Segunda-feira, 10 de Agosto, 2009


Blur, Stereotypes

Um dos meus pequenos prazeres, sempre que me desloco pelo país, é fazer uma recolha da imprensa local/regional para aumentar as minhas resmas de papel. No caso de São Miguel, faço a recolha correspondente do Açoriano Oriental, Correio dos Açores e Expresso das Nove,

Gosto de ler as colunas de opinião, avaliar de que forma a vida continental é vista por uma lente difusa e , quando se trata do Verão, ver como alguns notáveis chegam à sua terra natal e fazem por alegrar os seus confrades.

No caso dos Açores é recorrente encontrarmos entrevistas ou declarações de políticos ou outras personalidades que, mal pisam o aeroporto João Paulo II, recuperam toda a sua açorianidade esquecida durante os outros onze meses em que andaram pelo contenente.

Se há coisa que, apesar de nem todos os anos lá me deslocar, acho recorrente é o modo como há sempre alguém que por aqui aparece a clamar contra a incomprensão do continente.

O prémio deste ano sai a Mário Mesquita, que descobri estar douradamente emprateleirado na FLAD, que dá uma memorável entrevista ao Correio dos Açores onde faz afirmações que combinam o redescoberto amor ao torrão natal com alguma liberdade na interpretação dos factos histórico-políticos.

Eis uns nacos:

Os Açores não são compreendidos em Portugal

(…)
Para Mário Mesquita, “tudo o que se faça para dar a conhecer a história dos Açores, tantas vezes esquecida, é excelente com vista a ultrapassar certas visões estreitas como as que têm prevalecido em determinados sectores da elite portuguesa e se traduz, por exemplo, na permanente incompreensão das ‘questões açorianas’”.
(…)
Roosevelt ficou tão fortemente impressionado com o Faial e S. Miguel que, pouco antes da fundação das Nações Unidas, propôs que a maior parte das reuniões daquela organização internacional tivessem lugar nos Açores.
As principais histórias de Portugal, relativas ao período da República de 1910, ignoram a relevância estratégica dos Açores e a importância da Base Naval de Ponta Delgada. Algumas delas omitem que os Açores foram um dos raros pontos do território nacional bombardeados pelos alemães, o que teve como resultado a morte de uma rapariga nos arredores de Ponta Delgada. Ora, tudo o que se faça para dar a conhecer a história dos Açores, tantas vezes esquecida, é excelente com vista a ultrapassar certas visões estreitas como as que têm prevalecido em determinados sectores da elite portuguesa e se traduz, por exemplo, na permanente incompreensão das “questões açorianas” (veja-se, por exemplo, a limitada jurisprudência centralista do Tribunal Constitucional).
Não me parece, no entanto, que a evocação dos 90 anos da escala de Roosevelt no Arquipélago, promovida pela Fundação Luso-Americana, em colaboração com o Governo dos Açores, a Assembleia Legislativa Regional, os municípios das Lajes do Pico e de Vila do Porto, tenha sido voltada apenas para o passado. Talvez seja de lembrar que o I Fórum Roosevelt, que decorreu em Ponta Delgada, em Julho de 2008, num ambiente de pluralismo e de diálogo, antecipou, de certo modo, o início da era Obama.

Se há região portuguesa que tem tido figuras de destaque na vida política nacional – tirando talvez as Beiras nos últimos consulados socialistas – é a dos Açores, bastando para isso lembrar os dois últimos presidentes da Assembleia da República. Em termos mais caros a Mário Mesquita, seria interessante recordar as responsabilidades do próprio Mário Mesquita e de Bettencourt Resendes na direcção do Diário de Notícias que tiveram todas as possibilidades para dar os Açores a conhecer na imprensa nacional.

Mas o mais fantástica é a mistura de história e geopolítica feita por M. Mesquita ao relacionar a passagem de FDR pelos Açores em 1919 com uma hipotética escolha do arquipélago para albergar reuniões internacionais na génese da ONU (o interesse de FDR e dos americanos era outra, como se pode ler aqui, entre muitos outros exemplo). Ou tentar colocar o I Fórum Açoriano FDR na origem da era Obama.

127128

O pato-bravismo à solta por S. Miguel.

THE DUTCH MODEL

With the highest use of contraception among young people worldwide, the Netherlands has attracted international attention

How would you react if your boyfriend refused to use a condom? How do your friends feel about condoms? Write down what you think they will answer and ask them if you were right.
This open talk is how some teachers in the Netherlands approach sexuality with students between 12 and 15 years old. Subsidised by the Dutch government, the “Lang leve de liefde” (“Long Live Love”) package was developed in the late 1980s, when Aids became recognised as a threatening health problem. “Aids was an impetus for sex education in schools,” says Jo Reinders of Soa-bestrijding, the Dutch foundation for STD (sexually transmitted diseases) control, which developed the package in consultation with churches, health officials and family planning organizations. “It forced teachers to become more explicit and to discuss norms and values using a participatory approach.”

