… dos maiores erros estratégicos políticos em Portugal nos primórdios do século XXI, certamente terão um lugar marcado para esta proposta de revisão constitucional do PSD.
Aliou a irrelevância prática (no fundo, apenas pretende abrir caminho para reduzir despesas directas com a Saúde e Educação) à falta de oportunidade em termos de calendário, para não falar das opções substantivas.
Especificar as razões do motivo atendível para o fim do vínculo laboral no texto constitucional – como ouvi que ontem decidiram em Conselho Nacional – é realmente confundirem os diversos planos legislativos.
O que os estrategas do actual PSD parecem ainda não ter assimilado é que, apesar do PSD e PPC estarem em alta nas sondagens, o eleitorado português ainda é maioritariamente de esquerda, mesmo quando foge do PS para o centro-direita. E quando o faz é quando lhe cheira que daí pode vir alguma melhoria para as suas condições de vida (como aconteceu com as maiorias de Cavaco Silva). Se lhe for apresentado um cardápio político assumidamente mais à direita e liberalizador em áreas muito sensíveis (Emprego, Saúde, Educação) o susto é enorme.
Quanto a mim, causou-me enorme surpresa que mudanças em áreas tão sensíveis, não tivessem atingido a área da Justiça, claramente um dos bloqueios mais complicados do funcionamento da nossa democracia. E estranho tanto mais porque me parecia que era por essas matérias que PPC parecia ter ideias mais claras a apresentar para mudança.
Deste modo, a actual proposta de revisão constitucional, que agora vai ser redigida de novo sob a coordenação de um monárquico convicto (o que continuo a achar de uma deliciosa ironia), quando aparecer ainda com maior clareza à luz do dia, será fácil presa dos spin-doctors do PS e, no presente momento, já é o melhor argumento de Sócrates para se apresentar como o campeão do Estado Social em Portugal, colocando atrás de si, no medo pelo bicho-papão da Direita (neo)liberal tanto o PCP como o Bloco.
E quando fizerem a arqueologia da perda de uma possível maioria absoluta pelo PSD (o que para mim é uma vantagem, pois de maioria unicolores estou mais do que farto), será fácil encontrar o turning-point do processo.
Julho 22, 2010 at 8:51 am
Gostei da apreciação do deputado do CDS. Com esta proposta de revisão constitucional, PPC faz um favor a Sócrates, que assim acalma as apreensões do sector de esquerda do PS, e faz um favor ao PSD, que assim finge que não é o principal esteio do governo de Sócrates.
Quanto a papões, julgava que eram coisas da Joana quando não comia a sopa 🙂
Julho 22, 2010 at 8:55 am
#1,
Há dois bichos-papões na nossa política baseada em reacções pavlovianas: o comunismo e o (neo-)liberalismo.
No outro dia ouvi o Marco António do PSD recusar, como se de ofensa se tratasse, a acusação de liberalismo que alguém lhe estava a afazer.
Acho que isto é abaixo de terceiro-mundismo político.
Julho 22, 2010 at 9:07 am
Quanto a mim, causou-me enorme surpresa que mudanças em áreas tão sensíveis, não tivessem atingido a área da Justiça, claramente um dos bloqueios mais complicados do funcionamento da nossa democracia. E estranho tanto mais porque me parecia que era por essas matérias que PPC parecia ter ideias mais claras a apresentar para mudança.
Paulo tens de mudar de óculos andas a ver mal…A quem pertencem as maiores firmas de advogados deste país?Melhor: a que cor politica?
Julho 22, 2010 at 9:27 am
Até logo…
Julho 22, 2010 at 9:28 am
As pessoas alimentam-se com ovos, carne, peixe, pão.
Não entendo a utilizção que, neste momento, irão dar à revisão constitucional.
Julho 22, 2010 at 9:37 am
Isto de querer marcar a agenda política, só para fazer prova de vida, às vezes, dá porcaria.
