Vazios


Educação

Em termos de educação, o Observador ouviu o professor Paulo Guinote, autor do blogue “A Educação do Meu Umbigo”, que disse que, no que diz respeito a esta área, o documento de António Costa “corresponde a um quase total zero de propostas e muito menos de ‘alternativas’”.

Sobre a proposta de “cooperação transfronteiriça em educação”, Paulo Guinote disse que “é uma ideia interessante”, mas que “terá pouco impacto”, uma vez que “o problema mais grave das zonas fronteiriças é o seu despovoamento”. Perante este cenário, disse, “não há cooperação que sirva de muito”, uma vez que “em algumas destas áreas se privilegia mais o turismo do que a fixação das populações”. Paulo Guinote resumiu assim esta proposta: “de certo modo, é mesmo uma espécie de ‘rendição’ ao despovoamento e à retirada dos serviços públicos dessas zonas do país”.

No que diz respeito à proposta de “descentralização de atribuições e competências em Educação”, Paulo Guinote disse que se trata “da continuidade das medidas que estão a procurar ser implementadas” pelo ministro Poiares Maduro, não trazendo “absolutamente nada de novo”, destinando-se, “debaixo da capa de ‘descentralização’, criar centralismos locais que retiram competências às escolas e agrupamentos, limitando-lhes gravemente a autonomia e a possibilidade de oferecerem propostas claramente diferenciadas”.

Até setembro de 2004, altura em que a Fomentinveste o contrata como diretor financeiro e que começa a fazer os respetivos descontos, Passos acumula uma série de trabalhos, quase todos como consultor:

  • 1997 a 2001 – Vereador sem pelouro na Câmara da Amadora
  • 2003-2004 – Diretor do Departamento de Formação e Coordenador do Programa de Seminários da URBE – Núcleos Urbanos de Pesquisa e Intervenção (Trabalho Independente)
  • 2001-2004 – Consultor da LDN (Trabalho Independente)
  • 2000-2004 – Consultor da Tecnoforma S.A. (Trabalho Independente)
  • 2004 – Administrador não executivo da ALL 2 IT
  • 2004-2009 – Docente do curso de Turismo no Instituto Superior de Ciências Educativos em Lisboa
  • 2004-2006 – Administrador Financeiro da HLC Tejo, SA
  • 2004-2009 – Administrador-delegado da Tejo Ambiente, SA

Parece que o nosso PM foi durante quase 20 anos uma pessoa com sérios problemas de relação com a realidade envolvente, em geral, e com o dinheiro, em particular.

Primeiro, foi aquela caso de amnésia em relação ao que recebeu ou não da ongue.

Agora é a vez de dizer que não sabia das suas obrigações para com a Segurança Social. O que faz com que se perceba melhor a sua relação com o Estado Social. Afinal, ele raramente sentiu necessidade de contribuir para ele.

Passos Coelho: «Nunca tive consciência dessa obrigação»

Com este tipo de desempenho teria dado um bom CEO para a PT.

Mas, por outro lado, o que se teria dito disto há coisa de uma década, em tempos de Santana?

Só para vermos o que percorremos em direcção a um abismo cada vez maior… afinal, ele até seria um modelo de virtudes se o compararmos com os sucessores.

O Tribunal de Contas (TC) decidiu não homologar as contas do município de Murça referentes aos anos de 2008, 2009 e 2010, quando o presidente da Câmara era João Teixeira (PS), hoje condecorado.

Não chegavam os diasloureiros?

E quando se digna criticar a Grécia, apetece logo, claro que apetece, ir buscar a prosa do João Quadros:

Quanto ao nosso Presidente, eu podia usar a desculpa de que ele já não está em condições, mas não quero enganar ninguém. Ele sempre foi assim. É uma pessoa horrível, mas somos nós que temos de viver com ele desde pequeninos, Querida Grécia.

Veja que, por exemplo, quando o nosso Presidente da República diz: “Muitos milhões de euros estão a ser tirados dos bolsos dos portugueses para a Grécia”, e diz com os dentes todos para percebermos melhor a brutalidade da quantia – “miiiil e cem miiiil milhões” -, é óbvio que é muito ofensivo para vocês. Mas acredite, Querida Grécia, é muito mais ofensivo para nós. Imagine o nosso sofrimento, que ouvimos isto, e tivemos de nos juntar para pagar umas seis vezes mais, com o banco feito por ex-colegas do nosso Presidente. E, Querida Grécia, nunca o vimos vir a público dizer – “saíram seis miiiiiil miiiiiilhões de euros do bolso dos portugueses para o BPN”. Ou: “Ganhei umas centenas de miiiiiiiiilhares de euros no BPN que acabaram por sair do bolso dos portugueses”.

