Foi perdida em diversas fases, mas desde logo a partir da discussão do diploma que veio a ser o DL 75/2008. Quando a esmagadora maioria dos actores concordou no torpedeamento implícito da LBSE em aspectos como a constituição do Conselho Geral.
Uns por razões ideológicas (todos os que abominavam o conceito e a prática que ainda restava da gestão democrática das escolas), outros por questões de real politik (não se queriam envolver demasiado numa outra frente de conflito com o ME, que sabiam colher escasso apoio junto das instituições), da Presidência da República aos sindicatos, quase toda a gente assobiou para o lado perante a inconstitucionalidade evidente do documento e, com mais ou menos garganteio, acomodou-se ao modelo de gestão unipessoal, com um Conselho Geral pretensamente representativo da sociedade civil ou da comunidade educativa.
Tretas, como bem se sabe. O que estava em causa era a criação de um modelo único de gestão que, em termos de propaganda, seria bom para uma maior autonomia e responsabilização da gestão mas que, na prática, apenas definia com clareza uma cadeia hierárquica de comando entre a tutela e os professorzecos, algo que muitos pequenos potentados locais consideraram ser uma forma de reforçarem o seu poder, sem repararem que, por seu lado, ficavam com o flanco todo à mostra.
Nada que não se tivesse dito e escrito durante meses e meses de 2008.
Como disse, de uma ponta a outra do espectro, receberam-se sinais implícitos e explícitos que essa era uma guerra em que se ficaria praticamente só.
Como aconteceu.
As consequências foram naturais: os Conselhos Gerais Transitórios formaram-se, quantas vezes como emanações dos poderes que já estavam consolidados nas escolas, escolheram alguém que assumiu plenos poderes e a partir daí o 75/2008 passou a ser lei quase absoluta.
Poucos Conselhos Gerais assumiram o seu papel de efectivo órgão fiscalizador do trabalho da Direcção, muitas vezes porque a sua liderança estava conivente com a solução directiva. Os Conselhos Pedagógicos tornaram-se uma assembleia interna com poderes pouco mais do que fáticos e quase sempre com o controlo total do Presidente que é o Director, ao contrário do que se recomendava no modelo anterior, que postulava uma muito maior desconcentração dos poderes. Aliás, a nomeação, e não eleição, dos Coordenadores de Departamento dificilmente poderia conduzir a outra coisa que não a subserviência dos nomeados em relação ao nomeador. Quando se ousou deixar nos Regulamentos Internos uma norma destinada a exigir a consulta dos professores antes da escolha de um Coordenador ou representante de disciplina, a coisa caiu da árvore ainda verde, não sendo usada.
Os Directores (vou usar aqui uma designação generalista, embora saiba de muitos casos de excepcional excepção) acomodaram-se, na sua grande maioria à situação criada. Para além do Conselho de Escolas, surgiram duas associações de dirigentes escolares. Não se percebendo bem para quê, pois sempre se caracterizaram por uma prudência extrema nos actos.
Os directores abdicaram de ser líderes de comunidades educativas para, em muitos casos (há sempre excepções de enorme dignidade), se calarem quando deveriam falar, receando perder os lugares, e optando por ser enviados do MEC nas escolas, em especial junto dos que há muito tempo tinham sido seus colegas. Esqueceram-se do que é uma sala de aula, do que é atravessar um pátio ou um corredor no horário de entrada, do que faz a essência de ser professor. Iludiram-se com o ser director. Muitos gostaram de avaliar, outros de mandar avaliar e avaliar quem avaliava. E acreditaram na conversa de serem líderes de uma comunidade educativa, quantas vezes encarando isso como contrário a dialogar com os professores. Preferiam o diálogo com a tutela, como de forma cândida confessa hoje Adalmiro da Fonseca ao Correio da Manhã. Deslumbraram-se com as runiões, salivando com as chamadas a Lisboa.
