Confesso que não estava à espera de tão despudorada tentativa de OPA sobre os professores em pleno período pré-eleitoral.

Não sabemos bem os prazos, estamos mesmo a meio das férias – desta vez não há que nos refugiarmos no eufemismo da interrupção das actividades lectivas – e o objectivo é tão só seduzir os professores através de uma candidatura que na prática é meramente virtual, pois nem sequer todos os que possam ser aprovados na dita prova poderão depois aceder a titulares por via das quotas.

Sent: Monday, August 17, 2009 2.32 PM
Subject: Assunto: Prova pública de acesso à categoria de professor titular

Exmo. (a) Sr. (a)
Director (a)

Na sequência do Decreto-Lei n.º 104/2008, de 24 de Junho, informamos que a partir de hoje se encontrará disponível o formulário electrónico para candidatura e upload do trabalho, da prova pública de acesso à categoria
de professor titular.

Solicita-se assim que informe todos os docentes do Agrupamento ou Escola não agrupada que reúnem os requisitos exigidos para tal.

Informa-se ainda que após a entrada dos requerimentos electrónicos, os dados dos candidatos ficarão disponíveis para validação das respectivas escolas.

As várias etapas deste processo, bem como a operacionalização do mesmo, constam da Nota Informativa, a disponíbilizar na página electrónica da DGRHE.

Com os melhores cumprimentos,

A DGRHE

No entanto eu acho que esta será uma óptima oportunidade para um dos tais combates simbólicos contra este ME. Acho mesmo que – e até já poderíamos ter aproveitado o Lurditas d’Oiro, mas aí é mais complicado por causa das burocracias inerentes – é uma oportunidade dourada para marcarmos a nossa posição.

Acho que todos os docentes em situação de concorrer o devem fazer e transformar a sua prova pública num manifesto individual – sempre com fundamentação se possível irrepreensível e adjectivação moderada – contra este modelo de carreira e de avaliação.

Quem me conhece de perto sabe que é isso que de há muito penso fazer, pelo menos desde que soube que haverá este mecanismo de prova pública.

Acho que este é uma ocasião que se não pode perder para quem tem a coragem de assumir uma posição de recusa das políticas deste ME para a classe docent o fazer em nome individual, na sua escola, perante os seus pares e publicamente.

Sem medos.

Sem escusas pífias.

Sem refúgios atrás de ninguém.

Com orgulho e de cara aberta.

Afinal nada temos a perder, a não ser a nossa coerência e respeito por nós, caso o não façamos.

Uns milhares de provas públicas em que os candidatos aproveitassem para fazer valer a sua voz.

E na eventualidade de uma reprovação, levar até às últimas consequências os seus protestos para saberem se isso se ficou a dever a falta de mérito ou delito de opinião.

Porque eu quero mesmo ver os tais júris formados por vezes por titulares de encomenda a chumbar colegas com maior competência e capacidade que els próprios, que nenhuma prova fizeram para tal função.

Eu acho que isto pode acabar por ser giro, muito giro, em forma de ricochete.