… as declarações do director do “autónomo” IAVE. Porque é mais um daqueles que atira a bomba para o ar e espera que rebente longe dele, que – como tantos outros – é daqueles que ocupa cargos de grande responsabilidade mas nunca se sente(m) responsáveis por nada.
Não é apenas o conteúdo, mas a própria forma como se expressa, sendo apenas mais uma fazer comparações estapafúrdias (para não dizer pior) entre a Educação e a Saúde, faltando saber a partir de que percentagem de desempenho do organismo alguém morre.
Isto é parvo.
Quanto ao resto ainda há dois anos declarava a impossibilidade de fazer verdadeiras comparações sobre o desempenho dos alunos, mas agora já está em condições para as fazer.
Deve ser da “autonomia”.
Expresso, 12 de Abril de 2014
Abril 12, 2014 at 12:48 pm
Para mim tem evoluído e muito… para baixo…
Mas o sucesso estatístico não pára…
Na escola onde actualmente lecciono, para fomentar o sucesso, é obrigatório justificar por escrito o insucesso a partir de 30% inclusivé.
E dá excelentes pautas. O pior é quando vêm os resultados dos exames nacionais e a escola está no fim da tabela. Pode virar-se de pernas para o ar… para ficar no topo…
O Artigo 42.º, com a sua retorcida formulação, é letra morta nas escolas onde se fomenta a estatística de sucesso…
Artigo 42.º
Autoridade do professor
3 — Consideram -se suficientemente fundamentadas, para
todos os efeitos legais, as propostas ou as decisões dos professores relativas à avaliação dos alunos quando oralmente
apresentadas e justificadas perante o conselho de turma e
sumariamente registadas na ata, as quais se consideram
ratificadas pelo referido conselho com a respetiva aprova-
ção, exceto se o contrário daquela expressamente constar.
Abril 12, 2014 at 12:57 pm
Estes directores têm de dizer qualquer coisa de tempos a tempos, e não podem afrontar o poder que está. Mais importante do que não entrar em contradição é passar por entre os pingos de chuva. Que digam disparates não interessa nada, que com a educação, ao contrário do que acontece com a saúde, pode-se brincar.
Assim como o pasquim do regime tem de fingir que debate com seriedade e profundidade estes assuntos, de preferência depois de as decisões que interessam estarem já tomadas.
Abril 12, 2014 at 1:11 pm
Eu conheço quem tenha tido que justificar apenas 84% de sucesso!! Não estou a brincar.
Abril 12, 2014 at 1:15 pm
#3,
Sei de escolas que pedem justificação acima dos 10 ou 20% de insucesso interno.
Abril 12, 2014 at 2:15 pm
A esta gente falta, entre outras, duas ou três coisas importantes, em minha opinião: capacidade de autocrítica e alguma dose de vergonha e/ou seriedade intelectual…
Abril 12, 2014 at 2:18 pm
# 3 e 4
Assim sendo, eu que me considerava um infeliz, sou afinal um sortudo.
Eu tive de justificar duas turmas onde tive 31%. Foi mesmo pontaria, sendo o limite 30%.
Numa turma de 10.º ano duas meninas só pensam na sua banda de música gótica, um desistiu porque vai mudar para o curso de pasteleiro e outro desapareceu com vergonha por ter sido apanhado com cábulas por uma professora. Havia mais 4 alunos entre o baldas e o mentecapto.
Eu é que tive de justificar os 31% de insucesso. Brutal insucesso.
Eu é que sou o preto.
Por acaso, na reunião projectam um quadro em que quem atinge 30% tem de justificar, aparecendo a sua disciplina a preto…
A Parque Escolar podia ter encomendado uns pelourinhos a uma qualquer Joana ou Joanico por uns milhões de euros.
Abril 12, 2014 at 2:25 pm
O Sr. compara Saúde com Educação?
“Performance”?
Simplesmente vergonhoso.
Não tem nada que dizer estejam calados.
Abril 12, 2014 at 2:25 pm
Corrigindo:
Se não têm nada que dizer estejam calados.
Abril 12, 2014 at 2:35 pm
Na secundária do pinhal novo. Têm que justificar negativa a negativa!!!
Abril 12, 2014 at 3:40 pm
Justificar as negativas?
Claro, queriam o quê?! Com a vossa “cultura da retenção”, se calhar ainda queriam que vos deixassem à rédea solta, para dar as negativas que vos apetecessem?…
Mas ainda não compreenderam que um aluno é para ter sempre positiva, e que sempre que isso não acontece é porque o professor não soube encontrar e desenvolver o seu potencial? Precisam de um desenho ou quê?!
Abril 12, 2014 at 3:58 pm
E não há nada como uma boa explicação sociológica!
O senhor director observa argutamente que a hipervalorização dos exames (fenómeno que, sublinhe-se, vai completamente ao arrepio das orientações transmitidas por NC) se ficará a dever à circunstância de os pais dos alunos não terem feito exames ou provas e que o stress que sofrem agora com esta terrível novidade passa para os filhos…
Como é que um pobre director do IAVE pode lidar essa multidão de pais histéricos com os exames?!
Não admira que o tadito do senhor, por andar com a saúde tão perturbada, compare o desempenho dos alunos com a dos profissionais de saúde – comparação cuja pertinência, mereceu, aliás, destaque na peça jornalística. (O jornalista decerto foi um bom aluno e com sorte de não ter uns pais histéricos…).
