Quinta-feira, 25 de Fevereiro, 2010


E que conseguiria fazer um post de razoável qualidade em dia de vitória do Sporting.

Mas não consigo perante o lamaçal pastoso em que se tornou a vida política e pública portuguesa.

Este é um blogue virado principalmente para as questões da Educação e há muitas matérias que vão ganhando crescente urgência, desde a questão das negociações para o novo ECD – já agora, aqui fica a nova proposta ministerial entregue ontem aos sindicatos (Projecto alteração ECD – V. 24.02.2010) – até às leituras prepotentes, por exemplo, da DREC sobre a forma de avaliar os docentes, pretendendo determinar que a nenhuma designação de Bom possa corresponder um valor quantitativo superior a 8. Mais não sei quantos disparates que se começam a acumular, num mosaico de irracionalidades como a falta de regulamentação de uma apreciação intercalar que quase ninguém sabe no que consiste exactamente e em que moldes se desenvolverá (e lembremos que já lá vão quase seis meses do ano lectivo e dois terços do período com actividades lectivas).

Mas não dá.

Se conseguirmos ultrapassar a oportuna barreira comunicacional em torno da catástrofe ocorrida na Madeira, ficamos confrontados com níveis sucessivos de degradação da nossa vida pública.

Nos últimos dias sucederam-se peças altamente perturbadoras sobre a situação da nossa Justiça ao mais alto nível, com a comunicação social a demonstrar que o PGR terá contornado o rigor dos factos numa ida ao Parlamento e amanhã um jornal a assinalar coincidências demasiado graves para nos sentirmos a viver num país onde reste um pingo de seriedade no mundo da política, economia e justiça, tudo asim com letra pequena.

Ver alguém colocado numa empresa com a dimensão da PT, cujo currículo se resume a criar uma ferramenta de propaganda para a ascensão do Grande Líder, refugiar-se em declarações aos deputados numa cadeia de comando para justificar as suas acções e alegar factos desmentidos poucas horas depois, ao mesmo tempo que uma deputada chic observa tudo com ar entediado, ocupando-se com qualquer coisa (não percebi se seria tm ou caixa de pó de arroz) para desanuviar o seu evidente desinteresse pelo que se passava diante de si, deixa-me uma sensação de enorme repulsa pelo estado a que tudo isto vai chegando, numa espiral que parece não ter forma de acabar.

Eu sei que é redundante fazer este tipo de discurso pessimista, decadentista, mas é impossível observar isto e não sentir algo de profundamente visceral, no pior dos sentidos.

Uma sensação de claustrofobia perante as teias e os cordelinhos que tudo tentam controlar. Ver o ponto a que chegou o desplante de arrivistas que ascenderam na base do mais descarado clientelismo, aparentemente com uma sensação de impunidade que só pode ter nascido da certeza de protecção superior.

Eu sei também que esta não passa de uma variação do discurso que analistas e opinadores como Pacheco Pereira ou Vasco Pulido Valente desenvolvem há muito tempo.

Mas é quase impossível não ver isto tudo deste modo turvo.

E não nos sentirmos diariamente ofendidos na nossa (mesmo que escassa) inteligência.

Há tempos alguém me dizia que eu não sou esperto, que o mundo e as vantagens estão do lado dos espertos. O contexto era outro, mas aplica-se que nem uma luva ao que observamos por estes dias. Um estado de calamidade que não se decreta para não pagar reembolsos a turistas, aparelhistas de segunda linha a controlar negócios de milhões, isaltinos a quererem aparecer como moralizadores do estado, pequenos-almoços negociados para patego consumir.

Ainda há horas alguém me escrevia que eu pareço emocional ou mentalmente perturbado.

Não me choquei. É verdade. Estou sinceramente perturbado com tudo isto, por ser exactamente como eu sempre soube que era, depois de o ter imaginado e vislumbrado muito antes. Porque, como em várias outras coisas, eu nem queria ter razão e ver provadas as minhas mais negras teorias.

Não há um polvo, mas vários polvos, de que sentimos, por vezes apenas de passagem, os tentáculos.

Vários polvos em disputa. Pela supremacia num mar em que pretendem tudo agarrar ou, se alguém resiste, asfixiar.

Portugal não está amordaçado. Portugal não está sem liberdade de expressão. E, de certa forma, tudo o que se está a passar o demonstra.

Mas Portugal está gravemente doente e chega a ser extraordinário como ainda resiste. A disputa pelo que resta açambarcar até 2013 está ao rubro.

É disso que se trata.

Há um par de semanas alguémcom um olhar preocupado e parcialmente externo – me perguntava se isto tem salvação e quem pode ainda salvar Portugal, pois está por um fio.

