De forma recorrente, levamos com a estória dos rácio alunos/professor para desacreditar ou mostrar como menos razoáveis certas ideias e/ou pretensões dos docentes.
O que eu gostava de saber é se estes adorados rácios são construídos ou desconstruídos de uma forma esclarecedora e rigorosa.
Eu explico: o rácio (uma média com um nome giro) é feito dividindo o número de alunos matriculados pelo número de professores dos quadros e contratados.
O que não sabemos quando lemos os resultados e os comparamos internacionalemente:
-
Quantos desses professores estão efectivamente a dar aulas e quantos estão a desempenhar outras funções nas escolas que em outras paragens são desempenhadas por outros técncios? Há dados comparativos sobre isso? Também de forma recorrente questiono se há estatísticas para isso. Mas vozes de asno curioso não chegam aos prados celestiais das estatísticas educativas nacionais.
-
Quantos desses professores estão efectivamente nas escolas e quantos estão requisitados em serviços centrais ou regionais do ME? Há dados comparativos sobre o aparelho burocrático dos ministérios da Educação nos diversos países? Será que o rácio seria o mesmo se fizessemos essa distinção?
-
Quantos desses professores estão ao serviço do ME, dando aulas ou não, e quantos estão destacados, requisitados ou em comissão de serviço em outros organismos do Estado, nomeadamente em outros ministérios e nas autarquias?
Estão o ME, a OCDE ou a comunicação social em condições de afirmar que os rácios apresentados – e sabemos como as nossas estatísticas são sempre recolhidas e tratadas com imenso rigor, em especial pelo ME que é quem fornece os dados para todos estes estudos – correspondem a professores efectivamente a leccionar ou se apenas correspondem a efectivos dos quadros do ME, estejam eles a leccionar, em gabinetes do ME ou das DRE ou a trabalhar em autarquias nas mais diversas funções?
Porque se é para encontrar rácios engraçados eu posso sempre agarrar numa turma PCA de 6º ano com 8 alunos a que lecciono duas disciplinas e dizer que, com um Conselho de Turma de 8 professores, o rácio é de um aluno por professor.
O que até é verdade, de acordo com uma forma manipuladora de analisar as coisas. Por acaso o nível de sucesso desta turma deve ser de 87,5% (é capaz de haver apenas uma retenção). Não sei se é bom ou mau para o secretário Trocado da Mata e para os senhores do Bloco Central que acham que esta não é uma questão central. O que sei é que não gosto de debater isto com quem não percebe do assunto e, por acaso, os deputados que fazem declarações sobre esta matéria (incluindo docentes que devem fazer parte do rácio, mesmo estando no Parlamento) raramente percebem e conseguem ir além da declaração ideológica ou instrumental.
Junho 11, 2010 at 12:58 pm
Portugal é o país da CE com o racio mais alto de ministros por habitante!
Junho 11, 2010 at 12:58 pm
Os números são para ignorantes a realidade é para inteligentes.
Junho 11, 2010 at 1:07 pm
É ver se a Pordata tem dados mais credíveis.
Junho 11, 2010 at 1:09 pm
#3,
MAs qual a fonte?
O problema é que não temos RECOLHA DE DADOS independente.
Quase sempre o que fazem é solicitar os dados oficias.
É possível saber quanta gente tem o ME na sua estrutura burocrática.
Qual o peso relativo dos professores que surgem contabilizados como professores em exercício?
Junho 11, 2010 at 1:15 pm
#4
Essa recolha de dados é impossível de ser feita.
Se no 1º ciclo podia ser fácil contabilizar o rácio, tendo em conta o regime de monodocência, não nos podemos esquecer que existem os professores do apoio e do ensino especial que alteram em muito essas contas.
Nos outros níveis de ensino é estramamente complicado pelo número de docentes por turma e pelas reduções da componente lectiva.
Não sei que solução credível possa existir para efectivamente se contabilizar esse rácio. Mas não é pelos professores destacados noutros serviços que ele diminui de forma visível.
