Não entendo os directores que tanto querem contratar com as mãos livres os professores para as suas escolas e agrupamentos.
Antes de mais a experiência de contratação directa nos TEIP tem deixado muito a desejar.
Em seguida, não entendo como alguém que se queira afirmar pelas qualidades de liderança, de mobilizar os docentes para um projecto, precise de métodos não permitidos a qualquer docente que recebe, no início do ano, turmas que não formou a seu bel-prazer.
A desculpa de muita gente é esfarrapada. Se eu devo ter capacidades para motivar dezenas ou mesmo centenas de alunos (sim, há professores com 200 alunos e isso será ainda mais real em 2012-13), porque não deve um director ter a capacidade para mobilizar a mesma quantidade de professores?
Não será isso, também, o que define uma verdadeira liderança?
Maio 21, 2012 at 2:25 pm
Será o motivo apresentado para justificar a verdadeira liderança?? Ou não será o exprimir uma liderançazinha, para contratar os amigos e parentes, a seu bel prazer??
Maio 21, 2012 at 2:44 pm
Por detrás dessa posição que encontramos em bastantes directores, é possível descortinar, quase sempre, duas atitudes, que se mesclam com muita frequência de resto:
– A dos “directores-empresários”, que são aqueles que se julgam com “veia empresarial”, que na escola crêem ter descoberto o “seu desafio”, a “empresa” para desenvolverem a sua “vocação”, e que se pretendem atribuir o direito que um patrão privado supostamente tem de escolher a sua “equipa de trabalho”, i.e, de julgar e escolher os colegas pelo seu critério de selecção, em nome da “rendibilidade” que lhes atribui.
– A dos “directores-caciques”, que são aqueles que se arrogam o direito de dispor da escola como se fora uma coutada sua (conceito aliás interessante para as novas ofertas do ensino profissional), reinvindicando e exercendo um poder discricionário, para ter mão livre para escolher e comandar os seus (ex)colegas conforme o seu particular e volátil arbítrio.
O modelo único de gestão unipessoal e a “autonomia” cratiana incentivam e cultivam bem tais virtudes de liderança, que prometem melhores dias para as nossas escolas e um futuro próspero para o nosso ensino.
Maio 21, 2012 at 2:44 pm
Uma liderança pode afirmar-se pelos princípios, pelo exemplo, pelo estímulo, pela equidade e sentido de justiça que se passa aos subordinados.
Ou pode simplesmente assentar na prepotência, na chantagem e no medo.
Escusado será dizer que o “espírito dos tempos” aponta mais para a segunda hipótese. Os que passam por líderes mais não são, a maioria das vezes, do que testas de ferro daqueles que verdadeiramente mandam e decidem. E assim sendo, também querem evitar maçadas, preferindo os profissionais capazes de se auto-motivar…
Havendo tanta gente, aí pelas escolas, capaz de adivinhar e concretizar os desejos das direcções, alguns até de os superar, porque hão-de elas querer pessoal da velha guarda, dos que teimam em pensar pela sua cabeça, dos que questionam, dos que querem sempre encontrar uma finalidade, um objectivo, para aquilo que fazem profissionalmente?…
Maio 21, 2012 at 3:08 pm
É óbvio que há situações para todos os gostos… Mas a pretensão dos Diretores deve ser analisada por outro prisma: todos sabemos que os professores (tal como os médicos, os juízes…) NÃO SÃO todos iguais e a “graduação profissional” muitas vezes é um engano. Quantas vezes os professores com a melhor graduação profissional são os mais… (censurado).
E quanto à motivação: Quando se fala em liderança, automaticamente aparece o nome do Mourinho. Imaginem as equipas dele serem formadas por jogadores colocados por “lista de graduação”. Havia de ser engraçado…
Maio 21, 2012 at 3:15 pm
Não há muitos dias atrás a directora do meu agrupamento saiu-se com esta:
– ” Quando é que eu posso começar a escolher os professores que eu quiser para aqui trabalharem? (…) É que estou farta de incompetentes! Eu devia poder escolher os melhores…!”
– Então??? – digo eu – O que é que te está a dar? Pensas que és o Papa?
– Papa?! Eu? Não… só acho que eu devia poder escolher as pessoas para trabalhar aqui… e poder mandar embora quem eu não gostasse…
– Olha… não concordo nada com isso…
– Então…eu fico de mãos atadas… e depois exigem-me que a escola tenha sucesso…com os professores que tenho…como é que a escola alguma vez vai ter sucesso???
– Olha… faz reuniões com os professores… motiva-os… os coordenadores que organizem os apoios aos alunos… cria equipas de trabalho… põe o conselho pedagógico a trabalhar… organizem formação dentro da escola…
– Quem? EU????
– Ah… pois… é que não penses que tu é que tens a capacidade de julgar quem é bom e mau… Podes dar-te mal… e pior… pode haver alguém que se lembre de fazer o mesmo contigo!
Fim de conversa!
