Tem sido por aqui discutida a intervenção do professor António Nóvoa no 5 de Outubro, nas comemorações do Dia do professor organizadas pela Fenprof.
Infelizmente a discussão centrou-se mais na questão da avaliação, em especial no modelo inter-pares.
A discussão demonstrou, pela prática, uma outra evidência apontada por A. Nóvoa na sua intervenção, ou seja, o facto de os professores terem conseguido reconstituir uma forte coesão de grupo para o exterior mas manterem uma intrínseca fraqueza ao nível da sua estruturação interna.
Em termos mais simples isto significa que foi possível unir a generalidade da classe docente contra a investida do ME e recuperar uma capacidade de intervenção na sociedade que se julgava quase perdida em definitivo, mas que é difícil, em seguida, colocar as pessoas a discutir entre si e a construir posições minimamente consensuais.
Se é possível erguer a oposição, é mais difícil e problemático estruturar a construção. É mais fácil saber o que não se quer, mais complicado dizer com clareza o que se quer.
Esta característica, certeiramente identificada por A. Nóvoa, está longe de se perspectivar ultrapassável a breve prazo, sem uma mudança de atitude por parte de quase todos os intervenientes.
É difícil transformar um movimento de guerrilha num regime, em especial num regime aberto. Ou transformar uma equipa rotinada para jogar em contra-ataque num conjunto dominador e com a obrigação de construir jogo.
E fico por aqui com as metáforas fraquinhas.
O que interessa é sublinhar o que é evidente: é indispensável – e será por aqui que o contra-ataque do outro lado vai acontecer – saber o que se quer se for alcançada a suspensão desta ADD e o modelo de carreira que o ECD em vigor cristalizou na última revisão publicada há dias.
Já sei que há quem nunca concorda com nada, excepto consigo mesmo e as suas circunstâncias. Há quem, com alguma naturalidade mas algum isolamento mental, considere que, entrando na carreira e nas suas aulas, mais ninguém tem nada a ver com isso. Não querem avaliação, não querem qualquer tipo de monitorização do seu trabalho e estarão sempre contra algo que perturbe um quotidiano consolidado e a sua vida. É uma visão das coisas, mas está desajustada dos tempos que vivemos. E acredito que é residual, mesmo se muito vocal quando necessário. Um pouco como o gémeo antagónico, aquele que quer grelhas para registar tudo e mais alguma coisa e que acha que o que interessa é estar muito tempo na escola.
Só que é preciso ultrapassar estes bloqueios.
Há que construir alternativas e é aí que entra o papel da construção a partir de dentro, com credibilidade, por vezes optando por soluções híbridas, de compromisso.
Não adianta criticar a intolerância alheia, se formos intolerantes. Cada um tem as suas ideias e se as tem é porque as acha melhores que outras. É natural. Mas se todos agirmos assim a lado nenhum interessante chegaremos.
Por isso é importante entender-se que, revogado o ECD no que à divisão da carreira e quotas diz respeito, suspenso este modelo de avaliação, algo é preciso apresentar como alternativa, pois não é possível voltar a 2004, para o bem e para o mal.
E esta discussão deve ser feita, com confronto aberto de posições, discussão acesa, crítica afiada, mas também a noção de que há um tempo e um prazo para tudo: é tempo de sabermos o que queremos e não apenas o que recusamos.
Outubro 7, 2009 at 1:17 pm
Houve um post, há poucos dias, que deu 400 e tal comentários e em que as pessoas apresentaram algumas sugestões nesse sentido. Claro que é necessário constituir um documento, com uma proposta concreta.
Outubro 7, 2009 at 1:51 pm
Neste momento, é-me indiferente voltar atrás, construir uma nova proposta ou manter o que está em vigor. Já me habituei ao «status quo», por isso…
Assuntos educativos, de facto, importantes são aqueles que correspondem ao «post» «Coisas importantes (1)». O resto é-me indiferente neste momento.
Outubro 7, 2009 at 2:09 pm
Nunca me conformarei com as injustiças que ocorreram no 1º sorteio para titular.
Outubro 7, 2009 at 2:25 pm
Boa reflexão, Paulo!
Também considero que existe uma “certa” força exterior – estivemos no centro das atenções, por vezes oportunistas, de quase todos os partidos anti-Sócrates – mas é clara a fragilidade interna.
O padre, o médico e o professor eram, ainda há escassas décadas, “quase deuses” no nosso pequeno burgo. Entretanto, e no caso que nos toca, o professor era o dono e senhor da sua sala de aula, para o bem e para o mal.
Mudam-se os tempos, as tecnologias de informação invadem a nossa sociedade, as exigências das comunicações ao segundo…. tudo isto, e muito mais, alteram hábitos, comportamentos e atitudes.
O professor já não é um ser solitário no seu saber e competências – a “globalização” do campo educativo substitui a “capelinha”.
Considero que neste espaço do Umbigo, a grande maioria já percebeu a mudança mas… muitos, muitos, docentes, do Básico ao Universitário, ainda estão pouco consciente da mudança ou quando se apercebem… tremem. Medo… muito medo da exposição, medo de ser julgado.
Esta será a fragilidade da classe docente. Avaliação inter-pares… porque não??? Se houver hábitos de colaboração, de formação cooperativa, de aulas abertas por hábito e/ou a pedido…. qualquer avaliação (auto- e hetero-)será rigorosa e será orientada para o mérito.
Outubro 7, 2009 at 2:39 pm
Sim, a melhor defesa é o ataque.
Outubro 7, 2009 at 2:44 pm
Na entrada que rosa henriques referiu atrás uma parte substancial dos professores pareceu defender o regresso ao modelo antigo. Ora, se há algo em que MLR ganhou em toda a linha foi isto: voltar ao antigo modelo de ADD de “encher chouriços”, em que toda a gente progredia sem existir uma verdadeira avaliação do mérito, acabou. Kaput! Finito! Ninguém vai aceitar isso.
