No entanto, embora esta decisão do TC desagrade, em meu entender, à larga maioria dos docentes, mesmo nos que já tinham baixado os braços e esperavam que a coisa caísse aos trambolhões, há que admitir que quase todos os actores institucionais e políticos em presença têm a ganhar (ou não perdem grande coisa) com o que se passou hoje.

Ora vejamos:

  • O Governo demissionário, o PS e o PR – o embrião de União Nacional que foi sendo testada em matéria de Educação –  sentem que as suas posições prevaleceram e que o TC lhes deu razão. O Governo e o PS podem engalanar publicamente, enquanto o PR pode mostrar como foi escrupuloso e imparcial.
  • A Oposição toda pode afirmar que fez tudo o que poderia fazer nas condições que teve para suspender a ADD. Do Bloco ao CDS, com matizes diferentes pois o PSD e o PCP são os mais directos autores das propostas aprovadas, todos podem afirmar as suas boas intenções e apresentar-se como bons depositários da simpatia da classe docente.
  • As organizações  sindicais continuam a ter uma das mais fortes bandeiras de luta e mobilização dos professores, podendo reclamar para si a partir de agora o completo protagonismo num palco em que o Parlamento foi desautorizado pelo TC.
  • O Conselho de Escolas, corporizado pelo seu presidente Manuel Esperança (que há pouco se congratulou com a decisão, demonstrando como representa apenas interesse micro-corporativos) e alguns colegas, pois sempre acharam que esta avaliação era para levar ao fim, pois lhes alimenta o ego e o prazer de classificar e avaliar, já que não o podem fazer aos alunos, por não leccionarem há muitos anos.

Portanto, não o iludamos, há muita gente feliz com esta decisão e nem sequer listei os numerosos laranjinhas (pachecos, leites, rangéis, marqueslopes, etc, etc) que fizeram tudo para que ela acontecesse.