Reformas


… passa por dar mais liberdade às escolas e aos professores e não em retirar-lhe a maior parte das competências para as entregar a políticos e burocratas locais.

Local Schools, Local Decisions

Local Schools, Local Decisions is an education reform that gives NSW public schools more authority to make local decisions about how best to meet the needs of their students.

We are giving teachers and principals more authority to adapt what they do and how they do it. This means giving schools greater freedom to make decisions about how to use the money we spend on public education.

Eu sei que os exemplos da Austrália só são evocados quando dá jeito, mas neste caso a reforma em decurso na província de Nova Gales do Sul parece interessante até porque é feita pela positiva, com um discurso mobilizador para as escolas públicas e não como cá, onde se justifica todas as reformas com os “falhanços” atribuídos sempre pelos decisores políticos ás escolas e professores:

Schools have been doing a great job in our complex education system. We want to support them to do a better job.
Students are at the centre of everything we do. Quality teaching improves student learning. We have a responsibility to provide quality teaching for every student in every classroom.
School principals and teachers are constantly making decisions about individual students and catering for their unique needs. Students have different learning needs and decisions about what works best for them are discussed every day.

(…)

To achieve better student outcomes we need changes so that:
■ Schools directly manage an increased percentage of the total education budget, including the budget for school-based staff.
■ Funding allocations to schools reflect the complexity of the school and its students.
■ Schools have the flexibility to respond to student needs by managing a single overall budget rather than many small program budgets.

(…)

We want to work locally so that:
■ Schools have more authority to make local decisions about maintenance and purchasing, including the use of local tradespeople and businesses where they offer better value.
■ Schools have more opportunities to meet their local needs by working together and combining resources (eg curriculum delivery, shared facilities, staff) within communities of schools, and across our large network of schools.

Agora reparem lá como se faz um cronograma de uma reforma a sério. O que se calendariza é a sequência das medidas a implementar e não o número de escolas que as adoptam.

Por c+a faz-se ao contrário. Decide-se tudo e depois impõem-se as medidas às escolas, em especial as que lhes retiram amplas competências.

No caso em apreço, considera-se que as escolas são o melhor centro de decisões. Por cá… é ao contrário, cortesia das ideias “iluminadas”do ministro Maduro e da apatia do ministro (?) Crato.

Claro que nem dá para comparar a transparência dos processos… por cá é tudo meio secreto, às escondidas, com medo que se percebam, as negociatas, os envelopes financeiros, as seduções e tentações em jogo.

Podemos discordar de alguns aspectos da reforma em desenvolvimento por lá, mas… não há comparação nos processos e nos objectivos.

Rage Against the Regime: The Reform of Education Policy in New York City

Primeiros: verificar se a reforma pretendida corresponde a algum problema real a resolver ou se é apenas um problema inventado para justificar a dita reforma. Neste caso, o processo termina aqui.  Se o problema é real, convém avaliar o seu grau de urgência e necessidade para melhorar a vida dos principais destinatários.

Segundos: analisar as possibilidades de solução do problema e respectivas alternativas. Procurar situações similares e medidas tomadas, no passado ou em outras paragens, assim como os resultados obtidos. Procurar perceber se são medidas adaptáveis à nossa realidade.

Terceiros: consultar os interessados, seja os destinatários das medidas, seja os seus implementadores no terreno. Procurar estabelecer entendimentos e mobilizar o máximo de uns e outros, embora sem ser para fazer consensos ineficazes.

Quartos: estabelecer um cronograma público da reforma e respectivas medidas. Estabelecer, de preferência, um período experimental seguido de uma avaliação, antes da expansão ou generalização das medidas. Recolher informação e reavaliar o processo, se necessário.

Quintos (ou pré-primeiro): não iniciar um novo processo de reforma sem a devida avaliação do anterior

Mas, claro, a evocação de modelos externos de “sucesso” não contempla as notícias sobre o momento em que se consideram falhadas as reformas apregoadas e é necessário voltar ao que por cá querem abandonar.