Há pois que apresentar alternativas.
A FNE, por exemplo, tem um documento onde apresentou a sua proposta (ver http://www.fne.pt/upload/pareceres%20fne/PropostaFNE_avaliacao_desempenho.pdf). Pode-se discordar do documento em causa mas ele é “propositivo”, se me permitem a expressão. Há que explorar este tipo de caminhos. Ir unicamente pela negativa não conduz a lado nenhum.
Outubro 7, 2009 at 2:48 pm
parabéns paulo é isso mesmo~!
Outubro 7, 2009 at 2:53 pm
#4, avaliação interpares só se houver diferenciação entre os elementos do par.
Se não, é batota! É fraude! É chachada!
Qto ao post, eu sinto o mesmo: sempre que alguém avança com uma proposta, caem-lhe todos em cima a criticar. 🙂
Ainda há pouco aconteceu no post sobre a Ordem, mas mesmo em relação ao modelo proposto pelo Paulo, ou ao da fenprof, ou a outros, há sempre pessoal que diz: “Não quero nada disso.”
🙂
Eu até acho que somos engraçados. Não engolimos nada que não seja “bom” para comer. Tornámo-nos uns “gourmets”.
Mas, como o Paulo diz, se não formos nós a chegar-nos à frente, outros o farão por nós.
Para mim, o argumento mais divertido que aqui li foi este: “A mim não me pagam para estudar modelos de avaliação, os governantes é que têm essa obrigação”. 🙂 🙂
Mas se não nos ouvem, dizemos ( e com toda a razão) que eles não percebem nada da poda.
Proponho que peguemos num modelo. O Pedro Castro já propôs o do ensino privado.
Que tal começarmos por lê-lo e debatê-lo aqui?
Poderia ser uma base para uma construção nossa.
Depois, enviávamos a nossa proposta para quem de direito.
Outubro 7, 2009 at 2:54 pm
Grande texto Paulo. De facto destruir jogo é fácil. Construir jogo é que é difícil. Aquilo que eu vejo da parte dos sindicatos instituidos é uma posição muito mais perto do “Não querem avaliação, não querem qualquer tipo de monitorização do seu trabalho e estarão sempre contra algo que perturbe um quotidiano consolidado e a sua vida…”. Se a posição negocial tivesse sido outra estou certo que já se teria chegado a um modelo de avaliação razoável. A MLR passou do complex para o simplex e os sindicatos, passaram para quê? Precisamos de sindicatos pragmáticos. Talvez o António Chora possa dar uns cursos avançados de sindicalismo moderno à Fenprof… ajudava…
Outubro 7, 2009 at 3:03 pm
O filme que o Paulo apresenta agora já o previ há muito.
A proposta da FNE é a única credível de entre todas as apresentadas. Também já disse que discordo de alguns pontos dessa proposta, mas foi construída com o empenho de muitos dirigentes e sócios dos sindicatos da FNE.
Não é possível criar um modelo que agrade a 100% dos professores, mas uma coisa é certa, voltar ao tempo antes de 2004 já não está na perspectiva de ninguém.
– Não me aflige ser observado nas minhas aulas.
– Não me aflige ser avaliado pelos EE.
Aflige-me sim, ser avaliado nessas tretas todas e não servir para absolutamente nada.
O Nóvoa e o Paulo parecem agora estar a querer vender um peixe à ala esquerda do PS.
A mim não me vendem essa de avaliação inter pares, pelo menos nestes pares que foram criados pelo ECD de MLR.
Quem sabe um dia aceite ser avaliado e observado pelo meu coordenador.
Outubro 7, 2009 at 3:10 pm
# “O professor já não é um ser solitário no seu saber e competências – a “globalização” do campo educativo substitui a “capelinha”.
Pela minha experiência, que já vai sendo longa, e ainda pelo facto de trabalhar na mesma escola há já 20 anos, considero a afirmação acima demasiado generalista, isto é, essa perspectiva está ultrapassda na maioria das situações e para isso contribuiram, à época, as provas globais que implicavam um forte trabalho colaborativo. Não está em causa defender ou não as ditas provas, mas sim destacar os hábitos que se criaram e se instalaram, positivamente, claro.
Sobre a avaliação inter-pares nada teria contra se esta previsse a componente formativa e, para esta e para a “avaliação” há que reconhecer no outro essas capacidades de avaliador. Só alguém com credencial de avaliador terá reflexão-espaço para avaliar verdadeiramente e aqui não importa, obviamente, se é mais novo, mais velho, com menos anos de serviço, etc. Porque um avaliador sacado, ao acaso, de entre os pares, pode gerar crispações. Ou seja, sem uma formação prévia, de fundo, na área da avaliação de professores, o avaliador, por desconhecimento, pode cair na tentação de avaliar à luz dos seus pressupostos pedagógico-didácticos, logo, subjectivos e, assim, não levar em linha de conta as idiossincrasias do outro que, podendo atingir os mesmos objectivos, pode actuar de forma diferente. Estive ligada a estágios e sinto que me posso permitir referir este aspecto e que resultaria numa monstruosidade: “adesivar” ao avaliador perdendo a sua própria identidade enquanto pessoa e docente. É isto que queremos?
Sobre o desafio do Paulo, ontem li por alto a proposta do José Luiz Sarmento e considerei uma boa base de trabalho a desenvolver.
Outubro 7, 2009 at 3:23 pm
[…] Bem vindo a bordo. Ir para os Comentários O Paulo Guinote descobriu agora o óbvio. […]
Outubro 7, 2009 at 3:40 pm
O que eu quero claramente, acima de tudo, é ver à frente do ME gente competente. De preferência importados da Finlândia, da Holanda, ou de outro país europeu decente. Chega. Não é preciso estarmos a reinventar a roda. Vejam o exemplo de meia dúzia de países que apresentam consistentemente bons resultados nos testes internacionaise copiem o que eles fazem.
