Na prática é a aprovação do Estatuto do Aluno, que remenda e enxerta a não muito antiga Lei 30/2002, à qual eu não achava assim tantos defeitos quanto isso (já sei, sou um apaniguado do ministro David Justino, não é preciso virem já com essa).

Chamo especial atenção ao facto de esta lei implicar alterações ao Regulamento Interno de muitas escolas, sendo que no artigo 53º desta nova lei se determina que os RI devem estar de acordo com o 115/98 que se diz ter um prazo de vida de semanas. Para a DGRHE até parece que já não existe, aliás.

Como de costume, o acontecimento é apresentado com prosa de propaganda em que as palavras valem qualquer coisa, mas normalmente o oposto do seu significado corrente.

As alterações agora introduzidas são orientadas pelos seguintes princípios:

* Reforço da autoridade dos professores e da autonomia das escolas;
* Maior responsabilização e envolvimento dos pais e encarregados de educação no controlo da assiduidade dos seus educandos;
* Simplificação e agilização de procedimentos;
* Distinção clara e precisa entre medidas correctivas, de cariz dissuasor, preventivo e pedagógico, e medidas disciplinares sancionatórias.

Na modesta opinião de quem tratou como instrutor de variados processos disciplinares com a legislação benaventista e alguns já com a justiniana, esta lei apenas acrescenta alguma complacência com a falta de assiduidade.

Repare-se como no artigo 21º caiu subitamente a necessidade de contactar os pais quando os alunos atingiam metade do limite legal de faltas injustificadas (o que estava em vigor) ou um terço dessas faltas (proposta discutida anteriormente), para surgir a necessidade de fazer o contacto apenas com 2/3 das faltas já dadas. Com o tempo que demora o contacto a estabelecer-se e ser correspondido na maioria dos casos, o destino mais certo desse contacto – nos casos de repetida falta de assiduidade – é a completa inutilidade.

Mas o Presidente da República promulgou, está promulgado.

Afinal os avisos quanto ao facilitismo não se concretizaram em actos palpáveis.

É pena, pois perdeu-se uma grande hipótese de demonstrar coerência.