Junho 11, 2010 at 1:28 pm
O número de alunos por professor ou por turma não tem de ser determinado pelas estatísticas internacionais. Deve decorrer, acima de tudo, da nossa realidade educativa e do que pretendemos fazer com os alunos concretos que temos nas escolas.
A escola tradicional – o professor ensina, os alunos, quietos e calados, aprendem, quem não quer estudar vai trabalhar – funcionava bem com um número elevado de alunos por turma. Não havia apoios nem NEEs, quem se portava mal ia para a rua, quem reincidia era expulso.
Agora se queremos a escola inclusiva, o aprender a aprender, a escola a tempo inteiro, a escolaridade de 12 anos, etc, é elementar reconhecer que este modelo funcionar precisa de mais professores.
Sociedades mais heterogéneas ou menos escolarizadas também transportam para o interior das escolas maiores problemas de integração, que por exemplo nos países nórdicos existirão de forma muito residual.
Quando aqueles idiotas da Negociata Escolar, digo, Parque Escolar, acham que vão fazer escolas em que as salas de aula deixam de ser o centro e os alunos andam por ali a pesquisar e não sei quê e viram este modelo não sei onde e acharam muito giro, é preciso que se diga: estes modelos de escola precisam de mais professores por aluno do que o ensino tradicional.
E já que querem esgrimir com estatísticas, há um número que gostava de conhecer: qual é o rácio professor/aluno na Escola da Ponte?…
Junho 11, 2010 at 1:37 pm
Mas estes “Sinhores” não têm mais nada que fazer que, darem-se ao trabalho de fazerem comentários ( pelos vistos eu também)do que está evidente…NUMEROLOGIA…FUTUROLOGIA…e outras “Gias”…. Isto tem que ir até ao fuuuunnnnnddddoo do poço, para se começar tudo de novo!!!!
Junho 11, 2010 at 1:41 pm
Na Parque Escolar vêem demasiada publicidade…
Junho 11, 2010 at 1:50 pm
A Pordata, tal como a OCDE, baseia-se nos dados fornecidos pelo ME. Não fidedignos.
Junho 11, 2010 at 1:59 pm
O estudo também faz a comparação entre os vários países quanto ao número de disciplinas que cada aluno tem? Seria giro de saber qual a posição de Portugal …
Junho 11, 2010 at 2:03 pm
Atente-se nas dificuldades assinaladas nesta investigação … (que me parece muito interessante)
Sobre o financiamento da Educação:
condicionantes globais e realidades
nacionais
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rle/n13/13a04.pdf
Junho 11, 2010 at 2:04 pm
#10
Nem quanto ao número de disciplinas nem quanto à duração das aulas.
As 15 disciplinas no 3º ciclo e as aulas de 90 minutos são originalidades portuguesas que não interessa discutir.
Não fazem parte da agenda…
E devem ter sido inventadas por algum sobredotado!
Junho 11, 2010 at 2:19 pm
Não faço a mínima ideia sobre a cientificidade disto:
“Corruptos podem ter lesão cerebral, defende investigador
Falhas na região cerebral do córtex pré-frontal podem explicar, pelo menos em parte, o fenómeno da corrupção. Segundo Antoine Bechara, neurologista da Universidade de Iowa, essa lesão cerebral é semelhante à encontrada nos cérebros dos assassinos psicopatas.
Bechara, que é canadiano e professor nos EUA, analisou exames de ressonância magnética funcional de pacientes considerados de comportamento desviante.
«Os corruptos são pessoas sedutoras, que podem ter muito sucesso na vida, mas que não distinguem valores morais», diz o investigador.
http://www.diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=454668&page=0
… mas que o córtex pré-frontal parece ter relação com os valores morais, parece ser uma certeza.
Junho 11, 2010 at 2:25 pm
Estes dados recorrentemente apresentados são um insulto aos que, ano após ano, ^trabalham com 6 ou 7 turmas com 27/28 alunos, sendo que baixam para 24 no caso de incluirem algum aluno com NEE.
Junho 11, 2010 at 2:29 pm
# 14
Totalmente de acordo.
É vergonhoso!
