Directora de centro de saúde demitida por não retirar cartaz “jocoso” sobre Correia de Campos
A directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, Maria Celeste Cardoso, foi exonerada pelo ministro da Saúde por não ter retirado do centro um cartaz que apresentava declarações de Correia de Campos “em termos jocosos”.
O despacho de exoneração de Maria Celeste Vilela Fernandes Cardoso foi publicado hoje em Diário da República.
Segundo a agência Lusa, alguns deputados socialistas manifestaram-se “incomodados com a situação”.
“Pelo despacho (…) do Ministro da Saúde, de 05 de Janeiro, foi exonerada do cargo de directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho a licenciada Maria Celeste Vilela Fernandes Cardoso, com efeitos à data do despacho, por não ter tomado medidas relativas à afixação, nas instalações daquele Centro de Saúde, de um cartaz que utilizava declarações do Ministro da Saúde em termos jocosos, procurando atingi-lo”, lê-se no documento.
Perante este caso, considera-se demonstrado que Maria Celeste Cardoso não tem “condições para garantir a observação das orientações superiormente fixadas para a prossecução e implementação das políticas desenvolvidas pelo Ministério da Saúde”.
É bem verdade que no clássico O Nome da Rosa de Umberto Eco, toda a intriga e os homicídios se desenvolvem em torno da tentativa de afastar do olhar público um hipotético códice contendo uma dissertação de Aristóteles sobre o riso.
Por um lado, a nosso favor, temos o facto de actualmente a coisa se ficar pelas demissões.
Contra, o facto de a Idade Média, de acordo com a sabedoria livresca, ter acabado há mais de 500 anos, quer tomemos como baliza cronológica a queda de Constantinopla, a descoberta da América ou a abertura da rota do Cabo.
Entretanto, aproveito para esclarecer que, em nenhum ponto deste post, procuro ser jocoso ou, muito menos, desrespeitar a sisudez de qualquer elemento do actual governo, ou de qualquer um do passado ou futuro, ou mesmo de qualquer assessor, director-geral ou regional do ME ou de qualquer outro ministério, instituto público ou instituição equipada ou equiparável. Agradeço ainda que, seguindo as instruções de Pacheco Pereira e Vital Moreira, a caixa de comentários deste texto seja usada com o maior dos respeitos e das circunspecções.
‘ta agradecido.
Junho 28, 2007 at 9:49 pm
Sobre isso este poema de Alexandre O’Neill, aqui:
http://marialisbo.blogspot.com/2007/03/ratos.html
Outra nota interessante!!!
http://asinistraministra.blogspot.com/2007/06/s-tem-valor-quem-diz-amen.html
E mais outra!!!
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/%2Fmoh7r37PBbU6qinE9TPdg.html
PS: Ó Idalina! Como é possível conseguir dizer bem?!
Junho 28, 2007 at 9:52 pm
“Durante quase meio século, intelectuais, militares, ex-políticos republicanos, liberais, socialistas, comunistas, muitos deles na condição de funcionários públicos, foram sendo demitidos dos seus cargos e funções, acusados de hostilidade à Constituição e de não “darem garantia de cooperar na realização dos fins superiores do Estado”. Aos funcionários demitidos, juntavam-se todos os outros portugueses desafectos ao regime a quem nunca seria possível aspirar a qualquer cargo público, por sobre eles constar algum reparo da polícia política ou da Legião Portuguesa.”
Do livro “Vítimas de Salazar”, de João Madeira (coordenador), Luís Farinha, Irene Flunser Pimentel.
Já estivemos mais longe …
Junho 28, 2007 at 10:16 pm
Será impressão minha, ou o governo vai dando sinais de fraqueza? É que sou suficientemente ruim para pensar que só ameaça quem se sente inseguro. Estarei enganado?
Junho 28, 2007 at 11:30 pm
A insegurança nas suas competências não adquiridas?