Julho 22, 2010 at 9:43 am
Quem tem medo do bicho-papão da Direita (neo)liberal. Já muito poucos… O problema está na teia de interesses que o poder cria e sustenta. A crise veio dar cabo do poder para sustentar esta rede. Os primeiros prejudicados são as associações culturais e desportivas (as câmaras em geral não têm dinheiro)e os mais pobres incluindo os novos pobres da crise, pequenos comerciante e empresários falidos.
Muitos dos pequenos actores políticos (à falta de €) filiados ou não no PS mudam de campo.
Quanto à justiça é fácil de ver que agilizando os procedimentos (com grande beneficio para a economia do Pais) atirava ainda mais advogados para o desemprego e diminuíam os clientes dos grandes escritórios.
Os Portugueses cada vez menos vota por questões ideológicas, mas sim na ilusão que o próximo lhe meta mais dinheiro ao bolso.
Julho 22, 2010 at 9:46 am
votam
Julho 22, 2010 at 9:48 am
Bom dia.
A mim parece-me um auto-golo do psd, não percebo porque aparece e o que é que o PSD lucra com isto. Ainda pensei que fosse uma espécie de acordo secreto entre o PS e o PSD, ou seja, o PS teria de se fingir obrigado a aceitar a revisão (que bem no fundo também lhe agrada) para conseguir governar com a ajuda do PSD. Mas parece-me muito rebuscado.
Uma estratégia de honestidade do PSD? O BE ou o CDS podem-se dar a esse luxo, mas para alguém que está tão perto de vir a ser governo não faz sentido. A estratégia foi sempre outra, dizer que conseguem dar mais com menos e quando chegam ao governo ficarem surpreendidos com a situação real do país.
Ou o PSD está à espera que a situação do país piore tanto que daqui a algum tempo esta proposta pareça muito razoável?
Ou é só para aparecer na televisão?
Só faz o PS parecer o bom da fita. Não percebo.
Julho 22, 2010 at 9:52 am
A verdadeira revisão constitucional era obrigar o Presidente da República a dissolver o governo quando não fossem cumpridas as promessas eleitorais.
Julho 22, 2010 at 9:56 am
A razão atendível e as leis laborais portuguesas
Julho 22, 2010 at 10:02 am
(…) Especificar as razões do motivo atendível para o fim do vínculo laboral no texto constitucional – como ouvi que ontem decidiram em Conselho Nacional – é realmente confundirem os diversos planos legislativos. (…)
Quando não se sabe o que se anda a fazer. Agora sabem o que é que querem…
Julho 22, 2010 at 10:14 am
Vejam a intervenção de ontem no telejornal da RTP 2 por Joaquim Aguiar.
Julho 22, 2010 at 10:31 am
Passos Coelhos quer “privatizar” a Educação e a Saúde, pois se o PS ocupou os negócios do Estado em Obras Públicas, ele quer que os seus “amigos” ocupem os negócios que ainda não foram totalmente rapinados. É tão simples quanto isso. A esmagadora maioria dos nossos empresários ou querem negócios com o Estado ou os negócios do Estado. Uma lástima e uma vergonha ao nível europeu.
E isto não tem nada a ver com liberalismo.
A Justiça é mesmo o grande entrave ao nosso desenvolvimento mas como já disseram acima nos comentários, alimenta muita “clientela” das cores políticas dominantes.
Não tenho nada contra a razão atendível, se tivessemos um tecido empresarial a sério. Ou que valorizasse as pessoas de acordo com os seus conhecimentos ou competências. Mas a razão atendível irá ser uma catrefada de alíneas do género “empresas com 30 trabalhadores e prejuízos de 15% podem despedir 5% da sua capacidade laboral” etc.
Não será mais do que permitir ainda mais estimular os negócios de “merceeiro” que pululam por este país. Isto é, enquanto dá lucro, tirar o máximo proveito. Quando dá prejuízo fecha-se sem pensar em alternativas ou em melhorar processos de produção/gestão. Mas também como nunca se contrata alguém que sabe pensar…nada de anormal.
Julho 22, 2010 at 10:49 am
#14
Onde é que diz que funciona de outro modo?
Julho 22, 2010 at 10:58 am
!!!????
MAS A QUESTÃO É ENTRE SOFT E HARD?
GANHEM VERGONHA NA CARA!
