Alunos


Já pensaram que fazer alterações assim às escondidas é capaz de ser má ideia?

Retificação da Norma e Orientações para Aplicação de Condições Especiais na Realização de Provas e Exames JNE/2015

Nas 24 escolas identificadas na peça do Público como desviando para cima (inflação da nota interna) estão 13 privadas e 11 públicas, ou seja, 54,2% de escolas privadas e 45,8% de escolas públicas.

Nas 29 escolas identificadas com desvios para baixo (nota interna mais baixa do que o expectável) estão 6 privadas e 23 públicas, ou seja, 20,7% de privadas e 79,3% de públicas.

Agora, é só cruzar com o peso relativo de cada sector na rede de ensino secundário, ver a curiosa concentração geográfica das erecções classificativas e não assobiar para o lado, nem fazer escarcéu em caso de ser queiroz&aeep.

Mas tudo acaba(rá) em bem se, ao dar a nota gorda, a pessoa se benzer três vezes.

(blasfémia! blasfémia!! blasfémia!!!)

O estudo é este e lá temos o sempre disponível Paulo Santiago para espalhar a palavra do eduquês fofinho e bem pensante, sempre pronto a acusar quem dele discorda de anacrónico cavernícola.

“A cultura da nota está instalada em Portugal e demora anos a mudar. Há a pressão dos pais que não entendem a mudança para as notas qualitativas”, lamentou o analista da Direcção de Educação da OCDE. Segundo um estudo daquela organização sobre políticas nacionais de avaliação, aplicadas em 28 países, “a avaliação formativa evita a excessiva atenção [centrada] nas notas e na classificação dos alunos, que infelizmente ainda acontece em Portugal”, disse Paulo Santiago. Já a avaliação formativa permite “diagnosticar as necessidades de aprendizagem dos alunos e oferecer um ‘feedback’ em tempo real”, sublinhou.

Ao que parece, o “especialista” ainda não atingiu a complementaridade entre as duas avaliações, algo que até entre nós foi bem explicadinho na sequ~encia da refoma de Roberto Carneiro, embora com escasso sucesso, pois vieram depois os doutos coutosdossantos e afins e enterraram tudo bem enterrado.

Há gente animada com a iniciativa francesa de tornar a avaliação dos alunos muito holística.

Por um lado, podemos alegar que sempre se reduziria a papelada, a burocracia, as grelhas.

Por outro, tenho por experiência directa vivida que muitos defensores destas abordagens assim a modos que “globais” das “competências” dos alunos tendem a ser muito mais palavrosos e reflexivos do que aqueles que se ficam pela avaliação mais simplista.

Posso estar muito enganado, mas quer-me parecer que um sistema de avaliação dos alunos sem notas quantitativas ainda acabaria por ser um labirinto maior de conversa fiada do que o sistema que temos.

Mas, por mim, podem experimentar tudo, que eu aguento-me ao barulho. Mas depois não apareçam a sacudir a água do capote, que se não funcionou a culpa é de quem não percebeu a operacionalização ou a dizerem que nunca gostaram da ideia, tal como nunca votaram no Cavaco há 25 anos, nem no Sócrates há 10, que foram sempre os outros a ter más ideias.

querolasaber

A época mais adequada a desresponsabilizações com a desculpa da objectividade da ferramenta.

E os dramas com as percentagens daqui e dali dariam quase uma novela da tvi.

Cada vez começo a achar menos sentido em considerar a assiduidade como elemento importante na avaliação. A sério que sim.

Blasfémia?

Nem por isso, apenas pragmatismo.

Com uma escolaridade de 12 anos, os alunos que alegadamente (de acordo com o seu estatuto) “chumbam” por faltas em Outubro, desde que continuem a ir ocasionalmente às aulas e a fazer uns testes razoáveis (ou mesmo menos do que isso), têm imensas possibilidade de passar de ano.

Porquê?

Porque a “retenção” só se concretiza mesmo no final do ano e eles já sabem disso aos 11, 12 ou 13 anos de idade.

Porque sabem que para serem “inclusivas”, as escolas públicas os aceitam a matricular-se e a passear por lá e os professores, para não serem os maus da fita e obedecerem às leis, devem aceitá-los nas aulas a que eles acham por bem comparecer. E não me digam que nos cursos profissionais ou vocacionais não é a mesma coisa, porque é ou ainda pior. A justificação de faltas é feita quase com pedidos por favor-favor-favor e aceita-se quase tudo.

E nem venham com as conversas das denúncias para as CPCJ que não têm mãos as medir com os casos muito graves, pelo que os casos graves vão para a pilha do arquivamento ao fim de uns pedidos de informações e correspondência variada ao longo de uns quantos meses até chegar o fim do ano lectivo.

No final do ano, com as metas do sucesso a pressionar e a paciência a minguar, muitos destes alunos acabam por passar de ano, como forma de todos ficarem a “ganhar”. As escolas  com o dito “sucesso”, a maioria dos professores (e em especial @s DT) com menos chatices e os alunos com a devida recompensa por saberem usar o “sistema”.

Eu sei que não é assim em todos os lados, porque há sítios com muito menos problemas, mas onde eles existem, ou se resolvem desta maneira ou então quem o não faz é acusado de adoptar uma “cultura de retenção” e de não saber “dar aos alunos o que eles precisam”.

Ah…. e ainda existem as metas de combate ao abandono escolar que incentivam imenso a “sub-orçamentação” do abandono real, para as fotografias na avaliação externa das escolas ficarem muito bonitas.

Que há “boas práticas”… ? Sim, há, mas menos do que as que constam e se anunciam como tal.

E quem me disser que isto não é assim, vive no País das Maravilhas.

