
2012-09-30 Reportagem da SIC Notícias que mostra outras declarações polémicas de António Borges e faz uma pequena viagem ao seu passado.
Agosto 26, 2013 at 3:04 pm
António Borges Interview with BBC Hardtalk, 14-09-2010 (Part 1/3)
António Borges Interview with BBC Hardtalk, 14-09-2010 (Part 2/3)
António Borges Interview with BBC Hardtalk, 14-09-2010 (Part 3/3)
Agosto 26, 2013 at 3:06 pm
Agosto 26, 2013 at 3:07 pm
#11:
Qual verdade?
Especulação?
Agosto 26, 2013 at 3:12 pm
Agosto 26, 2013 at 4:24 pm
Ouvi António borges dizer que baixar os salários era uma emergência nacional, mas como não sabia que ele caminhava para a morte, só agora fiquei a saber que ele, cobardemente, aconselhou o governo a roubar o salário dos trabalhadores porque isso não o iria afetar a si e não iria estar cá para assistir às consequências. Como nunca o ouvi insurgir-se contra os contratos blindados efetuados pelos seus colegas de partido e da política neoliberal oportunista, considero que ele nunca foi cristão nem humanista. Apenas um humano com erradas opções de classe e que, quanto a mim, se houver eternidade, há de sofrer o suplício de Tântalo.
Agosto 26, 2013 at 4:24 pm
Vai haver festa rija lá por baixo, vai, vai… só não pode é pedir que liguem o ar condicionado, Vai rever as suas figuras de inspirações passadas…
Agosto 26, 2013 at 4:27 pm
… afinal, “quem não quer ser lobo não lhe veste a pele”.
Como sabia que estava a morrer, as suas acções ainda o condenaram mais… nem um sinal de arrependimento atá ao fim… Vai haver festa rija lá por baixo, vai, vai…
Agosto 26, 2013 at 4:42 pm
Com a dedicatória de muitas das suas vitimas…
.
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Agosto 26, 2013 at 4:45 pm
Deus (Geová, Alá…) não dorme… não dorme não. Outros lhe sentirão a sua mão… é apenas uma questão de tempo… e Deus (Geová, Alá…) está acima do tempo, logo…
Agosto 26, 2013 at 4:47 pm
O cristianismo está cheio de belos exemplos de paixão pela verdade e de actuações frontais, a começar pela Inquisição.
Todas as religiões, umas mais sagradas e outras mais laicas, fazem os seres humanos perder o sentido do ridículo e do efémero, a partir do momento em que se acredita na santidade e na transcendência de um qualquer animal racional que se destaca da manada.
O culto da personalidade é o exemplo mais aberrante desta versão mística da humanidade, com destaque para os regimes totalitaristas que conseguiram juntar o Céu e o Inferno na Terra.
Agosto 26, 2013 at 7:56 pm
#0
As postas merdosas abundam por aqui mas esta tresanda, porra.
Nem sequer percebeu o sentido da “passagem para a eternidade”.
Bardamerda!
Agosto 26, 2013 at 9:11 pm
#23,
😆
Agosto 26, 2013 at 9:58 pm
Não deixa saudades. Merece todo o desprezo.
Agosto 26, 2013 at 10:10 pm
Ao contrário ali do Bem Atento, em #23, achei esta posta muito interessante. Uma posta, aliás, que não é sobre AB, mas sobre um elogio fúnebre e as suas debilidades como elogio fúnebre, por parte de um crente na eternidade que, simultaneamente, valorizasse a verdade.
Agosto 26, 2013 at 10:32 pm
Menos um porco…
Agosto 27, 2013 at 12:06 am
Lamento dizer mas os bombeiros que morreram valem mais do que 30 mil Borges.Que descanse em paz e privatize o céu.
Agosto 27, 2013 at 12:28 am
Agosto 27, 2013 at 1:19 am
#28 Subscrevo o comentário…Quanto ao descansar em paz, duvido que o consiga fazer…
Agosto 27, 2013 at 2:25 am
aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Agosto 27, 2013 at 2:26 am
cabraão do borges…
Agosto 27, 2013 at 3:14 am
Em Portugal morrem em média cerca de 275 pessoas, António Borges foi apenas uma, lamento tanto a sua perda como a de qualquer outro ser humano.
Quanto ao comentário de Marcelo, discordo. António Borges tinha duas características que se destacaram ao longo da sua vida pública, a frontalidade (rara nos políticos) e a pouca inteligência (típica dos economistas, sobretudo os mais bem pagos).
Agosto 27, 2013 at 3:16 am
No comentário anterior: “cerca de 275 pessoas”, por dia, obviamente.
Agosto 27, 2013 at 8:52 am
“Gente, não há como ficar triste”…
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Agosto 29, 2013 at 3:42 pm
# 28 A ideia de 30 mil Borges é uma visão ssimplesmente horrífica! Como diz Guinote há muitos putos tóxicos que irão repetir a cartilha, mas 30 mil por favor não! A comparação ,por isso,não me parece justa para os bombeiros. Mas percebo o que quer dizer, a comparação é clara , em termos de utilidade do que fazem. Mas como eu encaro o que fazem alguns “consultores” como desutilidade, fiquei confusa.
Quanto ao assunto,o elogio de Marcelo Rebelo de Sousa, acho que a Maria José Nogueira Pinto não tem mesmo comparação com Borges, Maria José Nogueira Pinto sempre me pareceu uma deputada competente e levando a sério o seu papel no Parlamento, pessoa muito inteligente, directa, defendendo com veemência aquilo que a alma e o coração lhe ditavam. Não concordando com muitas ideias que defendia tenho muita admiração pela sua integridade. e mesmo pelo percurso de vida que nem sempre lhe foi fácil. Uma mulher de Estado, não fazia recados a ninguém, foi sempre o que me pareceu. Sei que este elogio de Maria José vai ser polémico. Não vou responder. É apenas aquilo que sinto e aqui fica registado, se o autor do blogue o consentir.