PSD procura redacção mais “soft” sobre despedimentos
publicado 10:18 22 Julho ’10
O Conselho Nacional do PSD tomou devida nota do vendaval de críticas sobre a eliminação da “justa causa” para despedimentos. Não deixou cair a ideia, mas vai tentar vendê-la melhor. E insiste também em acabar com a gratuitidade, mesmo “tendencial”, da saúde e da educação para além do ensino básico. Só os poderes presidenciais voltam a ser o que eram.
(…)
http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=PSD-procura-redaccao-mais-soft-sobre-despedimentos.rtp&article=361930&layout=10&visual=3&tm=9
Julho 22, 2010 at 11:00 am
A estratégia do PSD:
Primeiro: “Vou-te violar!”
Segundo (após a “barracada”): “Vou-te violar mas com vaselina!”
!!??
Julho 22, 2010 at 11:16 am
Vejamos á Equipa do senhor dos Passos, em especial no que à Educação diz respeito. Uma notícia com algum tempo …
“Carlos Blanco de Morais, consultor do Presidente da República para os assuntos
constitucionais, será um dos redactores da moção estratégica que Pedro Passos Coelho vai apresentar no próximo congresso do PSD.
O candidato a líder do maior partido da oposição já fechou a equipa encarregue de
escrever as linhas estratégicas com que guiarão a “mudança” que quer aplicar, primeiro no PSD e mais tarde no país.
O grupo de trabalho que será coordenado pelo economista e ex-secretário de Estado de Guterres, António Nogueira Leite, e contará ainda com Jorge Moreira da Silva (ex-líder da JSD, ex-consultor de Cavaco Silva e actual quadro das Nações Unidas), com Assunção Esteves (eurodeputada), José Manuel Canavarro (ex-secretário de Estado da Educação e professor na Universidade de Coimbra), com Rui Nunes (ex-presidente da Autoridade Reguladora da Saúde), Mónica Ferro (politóloga da Universidade Católica), Amaral Lopes (ex-vereador da Cultura de Lisboa), Emídio Gomes (presidente do PortusPark e pró-reitor
da Universidade do Porto), Norberto Pires (doutorado em Robótica e Automação), Rita
Marques Guedes (quadro da Ongoing, proprietária do Diário Económico) e Maria Luís Albuquerque (quadro do IGCP).
http://www.economico.sapo.pt/noticias/assessor-de-cavaco-escreve-mocao-de-passos-coelho_81691.html
E agora vejamos o suposto “chefe da equipa” para a Educação em actuação …
http://www.educar.wordpress.com/2010/05/07/muito-interesante-a-varios-niveis/
Julho 22, 2010 at 11:23 am
“Passos Coelhos quer “privatizar” a Educação e a Saúde, pois se o PS ocupou os negócios do Estado em Obras Públicas, ele quer que os seus “amigos” ocupem os negócios que ainda não foram totalmente rapinados. É tão simples quanto isso.”
Óbvio.
Isto nada tem a ver com ideologias ou desenvolvimento do país (os países da Europa com partidos de Direita nos governos têm sistemas de Educação praticamente todo público e nem lhes passaria pela cabeça alterá-lo), mas unicamente para satisfazer as clientelas.
Julho 22, 2010 at 11:28 am
Relatório da OCDE com dados de 2007
Desemprego de jovens qualificados é mais alto em Portugal
08.09.2009 – 09h02 Bárbara Wong, Natália Faria
”
(…)
Privado pesa 13,5%
Um dado curioso é que o ensino privado pesa mais em Portugal do que na média da OCDE em
todos os graus de ensino. + No primeiro ciclo do ensino básico, o privado representa 8,5 por cento (2,9 por cento na OCDE). No terceiro ciclo, o peso do privado baixa para os 5,5 por cento (3 por cento na OCDE), voltando a subir no secundário para os 13,5 por cento (5,3 por cento na OCDE). Só no México e no Japão, e nalguns graus de ensino nos Estados Unidos, é que o sector privado tem mais peso do que em Portugal. (…)”
http://www.ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1399604&idCanal=58
Julho 22, 2010 at 11:37 am
“Especificar as razões do motivo atendível para o fim do vínculo laboral no texto constitucional – como ouvi que ontem decidiram em Conselho Nacional – é realmente confundirem os diversos planos legislativos.”