Junho 11, 2010 at 2:30 pm
#5,
Visível será sempre, porque acho que, no mínimo, andarão uns bons milhares de professores destacados e requisitados algures.
Junho 11, 2010 at 2:38 pm
Aliás, estes números comparados com a realidade – nº de alunos em média/por professor com turma, é que poderia fornecer informação credível sobre o funcionamento do nosso sistema de ensino …
Era interessante termos uma amostra nº de alunos em média/por professor com turma e compararmos com estes números. Talvez pudéssemos aferir do nível de desperdício do sistema, da sua disfuncionalidade e tal …
Que tal, aqui no Umbigo … ?
Junho 11, 2010 at 2:38 pm
#16
E outros milhares estão fixos (como os mexilhões e as lapas) nas direcções de escolas e Agrupamentos.
Junho 11, 2010 at 2:40 pm
Quantos professores do 1º ciclo e educadores estão sem turma, por agrupamento, por causa da “tal” (des)avaliação ?
Junho 11, 2010 at 2:48 pm
Há umas semanas atrás a APPF (associação de professores de Francês ) pediu ao Ministério o nº de alunos inscritos em Francês nas nossas escolas .Esses números foi-lhes negado ( não sabemos porquê visto que nós nas escolas preenchemos papéis sem fim !) Mas uns dias mais tarde, apareceram uns nºos no Expresso ,aí a APPF exigiu ao Ministério de novo os nºs, se a comunicação social tinha acesso a eles ,porque é que lhes era negado ? Enfim ,acabaram por fornecer os nºs de 2008 ,aínda não percebi porque não deram os mais recentes….
Junho 11, 2010 at 2:50 pm
#17
E mesmo com essa contabilidade havia um rácio inferior à realidade pois o número de aulas de uma turma do 2º, 3º e secundário é sempre superior à componente lectiva de um docente.
São cálculos muito complicados.
Junho 11, 2010 at 2:50 pm
Onde andarão os malandros? As minhas turmas oscilavam entre 25 e 28 alunos. Tenho 5x mais alunos que a média. Sou excelente!
Junho 11, 2010 at 2:52 pm
E como está a correr a megaconfusão nos vossos agrupamentos?
Já há lágrimas?
Junho 11, 2010 at 2:54 pm
Eu tenho 5 turmas com 25 e 27 alunos. Portanto devo estar no rácio que os parta! Só pode…
Junho 11, 2010 at 3:03 pm
Outra vez a porcaria dos rácios. Já uma vez aqui disse que tenho 119 alunos. Toda a gente sabe que “a estatística é a arte de espancar os números até que eles confessem”, como dizia um humorista brasileiro.
Junho 11, 2010 at 3:05 pm
bem, a olhar para os quadros acabo por dar razão a eles. tenho, entre aulas “normais”, pca e extras a nee, cerca de 180 alunos diferentes.
tenho ao todo 11 turmas – o que faz com que no meu caso tenha menos de 18 alunos por turma(que bom não é?)
no caso das turmas de pca(4 ao todo), a percentagem de retenções é maior que nas outras. Mais, estas turmas tem no máximo 16 alunos.
só posso concordar com o que dizem – em turmas pequenas a percentagem de retenções aumenta significativamente.
para terminar, quero dizer que quando vejo alguém afirmar esses dados na tv ou em jornais, penso que esse alguém foi antigo aluno dos pca, pertencente à minoria que conseguiu não ser retido – só assim compreendo a clareza das afirmações proferidas.
por último, no meu caso 6 das 11 turmas tem menos de 21 alunos.
cada vez mais elucidado e concordante com a ciência exacta deste estudo.
Junho 11, 2010 at 3:07 pm
Começou o campeonato. Isso da educação não interessa nada. A partir de agora só nos expressaremos através da vuvuzela.
Junho 11, 2010 at 3:15 pm
#27
Começou, Gundix Kselix (raio de nick…)? agora é qu’os homens vão hibernar…
Junho 11, 2010 at 3:19 pm
pronunciar gundi que se lixe
Junho 11, 2010 at 3:20 pm
Penso que não é necessário ser um génio para perceber que a média aritmética encobre a realidade; assim, qualquer estudo, para ser fidedigno, tem de recorrer a uma bateria de indicadores.
