Miguel Sousa Tavares está esta semana de volta a um dos seus passatempos favoritos: zurzir nos professores e, em especial, na Fenprof. Não sei se o trauma é mesmo com os sindicalistas, se é com algum professor(a) que se lhe atravessou na vida quando foi aluno, ou quando fazia a sua educação sentimental ou mesmo se quando lhe exigiram que cumprisse deveres de encarregado de educação.

Não sei, não percebo. Como é habitual em MST a sua argumentação tem uma base por vezes tão irracional que é quase impossível tentar perceber o que o motiva. Vamos considerar que é um génio oscilante. Quando está em dia bom, acerta em cheio; quando está do avesso, falha por completo. Infelizmente, com o passar do tempo, os dias bons têm vindo a escassear.

Mas concentremo-nos no naquinho de prosa que esta semana dedica ao tema da avaliação dos docentes e à posição da Fenprof, de que todos já sabem que não sou filiado e de que nem sempre partilho os pontos de vista. Então a coisa reza resumidamente assim:

  1. Saiu o regulamento para a classificação dos professores.
  2. O regulamento é bom porque evita a discriminação entre escolas e parece a MST ser «um sistema adequado e justo para premiar o mérito, a assiduidade e o esforço».
  3. A Fenprof está contra e, por isso, quer manter o «subdesenvolvimento cultural do país».
  4. A Fenprof quer um sistema onde todos tenham a nota máxima.
  5. A Fenprof é má, má, má (pronto, aqui sou eu já a exagerar).

Do parágrafo lido a páginas 7 do caderno principal do Expresso, retiro eu as seguintes conclusões:

  1. MST não percebeu que a regulamentação ainda não saiu.
  2. MST não leu a regulamentação, caso contrário não teceria considerações vagas sobre aspectos que não surgem nos documentos (a tal coisa da não discrimnação entre escolas). E quanto a este aspecto aposto simples contra quadriplicado ou mais que nem sequer cheirou as grelhas destinadas á avaliação.
  3. MST escreveu em piloto automático, caso contrário tentaria demonstrar o que afirma, exemplificando, como por vezes faz com outros assuntos.
  4. MST não gosta da Fenprof. Está no seu direito.
  5. MST parece não perceber que não é só a Fenprof que está contra este modelo, ainda não formalmente aprovado, de avaliação. Estão outras organizações sindicais e professores não sindicalizados como eu próprio, fortemente críticos de alguma acção sindical e que não têm receio de ser avaliados de forma rigorosa. Mas não por MST com mau humor em praça pública.
  6. MST parece ter algum pudor em ofender todos os professores, pelo que usa o bode espiatório da Fenprof para os desancar indirectamente. Não é muito correcto, mas parece que os tempos já estão para tudo.
  7. MST é demasiado bem pago por estas prosas para que elas sejam tão confrangedoras em termos de fundamento.

Esta última consideração não resulta, como é óbvio, apenas da leitura das suas crónicas, mas de uma relativa inconfidência de um elemento bem antigo dos quadros do expresso e que conhece bem os termos em que as crónicas de MST são reproduzidas e remuneradas.

E, sim, admito que não gosto de dar a outra face quando – por interposta organização – ofendem as minhas posições.

E sim comprei e li o Equador que acho um livro mediano de ficção histórica, por vezes chato e pobre em matéria de intriga. Mas li todo. A opinião expressa sobre a obra não tem impurezas decorrentes da minha opinião sobre o autor. Também não simpatizo por aí além com o Lobo Antunes, mas gosto das suas crónicas na Visão.

Conhaque é conhaque.