Respondi que sinceramente não sei, pois não consigo ver quase nenhum recanto que não esteja salpicado por lama. A lama que cuidadosamente, ao longo de anos, houve o cuidado de depositar em vários pontos, antes de ligar a ventilação e a espalhar por todo o lado, na forma de favores, cheques, posições, contratos, acordos, cumplicidades, e tudo aquilo que todos sabemos, da micro-escala do pequeno feudo à macro-escala dos negócios orçamentais de grande porte.

E nós, a grande maioria limita-se a observar em estado de crescente entorpecimento, com exaltações cívicas pontuais que nem sequer muitos percebem ser instrumentalizadas exactamente para servirem de escape passageiro para as frustrações e tudo manterem na mesma.

Discutindo a percentagem acrescida da nova penalização para as aposentações antecipadas.

Enquanto outros se lambuzam.

Isto está mesmo – de novo – uma imensa choldra.

Eu vi como o boy disse com a maior calma e (ao que se agora percebe) desfaçatez na sessão de joje da Comissão de “Ética” que o pelouro da publicidade era de Carlos Barbosa, quando o deputado João Oliveira garantia que essa pessoa não pertencia aos quadros da empresa.

Ex-administrador da PT desmente Rui Pedro Soares

Carlos Barbosa, ex-administrador da Portugal Telecom, desmentiu esta quinta-feira afirmações que Rui Pedro Soares prestou na comissão de ética da Assembleia da República. Soares tinha afirmado que não tinha o pelouro da colocação de publicidade do grupo PT.

Carlos Barbosa referiu que saiu da PT Meios «no final de 2006» e que depois disso Rui Pedro Soares «tomou conta de toda a publicidade».

Soares declarou esta quinta-feira perante a Assembleia da República que não teve o pelouro da publicidade enquanto esteve na PT.

«Todos os artigos que têm vindo na comunicação social ultimamente têm a ver com o dr. Rui Pedro Soares e não comigo», salientou o actual presidente do Automóvel Clube de Portugal, reiterando que a sua equipa era composta por «técnicos completamente isentos e profissionais» que foram «pura e simplesmente afastados» por Rui Pedro Soares.

Isto começa a tornar-se insustentável…

Sol, 26 de Fevereiro de 201o

Mas eu já volto, Maurício…

Sorte dos professores que leccionam o 8º ano, que assim podem ter um argumento extra para despertar os alunos mais relapsos para o estudo. Do género: ou estudas, passas de ano e livras-te disto num ano ou chumbas e levas com mais 5.

Alunos retidos no 8.º ano com escola obrigatória até aos 18

Os alunos inscritos no 8.º ano que fiquem retidos neste ano lectivo passarão “automaticamente a ser abrangidos” pelo novo limite de escolaridade obrigatória, devendo assim permanecer na escola até aos 18 anos. A lei que alargou o limite da escolaridade obrigatória dos 15 para os 18 anos foi aprovada em 2009 e está já em vigor para os alunos inscritos no 7.º ano de escolaridade.

Sobre isto escreverei ainda hoje, mas fica desde já um post esclarecido, como habitual, do Ad Duo:

O ziguezague da ADD

É que começou o jogo do Sporting com o Everton, equipa que já ganhou recentemente ao Mancheter United e Chelsea e a tua tese é que eu escrevo melhor quando os gatinhos, desculpem, leões perdem…

Vejo Rui Pedro Soares na Comissão de Ética numa ponta final, a responder ao deputado João Oliveira. Remete decisões para a cadeia de comando e manda perguntar a Henrique Granadeiro e Zeinal Bava,

Interessante.

Relembremos que o acordo foi apresentado pelos sindicatos signatários como uma fase indispensável para desbloquear a negociação de outras matérias.

Foi nessa, e acho que quase só nessa, condição que muita gente deu o benefício da dúvida ao dito acordo, assinado às pressas naquela noite de 7 para 8 de Janeiro. Falo por mim, que achei estranho o que se passou mas quis acreditar que algo mais nasceria do acordo.

Será que afinal os que na altura gritaram aqui-d’el-rei é que tinham razão?

Expliquem-nos lá agora se é apenas a ministra que tem explicações a dar…

Fenprof: Isabel Alçada deve uma explicação aos docentes

Do Ciberdúvidas, por indicação da Lalage. Não é recente, mas tem o seu interesse no contexto de indefinição que ainda existe quanto às provas de recuperação.