Tomemos como exemplo o PIB per capita: se nos limitássemos a olhar para as estatísticas, concluiríamos que os Ruis Pedros Soares e similares nem ganham assim tanto…
Junho 11, 2010 at 3:21 pm
#21
São cálculos complicados porque convém a alguém.
Na base de dados do ex-ISSS estão descritos quem aufere pelo ME e quanto aufere, e o respectivo valor e tempo de descontos. Dantes estavam acessíveis ao pessoal da microfilmagem mas agora só uma meia dúzia em cada região é que acede a estes.
Restariam os pagos pelas autarquias que usam de caminhos mais sinuosos.
Junho 11, 2010 at 3:22 pm
Os dados estão parcialmente correctos. o problema é que são usados para provar que os professores são um fardo. Recebem acima de 1000 euros para dar aulas a 7 ou 8 alunos.
A minha escola tem 1322 alunos e 170 professores. logo 1 professor para 7,7 alunos.
O problema está na leitura que é feita.
– Na direccção estão 10 pessoas.
– 70% dos professores tem acima de 40 anos (logo com redução da componente lectiva dada pelo antigo estatuto).
– 5 0u 6 estão em casa de atestado; contam estes e os substitutos.
– Se juntarmos 0 CNO, a biblioteca, o centro de formação,o ensino de estrangeiros a alfabetização, os módulos, o DL 357, etc, etc.
Vão existir mas escolas pessoas com mais de 100 alunos e outras com 0 ou meia dúzia deles.
Este tipo de ensino diversificado ocupa muito mais pessoas, por exemplo conheço uma colega com 6 alunos apenas na alfabetização e um cargo de assessora. Estatisticamente estes colegas são tratados como se dessem aulas aulas a turmas ditas normais o que não é o caso. O ME se quer ser honesto então junte aos alunos todos, os formandos que já obtiveram certificação nos centros de novas oportunidades, sediados nas escolas, e os númoros serão talvez diferentes.
Junho 11, 2010 at 3:23 pm
Diria mais, seriam tidos como uns pindéricos, coitados dos Ruis Pedros… o que não são, como nós bem sabemos!
Junho 11, 2010 at 4:08 pm
#31
Não são os números de professores que estão noutros serviços que são dificeis de contabilizar.
O que é difícil de comprovar é que o rácio de alunos por professor não pode ser usado politicamente para “malhar” nos professores.
Já agora, da mesma forma que foi comparado o número médio de alunos por turma com a média da OCDE e da UE, porque não comparar os rácios também?
Junho 11, 2010 at 4:10 pm
#1. Boa…Portugal é o país da CE com o racio mais alto de ministros (e deputados) por habitante! Fora os secretários de estado, assessores, secretárias/os, motoristas, etc, todos gravitando em torno de cada gabinete ministerial…
Se o problema do número de alunos por turma é o desperdício de dinheiros públicos então o melhor é começarmos por aqueles que nos governam e deveriam dar o exemplo.
Junho 11, 2010 at 4:16 pm
E qual será o rácio português de licenciados-por-fax?
Estará de acordo com a média da OCDE?…
Junho 11, 2010 at 4:23 pm
Estatística da treta…. e a comparação com o privado só pode ser para confundir ou são mesmo ignorantes. Não li o Jornal e não sei quem é o autor da notícia, mas podiam pedir ajuda aqui ao pesoal…. Chegamos lá por observação impírica:
3 turmas com 28 alunos + 2 turmas com 20 alunos (porque têm 3 NEEs oficiais, dois em permanência e 1 multidificiente visitante com acompanhamento). Na verdade nas turmas com alunos não sinalizados, alguns passaram nas malhas largas do Skip, dido CIF) e nas turmas reduzidas idem idem.
Esta a uma realidade, embora haja outra relaidade no mesmo espaço.