Os problemas só começaram a sério no paraíso directivo quando se percebeu que a tutela se estava a marimbar (é um termo que perdeu o desuso) para os directores quando decidia mega-agrupar, atropelando mandatos, projectos educativos, cartas educativas, conselhos municipais de educação, autonomias e tudo o mais.
Ou seja, a tutela fez aos directores o que muitos fizeram aos professores. Mandou e esperou que obedecessem. Depois começaram os cortes de privilégios. E seguiram-se as ordens sem horário ou calendário seguro.
E o peso do modelo hierárquico e autoritário fez-se notar muito.
E agora já será uma minoria de directores que goza de prestígio e admiração entre os corpos docentes que antes os elegiam.
Já será uma minoria que conseguiria congregar em seu redor um corpo docente em defesa de posições comuns, perante os atropelos sucessivos na reorganização da rede escolar ou os disparates em matéria de avaliação do desempenho.
A aceitação prática do 75/2008 sem uma acção concertada de boicote ao modelo de gestão, a quebra de laços de solidariedade dentro das escolas, fomentada pela prática das nomeações de tipo absolutista, mas também a apatia generalizada de muita gente, incapaz de se erguer, pensando mais no horariozinho do ano seguinte, no clubezinho a ser aprovado para não dar substituições, na sacanicezinha e delaçãozinha abjecta contra os colegas para ganhar pontos na ADD, fizeram das escolas algo muito pior do que era, com apenas um vencedor: o poder político que queria domesticar salarial e profissionalmente os professores. E os directores (com excepções, ressalvo pela terceira vez) aceitaram fazer parte desse esforço, em tempos de Maria de Lurdes Rodrigues, como se depreende da entrevista referida anteriormente e que está transcrita no post abaixo.
Agora dizem que se vão embora… mas embora para onde? Para as salas de aula? D-u-v-i-d-o! Para a aposentação, ainda acredito, agora voltarem a ser professores na verdadeira acepção do conceito e da função?
A verdade é que a guerra em defesa do funcionamento democrático das escolas, de um modelo de partilha das decisões, mesmo se com rostos responsáveis por cada desempenho, foi perdida porque foi travada por muito menos gente do que a da avaliação. E essa, como sabemos, foi sendo perdida, apesar de um quase unanimismo vocal de um dos lados.
Fomos poucos a travar ambas mas, mesmo tendo perdido ambas de forma bem clara, fica-se sempre com a consciência limpa de não ter jogado do lado do oportunismo.
Janeiro 2, 2012 at 4:49 pm
«Alemanha estuda proposta de perdão de 75% da dívida grega.» E há de chegar aos 100% (digo eu).
OK. Nada tem a ver com o «post», mas…
Janeiro 2, 2012 at 4:51 pm
Os insurgidos voltam a atacar: http://oinsurgente.org/2012/01/02/da-desconversa-e-da-obfuscacao/.
Janeiro 2, 2012 at 4:56 pm
#2,
Já espreitei. O MBM enuncia que tudo o que eu argumento é “irrelevante”.
Na mesma onda eu respondo que o que ele afirma “irrelevante” é, pois limita-se a enunciar e não a contraditar.
Aquilo é muita preguiça argumentativa.
Vãos-se à Pordata, clicam nuns gráficos e prontos….
Janeiro 2, 2012 at 5:00 pm
Muito bom, Paulo Guinote! Como sempre!
Janeiro 2, 2012 at 5:04 pm
Tem absoluta razão! Ousaria acrescentar que esta reforma curricular em discussão e o aumento da autonomia das escolas com a extinção das dre, irão ser muito difíceis com as escolas no estado em que estão – com pessoal desresponsabilizado e ausente…
Janeiro 2, 2012 at 5:15 pm
Vou roubar isto, direitinho para o meu FB.
É tudo mais que relevante, o que aqui é dito. É a prosa de quem dá aulas e v~e as coisas com muita clareza.