Porque uma coisa é dar autonomia às escolas, no sentido de uma capacidade de tomar decisões partilhadas e mobilizadoras da comunidade escolar e educativa e outra é criar micro-centralismos com hierarquias tão ou mais rígidas do que uma única.

Chancellor Set to Centralize Management of New York City Schools

Chancellor Carmen Fariña is expected to announce changes on Thursday that will restore a centralized hierarchy to New York City’s schools, largely dispensing with one of the core management philosophies of the previous mayoral administration.

Beginning this fall, most principals will report to superintendents and to regional centers, according to a person who saw a draft of the plans late last year, but spoke on the condition of anonymity because this person was not authorized to speak about them publicly. The superintendents, who generally cover districts or parts of boroughs, and the regional centers would report to administrators in the chancellor’s office.

… para situações que revelam o fracasso de reformas que alguns procuram emular, a começar pelos ministros que andaram lá por fora e acharam o máximo à escola lá das vizinhanças do campus.

The government’s flagship free schools programme has been dealt a blow with the announcement that a third school is to close after a damning Ofsted report found that leadership, teaching, pupil behaviour and achievement were all “inadequate”, the lowest possible rating.

Durham Free School, which has a Christian ethos and opened in September 2013, has had its funding agreement terminated after being put in special measures by the schools watchdog, Ofsted, after an inspection in November.

O problema adicional é que por cá não existye um organismo como o Ofsted, com poderes efectivos para alguma coisa e não apenas para inspecções a arquivar.

Alguém está a ver o poder político a mandar fechar uma escola privada, sem que os queirozes se arrepelassem todos e viessem para a rua armados em charlies assassinados,, mártires da liberdade na Educação?

 

Agradecendo a referência ao V. Teodoro:

AVOIDING THE SAME OLD MISTAKES – LESSONS FOR REFORM OF 14–19 EDUCATION IN ENGLAND

The great charter school rip-off: Finally, the truth catches up to education “reform” phonies

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Sugestão do Luís Braga.

Our Public Education System Needs Transformation, Not ‘Reform’

A growing, diverse movement is rejecting market-oriented reforms in favor of education justice.

The_Nation_2014-10-13_Page_01

Agradecendo os materiais ao Livresco.

O artigo vem originalmente do Financial Times, esse bastião do esquerdismo estatista.

É apenas mais um dos vários balanços muito negativos das reformas introduzidas na Suécia na primeira metade dos anos 90, no sentido de desregular, liberalizar e localizar as políticas educativas.

Num páis, muito mais rico do que o nosso, com uma tradição de descentralização muito forte e baixos níveis de desigualdade, o descalabro foi o que se anda a ver há uns anos e que motivou uma inversão nas ditas políticas nos últimos anos.

Mas, entre nós, a coligação dos laranjinhas com os azuis-cueca, continua a insistir em algo que já sabemos não funcionar.

Os “investigadores” que dão apoio a grupos parlamentares, a tertúlia dos economistas insurgentes apalermados, os queirozes&muñozes com muitas viagens aos states para “observar”, tornaram-se um impressionante grupo de pressão em direcção ao penhasco.

E o actual PM e o seu séquito – que só em universidades de Verão de vão de escada conseguem dar uma aula de uma hora sem serem calados – engolem a fórmula sem qualquer capacidade de análise critica das teoriasbu-cosmopolitas (e de novo com aquele tom aflautado que nos lembra alguém) do ministro Poiares mais do secretário Lomba.

Eu até acredito que exista quem, de boa fé, ainda acredite – como qualquer bom marxista-leninista – que a culpa não é da teoria mas do que os homens fizeram com o liberalismo/socialismo real e que se deve continuar a insistir no que sabemos ter falhado.

Mas…

E existe um MEC para quê, se assina de cruz todo o disparate?

Suecos decepcionados com sistema de educação

Nenhum outro país europeu confiou uma fatia tão grande da educação dos seus filhos a empresas privadas como a Suécia. No entanto, à medida que o número de ‘friskola’ aumentava, a confiança da Suécia nas escolas com fins lucrativos diminuía.

