Amnésia Selectiva


Li algures,  na sequência de mais um debate sobre a prisão preventiva de José Sócrates nas redes sociais (mas num bom perfil, de pessoa estimável e frequentado por gente “bem”, que a esquerda (leia-se, o PS de Costa) não poderia – por vingança – vir a governar como a direita está a fazer, com tropelias diversas, em matérias económicas, políticas e jurídicas.

Não se preocupem, amiguinh@s,porque a esquerda (leia-se, o PS de Sócrates) já governou como a direita está a governar em praticamente todas as matérias, sendo que em alguns casos (condicionamento da comunicação social e da Justiça) me parece ter ido até bem mais longe.

E se é verdade que estes foram além da troika nos apertos, eu ainda me lembro do regabofe que foi até 2011, com excepção do ano eleitoral de 2009, quando a zurzirem o pau de marmeleiro no mexilhão.

Que não se lembrem ou façam por não se lembrar, é uma coisa, agora que queiram que todos se tenham tornado amnésicos selectivos, é outra coisa.

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Tinham todos posições e títulos altissonantes mas, a a creditar nos próprios, não passavam de um bando de idiotas.

Chairman da Rioforte invoca desconhecimento da situação do GES

Estarolas

E para piorar o conteúdo, agora passou a falar sempre com aquele ar de seminarista engonhado e amnésico (será que ele se esquece quando fez de rufia que não aceitava sugestões de ninguém?) que não sei se mete dó, se mete outra coisa.

O primeiro-ministro, que se escusou a comentar o discurso do secretário-geral do PS, António Costa, no congresso socialista do fim-de-semana passado, quis “apenas reafirmar a importância que para o país tem que gente adulta, gente crescida, gente preparada, gente que tem responsabilidades políticas possa olhar para o futuro sem ser com a perspectiva de contar espingardas, que seja com a perspectiva de chegar a respostas que os portugueses entendem como sendo respostas para os seus problemas”.

“Quando as soluções políticas parecem ter outra solidez, as pessoas sentem-se mais à vontade para comprometer a sua palavra, para poder chegar a um entendimento sem que isso pareça uma derrota para ninguém. Essas condições estão reunidas e só não haverá um espírito de compromisso se ele não for desejado”, enfatizou.

Gente crescida, gente preparada?

Mas que raio de intervenções públicas são estas, vindas de quem a cada oportunidade diz coisas do mais bacoco e infantil que se pode arranjar?

Exemplos:

“Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida.”

11-05-2012

“O Governo não está a preparar um aumento de impostos. Não estamos a pôr porcaria na ventoinha e a assustar os portugueses.”

Debate do Estado da Nação, 11-07-2012

“Todas as dificuldades porque passámos não terão servido para nada. Servirão para alguma coisa (…) quando não nos comportarmos como baratas tontas e soubermos bem para onde vamos.”

25-07-2012

“Amigos. Fiz um dos discursos mais ingratos que um primeiro-ministro pode fazer – informar os portugueses, que têm enfrentado com tanta coragem e responsabilidade este período tão difícil da nossa história, que os sacrifícios ainda não terminaram.”

Facebook, 09-09-02012

“O ano que agora está a terminar foi talvez o ano mais difícil de que tenho memória desde 1974, mas foi também o ano em que mais semeámos para futuro.”

21-12-2012

“[O programa de rescisões na Função Pública] deverá ser encarado como uma oportunidade e não como uma ameaça para trabalhadores e serviços.”

18-03-2013

Fonte: Jornal de Negócios.

polish-a-turd

Na SICN fala em coisa inédita. E Sarkozy? E Berlusconi? E Chirac?

Quanto a Miguel Sousa Tavares, é vê-lo agora e tê-lo visto com outro tipo de arguidos ou ainda antes disso, também políticos. Nunca fez linchamentos públicos e sempre deu espaço ao contraditório, claro, claro… em tribunal.

Na RTP Informação, no programa conduzido por Sandra Felgueiras, está um senhor advogado (Artur Marques, aquele que em tempos representou Fátima Felgueiras) que depois de criticar as fugas de informação e o desrespeito pelo segredo de Justiça, passa a lamentar o facto de não se saber nada de específico sobre os crimes de corrupção de que José Sócrates estará a ser acusado.

Será que esta gente pensa? Ou melhor, será que pensa, mas se esquece logo a seguir do que diz?

Ou pensando ainda melhor… será que ele ainda se lembra de como a sua representada de outrora conseguiu escapar para o Brasil, exactamente com base numa “fuga”?

(juro que não ando a tomar Memofante)

É curioso observar a continuidade entre entusiasmada directora no consulado de MLR, vereadora do PSD e agora dgae de Nuno Crato.

A ver vamos, diz aqui o míope,mas com esperança muito diminuída, apesar das classificações do CRESAP.

DGAEMLR

A fazer pela vidinha da COTEC, certo?

Pelo menos desde 2009…

Na altura, era bem mais comedido nas suas críticas e crónicas, correcto?

«O responsável número um da nossa desgraça é um banqueiro central»

Daniel Bessa não diz nomes, mas não se inibiu ao comparar Sócrates com o egípcio que comandou o avião sobre as Torres Gémeas.