Mais patologia psiquiátrica. Não vivem no mundo real.
Julho 22, 2010 at 11:41 am
“…já é o melhor argumento de Sócrates para se apresentar como o campeão do Estado Social… ”
Exactamente o grunho que tem desmantelado o Estado Social que levou tantos anos a conquistar …!
Julho 22, 2010 at 11:42 am
#20
Exactamente.
E os nossos maiores problemas económicos estão longe de ser o tamanho do Estado na Educação e Saúde.
Ainda há relativamente pouco tempo estive com um dos directores do NOVA Business o qual me disse que “pain and children” são os negócios mais apetitosos para os empresários portugueses menos dados ao risco. Vulgo Saude e Educação. Há sempre gente com “dor” e tem que haver sítio para depositar as “crianças”. É claro que ele também me disse que os negócios em biotecnologia, materiais etc são os mais rentáveis e os mais interessantes a longo prazo. Mas que os empresários que o contactam só querem dinheirinho seguro, mesmo que pouco e querem-no rapidamente para o pé de meia das reformas que suspeitam que não será muita depois da jogatana nos fundos de investimento nos US ter resultado num enorme buraco das suas contas bancárias.
Julho 22, 2010 at 12:13 pm
A aversão ao sector privado é um dos últimos mitos da ideologia nacional-socialista.
Quando o carácter e a competência dão lugar ao compadrio e à corrupção, tanto faz que seja um mafioso do Estado como um gangster de uma empresa privada.
Pegue-se no exemplo da PT e tentem separar o papel dos elementos do Estado dos de uma empresa privada. Onde está a diferença e o sentido do serviço público para além da encenação com a “golden share”
Uma escola pública gerida por um zeloso comissário político é muito mais perigosa e nociva do que uma escola privada gerida por um hábil tecnocrata.
Mas o que interessa é lançar a confusão e branquear a terrível experiência da interferência da ideologia social-eduquesa na “escola pública” em Portugal ao longo dos tempos.
O palhaço pobre briga sempre com o palhaço rico no circo da pequenada de esquerda nacional-socialista.
Julho 22, 2010 at 12:58 pm
Conclusão, esta nova liderança do PSD necessita de ser já substituida. Novo Congresso e eleições.
Julho 22, 2010 at 2:47 pm
Anedótico. Onde é que os portugueses têm dinheiro para pagar o Ensino e a Saúde Privada? Muitos colégios estão a encerrar prque alguma classe média já não tem money para pagar as mensalidades …
Ou querem fazer negócios (obter lucros) com o dinheiro de todos nós?
IHIHIHIHIHIHIH!
Julho 22, 2010 at 2:49 pm
“Quando o carácter e a competência dão lugar ao compadrio e à corrupção, tanto faz que seja um mafioso do Estado como um gangster de uma empresa privada.” – 24
Correcto. Não vamos trocar um mal por outro mal, ou um mal menor, não é verdade?
Julho 22, 2010 at 2:50 pm
Ai a Parque Oculta, a Parque Oculta!!!
INACREDITÁVELLLLLLLLLLL.
Julho 22, 2010 at 2:52 pm
«Para já, uma pergunta:
Da forma como Paulo Rangel se demarcou da proposta de revisão constitucional do PSD, acho que posso presumir que aquele não fez parte da comissão nomeada pela direcção para elaborar a dita proposta. Coisa que me deixa perplexo. Por que razão um dos mais reputados constitucionalistas portugueses da geração que está a chegar ao poder não fez parte da comissão encarregada pela direcção do seu próprio partido (de que é, de resto, hoje, um eminente militante) de apresentar uma proposta de revisão da Constituição? Porque se recusou a dela fazer parte? Ou porque na direcção ou na comissão ninguém achou útil o seu contributo? »
(31)
Julho 22, 2010 at 2:53 pm
Não li os comentários.
Mas, CLAP, CLAP, CLAP!
Totalmente de acordo com esta interpretação.