Claro que a escola tem turmas reduzidas, pelas mais diversas razões, – daquelas onde já não basta dar o material aos alunos e guardá-lo lá( porque se torna incómodo transportá-lo), também se dá pequeno almoço, almoço e lanche aos alunos, e ainda se lhes lava a roupa etc etc. Onde estão estes no privado?
Junho 11, 2010 at 4:41 pm
#34
Concordo… mas actualmente tudo serve de arma de arremesso, e no caso particular da estatística, há muitas formas de ser usada, e ainda mais quando o cenário final está predefinido, seja quais forem os meios. No meu agrupamento chamam-lhe “martelar os papéis”… usa-se é o martelo errado.
Junho 11, 2010 at 4:43 pm
No que respeita ao número de professores requisitados para os serviços centrais e regionais do ME sugiro ao Paulo que enderece essa pergunta à Secretária de Estado da Modernização Educativa, Maria Manuel Leitão Marques (ver http://www.portugal.gov.pt/pt/GC18/Governo/Gabinetes/Pages/gabinete_SEModernizacaoAdministrativa.aspx). Em tempos solicitei essa informação e obtive-a ao fim de duas semanas.
No que respeita ao ratio professor alunos o Paulo sabe muito bem que essa estatística é falaciosa, o que é facilmente comprovável por quem trabalha nas escolas.
O que verdadeiramente interessa é o indicador “class size” que é mencionado anualmente no relatório Education at Glance.
Os países podem falsificar essas estatísticas? Podem. Mas a ser assim podemos colocar em causa quase tudo.
Junho 11, 2010 at 5:07 pm
Se nós podíamos viver sem o Kacazul…podiamos….
Junho 11, 2010 at 5:12 pm
… mas não seria a mesma coisa. Tens fibra, #39?
Junho 11, 2010 at 5:21 pm
Shue disse:
“Tens fibra, #39?”
Fibra para quê?
Junho 11, 2010 at 5:52 pm
e os rácios dos secretários de estado e o dos motoristas dos deputados e secretários e subsecretários e ministros de estado e os raios que os partam….
7 turmas a 5 a 27 uma a 29 + 1 a 25
onde andam o raio dos números reais?
fecham maternidades, escolas urgências pediátricas!!!!
Já agora tb marchamos para os cemitérios espanhóis não?
prque não vêm estes ladrões do governo para o meio da rua sem guarda costas, motoristas e carros blindados? venham explicar pq me roubam nos impostos directos/indirectos se estamos cada vez mais pobres! Mal por mal venha Espanha, Bolas farta de psês!
Junho 11, 2010 at 5:59 pm
Paulo,
apesar de perceber as dúvidas que coloca no seu post, não posso concordar consigo.
Parece-me que o Paulo sustenta as suas dúvidas em aspectos de mera convicção pessoal:
1. ou porque não confia neste ME e acha plausível que o ME envie dados que não são verdadeiros;
2. ou/e porque acha que a OCDE não é credível tecnicamente para fazer estas estatísticas comparativas;
3. ou/e porque acha que os números não são coincidentes com a realidade que conhece.
No entanto, os factos parecem desmenti-lo, senão vejamos:
1. Quando se fazem estas recolhas de dados são definidos parâmetros muito rígidos comuns a todos os países que possibilitem que os dados são de facto comparáveis entre si. Não se conhece, desde que há recolhas deste tipo de dados, nenhuma “fraude” que Portugal tenha feito, muito menos o ME, no envio de dados oficiais para fins estatísticos; Caso isso acontecesse estaríamos perante uma fraude com consequências muito graves.
2. As estatísticas feitas pela OCDE obedecem a “princípios” estatísticos muito rígidos e profissionais que garantem a qualidade dos seus resultados. Pensar que um organismo como a OCDE faz estatísticas comparativas internacionais de ânimo leve sem ter em conta tudo o que possa influenciar os seus resultados é pôr em causa não só estes dados, como tudo o que se faz a nível estatístico no mundo.