Outubro 7, 2009 at 3:41 pm
Acabei de ver os vídeos do Prof. A. Nóvoa e do M.Nogueira no site da fenprof.Grande Mário Nogueira!
Outubro 7, 2009 at 3:44 pm
MLR ganhou a batalha contra a avaliação anterior? Como? Inutilizando o tempo e as disponibilidades mentais necessárias para a preparação das aulas?
Introduzindo CEF’s onde os alunos se recusam maioritariamente a estar calados ou até a aceitar convites para se ausentarem da sala sem marcação de falta?
É como fazer passar uma dor de dentes à custa de uma gangrena na perna. Haja tino nas palavras.
Agora, que a ministra está knock-out já aparecem uns arautos a corrigir o tiro para cima dos sindicatos. Mas as propostas da FNE e de outros sindicatos não chegaram à mesa de negociações? Que resposta obtiveram da equipa ministerial? Já caiu no esquecimento?
Quanto à substância. O nível de concertação de posições num grupo de pessoas é função das formas de organização que adoptam. Com blogs conseguimos atingir o nível um (brainstormming). Para se chegar mais longe há outras formas: difusão de estudos, de práticas, de opiniões, de experiẽncias alheias e suas apreciações; classificção dos temas, palestras, mesas redondas, assembleias de diferentes níveis regionais, selecção de representantes (por impossibilidade de juntar toda a gente), plenários, congressos, etc. Está bem de ver que a montagem desta estrutura organizativa choca facilmente com as múltiplas obrigações profissionais. O tempo não é uma variável que se possa desconsiderar, a menos que se pretenda resultado ao nível do de MLR ou pouco diferente.
Outubro 7, 2009 at 3:44 pm
De que vale os melhores entre os professores apresentarem propostas válidos, se os jornalistas e os ocs, obedecendo à voz do dono, insistirem na ideia que os professores não querem ser avaliados, e que não há mais propostas além das que foram apresentadas por milu?
Socras fala na sociedade do conhecimento, mas gosta mesmo da sociedade da ignorância.
Outubro 7, 2009 at 3:53 pm
Este post está muito bem estruturado em termos teóricos, como é habitual, mas há duas objecçõezinhas que gostaria de colocar:
1. Quando se alude a quem “nunca concorda com nada, excepto consigo mesmo e as suas circunstâncias”, não se está no fundo a visar precisamente a atitude que está na filosofia deste blogue, aquilo a que costumamos chamar o “umbiguismo”?
2. A respeito de um novo modelo de avaliação, parece-me que há um ponto que tem sido referido, mas que se calhar a maioria das pessoas ainda não interiorizou: é necessário definir previamente para que serve a dita avaliação. É que se para nós ela serve para uma coisa, mas quem manda tem outras ideias, de nada servem os “modelos” que andemos por aqui a inventar.
Quanto a alguns comentários aqui deixados, poupem-nos por favor à falsa ingenuidade de afirmar que apanhámos com esta avaliação socratina por não termos apresentado em devido tempo a “alternativa” ou “negociado” ou não sei quê. É certo que a memória das pessoas é curta, e muitos professores já perdoaram as malfeitorias que lhes fizeram e até votaram PS nas últimas eleições. Mas não convém exagerar…
Outubro 7, 2009 at 3:56 pm
Paulo,
li este post com muito agrado. É tempo de construir e julgo que o Paulo pode contribuir para isso.
Como sabe, não dou como certo que o modelo de ADD adoptado seja mau (muito menos o novo ECD). Sei, no entanto, que o primeiro modelo a ser proposto, qualquer que fosse, seria sempre para deitar fora, por muitas coisas positivas que tivesse. Acredito, por isso, que há disponibilidade do novo governo para negociar um novo modelo, desde que se mantenham os mesmos princípios…
Mas, os professores que não tenham dúvidas, nada será como dantes, ou seja, haverá com toda a certeza uma avaliação docente séria e com consequências. Isso já foi ganho.
Como já aqui sugeri, talvez fosse importante e necessário que, antes de se começar a discutir um novo modelo de avaliação docente (o principal “problema” do ECD), se discutisse os princípios e os objectivos que uma avaliação de professores deverá cumprir, pois só assim se poderá encontrar e compreender as soluções mais adequadas.
“E esta discussão deve ser feita, com confronto aberto de posições, discussão acesa, crítica afiada, mas também a noção de que há um tempo e um prazo para tudo: é tempo de sabermos o que queremos e não apenas o que recusamos.”
Mas, estejam, certos que não há modelos perfeitos.
Outubro 7, 2009 at 3:57 pm
“Esta será a fragilidade da classe docente. Avaliação inter-pares… porque não??? Se houver hábitos de colaboração, de formação cooperativa, de aulas abertas por hábito e/ou a pedido…. qualquer avaliação (auto- e hetero-)será rigorosa e será orientada para o mérito.”
A avaliação inter-pares com consequências na carreira do professor? Não concordo.
Não precisamos de ser criativos. Estudem o modelo da escola finlandesa. Não é esta que tem os melhores resultados?
Outubro 7, 2009 at 4:00 pm
“Mas, os professores que não tenham dúvidas, nada será como dantes, ou seja, haverá com toda a certeza uma avaliação docente séria e com consequências. Isso já foi ganho.”
Vamos todos ver quais são as consequências da avaliação deste biénio que passou.
Outubro 7, 2009 at 4:11 pm
Concretizando um pouco mais o que referi acima…
Com a avaliação dos professores podem prosseguir-se dois tipos de objectivos distintos:
– A melhoria da qualidade do ensino público, o que era uma chatice para esse pessoal que andou a investir no negócio do ensino privado;
– Restringir o acesso e a progressão na carreira docente, reduzindo as despesas de pessoal de forma a diminuir défices orçamentais e gerar fundos de maneio para entreter o pessoal à medida que se vão tirando coelhos da cartola.