Junho 29, 2007 at 3:23 am
Apesar de…
Vieira do Minho: médico que afixou comentário sobre ministro da Saúde assumiu responsabilidade
29.06.2007 – 00h30 Lusa
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1297999
Junho 29, 2007 at 8:52 am
As ultimas noticias têm acordado em mim recordações de tempos que julgava mortos e enterrados:
o tempo do medo, da denuncia e do lápis azul;
o tempo em que havia o direito a ser pobre, mas o dever de andar calçado ( recordo as mulheres do campo que vinham à cidade vender os seus produtos agrícolas, descalças, com uma única alpercata debaixo do braço e que calçavam num dos pés para evitar a multa quando aparecia a policia);
o tempo em que , na faculdade havia colegas inscritos nos cursos, absolutamente ignorantes, mas que pediam emprestados apontamentos para apontamentos para ver se inadvertidamente alguem deixava escapar algum papel que o incriminasse;
o tempo de um sinistro ministro da educação(hoje promovido a insigne e mediatico historiador ) que geria a crise de 69 com ameaças televisivas;
o tempo em que em paralelo com as filas para os refeitótrios para a cantina da universidade de Coimbra havia as filas de policias fortemente armados mantendo os estudantes sobre apertada vigilância ( e quando alguem com as folhas cheiinhas de integrais entrava na casa de banho e saía sem elas era ver oum dos policias a entrar histérico à procura de comunicados);
o tempo que eu julgava passado!
Mas, tambem me lembro que se dizia que a história era cíclica.
Será verdade?
Isto tudo está a acontecer?
Estarei a alucinar por ter tantos exames para corrigir, tantas grelhas, tantas adendas?…
Nem sei o que é pior: isto ser mesmo verdade ou eu estar a alucinar.
Será que o presidente do meu executivo vai ser demitido por eu escrever isto aqui?
Será que vai ser proibido visitar blogs (excepto o blog do papa, abrupto)?
25 DE ABRIL SEEEEEEEMMMMMMPPPPPPRRRRREEEEE!!!!!!!!!!!!!
Junho 29, 2007 at 11:27 am
25 DE ABRIL SEMPRE!
Junho 29, 2007 at 11:29 am
O mais peculiar é estas coisas acontecerem feitas por um governo auto-proclamado “democrata” de “esquerda”, “socialista”(??????), “anti-fascista”…
BAHHHH….. farto de hipocrisias!!!!
Se estes senhores estivessem na oposição, lá apareceriam os poetas, os paladinos da “liberdade”, a corja de imbecis do costume!
TENHAM VERGONHA
Junho 29, 2007 at 11:52 am
Proponho a todos os bloguistas a realização de posts sobre o 25 de Abril e a liberdade para estes senhores se lembrarem destas coisas que andam muito esquecidas.
Junho 29, 2007 at 12:13 pm
ESTOU ABISMADA A VER O MINISTRO DA SAÚDE EM DIRECTO A EXPLICAR A EXONERAÇÃO DA DIRECTORA. E A FAZER UM COMENTÁRIO JOCOSO NA SIC.
Junho 29, 2007 at 3:09 pm
Citei-o no meu blog http://www.papelprincipal.blogspot.com
A polémica à volta do caso parecido com o do Charrua mas agora na saúde continua.
O ministro da saúde chamou à pressa os jornalistas para dar ao povo a sua versão factos.
Correia de Campos disse que a ex-directora Celeste Cardoso não estav á altura do cargo, não foi leal nem imparcial e permitiu que se fizesse política local no centro de saúde de Vieira do Minho.
Pois a directora demitida Celeste Cardoso falou pela primeira vez à Antena 1 e disse com todas as letras que o ministro mentiu.
Junho 29, 2007 at 3:32 pm
Qualquer dia anda tudo com pulseiras electrónicas ou com chips.
Eu bem que digo, é o MATRIX, é o MATRIX!
E a Ficção Científica a tornar-se realidade.
Só falta mesmo o Teletransporting: pessoal indesejável largado no espaço.
Junho 30, 2007 at 10:11 am
Qual o papel da Escola no meio disto tudo? não estará a Escola a criar futuros bufos? Falando ontem com uma colega e antiga aluna fiquei espantada quando me contou que no básico já se começa a ressuscitar uma péssima tradição do antigamente – a nomeação de um aluno que na ausência do professor regista no quadro o nome dos meninos que falam, que brincam, que saem do lugar… Espantoso!
Julho 1, 2007 at 11:51 pm
Bem vista essa d’O Nome da Rosa 🙂
Mas atendendo aos métodos de agora, não é também a prova de que o plano tecnológico está mesmo a funcionar? 😉
Julho 2, 2007 at 10:30 am
A bufaria prefira de baixos índices de tecnologia, embora os telemóveis com câmara incorporada acelerem a delação.
😛