Quatro páginas do Público de hoje a demonstrar, com diversos testemunhos, o quão desajustado é o actual Estatuto do Aluno para prevenir de forma efectiva a indisciplina e violência nas escolas, aquele que foi feito a pensar em qualquer coisa menos no Portugal que temos.
A reter:
“não deu entrada (…) qualquer proposta de director de escola ou agrupamento com vista à elaboração de autos de notícia e instrução dos respectivos processos de contra-ordenação para aplicação de coimas.”
Para isto não existe uma única razão, mas a combinação de várias:
- A primeira delas é o completo desconhecimento que os legisladores têm da vida quotidiana nas escolas em temos de forte crise social e económica (em boa verdade o completo desconhecimento da vida quotidiana das escolas, ponto).
- A morosidade do processo que leva a tal medida, pois existe uma gradação em que a aplicação de coimas não é a primeira medida e todo o procedimento é complicado, implicando procedimentos que extravasam as escolas.
- A prudência que em alguns contextos existe por parte de directores de turma e de escola/agrupamento na aplicação de tal medida por duas razões diversas: receio das consequências para a vida das famílias que já vivem abaixo do limiar da sobrevivência em diversas situações e medo físico e psicológico da intimidação que podem sofrer os responsáveis pelo encaminhamento de tal medida.
Fevereiro 13, 2013 at 5:51 pm
Concordo em absoluto com todas as apresentadas.Acrescentaria, no entanto, mais uma razão para essa não aplicação das coimas.
A falta de conhecimento em direito da maioria dos diretores.
Há já situações de pais que se dirigem às escolas acompanhados de advogados.
Fevereiro 13, 2013 at 6:27 pm
Vigilância, o que é preciso é vigilância! http://lishbuna.blogspot.pt/2013/02/blog-post_8736.html
Fevereiro 13, 2013 at 6:41 pm
Os burocras do MEC nunca deram aulas nem trabalharam em ambiente escolar!…
Vêem a escola pela janela confortável dos seus gabinetes da 5 de Outubro!…
Que Deus lhes perdoe, que eles não sabem mais!…
Fevereiro 13, 2013 at 6:47 pm
Concordo!
Colocam os professores a denuncias famílias.
Colocam os consumidores a policiar comerciantes sob ameaça de multas.
Mas não revelam nem policiam (antes encobrem!) o que é seu dever controlar:
“IGF deixou de tornar públicos os relatórios das inspecções às autarquias”
Fevereiro 13, 2013 at 6:50 pm
Um trabalho jornalístico muito bom do Público. À atenção de Nuno Crato. Esperemos…
Fevereiro 13, 2013 at 6:54 pm
O estatuto é desajustado? O que é certo é que não se têm visto protestos significativos dos professores relativamente à questão da disciplina (ou falta dela) nas escolas desde que Nuno Crato tomou posse….até mesmo aqui, no Umbigo, não se tem falado muito nisso. Quando o número de alunos por turma passou para 30 agitaram-se espantalhos, dizendo que isso provocaria maior indisciplina nas aulas, mas até á data isso não parece ter acontecido….pelo menos se usarmos a máxima “em educação só acontece o que vem nos posts do Umbigo”!
Fevereiro 13, 2013 at 7:08 pm
bom exemplo o de Carcavelos…
Fevereiro 13, 2013 at 7:08 pm
olha concordo com o Pedro..vá lá…
Fevereiro 13, 2013 at 7:29 pm
Há uma estranha compulsão, mistura de burocracia com logomaquia, que se apoderou da nossa sociedade e dos governantes, e que tem nesta questão da (in)disciplina escolar particular acuidade.
Essa compulsão conduz à crença de que se se legislar sobre um dado fenómeno, como a disciplina, se se elaborare relatórios e actas sobre ele, ele parece “resolvido”, como que se esfumando e perdendo relevo por detrás dessa formação discursiva, perdendo a sua gravidade e importância objectiva.
“Disse-se, está resolvido!”.
Reconhece-se aí, no fundo, uma forma subtil e perversa de desresponsabilização, em que o “ethos” se curva perante, ou sob, o “logos”.
Outra manifestação, também ela recorrente, mas de ordem mais subjectiva e sibilina, deste mecanismo detectamo-la no discurso de um sujeito que, quando declara que “tem a consciência tranquila” sobre uma dada situação pouco clara em que está envolvido ou afirma que “sabe que cometeu um erro ao ter participado em tal situação, mas não se sente o responsável” (como acontece com o Franquelim do BPN), se está, afinal, a auto-desculpar, a tornar-se inimputável perante os seus próprios olhos – e a pensar que esse julgamento basta e encerra a questão.
