Da edição em papel do Expresso (p. 10):
MP conclui que Sócrates foi prejudicado
O então tão ministro ainda teve aulas de 15 minutos. Os colegas, sem qualquer esforço, ganharam um 13 de borla.
(…)
O documento, a que o Expresso teve acesso, revela o caos organizatico e pedagógico da UnI de que beneficiaram todos os alunos. Sócrates foi apenas mais um, Se conclusão diferente se pode retirar sobre o processo de licenciatura do então ministro do Ambiente, diz o MP, é que até foi prejudicado, pois teve de frequentar as aulas de Inglês Técnico e fazer um trabalho final, ao contrário dos seus colegas Carlos pereira e Maria Carmen Antunes. Estes, segundo o MP, goram “brindados com a nota de 13 valores sem que tivesse obtido aproveitamento em disciplina que lhes permitisse a atribuição de equivalências”.
(…)
Para exemplificar a desorganização da UnI, foi solicitado a António Lousão, chefe da secretaria entre 1995 e 1997, que “explicasse que consulta efectuaria”ao sistema informático “caso necessitasse de emitir o certificado de habilitações do alunos José Sócrates”. Eis o que aconteceu: “A testemunha visualizou no ecrã a informação de que este aluno ainda não tinha terminado o curso” e “verificou que do programa apenas constam quatro cadeiras com aproveitamento”.
Eu realçaria a forma como a peça tem o cuidado de citar directamente o documento do MP quando aflora assuntos verdadeiramente delirantes da vida académica da UnI, um pouco como o Público há alguns dias dava notícia do arquivamento das investigações do MP sobre uma eventual falsificação de documentos no processo da licenciatura em causa, deixando de passagem a referência a um…
…documento que tinha um código postal e um indicativo telefónico da instituição que só foram criados depois de 1998, embora o documento estivesse datado de Agosto de 1996.
E assim vamos cantando e rindo, alegremente, quais ratinhos voluntariamente cegos para que não lhes sejam mesmo arrancados os olhos s sangue-frio e com cobertura legal.
Agosto 5, 2007 at 12:17 am
Pobre José Sócrates! Realmente, há tanta injustiça que até revolta!
Agosto 6, 2007 at 9:57 pm
É assim:
O aborto era crime mas não era crime.
As aulas que os professores dão além do horário são aulas mas não são aulas.
O processo de Margarida Moreira a Fernando Charrua foi um abuso de poder mas não foi um abuso de poder.
A situação da Independente não era irregular mas era irregular.
É tudo muito simples: estamos em Portugal.
Espero ter conseguido explicar tudo muito bem e que mais ninguém tenha dúvidas.
Agosto 7, 2007 at 12:38 am
Só agora entendi a raiz do problema da Sra Ministra face aos professores. Os malandros obrigaram o chefe a assistir a 15 minutos de aula?!
Bem podiam ter-lhe dado o 13 e dispensá-lo! Havia sucesso para as estatísticas e não se geravam traumas.
Agosto 10, 2007 at 7:13 pm
José Luiz Sarmento
Brilhante enunciado do princípio do terceiro incluido, uma inovação teórica que o novo Sócrates achou necessária para a já velha e gasta filosofia aristotélica.