Neste caso, é no Estado do presidenciável republicano Chris Christie:

Flipping Schools: The Hidden Forces Behind New Jersey Education Reform

Na deriva em busca de reformas educativas desreguladoras, o Chile foi um farol de recurso perante a falência evidente de casos mais próximos.

Ainda recentemente, um lobista distraído o voltava a citar, mas… a realidade é outra. Perante o aumento das desigualdades e o descalabro sócio-educativo chileno, a nova presidente viu-se na necessidade de enfrentar os interesses instalados.

Chile’s President Announces Education Reform Package

Michelle Bachelet’s Plan Calls for More Universities, Increased Funding for Kindergarten.

Referência enviada pelo Luís Braga.

A leitura do texto que a seguir se cita é muito interessante e produtiva, para melhor percebermos o posicionamento de grupos privados que querem partilhar “o risco”, sendo que por isso se entende que eles ganham e os utentes do serviços é que arcam com o risco.

A reforma do estado torna-se assim algo equivalente a uma reestruturação empresarial, no sentido do mero downsizing à anos 80 mas com mais sofisticação retórica, não vale a pena ocultá-lo, em que quem ganha são apenas os tipos que aparecem lá a mandar despedir funcionários e fechar serviços.

Segundo esta abordagem, denominada de co-sourcing, uma determinada instituição pública associa-se, durante um período temporal definido, a um actor privado para a execução de determinada função. Esse parceiro assume a responsabilidade de transformar, de um modo permanente, as operações do organismo, recorrendo nomeadamente a serviços de consultoria.

As vantagens deste modo de colaboração são evidentes: transforma-se o Estado com base numa partilha de risco com o parceiro privado, qualificando-se os trabalhadores públicos para que estes fiquem aptos à futura operação optimizada, atingindo-se os ganhos esperados.

Sugestão da A. C.:

When Is School Reform Not Enough?

A real school reform agenda for 2014

Introduction: The Next Wave of School Reform

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Long Waves of Educational Reform

Introduction – Restating the problem: the salience and invisibility of ‘time’

GLOBAL MANAGERIAL EDUCATION REFORMS AND TEACHERS EMERGING POLICIES, CONTROVERSIES AND ISSUES IN DEVELOPING CONTEXTS

(…)

The first paradox consists of the fact that GMERs [Global Managerial Education Reforms] continuously stress the importance of teachers and emphasise the key role they play in education quality, but simultaneously disempower them in several ways. Specifically, they do so in three ways: a) by not sufficiently taking into account their preferences in policy processes, b) by treating teachers as assets to be managed rather than as agents of change, and c) by undermining their autonomy in front of the state and students’ families.

(…)

The second paradox relates to the fact that managerial reforms request more responsibilities from teachers but, at the same time, advocate their de-professionalisation. Teachers are supposed to do more things than before and in a different way, even when their preparation and work conditions might be poorer. On occasion, global education reformers directly vindicate the deregulation of teachers’ training and certification.

(…)

The third paradox is related to how GMERs advocates use evidence in a very ‘selective’ way. On the one hand, they promote managerial reforms even when they are aware of the fact that evidence of the positive impact of such reforms in learning outcomes is still inconclusive (Bruns et al., 2011; Experton, 1999; Patrinos et al., 2009; Vegas, 2005). On the other hand, however, they seem to ignore that the level of learning outcomes is higher in countries where their policy prescriptions are very marginal (or, in fact, have not been even implemented yet).

Ou será que a teoria de vivermos acima das possibilidades já se aplica até a quem nem conmsegue pagar luz e gás, na sequ~encia das negociatas do Estado nesses sectores?

O que o JMFernandes continua a querer não entender é que as sociedades devem evoluir no sentido do bem estar e não da mediocridade e que os falhanços nacionais se devem mais a quem desbaratou os muitos milhões europeus com o beneplácito oportuno de muita gente do fim dos anos 80 em diante do que aos funcionários públicos que, na sua maioria, fazem o que podem…

Para mim é difícil trocar ideias quando do outro lado se esbarra no muro da exaltação da mediocridade como norma, excepto para si mesmos…

E se trocássemos umas ideias sobre as reformas da função pública?