Fevereiro 13, 2013 at 7:36 pm
#6,
A sua desatenção pedes meças a qualquer aluno com DDA.
Fevereiro 13, 2013 at 7:36 pm
#6
Pior do que isso: as avaliações externas nada revelam sobre problemas de indisciplina. A realidade é uma construção da fantasia.
Fevereiro 13, 2013 at 7:39 pm
Falta acrescentar que aquele processo que referi é também subsidiário do “pensamento mágico”, que crê que a realidade se transforma com a simples expressão dos nosso pensamentos e vontades – e que tem uma curiosa manifestação na “diarreia legislativa” que incessantemente nos assoberba.
Fevereiro 13, 2013 at 7:46 pm
O Camarinha está sob a notória influência dessa “crença legislativa”: legislou-se sobre a indisciplina, o problema está, senão resolvido, em vias de resolução.
E se não se fala ou se reportam mais casos de indisciplina, é porque ela não existe ou é irrelevante.
Ah grande Zézé!
Fevereiro 13, 2013 at 7:48 pm
Conheço um simpático que se consola em distribuir suspensões aos alunos por dá cá aquela palha, sem plano de atividades nem denúncia à CPCJ e sem averbamento no processo dos alunos. Parece que o “pai” quer por ordem na “casa” e na “família”, custe o que custar. Quem não gostar, pode ir embora, sem averbamentos no processo, diz ele. Caridade cristâ, pois!
Fevereiro 13, 2013 at 7:49 pm
# 6
1 – Indisciplina/desinteresse/falta de empenho/desvalorização do saber, da cultura, por parte dos alunos, dos pais e da sociedade em geral – eis os maiores entraves ao sucesso educativo no nosso país, e estão interligados. Radicam, possivelmente, no atraso estrutural de Portugal…
2 – Este tema tem sido alvo de algumas abordagens aqui no Umbigo, nas quais tenho participado;se não são suficientes, não me parece que exista alguma relação com o facto do ministro ser quem é; é um assunto tabu para muita gente, sempre foi! É politicamente incorreto chamar a atenção para o maior problema com que nos defrontamos no quotidiano das escolas, o ónus recai sobre os professores, não sabem lidar com os meninos, etc, etc; Os sindicatos são os primeiros a enfiar a cabeça na areia relativamente a esta questão, talvez porque não vivenciam essa realidade, não sofrem na pele o que os professores no terreno sofrem.
3 – O estatuto é desajustado, claro. mais uma vez, os zecos é que arcam com a responsabilidade. Creio, porém, que o maior problema tem a ver com a manifesta dificuldade em conciliar escolaridade obrigatória e medidas sérias de combate à indisciplina. Agora com a escolaridade até aos 18 anos – Uau, estamos tão à frente!!! – meu Deus, seria necessária uma autêntica revolução no sistema. E não há vontade, não há dinheiro… Enfim, cá vamos aguentando, como diz o outro.
As turmas de 30 alunos são um PESADELO!!!
Fevereiro 13, 2013 at 8:11 pm
bom texto;
se todas as semanas descobrimos fome e depressões nos alunos ….
as multas seriam cobrir a Escola de ridículo, para ridículo bastam os políticos que temos.
Fevereiro 13, 2013 at 8:14 pm
#15 «As turmas de 30 alunos são um PESADELO!!!»
A questão é esta:
Desde que Nuno Crato tomou posse, a situação disciplinar nas escolas públicas portuguesas piorou, melhorou ou ficou sensivelmente na mesma?
E repito o que disse atrás….no Umbigo anda-se desde há uns tempos a branquear a situação de indisciplina nas escolas….em nome da defesa da “Escola Pública”.
Fevereiro 13, 2013 at 8:29 pm
Este governo tem a síndrome das Multas… aliás deve pensar que tudo se resolve com multas!!!!
É multas aos alunos…aos pais…qualquer dia aos professores… (não contando com o que já roubam todos os meses nos salários… não lhes chamam multas…chamam-lhes taxas adicionais…)… é multas aos consumidores que não pedem fatura…é multa ao comerciante que não passar fatura…
Mas se um paizinho for reclamar lá para os ministérios…viram as baterias para as escolas como se fossem G3….
Bahhh… Se não fosse o bom senso das escolas…e isto estava tudo um autêntico caos!!!
Fevereiro 13, 2013 at 8:30 pm
# 17 Compreendo muito bem as ilações que pretende retirar, mas sublinho isto, que é tão óbvio que até chateia: encha uma escola privada com alunos oriundos de bairros sociais, de famílias desestruturadas e sem qualquer interesse em estudar, e depois venha falar em qualidade, blá blá, blá, direito de escolha e por aí fora!