Claro que esta ADD foi inventada para cumprir o segundo objectivo, mas o que nós queremos é o primeiro.
Num caso e noutro, o modelo de avaliação deve ser substancialmente diferente.
Se é para fazer uma avaliação punitiva, ou, eufemisticamente, “escolher os melhores”, então a avaliação deve ser externa ou, quando muito, da responsabilidade do director.
Se a avaliação dos docentes é para melhorar o seu trabalho, então deve ser interna, inscrever-se dentro da avaliação da própria escola no seu todo, e pode ser interpares, cooperativa e essas coisas todas. Até se podem escolher os melhores, ou seja, aqueles a quem deve ser atribuído, não o preenchimento de papéis, mas o trabalho mais difícil…
Outubro 7, 2009 at 4:14 pm
Concordo com o post 19, e com outros que dizem mais ou menos o mesmo. Nao vale a pena andar a inventar a roda.
Comece-se por estudar a avaliacao e as circunstancias de paises que tem bons resultados.
Outubro 7, 2009 at 4:15 pm
#18 MAT
Sei, no entanto, que o primeiro modelo a ser proposto, qualquer que fosse, seria sempre para deitar fora, por muitas coisas positivas que tivesse.
Generalização precipitada. Os resultados estiveram à medida dos pressupostos financeiros (reconhecidos pelos próprios), da postura sobranceira à mesa das negociações, da preferẽncia dada à discussão sem regras levada a cabo na imprensa, enfim, do profissionalismo nulo demosntrado pelo ministério. Não vale agora empurrar o lixo para debaixo do tapete.
Dou-lhe um exemplo de boa administração: quando a Suécia decidiu alinhar as disposições do código da estrada com a maior parte dos países, prescindindo da codução pelo lado esquerdo da via, preparou tão bem a campanha, que o primeiro ano da implementação efectiva desta medida ficou marcado como o ano com menor número de acidentes. Agora imagine que seria MLR a responsável por tal mudança.
Outubro 7, 2009 at 4:20 pm
Não deixam de ter piada o kafkazul e o manyfaces a gabar a palhaçada que é a actual avaliação.
Na parte que me diz respeito, devo dizer que não entreguei o os objectivos e fiz um documento de auto-avaliação que não me tomou nem metade do tempo que gastava antigamente com o relatório crítico e onde basicamente critiquei o modelo de avaliação e denunciei as contradições, incoerências e irrelevâncias da ficha de AA.
No final, vamos ter todos Bom. Mas progressões na carreira, nem vê-las.
É o que se chama uma avaliação com consequências, como é bom de ver!
Outubro 7, 2009 at 4:28 pm
Reb,
as pessoas não querem a ordem porque implica avaliação de pares( como acontece com os advogados e médicos) para entrarem….têm de fazer um exame e não há diferenciação de pares….e eles entendem-se…. só para os professores é que é um problema!
Outubro 7, 2009 at 4:45 pm
Já que fomos todos “formatados” (sindicatos inclusivê) para aceitarmos um sistema de avaliação como um acontecimento inevitável, apesar de METADE OU MAIS DE METADE DOS PAÍSES DA EUROPA NÃO POSSUÍREM UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO FORMAL DE DOCENTES, proponho o modelo de avaliação de professores dos Açores. Apesar de alguns defeitos é no meio desta maluqueira aquele que está à mão e me parece o menos desequilibrado.
No entanto proponho a leitura integral do post “Return the Teaching Profession to the Teaching Professionals” para que meditemos o quanto está a custar ao ensino dos Estados Unidos o facto de deixarem à rédea solta muitos teóricos e burocratas da educação que mandam no sistema público de educação daquele País.
Devemos também reflectir porque razão nos dois países que mais produzem “modelos de avaliação docente” por metro quadrado (USA e UK), os respectivos sistemas de ensino público têm decaído paulatinamente para o descalabro.
Outubro 7, 2009 at 4:46 pm
Caro Paulo Guinote,
Poderíamos fazer um levantamento de propostas. Com a nossa contribuição on-line. Por exemplo, neste blogue (é só uma sugestão), seria postado um documento-base, uma matriz que não causasse grande disparidade de opiniões. Depois, cada um de nós ia sugerindo alterações. Dar-se-ia um tempo para que as pessoas se pronunciassem, ponto a ponto, para gradualmente ir acrescentando, construindo. Nos pontos mais polémicos, poderia fazer-se uma votação(ideia peregrina?) e ir acrescentando, até termos um documento consistente. A pluralidade de propostas é salutar. Também seria salutar fazer confluir todas as propostas (dos sindicatos, movimentos, etc.), num texto único. Que lhe parece?. Será uma proposta ingénua? Descabida? Difícil de gerir? É que não podemos ficar no impasse, de braços cruzados, à espera que as coisas caiam do céu. Sei que isso nos rouba muito tempo, especialmente ao “dono do blogue”, que já tinha avisado que a partir de Outubro ia diminuir a participação:)) Diga de sua justiça.
Outubro 7, 2009 at 5:14 pm
Já agora um pedido:desejo que o meu par seja uma boa colega ,pode mesmo ser mais boa que colega.
Outubro 7, 2009 at 5:16 pm
De facto, só uma pessoa a defender a adopção do modelo finlandês para Portugal?
É estranho, é muito estranho, ou talvez não.
Outubro 7, 2009 at 5:26 pm
O que, efectivamente, M.ª de Lurdes conseguiu foi introduzir nas nossas cabecinhas essa ideia de diferenciar, de premiar os melhores, a excelência. E, mais uma vez, parece-me que ela tocou no ponto: esta necessidade de protagonismo, de ser melhor que os outros, de mostrar que qualquer coisa. Não será por essa competitividade balofa que muitos recusam a avaliação «inter pares»?