A diferença entre as reformas de um pensionista do regime geral e um da função pública, com idênticos descontos, é de 10% a 30%. É isto justo e constitucional?

A REFORMA

Na Educação o Governo propõe:

Escolas independentes

Cheque-ensino

Reorganização do Politécnico

Reforma do Ensino Superior.

Quatro antigos governantes e professores no maior debate da televisão portuguesa.

Prós e Contras, 2ª feira à noite na RTP1.

Agradecendo a referência à Anna P.

China’s 10 new and surprising school reform rules

(…)

Reduced standardized tests and homework and no tracking. These are some of the new actions China is taking to lessen student academic burden. The Chinese Ministry of Education recently released Ten Regulations to Lessen Academic Burden for Primary School Students for public commentary. The Ten Regulations are introduced as one more significant measure to reform China’s education, in addition to further reduction of academic content, lowering the academic rigor of textbooks, expanding criteria for education quality, and improving teacher capacity.

The regulations included in the published draft are:

  1. Transparent admissions. Admission to a school cannot take into account any achievement certificates or examination results. Schools must admit all students based on their residency without considering any other factors.
  2. Balanced Grouping. Schools must place students into classes and assign teachers randomly. Schools are strictly forbidden to use any excuse to establish “fast-track” and “slow-track” classes.
  3. “Zero-starting point” Teaching. All teaching should assume all first graders students begin at zero proficiency. Schools should not artificially impose higher academic expectations and expedite the pace of teaching.
  4. No Homework. No written homework is allowed in primary schools. Schools can however assign appropriate experiential homework by working with parents and community resources to arrange field trips, library visits, and craft activities.
  5. Reducing Testing. No standardized testing is allowed for grades 1 through 3; For 4th grade and up, standardized testing is only allowed once per semester for Chinese language, math, and foreign language. Other types of tests cannot be given more than twice per semester.
  6. Categorical Evaluation. Schools can only assess students using the categories of “Exceptional, Excellent, Adequate, and Inadequate,” replacing the traditional 100-point system.
  7. Minimizing Supplemental Materials. Schools can use at most one type of materials to supplement the textbook, with parental consent. Schools and teachers are forbidden to recommend, suggest, or promote any supplemental materials to students.
  8. Strictly Forbidding Extra Class. Schools and teachers cannot organize or offer extra instruction after regular schools hours, during winter and summer breaks and other holidays. Public schools and their teachers cannot organize or participate in extra instructional activities.
  9. Minimum of One Hour of Physical Exercise. Schools are to guarantee the offering of physical education classes in accordance with the national curriculum, physical activities and eye exercise during recess.
  10. Strengthening Enforcement. Education authorities at all levels of government shall conduct regular inspection and monitoring of actions to lessen student academic burden and publish findings. Individuals responsible for academic burden reduction are held accountable by the government.

The Ministry of Education received nearly 6,000 comments from the public in August. Based on the comments, the Ministry revised the Ten Measures and solicited public comments on the revised draft between September 6th and 18th. There are two noticeable and significant changes.

First, the Ministry backed off a bit on homework, from “no homework” to “decrease the amount of homework.” The revised version still calls for no homework for grades 1 to 3 and allows homework for grade 4, but the amount must be no more than one hour a day. This change was made mostly in response to parents’ concerns about the impracticality of no homework and teachers may find ways to assign homework to parents anyway.

Second, the revised draft went further on limiting testing by eliminating English language from the subjects allowed for standardized testing for 4th grade and up. The Ministry added: “student test scores and rankings shall not be published as part of school quality evaluation.”

… com uma ou outra manobra de ilusionismo como as “escolas independentes”, híbrido de escola com contrato de autonomia com escola com contrato de associação, em que os professores servem de testa de ferro para um grupo económico.

Perigo maior… as ânsias da municipalização que não vêm de agora, são transversais a quase todo o espectro partidário parlamentar, mesmo quando dizem que não.

Municipalização, privatização, as palavras chaves destinadas a retirar responsabilidade financeira ao MEC, atomizar a gestão e potenciar os caciquismos locais.

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