Janeiro 2, 2012 at 5:18 pm
Revi-me neste artigo do Colega Guinote. Pois não imaginava que ao fim de 20 anos de serviço, e só por ter reclamado da ADD, o que deveria ser normal numa sociedade democrática. Passei de bestial a besta, com uma resposta de 10 págs. de infâmias e calúnias…Tudo indigno de uma escola pública, sim tudo feito por uma coordenadora que só tem inveja,pois vive na mediocridade!!!!!!!! E a escola é o Agrupamento de Escolas de S. João de Loure. Um dia se me derem hipótese ainda publicarei as 10 págs. de resposta com as infâmias, assim todos verão como se trabalha em algumas escolas públicas!!!!
A solução é denunciar e desprezar e colocar no lixo todos aqueles que não deveriam servir a escola pública!!!!
Janeiro 2, 2012 at 5:25 pm
PAULO A VERDADEIRA QUESTÃO NEM É ESSA..A VERDADEIRA QUESTÃO É O QUE SE QUER FAZER REALAMENTE Á ESCOLA NO SEU TODO.. SEM QUERER ENTRAR EM TEORIAS CONSPIRATIVAS ACHO QUE A ESCOLA DO NOSSO TEMPO MORREU OU ESTÁ COMATOSA.. A ESCOA, TAYLORISTA OBEDECENDO A PLANOS QUINQUENAIS É O FUTURO QUE PRETENDE …E QUANTO A ISSO NADA A FAZER…
já o Krugmam disse num artigo do ano passado que a educação já não é um bem tão valioso como o era no passado…
Janeiro 2, 2012 at 5:26 pm
sorry os erros estou de fugida..fui…
Janeiro 2, 2012 at 5:31 pm
Como sempre, muito bom!
Janeiro 2, 2012 at 5:39 pm
Apesar de concordar com algumas partes da reflexão não posso deixar de referir as excepções que ocorrem em alguns agrupamentos e pela minha experiencia enquanto presidente do conselho geral, o orgão é independente da direcção e acima de tudo e conforme o DL 75/2008 é o primeiro órgão de qualquer estabelecimento de ensino e como costumo dizer as pessoas fazem os cargos e não o contrário.
Janeiro 2, 2012 at 6:02 pm
Uma bela análise da situação com a qual não posso estar mais de acordo;
Apenas acrescento que, face ao exposto, resta aos Directores um acto de contrição de que, tal como sempre, não têm coragem!…
Janeiro 2, 2012 at 6:12 pm
Tentando compreender as coisas, mais do que tomar partido numa “guerra perdida”, eu pegaria na deixa do Rui Lages #11, de que é mais a pessoa do que o cargo em concreto que acabam por estar em causa e ser determinantes.
É que em relação às mudanças do modelo de gestão eu tive uma experiência, digamos assim, em contra-ciclo. A liderança anterior, formalmente colegial, era na prática bem mais centralizadora do que a direcção que a substituiu, e que desde o primeiro momento apostou na delegação de competências e no trabalho em equipa.
Outros colegas terão experiências diferentes, o que mais uma vez demonstra que a gestão é sobretudo aquilo que as pessoas envolvidas e as relações de poder existentes na comunidade escolar forem capazes de fazer. Ou de deixar fazer os outros…
Agora isto não invalida que o modelo actual, ao impor a direcção unipessoal e sobretudo ao sobrevalorizar a presença de elementos exteriores à escola no conselho geral e consequentemente no universo eleitoral da direcção, seja muito pior do que os que anteriormente existiram, promovendo as prepotências e os favorecimentos e abrindo demasiado as escolas e agrupamentos, não à presença dos pais, que deve ser estimulada dentro de certos limites, mas à influência perniciosa dos poderes locais.
Janeiro 2, 2012 at 6:14 pm
Gostei de ler e partilho as preocupações, apesar de não estar diretamente envolvido, já que estou fora da vida diária de uma Escola.