3. A realidade dos números estatísticos podem não traduzir realidades concretas e específicas. Pensar dessa forma é não conhecer a ciência estatística e as suas limitações. Obviamente que as estatísticas apenas traduzem “tendências centrais” comuns a todos os países comparados (aliás, as dúvidas que são colocadas para Portugal poderiam ser colocadas para todos os países…)
Aconselho vivamente a que se leia a “ficha técnica” que acompanha estes dados estatísticos, nomeadamente a diferenciação que é feita dentro do “pessoal da educação” e mesmo entre os diversos tipos de professores, técnicos e outros intervenientes educativos.
ver aqui: http://stats.oecd.org/Index.aspx?DatasetCode=RPERS
Junho 11, 2010 at 6:23 pm
#44,
Sempre li as fichas técnicas.
Daí as minhas sérias dúvidas.
Então faça, por favor, o favor de responder às minhas três questões com base nos dados (in)disponíveis.
Quanto à fiabilidade dos nossos dados estatísticos, acho que seria escusado chamar-lhe a atenção para a evidente falta de rigor nos dados relativos a aspectos tão dispiciendos quanto o desemprego, o défice e os efectivos da função pública que, penso eu de que, também obedecem a critérios “rígidos”.
Vamos ser claros e assumo o que digo: o ME dispõe de uma imensa base de dados estatísticos. Tem publicações meritórias e outras muito úteis, mas a desagregação dos dados tem dias.
Mas haveria uma forma muito simples de fazermos as coisas: que tal cada um saber quantos professores a leccionar tem a sua escola/agrupamento e dividir pelo número de alunos?
Junho 11, 2010 at 6:24 pm
Deixem-me só acrescentar uma coisa: raramente me movo por fés ou fézadas.
Não é este o caso, mas por acaso a minha parte “irracional” tem um interessante potencial de acerto pelo que fui observando ao longo dos tempos.
Quando me cheira a marosca, ela acaba sempre por aparecer.
Aqui no blogue já várias vezes o “cheiro” a fumo deu em descobrir a fonte do fogo.
Junho 11, 2010 at 6:27 pm
#39,
Essa questão do “class size” já a abordei aqui variadíssimas vezes com base nos dados do(a) Eurydice.
O nosso class size não bate certo com estes rácios, estamos fartinhos de o saber.
Quanto ao pedido, poderei fazê-lo, mas tendo o kafkazul esses dados, podia com imensos ganhos (temporais e de esforço na fundamentação porque certamente o fez na qualidade de algo mais do que professor raso…) fornecer-mos, mesmo se parcialmente desactualizados.
Junho 11, 2010 at 6:30 pm
Não me parece que o rácio alunos/professor tenha interesse para a opinião pública, servirá, isso sim, para que o ME repense o número de destacados nos seus serviços centrais e regionais. O mesmo se aplica aos sindicatos.
Quanto ao número de alunos por turma, esse sim, pode servir, ainda que não isoladamente, para esgrimir argumentos de carácter pedagógico. Aqui ficam os números oficiais do ano lectivo 2008-2009:
1.º Ciclo – Turmas com menos de 15 alunos, 16%; Turmas com 15 a 18 alunos, 19%; Turmas com 19 a 23 alunos, 17%; Turmas com 24 ou mais alunos, 20%.
2.º Ciclo – Turmas com menos de 19 alunos, 12%; Turmas com 19 a 23 alunos, 41,9%; Turmas com 24 a 28 alunos, 45,5%; Turmas com mais de 28 alunos, 0,6%.
3.º Ciclo e Secundário (Cursos científico humanísticos) – média de alunos por turma, por ano: 8.º, 9.º e 12.º, 21 alunos; 7.º e 11.º, 23 alunos; 10.º ano, 24 alunos. [Fonte: IGE]
Junho 11, 2010 at 6:41 pm
#44
Ouve-te bem a ti próprio…
De tanta rigidez, partiu-se a cana…
Junho 11, 2010 at 6:44 pm
#44
“A realidade dos números estatísticos podem não traduzir realidades concretas e específicas.”