Maio 21, 2012 at 3:38 pm
A maioria dos directores não teve qualquer tipo de formação para estar à frente das escolas… E ao longo dos tempos acabaram por se rodearem de pessoas nas suas equipas com essa formação o que lhes tem garantido alguma segurança e por vezes até brilharete…
Mas questionem-nos sobre legislação em vigor… sobre tipos de liderança… sobre gestão de conflitos…sobre orçamento/rubricas… sobre documentos orientadores… sobre aplicações on-line… sobre motivação e verão a triste figura de muitos deles… (É verdade que em alguns casos a excepção confirma a regra…)
Aliás… e porque não uma prova de acesso ao cargo de director? Eheheheh
😀 😀 😀
Maio 21, 2012 at 3:46 pm
Completamente de acordo. Nuno Crato deveria ler esta síntese perfeita para ganhar coragem para afrontar as assossiações de diretores que surgiram na continuidade do poder que Milú lhes atribuiu. E os milhares que nós pagámos em ajudas de custo para eles irem semanalmente ao beija-mão.
Maio 21, 2012 at 3:48 pm
olá!!!!! eu com os meus mais de 200 alunos quero ser motivada…..
este ano arrasto-me de canseira …….
Maio 21, 2012 at 4:00 pm
vale a pena ouvir o RELVAS..
Maio 21, 2012 at 4:04 pm
quem diria que disse o que disse….
Maio 21, 2012 at 7:40 pm
#0
Bravo!
É facil ser-se líder de cordeirinhos anémicos e acríticos…
Maio 21, 2012 at 8:33 pm
#11
Antes pelo contrário…
Fácil é liderar gente inteligente !!!
Por essa razão é que os tais diretores (e os melhores gestores em qualquer área de atividade ) anseiam por um “recrutamento” de pessoal a sério…(os recursos humanos fazem a diferença em qualquer serviço).
Sem qualquer seleção de pessoal, resta tentar fazer o melhor possível mas nunca se atingem níveis de excelência. Eventuais exceções só confirmam a regra…
Maio 21, 2012 at 8:37 pm
Atenção mas já não é escola mas unidade orgânica e isso muda tudo…COMO SE PODE DEPREENDER..
he Concept Of School As A Factory
By Lon Woodbury
There is the claim that schools are basically factories and that this concept was in place by the beginning of the 20th century. The assertion continues that all reform since then are only surface modifications, such as keeping students in school until an older age, reaching larger percentages of young people, bringing more resources and talent into schools, improve classroom techniques, utilize team teaching, etc.
In this country, the turn of the century was an exciting time. We had just conquered a continent. Many felt war was an obsolete way for a civilized society to solve differences. The advance of scientific knowledge and our system of economy and government had produced unprecedented prosperity. There was the feeling we could accomplish anything we set our minds to, and that we had unlocked the secrets of the universe. All that was left was to learn how to best translate this knowledge into practice in the most effective way.
In the business community, which at that time was basically the business of America, the greatest organizational tool was the factory. The organization of the factory was creating miracles everywhere, and the model of the factory was duplicated in other areas of human endeavor. Centralized decision making was vital to maintain quality and coordinate all aspects in the factory in an objective manner, so the school’s headmaster became a principal, who became primarily an administrator.
In the factory, each worker was responsible for a single function which he could master with great efficiency, so each teacher and classroom was compartmentalized into specific subjects. The era of specialization and “experts” came into its own on all levels of society at this time.
In the factory, the most efficient way of bringing all skills to bear on a product was the assembly line, so in the school, students started moving from “expert” to “expert” for set time periods.
In the factory, the more time spent on work, the more production, so time spent at work became equated with productivity. The same in the school. There was a tendency to equate learning with the amount of time a student spent in class. This has evolved to where we now have state funding formulas based heavily on attendance.
In the factory, it was more efficient to have interchangeable parts. This resulted in defining jobs so that workers became interchangeable also. So also in the schools. Salary schedules were gradually evolved so two teachers with the same credentials and experience were paid the same. The height of this tendency was reached in the 1970s when the concept of “teacher-proof text-books” was being pushed. In that concept, all any teacher had to do was follow the textbook and the student would learn. A teacher’s experience and talent were discounted.
By the turn of the century, the early behaviorists were reporting their findings. They applied their theories to education and saw learning as behavior. Thus each child was seen as an empty container to be filled with the knowledge of the teacher and textbook. As behaviorist theory evolved, it supported many of the other assumptions the schools operated under. The result was the assumption that if we could find the right external stimulus and system, learning would occur.
When I look at contemporary schools, I see the handiwork of the best thinking of the turn of the century. However, our knowledge of people and of the world has expanded during the 20th century. Unfortunately, this new view of the world has had only a surface impact on the way our schools are organized. It has not touched the core concept of our school system, that is that the school is modeled after a factory.
The factory, and all that it implied, was designed for mass marketing. Our society has changed to where mastering niche marketing is necessary to survive. Yet, education still tends to think in terms of mass education.
The factory was based on centralized decisions and a hierarchy patterned after a military organization. This worked with the problems of the turn of the century, but successful contemporary decision making is moving toward decentralizing, and networking, and drawing out the best thinking of the workers. Yet, education is still centralizing to where even state legislatures are making decisions as to how children are to be taught.
