É raro fazer digressões pela boa blogosfera mas, por tique que me ficou há uns meses, de quando em vez espreito o Câmara Corporativa para ver o que diz o establishment sobre quem o contesta, mas sempre com a capa de serem anti-corporativos e tal.

Hoje dei com este post de João Magalhães, supostamente baseado neste artigo do New York Times. Quem ler de forma distraída o post poderá ficar com a ieia que nos EUA se está a discutir uma reforma da avaliação do desempenho dos professores vagamente parecida com a nossa.

Nada de mais errado, para isso bastando ler o que está escrito, percebê-lo, e depois comparar com a nossa tristonha realidade.

Mas, ainda antes disso, tema  sua graça usarem o modelo americano como exemplo do que não funciona, depois de levarem anos a martelarem-nos com as enormes vantagens dos sistemas anglo-saxónicos, em particular o americano, na promoção da excelência educativa.

Enfim… adiante. Concentremo-nos no essencial.

  • O modelo em vigor por lá é criticado por ser formalista e basear-se, em termos de prática pedagíogica, apenas num par de aulas observadas (isto toca-lhes alguma campaínha?).
  • As propostas de mudança pretendem ter em conta não os resultados dos alunos, mas a sua progressão, ou seja, aquela tese do valor acrescentado de que já aqui falei várias vezes (as propostas do ME passam por aqui? Not really!!!).
  • Por lá pretendem-se identificar os professores pouco eficazes e promover a entrada de novos professores com qualidade (por cá quer criar-se uma prova de ingresso na profissão que torna quase estanque a entrada sem aumento dos quadros, sendo que os contratados, não fazem a dita prova).

Em resumo, de algum modo, o que pelos EUA se abandona é um sistema de avaliação do desempenho docente muito parecido com o que cá o ME tem tentado implementar, querendo adoptar-se um modelo cujas características em nada se parecem com as propostas pelo ME.

Que o autor do post do Câmara Corporativa não tenha percebido isso é caso para pensar que, talvez, fosse bom fazer uma prova de ingresso na blogosfera ou, em alternativa, não ter feito uma leitura do artigo do NYT ao nível do Emgalês Téquenico.