Nordic sex education: a case of Finland

O. Kontula

Nordic sex education has been estimated by the International Planned Parenthood Federation (IPPF) to represent an advanced model of a comprehensive sex education in Europe. Finland is the only Nordic country where this education has been followed up by two national surveys directed to biology and health education teachers in 1996 and 2006 and by measuring adolescents’sexual knowledge in national sexual health knowledge quizzes in 2000 and 2006.

Sex education survey to teachers covered 421 schools in 1996 and 518 schools in 2006. Sexual health knowledge quiz was participated in 2000 by 401 schools and 30241 students and in 2006 by 462 schools and 33819 students. In 2006 responses from teachers and students could be combined in 339 schools.

The most important educational objectives of sex education were, based on teachers’responses, to educate students to responsibility and to provide them correct facts. Among boys sex education had much more important role in relation to their knowledge than among girls. Among girls the success in school was more important predictor of the higher level sexual knowledge than hours allocated to sex education in school.

The level of students’sexual knowledge was promoted positively by teachers who: wanted to teach natural attitudes and tolerance toward sexuality, who found sexual issues easy to talk, who told students of her/his personal life, and who applied drama and role play methods and students’talks and lectures in the classroom.

138139

115116117

Sobre Educação Sexual

Foi há uns 3 anos. Começou a falar-se no tema. Algumas escolas aderiram. Saiu um despacho: o coordenador desta área tinha direito a 3 horas de redução, ao contrário dos coordenadores de departamento.
Na altura, troquei emails com um dos coordenadores do projecto.
Perguntou-me se estávamos a implementar na nossa escola. Disse-lhe que não, nem ninguém sabia como deveria ser feito. Respondeu-me com um: “Não sabem que é obrigatório?”
Lembrei-lhe que o aparelho reprodutor pertencia ao programa de Ciências de 6º ano e que eram abordadas questões relacionadas com prevenção.
Perguntei-lhe: Que professores estão mais habilitados para dar “esta matéria”? Respondeu-me: “Qualquer um.” Perguntei que formação teriam. Respondeu que havia documentos de apoio e eram estabelecidas parcerias com centros de saúde locais.
Fiz-lhe ver o seguinte: os professores, tal como outros profissionais, não estão isentos de problemas sexuais, ou são sequer conhecedores da melhor forma de comunicar estes temas a jovens. Há professores homofóbicos, mal-amados, frígidos, tímidos, rígidos ou demasiado “desbocados”. Há de tudo.
Será razoável que adultos sem competência para tal, passem a formar ( ou deformar) jovens em idade de procura de uma identidade?
O mail seguinte dizia: “Não se pretende que os professores ensinem sexualidade.”
“Ah, falamos, então, de prevenção contra gravidezes, DST, Sida,…é isso?”.
Pôs-me em contacto com uma professora da DGHRE, responsável pela aplicação do programa nas escolas.
Pouco me esclareceu. Sobre que professores deveriam assumir esta disciplina, disse-me que havia professores de todas as disciplinas, cada escola fazia a sua escolha; sobre formação nesta área, disse que não chegava para todos, mas havia textos orientadores. Sobre horário, seria para implementar nas áreas curriculares não disciplinares.
Na minha escola, nada se fez….

Agora, ficamos a saber que foi legislado. Desenrasquemo-nos, pois!…

Reb

Ou então é o regresso a uma forma mais musculada de democracia directa (aos queixos):

Inquérito ao pugilato no PS do Porto

Ainda não foi desta vez que os socialistas da Sé elegeram o secretariado. Agressões físicas entre elementos das duas listas obrigaram à suspensão do acto. Distrital vai abrir inquérito.

Dois terços dos governadores civis abandonaram o cargo

(…)
Dois terços dos nomes nomeados em 2005 pelo Governo para o cargo de governador civil já deixaram o lugar. Dos 18 escolhidos pelo Executivo de José Sócrates apenas seis se mantém ainda em funções. Os restantes doze rumaram a outras paragens – são candidatos à Assembleia da República, a autarquias, saíram para a liderança de entidades públicas. Em dois distritos, no espaço de quatro anos, passaram três pessoas pela liderança do Governo Civil. No total, foram 14 as substituições.

Directiva da ERC sobre cronistas candidatos condenada pelos média a não passar do papel

989