(isto mais parece um harakiri de PPC)
Julho 22, 2010 at 2:55 pm
# 24
Perguntinha. Público ou privado?
AQUI
http://www.31daarmada.blogs.sapo.pt/4310507.html
Julho 22, 2010 at 3:50 pm
•Margarida Botelho
Sem nível nem regras
«Com esta proposta, num regime semi-presidencial, Pedro Passos Coelho põe-nos ao nível da Namíbia ou do Burkina Faso, países onde não há regras», disse Francisco Louçã, comentando as notícias sobre a proposta do PSD de revisão constitucional.
Vê-se a infeliz declaração do coordenador do BE e há uma parte de nós que fica com a sensação de que desta vez é que o pé do eficiente e infalível Louçã lhe escorregou para a poça. São coisas que acontecem, todos temos deslizes – pensamos –, e podia ter-se dado o caso de um arcaico preconceito ter saído do inconsciente para a boca, sem controlo, para embaraço do cosmopolita Louçã.
Mas parece que não causou vergonha nenhuma. A expressão lá está, repetida como se tivesse dignidade, no portal do BE na Internet, a abrir o artigo sobre a sessão pública em que foi proferida.
Neste pequeno texto não se fazem juízos sobre o Burkina Faso e a Namíbia, não se abordam as propostas de revisão constitucional do PSD, nem se discute o regime semi-presidencialista. É público que o PCP considera que o que faz falta ao País é cumprir a Constituição da República e não introduzir-lhe mais golpes e mutilações.
Neste pequeno texto apenas se anota que a forma que o BE entendeu usar para se referir a estes dois países revela um enorme preconceito, com a habitual dose de populismo e a profunda arrogância de quem vê o mundo dividido entre civilizados e bárbaros, desenvolvidos e primitivos – incluindo-se sempre no grupo dos primeiros.
É uma frase típica do pensamento dominante, que encaixa no preconceito, oriundo do mais escuro colonialismo, que atribui aos países do «terceiro mundo» em geral e aos africanos em particular uma suposta incapacidade, quase genética, de viver em democracia. Uma frase que revela um profundo desrespeito pela história, pela cultura, pelos processos de luta e de independência destes dois países – para os mais distraídos, relembre-se que a Namíbia é independente há apenas 20 anos.
De resto, uma busca rápida pelas enciclopédias digitais revela que são cerca de 35 os países «sem regras» que têm regimes semi-presidenciais, entre os quais a Finlândia e a França, que darão decerto origem a brilhantes trocadilhos em próximas iniciativas do BE.
Julho 22, 2010 at 3:57 pm
actualidade
Os «presos políticos»
A decisão do Estado cubano de libertar cidadãos julgados, condenados e presos em Cuba teve uma grande visibilidade mediática. Mas, em vez da verdade, foram as mentiras, a ocultação de factos e as acusações gratuitas contra Cuba que marcaram o tom das notícias veiculadas pelos media dominantes. Mais uma vez, como em tantas outras, o que se pôde ler nos jornais europeus tem muito pouco de notícia e muito de operação de desinformação e intoxicação ideológica.
Não se pretende aqui defender que o assunto não devesse ser notícia. Pelo contrário, deve sê-lo porque não são muitos os países que tomam a decisão de libertar 52 pessoas que participaram numa ampla conspiração internacional contra o Estado e a Constituição desse mesmo país. E aqui reside a grande ocultação e mentira das «notícias» que têm sido publicadas. Os cidadãos ora libertados, e os que o serão ao longo dos próximos meses, não são inocentes e desprotegidos cidadãos cubanos cujo crime seria o de discordarem do regime político da ilha socialista. Não! Como está bem documentado em provas apresentadas pelas autoridades cubanas e reconhecido por várias organizações internacionais, estas pessoas receberam de países estrangeiros (os EUA) fundos e materiais para conspirar contra o Estado cubano, um crime punido por lei em Cuba e de forma geral em todos os países do mundo. Essa conspiração teve um nome: projecto Varela. Visava por diversos meios derrubar, se necessário pela força e por via de uma invasão militar estrangeira, as instituições cubanas, convocar um parlamento e nomear um governo provisório que tivesse como missão desmantelar o Estado e a constituição socialistas em Cuba. Uma conspiração que envolvia dezenas de organizações, entre as quais várias norte-americanas, coordenada a partir do escritório de interesses dos EUA em Havana, dirigida por Washington e pela máfia de Miami. O facto, e este deveria ter sido notícia, é que estas pessoas foram condenadas por crimes contra a independência e a integridade territorial de Cuba. O facto é que foram pagos a peso de ouro pelos EUA por via de um financiamento milionário norte-americano ao projecto Varela de mais de 40 milhões de dólares.