E depois, em termos de excelência, considero «tão ou mais excelente» o colega que leva com os CEFs delinquentes em cima e sobrevive ano após ano, comparativamente, por exemplo, à colega que escreveu aquele artigo aqui reproduzido, no dia do professor. Venha o mérito!
Outubro 7, 2009 at 5:48 pm
Alguém disse aqui que no Umbigo fazemos um brain-storming mto interessante.
Concordo.
Precisamos de reflectir em conjunto e isso passa por esta fase de “pôr a nu” aquilo que vamos percebendo das políticas para a Educação.
Somos informados, cultos, inteligentes.
Não somos acríticos.
Mas concordo com o “empurrão” do Paulo.
Não podemos fugir a esta ideia de avaliação.
Como diz o Pedro Castro, mais de metade dos países europeus fugiram disso pq sabem que em nada iria melhorar o ensino nos seus países e pq têm “autoridade” para defender os seus países.
Portugal não cria nada, importa tudo.
Assim temos sido.
Não era um grupo de professores que ia conseguir mudar este paradigma.
Seriam os nossos governantes e o resto da população a acusar-nos de não querermos ser avaliados. Na realidade, só nós profs sabemos que a tal avaliação não vai mudar EM NADA o que temos vindo a fazer.
Somos, na grande maioria, bons professores.
Aqui chegada, concordo com o que diz a Rosa Henriques: vamos partir de uma base; e com o Pedro Castro: partamos do modelo dos Açores.
Uma coisa não podemos engolir: que, entre avaliadores e avaliados, não haja qualquer diferença de formação ou qualificação.
Isso já entra em domínios de falta de dignidade e ética impossíveis de engolir.
Sr.Mat, não venha para aqui aplaudir “guinadas” do P.Guinote para o seu lado.
Não é verdade!!
Outubro 7, 2009 at 5:49 pm
Dia 24 de Outubro vai haver JANTAR UMBIGUISTA em Leiria.
Seria uma boa altura para falarmos destas e doutras coisas. 🙂
Outubro 7, 2009 at 5:56 pm
António Duarte disse:
“Não deixam de ter piada o kafkazul e o manyfaces a gabar a palhaçada que é a actual avaliação.”
É capaz de me indicar uma única linha que tivesse aqui escrito a gabar o actual modelo de ADD? Se conseguir dou-lhe um prémio…
Outubro 7, 2009 at 6:10 pm
28# Não querias mais nada? Uma avaliação agradável…
Outubro 7, 2009 at 6:15 pm
A esmagadora maioria dos professores está contra este estatuto da carreira docente e este pseudo-modelo de avaliação… mas, infelizmente, não sabe muito bem o que efectivamente “quer”.
E isso não é mal: é péssimo.
Achar que tudo deve voltar a ser como era antigamente (ou mesmo mudar para algo próximo do que tínhamos) é não compreender que também antes as coisas não estavam bem.
Apesar desta equipa ministerial ter conseguido desenvolver a difícil tarefa de mudar quase tudo para pior – e isso porque continuo a considerar que a linha orientadora de todas estas reformas teve como base uma lógica puramente economicista – foi importante o desenvolvimento de uma consciência generalizada de que efectivamente algo deveria ser feito, apesar de também achar que as primeiras “obras” não teriam necessariamente que começar no ECD ou na avaliação.
Pelo contrário, questões como programas das disciplinas, condições materiais, redução do nº de alunos por turma, responsabilização efectiva dos encarregados de educação, etc…, são, para mim questões muito mais urgentes.
Mas adiante. Aproveitemos o embalo…
Julgo que devemos “começar” a pensar em algo novo – e quem melhor do que nós, que estamos no terreno, para referenciar o que realmente deve ser tomado em conta num processo de reestruturação da carreira docente.
Deixo, assim, certas opiniões pessoais sobre a matéria, algumas delas já aqui expressas ao longo destes anos e, pelo menos uma parte delas, comungadas com alguns frequentadores do espaço ( … ):
1 – Sou contra uma divisão horizontal da carreira e a existência de quotas.
A necessidade de quotas num modelo é assumir implicitamente que o processo avaliativo não distingue – logo, que não é eficaz.
2 – Considero absolutamente necessária uma diferenciação funcional vertical da carreira.
Todos temos a consciência de que a carreira do professor define-se pelo exercício da docência. Essa é a nossa arte. Mas todos nós também sabemos que numa escola existem diversos cargos obrigatórios qua nada ou pouco têm a ver com a “docência em si” mas que são fundamentais para o funcionamento do actual sistema de ensino.
Porque não pensamos em “carreiras paralelas” ao invés de “divisões na mesma”? Será “correcto” que um professor que exerça dois ou três cargos que lhe dá uma redução efectiva da componente lectiva de 12 ou 16 horas, venha a ter uma mesma avaliação que um professor que “apenas” lecciona?
Não faria mais sentido termos carreiras diferenciadas pelas sua funcionalidade, ou seja, pelo efectivo e/ou prioritário serviço que o professor desempenha?
3 – A avaliação dos docentes mediante a, chamemos, “subcarreira”, deve ser feita pelo Órgão Directivo da Escola, de 3 em 3 anos, e, no caso dos que optam por “apenas” leccionar, através de uma análise dos seguintes elementos:
– Assiduidade e cumprimento do serviço distribuído;
– Participação e contributos nos projectos e actividades da Escola;
– Apresentação de um relatório crítico;
– Avaliação da componente científico-pedagógica efectuada pelo Coordenador do Grupo Disciplinar, ao logo dos três anos, sendo que este Coordenador estará, então, numa outra “subcarreira”, com formação específica e reconhecida na área da avaliação inter-pares.