Mais vale “esquecermos” a questão da assiduidade, a menos que deixemos de ter medo de usar a escala de avaliação em toda a sua “extensão” (e sim, estou a pensar usar uma boa dose de pouco inclusivos níveis um no final deste período…).

Permitir testes com consulta total, de caderno e manual.

É da maneira que:

  • Os alunos ficam muito felizes por eu concordar.
  • Demoram muito mais tempo a fazer a coisa.
  • Não há Muito Bons ou Excelentes ou lá o que é aquilo acima do Bom.

Dizem-me que a EPIS nem sempre respeita as regras do MEC nos inquéritos que distribui pelos alunos a quem dá apoio.

Alguém me pode (des)confirmar?

Porque aquilo que me foi dado a conhecer é um bocadito perturbador.

First class: how breakfast clubs fuel the school day

Breakfast clubs are starting in schools all over the country – resulting in better attendance and happier kids.

… por um modelo “descentralizado” que permite colocações em mais de uma centena de escolas, sendo que só uma ficará com o professor e as restantes terão de reiniciar o processo e os contactos.

É um modelo estúpido, pois também permite que as pessoas fiquem na expectativa de uma colocação melhor e, ao fim de dias, abandonarem a colocação aceite inicialmente.

Nada disto aconteceria com um sistema de colocações em que os professores ordenassem as suas prioridades e, logo que fossem colocados, saíssem da lista ordenada.

Mas, dizem pessoas muito inteligentes, que orientam doutoramentos pelos isczés em políticas públicas depois de terem sido ministras (dá sempre mais jeito legitimar a posteriori as políticas implementadas com estudos a preceito), que é o “grau zero da inteligência”, estando nisso objectivamente de acordo com as políticas actuais, mesmo quando encenam o contrário.

Quem perde mais com isto são – obviamente – os alunos, que estão sem professor, podem vir a ter um por dias ou um par de semanas, ficam outra vez sem professor, etc, etc.

São eles com quem o MEC está a proceder, de forma não muito indirecta, a “experimentalismos”.

Tudo isto com especial incidências nas escolas, turmas e alunos a quem se prometeram melhores condições de funcionamento, com “contratos de autonomia” e outras parolices ditas por um secretário de Estado especialista em lugares comuns e muito vento.

Mas há quem goste muito dele. Porque parece que é de muito fácil trato.

Os queirozezes, por exemplo, adoram-no.

Beja: alunos ainda em casa

Dipsticks: Efficient Ways to Check for Understanding

Dei lá aulas há mais de 20 anos… nos bons velhos de contratado, pelo que nada disto me espanta, até porque fui logo retirado do serviço de vigilância de exames à primeira “ocorrência”.

As abordagens eram do mais variado tipo. Como eu lhes sorria, dizia que tinha poucos vícios e @s mandava passear, criou-se a confiança necessária para saber muita coisa, até porque vári@s alun@s eram da minha idade ou mesmo mais velh@s. Alegadamente, claro.

E até houve, por esses tempos, aquele episódio do desaparecimento cirúrgico de umas pautas…

em nome da verdade, nunca me pareceu que a direcção da altura se deixasse envolver e sempre foi, em termos laborais, de extrema correcção.

Já o resto…

Alunos pagavam para ter nota máxima

Uma professora e 35 alunos envolvidos no esquema. Valores chegavam aos 2500 €.

O problema destes dados é que se baseiam apenas em “registos” ou testemunhos dos órgãos de gestão que, como sabemos, “vareiam” muito daqui para ali e então de país para país…

De qualquer das maneiras, mais vale ir sabendo alguma coisa do que não sabendo…

TALIS2013dTALIS2013e

A predisposição para cometer fraude académica é maior entre os estudantes que frequentaram escolas privadas antes de entrar no ensino superior, entre aqueles estão num curso que não foi a primeira opção, entre os que pertencem a agregados familiares com maior grau de escolaridade e rendimentos mais elevados. Estas são algumas conclusões de um estudo que está a decorrer no Centro de Estudos Sociais (CES), da Universidade de Coimbra, que envolveu 7292 alunos de licenciatura e mestrado integrado.

We ‘Choose’ for Poor Children Every Day

As escolas do ensino básico, até ao 9º ano, vão perder quase 50 mil estudantes nos próximos quatro anos, segundo as estimativas da Direcção Geral de Estatística da Educação e Ciência (DGEEC).

A redução de professores já foi numa proporção muito maior…

Nem vale muito a pena dar conversa

Só se for para dizer que aumentar o número de alunos por turma é um paradoxo…

A análise dos quadros é muito elucidativa das diferenças culturais e dos equívocos que existem acerca destas matérias.

Por exemplo…. os finlandeses têm excelentes resultados mas isso não os faz felizes.

A posição de Portugal é bastante equilibrada…

Where In The World You Can Find The Best Schools — And The Happiest Kids

HappyTests

Agradeço a referência à Teresa Almeida.

 

O texto da peça de há cerca de um ano da Anabela Mota Ribeiro:

Emília, Miguel e Sérgio

A Emília, o Miguel e o Sérgio ouvem dizer que a crise é uma castração do seu futuro. É um muro que se interpõe entre eles e a vida. Que lhes tolhe os movimentos, a possibilidade de escolher, a liberdade. São filhos de pessoas que vivem do ordenado, família estruturadas, equilibradas. Vivem no Barreiro, na Baixa da Banheira, em Palmela. Têm 12, 13 anos. Não pensam o futuro sem uma nuvem pesada em cima da cabeça.

… pelo que não alinho muito nessa coisa das grelhas para legitimar a avaliação dos alunos, pois nada me garante que elas os conheçam e depois ainda acabam por dar notas disparatadas.

Por isso, eu faço a avaliação e depois logo se vê…

Até agora tem resultado.

 

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