É importante relembrar o período (2002/2003) da prisão destes mercenários. Esse foi o tempo da inclusão de Cuba no “Eixo do Mal” de Bush; das ameaças directas de intervenção militar em Cuba; das acusações de que Cuba possuía armas de destruição massiva e desenvolvia um programa de armas biológicas. O tempo da célebre ameaça de Bush de que o “regime de Castro não mudará por decisão própria”. Foi deste perigo que Cuba se defendeu e foi nesse contexto que os cidadãos agora libertados foram julgados à luz da Constituição da República de Cuba e do seu ordenamento jurídico. Não são portanto presos de consciência ou presos políticos. E tão pouco são exilados, outra mentira repetida mil vezes nestes dias. A decisão de sair de Cuba coube aos próprios, como o comprova a decisão de outros, de ali ficarem a residir. O que sobressai desta libertação é que Cuba, no quadro do exercício da sua inquestionável soberania, acaba de realizar um gesto diplomático importantíssimo. O futuro dirá da prevalência ou não da hipocrisia das posições dos que defendem medidas criminosas contra Cuba como a posição comum da União Europeia, ou o famigerado bloqueio. Mas tudo isso é relegado para segundo plano. O que interessa para os media é insistir na ladainha dos presos políticos e de uma feroz ditadura vigente na ilha do Caribe. Simultaneamente assobiam para o lado face a verdadeiros crimes como o de Guantanamo onde cerca de 200 prisioneiros são mantidos em cativeiro há anos sem direito a julgamento; como o assassinato pelo exército e paramilitares colombianos de dezenas de milhares de cidadãos colombianos; como o golpe nas Honduras e o assassinato de opositores ao regime golpista ou ainda como o envio de assassinos a soldo para a Venezuela visando a vida do presidente Chavez e de dirigentes comunistas e progressistas venezuelanos. Mas Cuba e os seus amigos já ensinaram ao mundo que sabem resistir e avançar, e é isso que incomoda os seus inimigos.
Julho 22, 2010 at 4:00 pm
•Henrique Custódio
Os clones
Pedro Passos Coelho é um clone de José Sócrates. Quem os visse numa montra confundi-los-ia com dois manequins – aprumados na mesma pose triunfal, exibindo o mesmo sorriso de higiene oral e até vestidos pelo mesmo costureiro. Quem os vê, ao vivo, pelo menos desconfia de que partilham o mesmo alfaiate e, sem dúvida, pelam-se por tudo o que se assemelhe a um espelho. Há quem adore exibir-se – eles antecipam essa pulsão e parecem exultar, antes de mais nada, a mirar-se a si próprios.
Separados, na idade, por escassa meia dúzia de primaveras (Coelho é o mais novo), logo nos alvores da vida foram emergindo as semelhanças. Ambos ingressaram em verdes anos nas juventudes partidárias (por sinal na mesma, a JSD), ambos, a partir daí, fizeram da carreira política um projecto de vida: Sócrates alapou-se ao aparelho partidário do PS e foi, sucessivamente, presidente da concelhia da Covilhã e da federação distrital de Castelo Branco, deputado, membro do Secretariado Nacional e, finalmente, dos governos de Guterres, por quem conspirou pelos sótãos do PS da época; Coelho instalou-se na JSD, que liderou durante tantos anos que se tornaria no mais provecto «jovem» neste cargo, seguindo finalmente para a deputação na AR e a vice-presidência do grupo parlamentar do PSD, levado por Marques Mendes e no meio das intermináveis conspirações do PSD.
