Proposta para a defesa de uma classe docente
e consequentemente da qualidade das aprendizagens dos nossos alunos
Abel José Torres Pereira de Eça, professor no Agrupamento de escolas de Amares, vem por este meio apresentar a seguinte proposta, às duas organizações representativas dos professores, a saber: FNE e Fenprof.
Tendo estado presente, no dia de hoje pelas 18 horas, na escola Calouste Gulbenkian, num plenário de professores defendi o seguinte:
1º As duas organizações representativas, FNE e Fenprof, devem sentar-se à mesma mesa e dialogar entre si, antes das mesas negociais da próxima segunda-feira.
2º Seguindo o exemplo do colega, da escola secundária de Vila verde, defendi que se não houver acordo na segunda feira se continue com as greves às reuniões apenas nos anos terminais, 9º e 12º anos, pois as consequências destes é que produzem efeitos na opinião pública e mormente são alvo dos nossos comentadores televisivos. Estou consciente que tal luta, terá efeitos colaterais, mas que eu saiba sem esforço nada se consegue. Sei que estamos todos cansados e desiludidos, mas somos ou não uma classe?
3º Para tal, as organizações sindicais devem dar apoio logístico nas escolas, para que os professores se organizem, de modo a minimizar o prejuízo financeiro dos colegas em greve.
4º Devemos continuar com manifestações, a nível de distrito, porque só deste modo seremos visíveis nesta sociedade, consequentemente temidos pelo ministério.
Esta foi a proposta apresentada, e passo a consubstanciar aqui as razões do que está em causa:
a) O governo tem vindo a pressionar o M.E. para proceder a cortes cegos, na ordem dos 50 000 professores, conforme se pode constatar em vários relatórios ( OCDE, TroiKa), no entanto nos três últimos anos saíram do sistema cerca de 28000 professores ( falecidos, reformados e contratados). Por razões financeiras, este ministro implementou medidas, entre as quais destaco, o aumento do número de alunos por turma, a megalómana operação de agregação de escolas, o aumento de duas horas para os professores do secundário, o apoio aos alunos em CNL, a redução do número de horas para o desempenho de vários cargos de gestão intermédia. Consequentemente, estas medidas traduzem-se em menos professores, não importando aqui a qualidade do sistema educativo, mas tão-somente a componente financeira.
b) Para poder reduzir o número de professores, o governo tem apresentado propostas, nomeadamente a Proposta de Lei n.º 154/XII/2.ª, a qual cria o regime de requalificação dos trabalhadores da administração pública.
c) Para poder implementar tal, este governo apresentou a proposta de alteração ao estatuto da carreira docente, permitindo deste modo o despedimento dos professores.
d) Aprovou o conselho de ministros o aumento do horário de trabalho de 40 horas, para toda a função pública, esquecendo a especificidade da profissão docente.
e) Tem havido nas mesas negociais, referência à abolição de redução por idade, redução que até o regime salazarista contemplava, consequentemente serão necessários menos professores.
f) Tem este ministro mostrado sensibilidade para entregar o ensino profissional aos politécnicos, consequentemente menos professores serão necessários.
g) Tem este ministro da educação, mostrado interesse em que sejam os diretores das escolas a despedir os professores, veja-se a nota informativa enviada pelo M. E.C. ao Público, onde se esclarece que, ao referir-se à possibilidade de contratação e demissão de professores pelas escolas, o ministro da Educação e Ciência “está a falar de uma maior autonomia e de um papel decisivo das escolas na contratação de professores num horizonte de dez anos e não nos próximos anos.
P.S.
Proposta enviada às duas organizações sindicais
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