Janeiro 2, 2012 at 6:20 pm
Já agora, mais uma nota: o momento alto da entronização das “lideranças” escolares terá sido a criação do Conselho de Escolas. Com a desfaçatez própria do consulado socratino, assumiu-se que as escolas eram os directores e que a palavra destes representava as instituições que dirigiam.
E assim se tentou passar ao lado de sindicatos e associações profissionais de professores, de associações de estudantes ou até mesmo de serviços regionais do ME menos cooperantes.
Foi um passar a mão pelo pêlo de que muitos directores gostaram, tanto assim que, quando recentemente foi apresentado o projecto de reorganização curricular, acusaram logo o toque: lamentaram não terem sido chamados e consultados. De não terem sido informados em primeira mão, de terem sabido pela comunicação social…
Janeiro 2, 2012 at 6:23 pm
São necessárias soluções políticas. Um modelo de governação das escolas é muito mais do que um Decreto-Lei, e do que um conjunto leis, portarias e despachos que o regulamentam a diferentes níveis. Não se trata de um problema de um qualquer modelo decretado, mas sim de uma vontade (que não existe, em minha opinião) em alterar profundamente as políticas educativas, as relações entre a administração e as escolas, as autarquias, e outros níveis regionais e locais de educação (em vias de extinção, pelo que consta), no sentido de perspetivar expectativas melhores para uma governação mais democrática das nossas escolas. E isto só é possível, do meu ponto de vista, com uma mudança para uma política educativa descentralizada, que confira uma gradual autonomia às escolas, acompanhada de práticas mais democráticas ao nível da sua governação, e da construção de legislação consentânea. Mas com estes nossos governantes, tal não me parece possível, apesar de toda a retórica em sentido contrário.
Janeiro 2, 2012 at 6:28 pm
Num país como o nosso, coisas “fofinhas” como a aquilo da escola aberta à comunidade, inclusão, metas, autonomias, accountability centralizada… acabam sempre por serem adulteradas e subvertidas com muita cosmética e hipocrisia à mistura
Janeiro 2, 2012 at 6:30 pm
” Retrato ” muito bom.
Tudo verdades.
Janeiro 2, 2012 at 6:32 pm
FANTÁSTICO! Um texto perfeitamente “enxuto”!!!
E já agora, o meu contributo para toda esta aberração:
ficai a saber que a esta altura “do campeonato” ainda não sei o resultado da minha avaliação. Eu e os restantes “zecos” do Agrupamento. À semelhança do último ciclo avaliativo, a dita cuja será dada a assinar num qualquer dia destes com uma data “política e legalmente correta”! Assim se mostra quem manda e se impede a “reclamação”.
À volta desta novela que tem sido a avaliação dos professores, há episódios fantásticos por esse país fora, mas neste Agrupamento têm contornos especiais, garanto. Aliás, a avaliação docente e quaisquer outros eventos avaliativos!
Saúde, amor, alegria… Um melhor 2012 para todos!
Janeiro 2, 2012 at 6:38 pm
#11
Fazem o cargo de acolitar o director(a).
Janeiro 2, 2012 at 6:42 pm
#12
Não têm coragem de quê? De dar aulas? Isso sim. Alguns passaram estes anos a cravar espinhos e a enviar setas aos profissionais honestos.
Janeiro 2, 2012 at 7:43 pm
Partilho da opinião do Paulo. A Escola que nós conhecemos, antes do reinado Socas/Milú, foi a última instituição democrática que existiu em Portugal. Por estranho que possa parecer, sobreviveu muitos anos e com grande responsabilidade de todos os agentes.
Sócrates matou a escola democrática.
Hoje em dia, os que ficaram ( nós) e que conheceram a realidade anterior só podem lamentar uma mudança que nada trouxe de positivo para a escola e, consequentemente, para o nosso trabalho com os alunos.