Os seus percursos académicos apresentam, igualmente, semelhanças evidentes. Ambos terminaram licenciaturas a caminho dos 40 anos (Sócrates com 39, Coelho com 36), ambos recorreram às expeditas «universidades privadas» para as obterem (Sócrates à «Independente» – que depois foi dissolvida por falta de qualidade pedagógica -, Coelho à «Lusíada»), ambos deambularam durante décadas por vários cursos, sem concluir nenhum (Sócrates cursou Direito na «Lusíada», que abandonou, engenharia sanitária na EN de Saúde Pública, que também largou, inscreveu-se no ISEL para obter um diploma que lhe completasse o bacharelato de engenheiro técnico e, finalmente, recorreu à «Independente» para, em poucos meses, conseguir finalmente a licenciatura em engenharia. Coelho quis entrar em Medicina e não conseguiu, matriculou-se em Matemática mas desistiu para ser deputado e, já depois dos 30, desaguou na «Lusíada» para, finalmente, se licenciar em Economia).
Agora Coelho já engrossou a voz de barítono e propõe-se desmantelar em definitivo o Portugal de Abril através de uma revisão constitucional.
Sócrates – que tem vindo a desmantelar esse Portugal com mais eficácia e brutalidade que os chamados «governos de direita» – aproveitou a inesperada bóia lançada por Coelho para se tornar um paladino do «Estado social» – o mesmo que ele próprio tem vindo a destruir – julgando tornar-se de esquerda só porque apelida Coelho e o PSD de «direita».
Em suma, Coelho propõe-se completar o trabalho de Sócrates na destruição de Abril e este finge opor-se-lhe para continuar a ser ele a mandar na «obra». O que só pode surpreender os incautos: afinal, eles são clones um do outro. Tanto nas vidas que viveram, como nos valores reaccionários que nelas consolidaram.
Julho 22, 2010 at 4:07 pm
O Brejnev era um clone do Cunhal..e vive versa…
Julho 22, 2010 at 4:09 pm
Carlos isso no inverno aquece-os cobertores- agora no verão fosga-se.!.Ou és frígido ou a tua mulher não te aquece o suficiente e vens para aqui estender os cobertores a ver se apanhas qualquer coisita…
Julho 22, 2010 at 4:11 pm
já agora, o respectivo link
http://sociologias-com.blogspot.com/2010/07/os-clones.html
Julho 22, 2010 at 5:10 pm
sabem o que é o AFRICOM?
“O Comando dos Estados Unidos para África, AFRICOM, é um dos seis quartéis-generais militares regionais do Departamento da Defesa e é actualmente um sub-comando unificado sob o Comando dos EUA na Europa. Quando for declarado um comando unificado em Outubro de 2008, o AFRICOM assumirá responsabilidade administrativa pelo apoio militar dos EUA à política do governo norte-americano em África, incluindo relações entre militares com 53 países africanos. Os outros cinco comandos regionais e a respectiva localização são: Comando Central Norte-Americano, Tampa, Florida; Comando Norte-Americano do Pacífico, Honolulu, Havai; Comando Europeu dos EUA, Estugarda, Alemanha; Comando Norte, Colorado Springs, Colorado e Comando Sul, Miami, Florida.”
pesquisem, se estiverem interessados
Julho 22, 2010 at 11:10 pm
«E estranho tanto mais porque me parecia que era por essas matérias que PPC parecia ter ideias mais claras a apresentar para mudança.»
O senhor dos passos não tem uma ideia sobre nada. Aliás, que tratou desta dita proposta de revisão da constituição até foi uma qq grupelho, do qual ele nem faz parte. Os notáveis.
Mas não nos convém a inocência. O Passos sabe o que quer. Quer exactamente que o PS se mantenha no Governo, que está a cumprir muito bem. E ele vai vivendo nessa doce ilusão de ser uma espécie de vice primeiro ministro, com direito de antena diário em todas as TV. Daqui até à eleições os benfeitores portugueses que irão eleger de novo o PS já se esqueceram de tudo isto. É só para testar a popularidade. Se der resultado, continua; se descer, recua e diz que não era bem isso que queria dizer. Tudo se há-de resolver, a bem da tranquilidade do povo.
