Hélder Sousa, director do GAVE deu uma entrevista ao Expresso onde afirma coisas perfeitamente correctas (que só faz sentido estabelecer comparações ao longo do tempo quando as amostras são significativas), mas outras absolutamente incompreensíveis, porque completamente contraditórias. Atente-se nesta parte:

Muitos interlocutores consideram que as provas estão bem feitas se os resultados forem semelhantes de um ano para o outro, Este raciocínio assenta numa premissa errada – a de que não há evolução do conhecimento. Mas também é verdade que entre 2007 e 2009, em alguns casos, houve uma inflação descontrolada dos resultados. O mais mediático foi o da Matemática A, em 2008, que deu um salto de quase quatro valores.

Houve interferência política?

Teoricamente sim. Ninguém acredita que os alunos melhoram assim tanto. Mas eu nunca senti interferência, com o Governo anterior ou com este. Se aligeirarmos a exigência, porque isso pode ser interessante para as estatísticas e para resolver o problema do insucesso, vamos ter críticas do ensino e dos empregadores dizendo que os alunos chegam sem preparação superior. (…)

Diz que nunca sentiu interferência do Ministério. Mas houve orientações este ano para eliminar perguntas muito fáceis.

Face a este período recente de inflação das notas houve necessidade de fazer ajustamentos em alguns casos. A sociedade percebe que temos de ser exigentes. Mas não foram bruscos.

Só serei eu a achar que ou há aqui candura em excesso ou apenas uma enorme desorientação em declarações que se desmentem a si mesmas? Acoli admite-se-se que existiu o que se desmente aqui, enquanto lá se diz que aconteceu o que acolá se diz não se ter sentido?