Os outros – uns foram-se embora antes do tempo, por não poderem suportar – outros entraram já neste novo modelo e não conhecem outra realidade para comparar.
Um dia, iremos nós para a reforma, e nada restará do que era anteriormente.
Janeiro 2, 2012 at 7:47 pm
Excelente texto! Na “muge”!
Janeiro 2, 2012 at 7:50 pm
Paulo,
Brilhante.
Vou “roubar” cá para “casa”!
Bom Ano.
Um abraço.
Janeiro 2, 2012 at 7:56 pm
Tenho a certeza de que se na minha escola estivesse outra equipa directiva a vida seria lá muito mais insuportável. As coisas estão muito más, muito por culpa de muitos de nós, por muitas razões, mas principalmente por medo, por ignorancia e calculismo acabámos por fazer o que o a mnistra e o seu chefe queriam. Muitos diretores participaram com prazer nesta revolução, orgulhosos por serem ouvidos por suas excelências e o diabo ficou à solta nas escolas que eles dirigiam; outros fizeram-no porque acreditavam que de alguma forma podiam ejudar os colegas e impedir que na sua escola se instalasse a dtadura e a prepotência. Penso que foi o que aconteceu na minha escola. As coisas mudaram, mas acredito que teriam mudado muito mais se lá estivessem outros patrões.
Janeiro 2, 2012 at 7:57 pm
http://zebedeudor.blogspot.com/2012/01/nem-isto-lhes-dao-de-aumento.html
Janeiro 2, 2012 at 8:18 pm
“(há sempre excepções de enorme dignidade)”
deve(m) ser tipo Gama e outr@s que prometeram muito e agacharam ainda mais
Janeiro 2, 2012 at 8:40 pm
Sabem que eu sempre tive uma paixão por gatinhos. Fofos, mansinhos, de trazer por casa. Eu nunca quis domesticar os professores (muito menos os senhores diretores), gostei sempre tanto deles que queria torná-los iguais aos meus gatinhos. Foi só isso. Mas a mensagem não passou, não que eu e o meu sócio Walter não nos tivessemos esforçado por explicar a esses tontinhos dos jornais e das televisões para eles explicarem aos meus queridos professores. Infelizmente, a mensagem não foi entendida. Lamento e um bom ano para todos. Tenho esperança de que ainda havemos de nos encontrar…
Janeiro 2, 2012 at 9:00 pm
Caro Paulo Guinote: posso não estar de acordo consigo em muitas coisas,mas no que escreve no post 100% de acordo. Foi das raras vozes lúcidas a denunciar, a desmontar a ilegalidade do 75/2008 face a uma LBSE. Claro que esta tem sido torpedada em muitos aspectos, mas em relação do modelo de gestão, parece que só agora com qualquer beijo de branca de neve é que muitos acordaram para a realidade. Este problema não se pode por nas relações pessoais, ou empatias mais ou menos assumidas, mas sim em questões de verdadeira democracia interna das escolas. Mas deixe-me fazer-lhe uma pergunta que são duas: acha mesmo que muito professor conhece o 75? Acha que muito colega sabe onde está a contradição com a LBSE (apesar de mais do que uma vez, o PG o ter assinalado desde 2008)? Agora várias:
Tem reparado como de um momento para o outro se silenciou a questão da eleição dos Coordenadores? Tem dúvidas sobre as pressões diretivas.? Alguém sabe porque na ADD, os “dinossáurios” excelentíssimos abdicaram de bom grado ( estilo complexo de champoo linix) para os Coordenadores do odioso da questão ? Esse poder direto, não quiseram eles! Ai esses encontros do Conselho de Escolas com as Ministras! Peditórios quem nem Santa Casa – eles diziam que não, que eram reivindicações, preocupações!
Já agora, que parece bem informado em estatísticas: quantos DE se entronizaram no cargo via presidentes de CE? Apostamos 90%?!…ou um bocadito mais?