Julho 22, 2010 at 11:15 pm
36
Deixa lá o que se passa em casa do rapaz. Argumenta e deixa-te de saídas fáceis. Tens alguma coisa a contapor ao conteúdo de #34 (deves conhecer a fonte, suponho) ou dás-te por convencido?
Julho 22, 2010 at 11:46 pm
tou a ficar com sono
cá para mim, o PS deixou a casca para trás e vai comer a banana
Julho 23, 2010 at 12:08 am
Bacalhau com vinho (receita premiada)
Ingredientes:
-bacalhau,
-espinafre,
-azeite,
-alho,
-cebola,
-batatas,
-sal,
-vinho,
-Mulher.
Modo de preparação:
Ponha a mulher na cozinha com todos os ingredientes menos o vinho,
claro!!!) e feche a porta.
Beba uns copos e assista ao resumo dos jogos da 1ª Liga e quando ouvir – ‘PRÁ MESA!!!’, o prato está pronto a comer!
É uma delícia e praticamente não dá trabalho nenhum.
Bom apetite!
Julho 23, 2010 at 12:24 am
PAULO NOZOLINO DEVOLVE PRÉMIO AICA/MC
Recuso na sua totalidade o Prémio AICA/MC 2009 em repúdio pelo comportamento obsceno e de má fé que caracteriza a actuação do Estado português na efectiva atribuição do valor monetário do mesmo.
O Estado, representado na figura do Ministério da Cultura (DGARTES), em vez de premiar um artista reconhecido por um júri idóneo, pune-o!
Ao abrigo de “um parecer” obscuro do Ministério das Finanças, todos os prémios de teor literário, artístico e científico não sujeitos a concurso são taxados em 10% em sede de IRS, ao contrário do que acontece com todos os prémios do mesmo cariz abertos a candidaturas.
A saber…
Quem concorre para ganhar um prémio está isento de impostos pelo Código de IRS.
Quem, sem pedir, é premiado tem que dividir o seu valor com o Estado!
Na cerimónia de atribuição do Prémio foi-me entregue um envelope não com o esperado cheque de dez mil euros, como anunciado publicamente, mas sim com uma promessa de transferência bancária dessa mesma soma, assinada por Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes.
No dia seguinte, depois do espectáculo, das luzes e do social, recebo um e-mail exigindo-me que fornecesse, para que essa transferência fosse efectuada, certidões actualizadas da minha situação contributiva e tributária, bem como o preenchimento de uma nota de honorários, onde me aplicam a mencionada taxa de 10%, cuja existência é justificada pelo Director Geral das Artes como decorrendo de um pedido efectuado por aquela entidade à Direcção-Geral dos Impostos para emitir “um parecer no sentido de que, regra geral, o valor destes prémios fosse sujeito a IRS”.
Tomo o pedido de apresentação das certidões como uma acusação da parte do Estado de que não tenho a minha situação fiscal em dia e considero esse pedido uma atitude de má fé.
A nota de honorários implica que prestei serviços à DGARTES.
Não é verdade.
Nunca poderia assinar tal documento.
Se tivesse sido informado do presente envenenado em que tudo isto consiste não teria aceite passar por esta charada.
Nunca, em todos os prémios que recebi, privados ou públicos, no país ou no estrangeiro, senti esta desconfiança e mesquinhez.
É a primeira vez que sinto a burocracia e a avidez da parte de quem pretende premiar Arte.
Não vou permitir ser aproveitado por um Ministério da Cultura ao qual nunca pedi nada.
Recuso a penhora do meu nome e obra com estas perversas condições.
Devolvo o diploma à AICA, rejeito o dinheiro do Estado e exijo não constar do historial deste prémio.
Paulo Nozolino
1 de Julho de 2010
Julho 23, 2010 at 12:57 am
#43
Estás, de alguma forma, um bocado atrasado. O sono induzido faz muitas partidas.
Julho 23, 2010 at 2:28 am
É um monáquico (antónio Nogueira Leite) que propõe o reforço dos poderes presidenciais!