Nunca traduz. Uma média não tem significado físico, se é professor de Matemática devia saber isto. A estatística é uma técnica de manipulação de números para justificar determinada acção, que com base em argumentos resultantes de raciocínios não enviesados seria impossível justificar.
“Pensar dessa forma é não conhecer a ciência estatística e as suas limitações.” São essas limitações genéticas que fazem com que a estatística não seja uma ciência. Daí ela ser usada fundamentalmente por ciências sociais, pois quando é usada por ciências serve apenas de suporte a teorias, a esmagadora maioria das quais sem qualquer fundamento real.
Junho 11, 2010 at 6:46 pm
Xiiiiiiiii!…
Isto hoje está infestadinho de ‘Abrantes’.
Por favor, Paulo, tente fazer o que tem sido feito noutros blogues: identificar a proveniência, para termos todos a certeza de que pagamos para que alguns apaniguados vagueiem por aí em defesa do padrinho.
Junho 11, 2010 at 6:50 pm
Kacazul,MAT…e você acredita em OVNIS?
Junho 11, 2010 at 6:59 pm
Penso que os números são falsos aliás penso memo que nem existem alunos só professores.
Dria mesmo mais: será que existem escolas ou elas existirão apenas no nosso imaginário?
Junho 11, 2010 at 7:09 pm
#45
A OCDE não faz estatísticas a brincar nem de ânimo leve. Todos os dados são auditados e trabalhados por muita gente altamente qualificada. Pôr em causa um conjunto de resultados, só porque não vai de encontro aos nossos interesses, revela uma “fezada” de que o pessoal dos departamentos estatísticos da OCDE são uma cambada de gente pouco profissional, manipulável, incompetente, pouco rigorosa e que, possivelmente, estão feitos com o sócrates.
Pensar que estatísticas comparativas, ainda por cima de um organismo como o da OCDE, são feitas com critérios e parâmetros diferentes de país para país é de uma ingenuidade tremenda e é sinal de que as convicções estão assentes, não na realidade, mas em desejos que toldam o raciocínio.
P.s. por favor, insisto, consultem a “ficha técnica” (os “i” a vermelho que vão aparecendo em cada item) dos documentos estatísticos disponibilizados http://stats.oecd.org/Index.aspx?DataSetCode=RPERS )
Junho 11, 2010 at 7:16 pm
#54,
Não desfez nenhuma das minhas dúvidas. Nem sequer vou evocar os estudos tipo-OCDE que tão famosos ficaram por usar essa “metodologia”.
Mas eu acrescento: a OCDE solicita dados aos organismos oficiais nos vários países e em muitos casos, quando os não considera aceitáveis, não coloca dados nesses parâmetros.
Mas se pedir os dados dos professores em exercício e o ME lhes fornecer os dados totais, há maneira de o saber?
Importa-se de transcrever a parte em que isso se explicita?
Que por cá há erros de gestão de pessoal, eu sei, mas estes rácios não me convencem e ainda hoje voltarei ao tema, assim tenha paciência e tempo.
Junho 11, 2010 at 7:38 pm
A OCDE insere os dados fornecidos pelos governos dos estados membros. Nada mais.
Junho 11, 2010 at 7:45 pm
mat vai-te catar!
Junho 11, 2010 at 7:46 pm
A formação de turmas -nº de alunos por turma está explicitamente legislado no sistema português- e os horários dos professores é sujeito anualmente a rigorosíssimo controle das DRE/s e da IGE.
Como seria possível, então, rácios deste tipo por professor a leccionar ?
Alguém me explica?
Junho 11, 2010 at 7:47 pm
Nos dados fornecidos estão TODOS: destacados noutros serviços; sindicalistas; elementos das direcções; profs em serviço nas bibliotecas; profs destacadas sem componente lectiva por gravidez de risco, enfim… Todos.
Os números são fornecidos a partir dos dados de processamento salarial.
Junho 11, 2010 at 7:50 pm
# 48
Muito bem.
A IGE controlava (auditava)- não sei se ainda o faz presencialmente mas em termos de dados correctos tem de os ter- todos as turmas (nº de alunos por turma) e os horários dos professores das escolas de todo o país.