… continua uma treta, com coisas mais velhas que o matusalém primeiro ou com pseudo-novidades que não interessam nem ao bebé jesus em cueiros.

Há excepções, claro que as há, mas são verdes.

E há sempre aqueles meios créditos promovidos pelas editoras.

E continua a não interessar ou contar seja para o que for a “produção científica” ou directamente relacionada com a actividade profissional.

E depois quem que levemos as coisas das ADD a sério?

 

Continuemos com a maravilhosa entrevista de Hélder de Sousa a Marlene Carriço do Observador e apreciemos este espantoso naco de sabedoria, resultante de 25 anos de reflexão:

Com os anos de reflexão que tenho tido nestas funções e nesta vida de quase 25 anos ligado à avaliação leva-me a dizer que é preciso mudarmos o paradigma da forma como olhamos para a avaliação. A vantagem da avaliação não é a de apontar o dedo nem criticar as pessoas. Se há elemento que nos une enquanto seres humanos é a capacidade de errar. Não conheço nenhum ser humano que não erre. Portanto se nós aprendermos com o erro, dissermos porque é que errei e o que é que vou fazer a seguir para não errar a sociedade tem condições para melhorar, e isso do ponto de vista da educação é talvez a mudança que precisamos de fazer.

Vamos deixar de lado a vacuidade do “é preciso mudarmos de paradigma”, porque não há quem para se armar aos cucos, não diga isso sobre tudo e nada, querendo dizer nada sobre tudo.

Concentremo-nos naquela parte do “a vantagem da avaliação não é a de apontar o dedo nem criticar as pessoas”.

A sério?

A sério?

Então o que fez o senhor excelentíssimo doutro ministro com as bocas sobre os 20 erros, acolitado por uma turba desgovernada de sabichões de sofá como o novo guru do DN e a conivência do próprio senhor Iavé?

Não foi, mais do que apontar o dedo, generalizar as críticas aos “professores”, assim todos por igual?

Ou o argumento só serve para o alunos e os professores, ou candidatos a, nem se podem considerar “pessoas”?

e já agora, não me querendo meter no trabalho da jornalista, como é que Hélder de Sousa se escapa de uma entrevista tão longa sem concretizar absolutamente nada sobre provas deste tipo lá fora?

Nem indicou um caso específico de um país em que a prova seja feita, o momento em que é feita, o tipo de avaliação que implica a exclusão de um candidato a professor, o número de examinados, a taxa de “retenções”, os efeitos sobre a “qualidade” dos professores, etc, etc.

Foi uma entrevista “política”, cheia de ideias gerais, umas interessantes (aquelas em que vira o bico ao prego que tem espetado), outras nem tanto, umas vezes diferentes, outras vezes iguais, com perguntas raramente exigentes, quase sempre menos.

E assim se (sobre)vive.

Como se fosse num episódio vagal.

Vagamente.

Exp31Jan15

Expresso, 31 de Janeiro de 2015

Embirro com o homem, que querem, é uma coisa que não dá para evitar. Tinha decidido ignorar os seus escritos presunçosos (pois nem vale a pena tentar explicar-lhe as coisas mais simples, em especial se formos mexilhão, zecos sem nome), mas o seu mais recente texto é de uma confrangedora ignorância em termos políticos e históricos.

O homem só deve ter livros de história do século XX para enfeitar as estantes e reduz a “experiências de sentido distinto” realidades históricas como a Frente Popular (em que os comunistas viabilizaram o governo de Léon Blum) e a Guerra Civil de Espanha, em que a posição do governo francês esteve muito longe de ser clara.

É demasiado mau para se armar em “reserva” da República.

Há agora um novo crime no código penal doutrinário desta gente: um homem de esquerda não pode advogar a vantagem de um entendimento político de fundo com formações de centro-direita. Não ocorre a estes novos puristas lembrar o que foi grande parte da história do século XX europeu, e tampouco o que foi o percurso político da democracia portuguesa nos últimos quarenta anos. Na Europa, desde a célebre cisão do Congresso de Tours, ocorrida no já longínquo ano de 1920, foram raras as ocasiões em que a esquerda democrática e liberal esteve mais próxima da extrema-esquerda do que de uma certa direita liberal e republicana. Não valerá a pena recordar o essencial do percurso histórico do movimento social-democrata alemão, sem sombra de dúvida o mais poderoso movimento político de toda a esquerda democrática europeia. É verdade que pelo meio se verificaram, aqui ou ali, experiências de sentido distinto, condenadas quase sempre a um curto período de sobrevivência.

Por outro lado, a referência a Savonarola é completamente apalermada, pois ele acabou morto, após tortura, pelos poderes políticos e económicos da Europa estabelecida de então, a que se acoitava nos mantos de um papado debochado e corrupto.