– Esta avaliação do Coordenador de Grupo poderá ser acompanhada por um elemento exterior à escola, com formação na área disciplinar do docente, caso o professor avaliado assim deseje e pretenda concorrer a uma classificação que lhe permita a redução no tempo da progressão.
4 – A estrutura da carreira docente ficaria assim dividida em 12 escalões de 3 anos cada, onde teríamos aumentos salariais mais baixos mas mais frequentes, aumentando as remunerações no início da carreira.
Ficam aqui algumas ideias…
… e, por favor, deixem a minha querida mãezinha de fora desta discussão,…
… sim?!
😉
Outubro 7, 2009 at 6:39 pm
Pois Paulo… como já tive oportunidade de te dizer…. e se bem entendi o alcance entrelinhas deste teu post…
(aproveitando a tal analogia fraquinha)
o que se precisa é pôr alguma Ordem no momento de construção de jogo.
Outubro 7, 2009 at 6:41 pm
#17,
1 – Não. MAs mesmo que assim fosse um blogue é um blogue, um sindicato é um sindicato, um ministério é um ministério.
Cada primata no seu quintal.
2 – A avaliação pode ser feita pra:
a) Premiar boas práticas.
b) Punir más práticas.
c) Ambas.
Todas implicam que as práticas “medianas” nem são premiadas nem punidas.
Uma avaliação que não sirva para nada disto não tem utilidade.
Outubro 7, 2009 at 6:42 pm
#27,
Posso tentar.
#12,
O Francisco Santos tem a mania que sabe sempre tudo antes dos outros. Agora dedicou-se a comentar os comentários dos blogues alheios.
Falta de assunto próprio, segue as propostas dos outros.
Confere.
Outubro 7, 2009 at 7:04 pm
Tivessem o Sócas e a ML sido mais hábeis na “venda” da avaliação e da divisão da carreira e ambas teriam passado. A ideia da divisão entre maus e bons, “eu trabalho tanto e sou tão criativo e aquele não faz nada, só dá aulas”, o prémio e o castigo, são ideias caras a muitos, que, naturalmente, acham que fazem parte dos bons e que estariam no topo num esquema de carreira piramidal. Falta só esclarecer um pequeno detalhe. Por que raio é que em vários países europeus, desses desenvolvidos e com bons sistemas de ensino, não existe essa avaliação “com consequências”, ou então, a avaliação incide sobre o sistema e não impede a progressão dos docentes?
Outubro 7, 2009 at 7:13 pm
Começo por dar os meus parabens ao Paulo Guinote. Este sim, é um texto educativo. Depois de andar dias a dar “porrada” nos “comentadores” que por aqui vegetam, dou a mão à palmatória. Este é um texto que deveria servir de inicio para uma grande reflexão dos professores. Com este texto, merece a pena ver este blog com outros olhos e ter uma postura séria. Vamos ver se os comentadores querem de facto discutir para criar, ou somente despejar raivas e destruir.
Esqueçam a politica e seus intervenientes, esqueçam a clubite, esqueçam as ideologias, sentem-se, pensem, e traduzam no papel qual o papel que o professor tem na sociedade. Qual o papel que o professor deve reclamar para si, nesta sociedade em permanente mudança.
Quando estiverem, nesta reflexão, eu incluida, não se esqueçam que até agora só pensamos em direitos. Ténuamente e a medo falavamos em deveres e obrigações.
Já agora, não se esqueçam. Falem e analizem o modelo finlandês, mas não se esqueçam de o ver à luz da sociedade, mentalidade, responsabilidade, cultura, etc. da Finlandia. Caso contrário estaremos a importar um modelo que irá dar maus resultados como qualquer importação de uma qualquer loja chinesa.
Boa noite a todos.
Outubro 7, 2009 at 7:16 pm
# 39
Aja alguém que concorda comigo e com o Sísifo.
# 35
Confuso e próximo da proposta da Maria. Prefiro menos escalões e menos «pressão» avaliativa temporal.
# 37
Boas práticas, más práticas, práticas medianas. Ao que isto chegou…
Já agora: quem me distingue o significado destes três adjectivos, aplicados ao mesmo nome / substantivo?
Por outro lado, 140 ou 150 mil boas práticas colocar-nos-iam nos Himalaias da boa «pratiquicice».
Outubro 7, 2009 at 7:17 pm
#40,
Já agora, não se esqueçam. Falem e analizem o modelo finlandês, mas não se esqueçam de o ver à luz da sociedade, mentalidade, responsabilidade, cultura, etc. da Finlandia. Caso contrário estaremos a importar um modelo que irá dar maus resultados como qualquer importação de uma qualquer loja chinesa.
Mas quem é que apresentou a Finlândia como farol?
Ou só serve para o que dá jeito?
Quem é que sempre disse para contextualizarmos a experiência finlandesa?
A postura acrítica acerca da Finlândia foi do ME e do PM.
Outubro 7, 2009 at 7:19 pm
# 39
Onde está a justiça, o interesse e a motivação numa avalição que não tenha consequencias? Advoga por acaso que o empenho, o trabalho, a dedicação, avaliado da mesma maneira e com as mesmas consequencias, nenhumas, de quem não tem esta postura?
Não posso concordar consigo.
Uma avaliação tem de servir, para melhorar, rectificar, qualificar. Tem de servir para premiar e tambem para castigar, por muito que o termo lhe custe.
Outubro 7, 2009 at 7:22 pm
Paulo Guinote.
Referi-me ao modelo finlandês, porque os comentários estavam a começar a apontar nesse sentido. Pela minha parte, prefiro trabalhar num modelo português de raiz. Do zero.
Outubro 7, 2009 at 7:22 pm
# 43
A nossa motivação deve provir do acto de ensinar em si, de ver os progressos nos nossos alunos, a razão da nossa existência.