Abril 12, 2014 at 4:44 pm
Há no mercado novos sabores de sabonete para lamber. Não era preciso entreterem-se a dar uma entrevista.
Abril 12, 2014 at 6:24 pm
Este está ao nível do Durão Barroso no seu infeliz discurso, hoje, no “Liceu” Camões. Não há pachorra para estes… sinhores.
Abril 12, 2014 at 6:36 pm
Não sei o que um homenzinho do Iavé fuma,mas deve ser da boa.
Abril 12, 2014 at 8:47 pm
É evidente que não tem evoluído. Não percebo onde está a gravidade de se dizer a verdade. Não só não tem evoluído, como vai andar para trás. Os professores não devem ver desde logo nesta situação um ataque à classe. Há muitos fatores. Mas a verdade é que o desengano e a desmoralização que reinam na classe não ajuda a mudar isto. Formação contínua inexistente e envelhecimento não ajudam também. Muitos professores são imunes à mudança: é uma classe muito conservadora. Há exceções, mas a grande parte não quer mudar, inovar. Por aqui me fico.
Abril 12, 2014 at 9:35 pm
# 6
Que quer dizer com isto? “Eu é que sou o preto.”
Abril 12, 2014 at 9:58 pm
# 16
Se não sabe eu explico. Mal ou bem, é uma expressão popular portuguesa que significa o que tem de trabalhar em vez dos outros. Na língua portuguesa, usa-se como sinónimo “o galego”, ou “o mouro”. Em França diz-se “o turco”.
Para o caso de ainda não ter percebido, explico de forma mais simples:
O aluno não trabalha. Tem o professor de trabalhar no lugar dele, ser o escravo….
Por acaso eu sou “preto de Angola”, embora de pele branca. Espero que agora não tenha ficado confusa, porque tenho mais para fazer do que explicar expressões idiomáticas…
Abril 12, 2014 at 10:02 pm
#15,
Caro inovador…
Como define a evolução e porque parâmetros a avalia?
A olho ou com moeda ao ar?
Pelo valor médio dos resultados ou de acordo com a observação directa?
A classe docente é conservadora por comparação a que outra classe?
Como define “mudança”?
Qualquer alteração ou apenas para pior ou melhor?
>Eu acho muito inovador uma pessoa frequentar blogues, comentar com nick e tal.
Abril 12, 2014 at 11:29 pm
Este é o assunto da semana, sem dúvida. Direi o mínimo para deixar o máximo de espaço para os outros interessados.
Era o momento certo para o senhor Ramiro Marques se pronunciar. Era sobre estes assuntos fundamentais que muito agradeceríamos a sua opinião. O homem que forma professores há-de ter muito a dizer sobre este caso, certo? Que se lhe ofereceria dizer sobre o excerto de #15, por exemplo?: “Mas a verdade é que o desengano e a desmoralização que reinam na classe não ajuda a mudar isto. Formação contínua inexistente e envelhecimento não ajudam também. Muitos professores são imunes à mudança: é uma classe muito conservadora.”
Muito nos honraria também a intervenção de algum ilustre colega que nos ajudasse a fazer luz sobre ainda um excerto de #15: “Formação contínua inexistente e envelhecimento não ajudam também.” Do citado atrás poder-se-á inferir que o comentador de #16 (sendo professor), ao perguntar a #6 “Que quer dizer com isto? “Eu é que sou o preto.”, e sendo esta expressão sobejamente conhecida, está velh@ ou não tem frequentado a tal formação contínua?
Abril 13, 2014 at 11:32 pm
Cada um de nós tem a sua experiência e as suas opiniões. De há uns anos para cá eu tenho tido a impressão de que as turmas ficam extremadas: um grupo de bons alunos, preocupados em aprender , poucos médios e depois um grupo significativo de alunos a quem podemos atribuir nível 1 nos conhecimentos. Esses alunos são assumidamente desinteressados, insensíveis a qualquer discurso sobre a importância do conhecimento e da educação e os pais, no fundo, também. Na minha turma de 9ºano, no ano passado os alunos tiveram no exame 3 níveis 5. 1 nível 4 uns dois ou três 3 e outros 2 e depois vários níveis 1. Este ano , num 8ºano repete-se o quadro…Às vezes interrogo-me se sou eu quem induz esta situação.
No global, parece-me que aumenta rapidamente o nº de alunos completamente desinteressados pela escola e a preocupação ou esperança em relação ao futuro é-lhes completamente alheia. Enfim, a aprendizagem está a ficar gravemente perturbada, mesmo que em certas disciplinas nunca apareçam níveis negativos, talvez por tradição, nem sei.
Abril 13, 2014 at 11:37 pm
A conversa do envelhecimento da classe docente também já começa a enjoar.A experiência não só do ensinar no sentido estrito como do controlar problemas comportamentais é muito importante. Quando eu era nova, não conseguiria resolver muitas situações como apesar de tudo hoje vou fazendo.
A mania da inovação também, me deixa certas dúvidas. Às vezes pergunto-me se, num certo sentido a escola tem de ser inovadora ou conservadora.
Não somos conservadores do conhecimento que transmitimos? Não é em parte essa a função da escola?
Abril 15, 2014 at 12:39 am
Discordo. O conhecimento dos alunos tem evoluído… no sentido negativo.
Abril 15, 2014 at 7:46 pm
#17 Obrigada pelo trabalho que teve em explicar aquilo que é difícil de entender…