Assis sentiu-se empurrado para a “periferia política” do PS

A minha preocupação é ele ter saído da periferia e ter-se encavalitado no meio como se tivesse algo para dizer de diferente ou especialmente interessante.

Se Seguro era o que era, chato e tal, Assis é o chato que tenta estar sempre por cima, mudando de cor q.b. para se adaptar. Desta vez, correu menos bem.

Não temos pena.

O de António Costa.

Alguns são especialistas apenas em produzir vocalizações.

Porque é uma daquelas obras em que se lê muito “eu isto” e “eu aquilo”, em que nunca se chega a dizer aquilo que se ameaça ir dizer e em que, como em alguns filmes, é melhor o trailer, porque condensa a matéria mais picante, do que a longa metragem.

Esperava mais, em especial mais do que aquilo que já sabemos todos pelos jornais.

Dá mesmo a sensação que em alguns casos ele soube primeiro pelos jornais de muitas das tropelias de que foi vítima.

Terá razão em muita coisa, mas teria ganho imenso em escrever de modo menos gongórico e, muito em especial, em não ter aceite a prateleira oferecida, quase sempre, aos ex-governantes que saem de cena em litígio com alguém, a ver se ficam calados.

Neste caso, não ficou calado, mas é quase como se tivesse ficado.

As 400 páginas folheiam-se enquanto se toma um café e se come um bolo, desde que não muito grande.

FNE não concorda com prova de professores, mas diz que “é inevitável”

E depois há esta forma de apresentar como “conquista” o que já tinha sido afirmado.

A FNE assegurou, após reunião com o Governo, que a contratação de professores não vai passar para a responsabilidade das autarquias, no âmbito do projeto-piloto que está a ser negociado com alguns municípios sobre transferência de competências para as autarquias, ao abrigo do programa “Aproximar Educação”.

Com sindicatos destes, não são necessários patrões.

Phosga-se!

Será que a FNE ainda tem 10.000 (5.000?) associados pagantes?

Isto anda pior do que eu pensava… está a ser assim tão difícil achar mais um salvador da Pátria?

É para isto que temos um PR?

Cavaco preocupado com níveis de procriação de cavalos lusitanos

Entre isto e o Duarte Nuno, venha o belzebu, escolha os dois e leve-os com ele para os confins.

 

Lá mais para o fim do dia, faço o guião dos saltos sobre a realidade.

Partido de Marinho e Pinto já tem declaração de princípios

Exp6Set14b

Expresso, 6 de Setembro de 2014

… e várias outras disciplinas de um currículo rico para todos aqueles que têm a esperança de progredir na vida com o vazio de ideias e a falta de imaginação do actual líder da JSD, digno representante das escolas jotistas que até primeiros-ministros deram a este pobre país.

Embora, em nome da justiça e rigor, este Hugo Soares seja do mais fraquinho que se pode arranjar…

Universidade de Verão. “É uma escola para a vida”, diz líder da JSD

… que pretenda ser de não-ficção sobre um qualquer tema acerca do qual se pretende esclarecer em vez de fazer propaganda é verificar se a bibliografia apresentada contém, entre as referências a outros estudos, pelo menos 10-20% de títulos que possam servir de contraditório para as teses expostas.

Quando na bibliografia apenas se encontram obras e autores com os quais se concordava à partida e cujas teses se defendem, ou mesmo de mentores pessoais, já se sabe que estamos perante uma fraude. Uma treta que enuncia as teses adversas como coisas do género “há quem diga que…” ou “é costume dizerem que…”, mas fugindo sempre a contraditar no concreto e truncando a informação fornecida ou adulterando mesmo os dados apresentados como “objectivos”.

Hoje, enquanto fazia uma criteriosa selecção de aquisições em agradável promoção numa Bertrand, tive o prazer de encontrar uma das mais recentes dessas tretas que não vou nomear, pois decidi fazer o mesmo que um trio da vida airada estende por mais de 200 páginas com um tipo de letra arejado, margens muito amplas e parágrafos curtos, parecidos com os de um guião para actores esclerosados de 3ª linha…

E ainda têm a distinta lata de falar em “isenção” quando não passam de moços de recados.

… em que temos como majority leader no Parlamento um qualquer montenegro que perora com grande largueza mediática sobre tudo aquilo que não entende e que apresenta como currículo para tal função exactamente os passos que são necessários, nos dias que correm, para ocupar uma função que outrora já foi de grande dignidade e gente com substância.

Agora, já qualquer um serve e chega, desde que graças à sua vacuidade seja um valor seguro para servir de câmara de ressonância e assegurar o eco.

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