Quem está à espera de uma avaliação, qualquer que seja, para se sentir motivado…
Outubro 7, 2009 at 7:23 pm
#41,
Os adjectivos, ou algo assim, precisa de ter uma definição.
Por isso devem existir padrões para os aferir.
Discordo frontalmente de quem considere que é impossível distinguir seja o que for.
Todos sabemos – à mesa do café – criticar alguns colegas que não cumprem o que devem, mas depois há quem o não consiga assumir cara a cara.
Como tenho fama de desbocado – e ainda hoje fiz jus a isso – gosto de dizer as coisas com alguma clareza, no momento próprio, perante quem de direito.
Só mando dizer quando estritamente necessário.
Não interessa quando, nem porquê, já fui como DT, em anos diferentes, obrigado a fazer reparos a alguns colegas pelas suas práticas menos condizentes com o discurso do “na minha aula só mando eu”.
Isso fez-me ganhar algumas inimizades? Em alguns casos sim, em especial num em que um colega meu fazia gala em ficar até tarde no café e depois marcava faltas aos alunos atrasados,
Já foi há uns bons anos e ele acabou a supervisionar um departamento da sua disciplina num colégio privado.
provavelmente fiz-lhe um favor, porque ele vinha todos os dias muito cansado para a escola pública.
Mas o que me parece é que não há paciência para nada. Realmente há quem pareça gter um receio congénito de tudo o que cheire a avaliação. A menos que seja…
Outubro 7, 2009 at 7:24 pm
# 43
E, já agora, melhore a sua ortografia, se me permite o conselho, pois ,com os erros que patenteia nos seus comentários, não me parece que seja uma das premiadas em qualquer sistema de avaliação. Tem, por isso, de se esforçar mais nessa área.
Outubro 7, 2009 at 7:27 pm
# 45
Parece que não me expliquei bem.
Não se está à espera de uma avaliação para nos sentirmos motivados. Estamos sim à espera de uma avaliação justa sobre o nosso trabalho. Se conseguirmos uma avaliação justa, a motivação será sempre maior.
“A nossa motivação deve provir do acto de ensinar em si, de ver os progressos nos nossos alunos, a razão da nossa existência.”
Desculpe-me mas este tipo de frases, sendo bonitas, não levam a lado nenhum e também não creio que sejam a preocupação de uma % grande de professores. Mas é só uma convicção minha.
Outubro 7, 2009 at 7:32 pm
# 46
Posso ter algo congénito, mas medo da avaliação não me parece. E tenho paciência, não obstante o «nick», como já demonstrei há dias num outro «post», no qual deixei sete ou oito princípios em matéria de avaliação, nomeadamente a reestruturação dos escalões, a observação de aulas, etc., etc.
O que refere relativamente a um colega não é uma má prática, é uma não prática, que deveria ser sancionado por quem de direito, pela direcção da escola, como previsto: marcação de falta, desde logo. Se um PCE/DE está preso a um sistema de avaliação para agir nesses casos, estamos conversados.
Outubro 7, 2009 at 7:32 pm
“Caso contrário estaremos a importar um modelo que irá dar maus resultados como qualquer importação de uma qualquer loja chinesa.”
O indivíduo que escreve isto parece muito modernaço e preocupado com o mundo em mudança, mas cai no lugar comum de desqualificar os produtos made in China. Artigos baratos mas de má qualidade? Isso era ontem…
Outubro 7, 2009 at 7:36 pm
# 48
Logo, se for injusta, a motivação diminui, o que é compreensível, seguindo o seu raciocínio.
Quanto à frase, hoje, começo a arrepender-me de ter contestado Maria de Lurdes Rodrigues. Deveríamos ter aplicado a sua diarreia legislativa e esperar para ver a excelência das suas medidas. Talvez o modelo dela acabasse, com uns retoques, preferível àquilo que alguns desejariam e anseiam venha a ser aplicado.
Outubro 7, 2009 at 7:36 pm
#4
“O padre, o médico e o professor eram, ainda há escassas décadas, “quase deuses” no nosso pequeno burgo.”
Hoje são os homosexuais, as lésbicas e os corruptos, alguns inginheros. Mudam-se os tempos…
Outubro 7, 2009 at 7:38 pm
Não percebo para que querem escalonar os professores quando eles são todos medíocres…
Começando no 1º e acabando agora no mne que elegeu um QUEIMADOR DE LIVROS!
Outubro 7, 2009 at 7:38 pm
#49,
OK.
O órgão de gestão, após informado, “sensibilizou” o colega que, como disse, parece ter preferido voar para outros recantos e pastos mais aprazíveis onde lhe deram um gabinete e poder de mando sobre os “escravos”.
Tive um ganho directo: nunca mais me apareceu nas reuniões de Conselho de Turma nos 2º e 3º período. Atestado médico: provavelmente problemas na coluna vertebral.
Outubro 7, 2009 at 7:38 pm
#4″O professor já não é um ser solitário no seu saber e competências – a “globalização” do campo educativo substitui a “capelinha”.”, pela catedral do copy e paste e pelas teses de mestrado a pataco!
Outubro 7, 2009 at 7:39 pm
#41 Não há paciência
“Aja”????
Ui, que bem escrito que está…
Realmente, é preciso topete!
Outubro 7, 2009 at 7:43 pm
# 56
Lamento eu que não tenha compreendido o significado desse «aja». Esclareço-o que conheço a diferença de conjugação e ortografia entre os verbos «agir» e «haver».
Já agora, é preciso topete: «Júlio».
Outubro 7, 2009 at 7:43 pm
Repito: para quê estarmos a moer as meninges a reinventar a roda? Pegue-se na legislação de dois ou três países com um bom ensino público, façam-se pequenas adaptações (estatuto do aluno, ECD, avaliação dos professores, etc) e aplique-se.Não me venham com o patriotismo balofo de querer um modelo Português de raíz. Já chega de disparates.