Junho 11, 2010 at 7:53 pm
Estatística, ciência?!
Este tipo é formado em Matemática, como?!!!
Junho 11, 2010 at 7:55 pm
#59-Se calhar também contam com os aposentados e com os contratados que não foram colocados.
Estas bichonas são capazes de tudo. É à moda do salazar…
Junho 11, 2010 at 7:57 pm
o mat sabe tanto de matemática como o meu cão;
Junho 11, 2010 at 7:58 pm
#57
Que cópia reles.
Junho 11, 2010 at 8:01 pm
# 61,
A Estatística é uma arte: A arte de torturar os números até que eles confessem.
Junho 11, 2010 at 9:02 pm
“Quanto ao pedido, poderei fazê-lo, mas tendo o kafkazul esses dados, podia com imensos ganhos (temporais e de esforço na fundamentação porque certamente o fez na qualidade de algo mais do que professor raso…) fornecer-mos, mesmo se parcialmente desactualizados.”
É possível que não se acredite (eu pessoalmente hesitaria em acreditar, devo dizer), mas perdi a resposta que a então directora-geral da modernização administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, me enviou. Por um problema de natureza informática perdi todas as mensagens que enviei e recebi dentro de um determinado espaço de tempo, entre as quais as que recebi dela.
Devo dizer que comecei por dirigir a minha questão ao ME, por telefone e por correio electrónico, e só após não ter recebido qualquer resposta é que me dirigi à actual Secretária de Estado da Modernização Educativa, então responsável máxima do programa Simplex, que me respondeu ao fim de duas semanas, aproximadamente, se a memória não ,e atraiçoa. Naturalmente que enderecei o meu pedido na minha qualidade de mero professor, que é o que eu sou.
Tenho uma vaga ideia que o número total de professores requisitados ao ME para trabalhar em órgãos centrais e regionais do ME rondava os 2000. Admito que este número possa ter sofrido alterações.
Tente fazer o que eu fiz. Custa-lhe uma mensagem electrónica, somente.
P.S. Para todos aqueles que alimentam teorias da conspiração Maria Manuel Leitão Marques é mulher do deputado europeu Vital Moreira. Não conheço pessoalmente nem um nem outro.
Junho 11, 2010 at 9:08 pm
Caro Kaf
Já que tem, reconhecidamente, facilidade em obter respostas, peço-lhe que tente obter do professor Mário o ponto da situação quanto a uma solução para “o problema” que à semanas prometeu.
agradecido
Junho 11, 2010 at 9:15 pm
Maria Manuel Leitão Marques, professora na Universidade de Coimbra e mulher de Vital Moreira, exerceu (ainda exerce?) funções no gabinete do PM como secretária de estado da reforma administrativa.
Junho 11, 2010 at 9:16 pm
#66,
Não alimento essas teorias da conspiração.
Apenas as teorias da opacidade.
Junho 11, 2010 at 9:18 pm
Náo creio em números avançados pela senhor “SIADAP” e outros “mimos”.
Não me recordo se é formação é da área da Economia ou de Direito
Junho 11, 2010 at 9:20 pm
Correcção
Não me recordo se a senhora “SIADAP” tem formação de base em Economia ou em Direito
Junho 11, 2010 at 9:32 pm
#71
Licenciada em Direito, doutorada em Economia.
http://www.gsema.gov.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=16&Itemid=28
Junho 11, 2010 at 10:23 pm
# 72
Reparei que no período de campanha eleitoral para as Europeias houve uma “limpeza” dos nomes e funções dos membros do Governo na dependência do gabinete do pm, limpeza que incluiu a secretaria de estado da modernização administrativa. Vá-se lá saber o porquê (…)
Junho 11, 2010 at 10:24 pm
Qdo li que, no 2º ciclo, o racio é de 7 professores por aluno, e tendo eu todas as turmas ( excepto a dos NEE a 20) com 28 alunos, pensei: tenho o triplo da média. 🙂
Junho 13, 2010 at 4:06 pm
All the single ladies…
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