The turn of the century thinkers saw the universe as a mechanical universe. Newtonian mechanics reigned supreme, and Cartesian Reductionism (the whole is the sum of the parts) was the mental tool for solving problems. The specialist was a valuable resource. Yet, Einstein’s theory of relativity and modern nuclear physics have taught us there is no objective observer, and Carl Jung’s summary of the change in how we look at people (the whole is greater than the sum of its parts) underlined that we must look at children and adults as whole people within their social context. Yet, the schools response to this has been only to foster awkward coordination between the existing separate compartments of learning.
The factory saw workers and parts as interchangeable, and early behaviorists saw children as empty vessels to be filled. Yet cognitive theory finds each child and teacher is unique and each learns or teaches in his or her own unique manner. Yet we find educators on the state and national levels developing their own mental model of children’s needs, and working to force their solutions into public policy, as if all children and teachers were the same.
Special Purpose Schools have evolved with a primary focus on meeting the needs of the students and gives little credence to theory unless it is proved to work with children. Yet, most of them still approach their academics much like regular schools, at least in appearance. When I ask why, the answer is never that this is the best way for students to learn. Instead, they usually say something like, there probably is a better way, but we do it this way to prepare the students to return to regular classrooms. This is not exactly an endorsement of our assumptions underlying American education.
The only way schools can improve is for us to stop working and focusing on the system, and start looking at the needs of the students. Then, and only then, can we move past the limitations inherent in modeling the school after a factory. ”
Copyright © 1991, Woodbury Reports, Inc. (This article may be reproduced without prior approval if the copyright notice and proper publication and author attribution accompanies the copy.)
ISTO JÁ EM 1991…
Maio 21, 2012 at 9:13 pm
É simples.
Há pessoas que gostam de mandar e de ser obedecidos.
E poder contratar quem se quer, até pode dar réditos do mais variado tipo e “género”…
Maio 21, 2012 at 10:19 pm
Tachos! Tachos! quem quer?
Vejam:
http://margarida-alegria.blogspot.pt/2012/05/pretende-ganhar-um-magnifico-trem-de.html
😉
Maio 21, 2012 at 11:23 pm
#10
um político que não perceba a importância do facebook, do twitter etc, está condenado ao fracasso.
Ainda bem que percebeste, ó Relvas.
Maio 21, 2012 at 11:51 pm
Não há liderança sem convicções.
Não há liderança sem ética e sem honestidade.
Não há liderança sem rigor e sem humanidade.
Não há liderança sem perseverança e sem comunicação.
Não há liderança sem estabilidade, sem regras e sem transparência.
Não há liderança sem trabalho e sem exemplo.
Depois e ainda um sentido de responsabilidade e uma capacidade inata de mobilizar os outros e o seu melhor
A capacidade de liderança não se obtém com cursos, formação e coisas que tais… talvez… e talvez, a experiência – se associada à capacidade de aprender com os erros e antecipar os problemas e soluções – possa vir a formar bons líderes.
Distinguiria ainda um líder de causa pública de um, de causa privada… que no 1º caso a responsabilidade é (ou deveria ser) exponenciada pelo nº de cidadãos de um país (os cidadãos não pagam uma escola específica, um hospital singular, um tribunal em especial, uma esquadra no concreto, uma determinada barragem, uma prisão em exclusivo, uma certa auto-estrada, uma concreta repartição de finanças …
Um bom líder de causa pública, não é aquele que quer fazer como entende e de acordo com o seu discernimento pessoal … DESTES TEM ESTADO O PAÍS A ABARROTAR nos mais diversos sectores e subsectores nas mais diversas escalas de decisão (central, regional e local)… e os resultados estão à vista.
Não falem em formação que já chega de atestados de estupidez a gente com formação superior (com o que tal deveria implicar) e anterior a Bolonha e quantas vezes com mais conhecimentos/ sabedoria/ experiência e capacidade crítica que os muitos formatados formadores … (com custos elevadíssimos ao erário público e sem qualquer relação minimamente directa com os resultados escolares): ele é formação para ser director escolar, ele é formação para ser corrector de exames, ele é formação para ser director de turma, ele é formação para dar formação cívica, ele é formação para ser coordenador, ele é formação em ensino especial… blá… blá… blá…
Mas um bom líder não só tem que saber o que está a fazer, os objectivos a perseguir, as metodologias a implementar, os recursos a mobilizar, o tempo para executar… como precisa:
– de uma Política Educativa que oriente e enquadre com seriedade a sua actuação na prestação de serviço educativo de qualidade
– de um enquadramento jurídico e regulamentar estável, bem articulado e transparente…
– de serviços centrais eficazes e eficientes, tecnicamente competentes e de boa fé
… pela ausência destas últimas condicionantes até me solidarizaria com os directores … mas se os próprios não se preocupam, não exigem, acham que têm, nem querem saber, contornam a coisa, viram-se para o lado que lhes dá jeito ou lá se vai a ética e a legalidade… lá se vai qualquer compreensão e… e…
esperem até chegarem aos megas…