Interpretação de nomeadamente num despacho ministerial

[Pergunta] Ao tentar aplicar o art.º 2.º do Despacho n.º 50/2005, de 9 de Novembro (DR n.º 215, 1.ª Série-B), tenho sido confrontado com uma forma de interpretação que considero incorrecta. Trata-se do seguinte: o n.º 4 do art.º 2.º diz que «Sempre que, no final do 1.º período, um aluno não tenha desenvolvido as competências necessárias para prosseguir com sucesso os seus estudos no 1.º ciclo, ou, no caso dos restantes ciclos do ensino básico, obtenha três ou mais níveis inferiores a três, deve o professor do 1.º ciclo ou o conselho de turma elaborar um plano de recuperação para o aluno». Até aqui as coisas são consensuais.

Mas, ao lermos o n.º 7 do mesmo art.º 2.º, diz-se que «Os alunos que, no decurso do 2.º período, nomeadamente até à interrupção das aulas no Carnaval, indiciem dificuldades de aprendizagem que possam comprometer o seu sucesso escolar são, igualmente, submetidos a um plano de recuperação». Aqui aparecem as divergências de interpretação com colegas meus e com o praticado na minha escola. Pela forma como leio, penso entender claramente que um aluno com 3 ou mais negativas no final do 1.º período deve ser submetido a um Plano de Recuperação (PR). Mas pode acontecer que no final do 1.º período haja alunos que não tenham as tais 3 negativas, pelo que não são submetidos ao Plano de Recuperação. Ora, o que eu leio no n.º 7 é que DURANTE (perdoe-me as maiúsculas) o 2.º período, pode-se indicar alunos para os PR. Como o 2.º período termina no início da Interrupção Lectiva da Páscoa, depreendo que, até essa data, posso indicar alunos para PR. Só que o legislador terá receado que os professores apenas o fizessem no final do 2.º período, pelo que acrescentou o «nomeadamente até à interrupção do Carnaval», para que, se naquela data já se tivesse detectado alunos que reunissem as condições para um PR, este ser-lhes feito e aplicado imediatamente. É assim que eu leio. Até aqui todos concordamos. A discordância vai desde o Carnaval até à Páscoa. Eu entendo que o despacho me permite propor (ou reformular os já existentes) novo(s) aluno(s) para PR, e a maioria dos colegas entende que não. Pergunto:

1 – o n.º 7 do referido despacho, da forma como está escrito, impede-me de propor novo(s) aluno(s) para PR depois do Carnaval?

2 – É lícita a leitura que os colegas fazem, quando dizem que a data-limite para propor novo(s) aluno(s) para PR é o Carnaval?

Perdoem-me ter-me alongado. Na minha escola sou coordenador de directores de turma e tenho responsabilidades acrescidas, cabendo-me dizer aos colegas directores de turma como actuarem perante aquele despacho. E o poder de síntese nunca foi o meu forte.

Obrigado.

Joaquim Dias :: Professor :: Vila Real, Portugal

[Resposta] Da leitura que faço, também me parece possível elaborar planos «no decurso do 2.º período», que termina, como diz, imediatamente antes da interrupção lectiva por ocasião da Páscoa. Com efeito, o advérbio nomeadamente não tem, em português, o sentido de obrigatoriamente.

Ressalvo, no entanto, o facto de se tratar de um texto jurídico, logo, muito específico. Em caso de divergência de interpretação, o mais acertado é contactar os serviços competentes do Ministério da Educação, de forma a haver um esclarecimento que permita a uniformização de procedimentos.

Bom trabalho!

Edite Prada :: 02/04/2009

 

Mais dados sobre Charlotte Danielson.

E confesso que não percebo a descoberta. Eu nunca precisei de ver o cartão do homem para perceber de onde vinha.

So what?

No Bloco andam de braço dado tipos que 30 anos antes se teriam empalado vivos uns aos outros se pudessem.

Pensem assim: o Durão Barroso fez um trajecto mais longo. Os do Pacheco Pereira, Freire Antunes, Zita Seabra e tutti quanti já sabemos há muito. Aflige-lhes um ex-CDS, partido de tão agradáveis coligações, e não se lhes arrepanha o toutiço quem veio lá das esquerdas mais distantes e façanhudas de punho no ar e revolução na algibeira?

Mas desde quando é que o PSD não foi uma albergaria castelhana para todos se acomodarem?

Agora é que se lhes deu para os pruridos?

Rangel como ex-CDS agita PSD

Sócrates e Jardim recusam declarar calamidade para evitar reembolsos

Taguspark pagou viagem de Figo no dia do apoio ao PS

Eu sou franco a este respeito: há quem queira adquirir e há quem tenha para vender. Se chegam a acordo é lá com eles e está no seu direito.

O problema é a carteira onde vão buscar os cobres para a transacção.

Gibrat

U2, Van Diemen’s Land