Agora tenho pena de muitos, desgraçadinhos! foram cotizados e agregados! Olha para mim cheio de pena! Desculpe molhar a caixa de comentários!
Janeiro 2, 2012 at 9:00 pm
Giro foi quando eu estava na Direcção Regional e começou a “tara” dos mega agrupamentos:
X conversava com Y e Y conversava com Z…dizendo que nunca tinha conversado com X.
“Giro” porquê? Porque os Directores que desconfiavam que iam ser comidos telefonavam para as “cúpulas” políticas…e existiu um Director que às páginas tantas me confessou que o Director Y tinha 3 cartões partidários!
Na altura até fiquei parvo!
Verdade se diga os Coordenadores das Equipas de Apoio às Escolas andavam metidos na guerra.
Aquilo foi o maior nojo a que eu assisti:
Só pensava: “que m€rd@ de país!”
O engraçado é que as Direcções Regionais “respeitavam” os Directores, mas, estes eram considerados carne para canhão e perfeitamente dispensáveis. Para a formação das CAP os Coordenadores das Equipas de Apoio à Escola iam pura e simplesmente à sua lista de contactos de “amigos” para fazer os convites e depois apresentavam os nomes ao/à Director/a Regional.
Janeiro 2, 2012 at 9:01 pm
E por incrível que possa parecer a atitude do/a mesmo Presidente do CE antes do DL75 e após o DL75…quando passaram a ser o/a Director/a mudou muito e bastante!!! Mesmo com a equipa…
Ser eleito… e fazer parte duma equipa eleita… é uma coisa….
Ser-se nomeado… e depois nomear a equipa… é outra coisa muiiito diferente no acto… e no modo de estar no dia a dia… A mesma pessoa deixa de agir da mesma forma… Assume uma postura totalmente diferente!
Janeiro 2, 2012 at 9:03 pm
Bom Ano 2012!
Janeiro 2, 2012 at 9:04 pm
#31:
O DL75 foi um decreto nazista.
Digo e afirmo um decreto nazista.
Janeiro 2, 2012 at 9:10 pm
#7:
Aida eu estive numa Direcção Regional e volto a afirmar:
Assisti a coisas que só me apetecia dizer:
“que m€rd@ de país!”
Janeiro 2, 2012 at 9:11 pm
#29,
Sei disso tudo, infelizmente.
Quase todos os dias me chegam descrições de situações verdadeiramente disparatadas, mas quase sempre para eu conhecer, mas nem divulgar, com o receio de…
Quanto à concordância ou não, a luz nasce da discussão, não do unanimismo,
Janeiro 2, 2012 at 9:14 pm
Tudo misto é fruto da nossa própria imaginação ..e nós mesmos nós somos seres imaginários …fruto da imaginação de outros seres também eles imaginários…
Janeiro 2, 2012 at 9:15 pm
digo chiça…Tudo isto é fruto da nossa própria imaginação ..e nós mesmos somos seres imaginários …fruto da imaginação de outros seres também eles imaginários…
Janeiro 2, 2012 at 9:18 pm
#7,
MAnde-me esse “documento”, para efeitos de … arquivo.
#11,
Quanto ás excepções, tive o cuidado de fazer três ressalvas ao longo do texto.
#13,
As pessoas mudam… e basta dar-lhes um pouco mais de poder para as vermos serem o que sempre quiseram ser.
Janeiro 2, 2012 at 9:39 pm
Muito bom texto.
É sinal que o Sporting vai mesmo perder. Deixa lá, por aqui também temos direito a uma vitoriazinha. 😀
Janeiro 2, 2012 at 9:46 pm
#39,
Ai, ai, ai…
Janeiro 2, 2012 at 10:00 pm
#13
A “abertura” da escola aos “pais” é uma equação ao mesmo número de incógnitas que outra qualquer, como seja a da diabolizada comunidade.
Há pais exigentes, outros desleixados, a maior parte ausente.