Fevereiro 13, 2013 at 8:39 pm
#17
Aqui não se branqueia nada! Mostra-se, sim, a negra realidade.
Que é esta: a Escola Pública é, cada vez mais – em nome da inclusão e da extensão da obrigatoriedade do ensino -, receptáculo de todos os problemas que assolam a sociedade e que a crise torna ainda mais agudos.
Já as escolas privadas não têm esse problema: selecionam e excluem os casos problemáticos.
A indisciplina, porém, é uma questão que diz respeito a toda a sociedade e não apenas à escola. De resto, ela começa fora da escola, antes da escola, e não acaba na escola.
Enquanto ela não for percebida e atacada como um problema estruturante para a sociedade, acontece-lhe o mesmo que o lixo que é varrido para debaixo do tapete: não o querendo ver, fingimos que não saber que ele está lá…
Fevereiro 13, 2013 at 8:43 pm
fingimos não saber
Fevereiro 13, 2013 at 8:59 pm
#0
#1
Concordo!
#15
#19
Muito bem, sombra do vento!
#18
Nem mais! Uma fixação patética! O fisco consntante como subdtituto da governação, criar pequenois pides em cada esquina! Oe os OCS a propagar esse medo das multas e tal… “desvinculação total”, como diz o Paulo G.
#20
Nem mais….
Fevereiro 13, 2013 at 9:04 pm
Estavam ainda agora a anunciar no telejornal da SIC que no fim vão dar uma reportagem sobre as reguadas na escola de antigamente….estou a aguardar para ver o que vão dizer!
Fevereiro 13, 2013 at 9:15 pm
Ora aí está a reportagem da SIC…estão a falar nos traumas repressivos com que ficaram os alunos que estudaram antes do 25 Abril! Reguadas e coisas assim….agora estão a falar com os alunos “libertados” da actualidade.
Fevereiro 13, 2013 at 9:19 pm
#17,
Isso é mentira.
Ainda há dias:
Logo que o estatuto foi apresentado:
E muitas outras referências em 2012.
Portanto…. vocelência é apenas mentiroso.-
Fevereiro 13, 2013 at 9:21 pm
O problema é que o “zézé” deve andar com falta de “gata”…
Daqui a pouco vais parar ao spam e acabam-se as provocações de tipo pessoal.
Fevereiro 13, 2013 at 9:23 pm
Gostei muito de ouvir os alunos nessa reportagem grelhada..por onde andam alunos como estes???
Fevereiro 13, 2013 at 9:28 pm
#26
Não é uma questão de provocações pessoais….parece-me simplesmente que o Umbigo tem andado a fraquejar em matéria de denuncia do clima de indisciplina que se vive nas escolas públicas. Já houve tempos em que a questão foi aqui abordada com mais vigor, parece-me a mim!
Fevereiro 13, 2013 at 9:31 pm
#28,
Parece-lhe mal, que aqui aparece apenas a desoras com nicks variáveis, navegação anónima e ofensas diversas, para além de palavreados variados para disfarçar a identidade.
Por exemplo, antes de chegar à imprensa, chegou ao Arlindo e aqui em primeiro lugar:
Repito… intervenções baseadas em mentiras objectivas e com intuitos que vão para além de qualquer debate, com longo historial de provocações… vá fazê-las a outro lado.
Fevereiro 13, 2013 at 9:31 pm
Há diferenças muito significativas entre o ensino do “antigamente” e o dos tempos actuais – de que as “reguadas” são apenas um símbolo.
Sumariamente, o valor social do saber, o lugar societal da escola, a autoridade e o estatuto do professor, a natureza e função da disciplina.
Fevereiro 13, 2013 at 10:04 pm
#27
não fui eu que anunciei a reportagem. Mas tens razão, aqueles alunos, pelo menos no que disseram e na maturidade que demonstraram, foram “cinco estrelas”!
Fevereiro 13, 2013 at 10:05 pm
#26
Esse zezé apareceu mesmo só para provocar e para mentir.
Antes o “daly melga”! 😛
Fevereiro 13, 2013 at 10:06 pm
digo, “daily melga”
Fevereiro 13, 2013 at 10:08 pm
#29
Exacto!
Essa carta aberta apareceu aqui e noutros blogues muito antes de ser publicada na imprensa!
Fevereiro 13, 2013 at 10:17 pm
O homem anda às arrecuas.
Primeiro era “branquear” (#17), agora já é “fraquejar” (#28).
No final queixa-se apenas da falta de “vigor”.