 

… há que ande nisto desde as rádios d’argel, há que respeitar…

… ficam todos entusiasmados com a mais pequena palavra da Ângela, que bebem como se fosse divina.

Esquecem-se – porque são mesmo assim – que foi a mesma Ângela Maternal que andou com o engenheiro ao colo até achar que havia melhores opções.

Um destes dias… Pedro e os seus pedrinhos cairão em desgraça e e depois será uma risota completa.

 

… convém esclarecer que a verdade técnica do ministro Nuno Crato acerca da redução dos apoios às escolas privadas com aquele tipo de contrato se baseia na ocultação de isso resultar de um corte feito durante o ministério de Isabel Alçada, que passou o apoio de 114.000 euros para 90.000 no fim de 2010-11 e para 80.000 em 2011-12.

Nuno Crato, ao chegar ao ministério, fez o inverso… aumentar os valores que estavam estabelecidos anteriormente para 2011-12 para 85.000 euros.

A amnésia selectiva ao serviço do truque político está no auge no MEC.

Já a aversão às políticas dos anteriores governos não nos deve fazer aceitar atropelos evidentes a uma completa verdade.

No suplemento do Expresso, a ex-ministra MLR aparece a desvalorizar por completo os rankings e a sua divulgação, como se ela o não tivesse feito durante todo o seu mandato e tendo mesmo usado isso em proveito político da sua governança…

Um pouco de decoro seria aconselhável, sefaxavor!

Exp9Nov13Bem pode, ao lado, David Justino dizer que tal divulgação já não levanta polémica…

E haverá ainda quem aplauda MLR pela sua gritante amnésia…

 

 

No meu tempo ‘ninguém tocava em dinheiros públicos’

 

Yes, we can listening you!

Mais  aventuras da festa no Parque Escolar da ex-ministra MLR, pelo Norte do país, que prefere dizer umas coisas em apologia de si mesma e que eu ainda escreverei por aqui hoje e que me, por bandas do norte fizeram perceber que o mundo continua a girar no mesmo sentido, pois ainda discordo radicalmente daquela visão.

O link que o Trill deixou no post abaixo e que permite aceder ao tempo em que muitos destes senhores acharam por bem fazer greve às avaliações.

PJ8Fev95

Primeiro de Janeiro, 8 de Fevereiro de 1995.

JN4Jul95

Jornal de Notícias, 4 de Julho de 1995

CApital13Jul95

A Capital, 13 de Julho de 1995.

 

O Melício continua na moda.

… é mesmo para esquecer e colocar na gaveta, esperando que ninguém se lembre?

O professor Marcelo está a expor, como boa e perfeitamente razoável, a teoria do engenheiro Sócrates sobre o empurrão da dívida para a frente com a barriga.

… na RTP Informação a reclamar o que não deve… pelo menos em exclusivo, pois em 2007 não entrámos nos testes…

Os resultados no PIRLS e TIMMS não se devem apenas à década de 2000… em alguns o ano anterior de referência é 1995… enfim…

À boleia das críticas a Crato não se pode reabilitar todo o passado.

Fátima Campos Ferreira a ajudar a um branqueamento do passado e a uma ficção pura, como aquela conversa em torno da avaliação que veio para ficar, quando já existia e agora mal existe para além do simulacro.

Saberá ele que na Holanda as escolas privadas não podem racionalizar serviços e fazer poupanças por forma a gerar lucros?

Saberá ele que nos países que evoca (e logo a Espanha e França…) o peso do sector privado na Educação é menor do que em Portugal? Saberá ele que o peso relativo das charter schools nos EUA, apesar de estar em crescendo, é inferior ao das escolas com contrato de associação em Portugal (era bom ler este livrinho, basta pedir ao Alexandre).

Saberá ele que nada de conclusivo sabemos sobre esta matéria quando se usam apenas médias para tomar decisões sobre fenómenos que apresentam traços específicos, com imensos outliers?

O debate estava a ser aberto por factos simples e incómodos para o status quo, a saber: é menos dispendioso financiarmos as propinas do “João” num colégio privado do que manter a escola estatal onde o “João” está neste momento. Ou seja, escola pública não é sinónimo de escola do estado. O serviço público de educação pode, e deve, ser prestado por colégios privados. Ou seja, o Estado português podia, e devia, multiplicar os contratos de associação com colégios privados, entrando num sistema comum em França, Espanha e, sobretudo, Holanda.

Eu percebo que o Henrique e os seus amigos querem, à foraça, martelar as suas teorias na realidade e, quando não encaixam, distorcer os factos ou, mais simplesmente, ignorá-los.

Henrique Raposo parece não perceber que nem sempre tem razão, apesar das ideias giríssimas lidas em autores ligeiramente mais novos do que Lenine. Aliás, nestas matérias, quase nunca tem razão e em muitas delas é incoerente no apoio que dá a quem faz o contrário do que postulava. Tal como os seus amigos que andam pelos gabinetes, criados num liberalismo de tubo de ensaio. Em que as cobaias são os outros.

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