Ao contrário do que possa parecer, a escola não pertence a quem nela “trabalha”, pela simples razão de que é o Estado que a financia e a controla com maior ou menor pressão ideológica.
A Direcção de uma escola só pode e deve ser considerada democrática se estiver em sintonia com os interesses e a emancipação da maioria da população, o que paradoxalmente pode entrar em contradição com os interesses do “corpo docente” e também do Estado dominante.
É pena que normalmente não se considerem estes elementos quando se analisa a “democraticidade” do aparelho educativo.
Janeiro 2, 2012 at 10:04 pm
Mesmo muito bom, Paulo, novamente!
Para mim a democracia na escola perdeu-se no dia em que o diretor do agrupamento onde exerço funções disse, numa reunião de diretores de turma, que nunca mais consentiria que questionassemos uma medida, ou atividade, ou, ou, ou…, vinda de instâncias superiores. Que as hierarquias são para respeitar. E obedecer.
Um Bom ano a vós!
Convosco**
Janeiro 2, 2012 at 10:23 pm
O que tem o trabalho pedagógico de diferente dos outros, para que elementos estranhos se sintam qualificados para mandar postas de pescada? Num escala de especialização, iria para os extremos: recolha dos lixos domésticos e pilotagem dos aviões. Nem num, nem noutro caso, me parece que o trabalho destes profissionais seja supervisionado pelos destinatários dos serviços ao ponto de formarem comissões “directivas”. Imagine-se os passageiros a pedirem justificações ao piloto ou co-piloto sobre a razão de ser de cada movimento no mancho ou actuação nos flaps. Ou a questionar o pessoal da recolha sobre o modo de pegar nos caixotes.
Moral da história: no espectro da especialização, sucede os professores do ensino básico e secundário estarem sobre as banda errada. Poderia falar também na actuação de uma brigada militar em terreno inimigo, ou seja, na dimensão da distância: igualmente os professores estão no lado errado. Como penso que a situação pode ser contrariada? Nunca desistindo de levantar as questões do foro estritamente pedagógico, com toda a carga técnica ou mesmo tecnicista que coloque no seu lugar os amadores e demais espectadores. Se alguém tiver melhor ideia, estou aberto a sugestões, embora a minha experiência profissional – não como docente – indique que este é um caminho muito seguro.
Janeiro 2, 2012 at 10:58 pm
Inspiradíssimo!
Janeiro 2, 2012 at 10:59 pm
#43
Confundir pedagogia com ciência é o mesmo que tomar uma mera especulação narrativa por uma demonstração matemática.
Sempre existiu a atracção para fazer decorrer a pedagogia de uma actividade técnico-científica, confundindo deliberadamente a ética com a descoberta e a aplicação de uma qualquer lei da física.
Quando compro um bilhete de avião sei onde o piloto me leva, até porque existem rotas definidas e contratos estabelecidos.
Felizmente ninguém sabe ainda como conduzir uma mente para um destino certo, pesem embora as experiências totalitárias para o realizar.
Janeiro 2, 2012 at 11:09 pm
Caro h5n1
Gosto de aprender com profissionais. Sabe o que dizia o Professor Rómulo de Carvalho aos seus discípulos? Discípulos, não aos seus alunos, não sei se me compreende: que as aulas não eram terreno para experimentalismos [pedagógicos, leia-se]. Apenas acrescentaria que, além da profissão que exerci a maior parte do tempo, também dei aulas, o que nunca me pareceu ser uma actividade mais fácil ou menos exigente (do ponto de vista científico). Um bom ano para si, é o que lhe desejo.
Janeiro 2, 2012 at 11:27 pm
NÃO ADIANTA FERRÃO AOS HERMÉTICOS DITOS ABERTOS A MENTE FECHA-SE COMO UMA OSTRA….E DEPOIS AINDA FALAM DA ORTODOXIA ESTALINISTA…TÁ BEM ABELHA….NOI FUNDO NO FUNDO..CALA-TE BOCA..FUI BUENAS NOCHES..
Rainer Maria Rilke, in ‘As Anotações de Malte Lauridis Brigge’
É possível que, apesar das investigações e dos progressos, apesar da cultura, da religião e da filosofia, se tenha ficado na superfície da vida? É possível que até se tenha coberto essa superfície – que, apesar de tudo, seria qualquer coisa – com um pano incrivelmente aborrecido, de tal modo que se assemelhe aos móveis da sala durante as férias de Verão?
Sim, é possível.
É possível que toda a História Universal tenha sido mal-entendida? É possível que o passado seja falso, precisamente porque sempre se falou das suas multidões, como se dissertasse sobre uma aglomeração de pessoas, em vez de falar de uma única, em torno da qual elas estavam, porque se tratava de um desconhecido que morreu?
Sim, é possível.É possível que se tenha julgado ser preciso recuperar o que aconteceu antes de se ter nascido? É possível que se tivesse de lembrar a cada um que ele, de facto é proveniente de todos os antecessores, tendo ele disso conhecimento e não devendo dar ouvidos a outros que soubessem outras coisas?
Sim, é possível.
Janeiro 2, 2012 at 11:28 pm
Além de que a etimologia da palavra pedagogo deixa muito a desejar..mesmo muito…
Janeiro 3, 2012 at 12:26 am
Subscrevo na íntegra.
Este modelo de gestão das escolas, lançado por MLR, teve sobretudo dois grandes objectivos, que se complementam:
– Reforçar o poder hierárquico vertical que impende sobre os zecos, retirando-lhes a possibilidade de ter um papel activo e participante na gestão das suas escolas.
– Facilitar a implantação das concepções empresarial de escola e mercantilista/utilitária do ensino.
Janeiro 3, 2012 at 1:12 am
Texto muito bom, que esclarece bem a questão para os que de fora tanto gabam este modelo de gestão.se, saberem do que falam..
Janeiro 3, 2012 at 1:35 am
http://margarida-alegria.blogspot.com/2012/01/um-dialogo-furtuoso-pois-naoa-mensagem.html
Janeiro 3, 2012 at 1:54 am
Muito bom Paulo!
Um ótimo 2012.
Janeiro 3, 2012 at 10:25 pm
Para lá de outras questões, há algumas que gostaria de sublinhar:
– O Conselho Pedagógico que deveria ser independente, com membros eleitos a que os professores reconhecessem as qualidades necessárias. Mas seria de valorizar na carreira (já se tentou de maneira atabalhoada e depressa esquecida) a função desses professores nesse órgão, com consequências na avaliação;
– O Conselho Geral se elege o director, então deveria ser o órgão que o deveria avaliar sem intromissão da tutela, que apenas deveria fiscalizar o cumprimento da Lei,
– O método eleitoral. Há outros sistemas eleitorais que permitiriam uma maior participação e independência. Hondt não é um santo!
– Abertura para que o cargo de director ou uma forma colegial de direção não fosse restrito aos que já lá estão ou aos que fizeram determinados cursos de especialização (bons ou não). Dirigir uma escola é muito mais do que uma questão técnica, e muitos “técnicos”, ainda por cima dependentes de uma hierarquia centralizadora que muda constantemente na “grande” e também na “pequena” política, não têm, só por isso, visão da função de uma escola num determinado meio. Muitas instituições não têm carreiras de gestores e funcionam, tal como funcionaram bem muitas escolas sem burocratas especializados.
– Há que rever a participação das autarquias e dos pais, por exemplo. Se uma autarquia tem assento repetido no Conselho Geral, então deveria contribuir financeiramente ou com ofertas de serviços. Os pais ou representam a maioria deles ou então que encontrem formas de serem representativos e que contribuam também. Mandar palpites e mandar os outros trabalhar é que não.
João Simas