Outubro 7, 2009 at 7:44 pm
#4
“Medo… muito medo da exposição, medo de ser julgado.”
Exactamente, o mesmo motivo que faz com que assine “working on a dream”!
Outubro 7, 2009 at 7:45 pm
#51
Não tenha dúvida. Ninguem se sente motivado com uma avaliação injusta. É esse o tema central do debate.
Outubro 7, 2009 at 7:46 pm
#4
“Avaliação inter-pares… porque não??? Se houver hábitos de colaboração, de formação cooperativa, de aulas abertas por hábito e/ou a pedido…. qualquer avaliação (auto- e hetero-)será rigorosa e será orientada para o mérito.”
Diz bem “Se houver hábitos de colaboração”, pressupondo, desde logo, que não existem!…
Outubro 7, 2009 at 7:48 pm
#60,
Vou citá-la num post que estou a escrever.
Espreite.
Ainda bem que discorda da Ana Maria Betencourt e das suas inspirações finlandesas.
😉
Outubro 7, 2009 at 7:50 pm
#32
Não faltarei.
Quero conhecer a minha prima e resto do pessoal.
🙂
Outubro 7, 2009 at 7:51 pm
Mas como é possível acreditar que TODA a classe pode/deve ter UMA posição sobre a avaliação?!? Trata-se de POLÍTICA e em política os interesses e objectivos são diferentes. A Educação não está fora da esfera da política, senhoras e senhores professores. E MLR, ao contrário do que muito boa gente pensa, SABIA bem o que estava a fazer:http://ruadopatrocinio.wordpress.com/2009/10/04/falemos-entao-de-educacao/
Não é por o Zeitgeist estar a favor da avaliação de desempenho que ela é exequível. Avaliem escolas, mas não tentem avaliar uma profissão em termos quantitativos, nem por objectivos, quando essa avaliação é diametralmente oposta à essência da profissão.
Outubro 7, 2009 at 7:52 pm
#8
“Proponho que peguemos num modelo. O Pedro Castro já propôs o do ensino privado.
Que tal começarmos por lê-lo e debatê-lo aqui?
Poderia ser uma base para uma construção nossa.
Depois, enviávamos a nossa proposta para quem de direito.”
Reb, concordo contigo!
Outubro 7, 2009 at 7:53 pm
# 62
Não disse que discordava. A reflexão em conjunto tem de existir. Temos de contextualizar o modelo finlandês ou outro qualquer, na sociedade de origem.
Outubro 7, 2009 at 7:57 pm
[…] numa cantina, e ter vindo de lá com umas ideias, descontextualizada,s não chega. É curioso que a comentadora Justina tenha chamado exactamente a atenção para esse aspecto e, nem de propósito, tenhamos a presidente do CNE a fornecer um exemplo prático desta adopção […]
Outubro 7, 2009 at 8:07 pm
Concordo parcialmente com o que disse o Paulo. Não pode aplicar-se à docência qualquer avaliação, semelhante à das empresas ou outros organismos. É preciso encontrar um modelo sério, que se adeque à especificidade da função. Olhem para os países com sucesso educativo e formação sólida, copiem o que por lá se faz. Considero primordial mexer na formação inicial, o problema começa aí e é aí que deve começar a ser resolvido.
É preciso dar autoridade e responsabilidade aos docentes antes de os avaliar com objectivos irrealistas que não dependem exclusivamente do seu empenho e trabalho.
Outubro 7, 2009 at 8:12 pm
Maria Pereira, 100% de acordo com o seu comentário#68
Repare que os políticos não devem estar muito interessados em mexer na formação inicial, porque isso pode colidir com os interesses de amigalhaços instalados nas eses e universidades da treta. Aí não lhes convém mexer muito…
Outubro 7, 2009 at 8:20 pm
Querer é quase sempre poder: o que é excessivamente raro é o querer
Herculano, Alexandre
Por4quê o modelo Finlandês..? Nesse nem existe avaliação.. Porque não nestes…
Avaliação de Professores na Alemanha*
1. Categorias. Não existe qualquer qualquer categoria similar à de professor titular. Apenas existem quadros de escola, tal como existia em Portugal.
2. Aulas Assistidas: Acontecem durante o período de formação e depois de 6 em 6 anos. A aula tem a duração de 45 minutos e é assistida pelo chefe da Direcção escolar. Essa assistência tem como objectivo a subida de escalão. Depois de atingido o topo da carreira, acabaram-se as aulas assistidas e não existe mais nenhuma avaliação.
3. Horários dos Professores. Não existe diferença entre horas lectivas e não lectivas. Os horários completos variam entre 25 e 28 horas semanais.
ou nestes..
Avaliação de Professores na Suíça*
1. Categorias. Não existe qualquer qualquer categoria similar à de professor titular. Apenas existem quadros de escola (Professores do quadro).
2. Aulas Assistidas: Estas aulas só ocorrem durante a formação e para a subida de escalão.
ou ainda nestes..
Avaliação de Professores na Bélgica
1. Categorias. Não existe qualquer qualquer categoria similar à de professor titular. Apenas existem quadros de escola (Professores do quadro).
2. Aulas Assistidas. As aulas Assistidas só ocorrem quando são solicitadas pela direcção da escola, mas não contam para efeitos de progressão dos docentes.
3. Avaliação das Escolas. A avaliação dos professores está englobada na avaliação das escolas. Avalia-se o trabalho da escolas, e desta forma o trabalho dos professores que nelas exercem a sua actividade.
e nestes..
Avaliação de Professores na França
1. Categorias. Não existe qualquer qualquer categoria similar à de professor titular.
2. Aulas assistidas. As aulas assistidas só ocorrem no mínimo de 4 em 4 anos, a regra é de 6 em 6 anos, e são observadas por um inspector com formação na área do professsor. O objectivo destas aulas é essencialmente formativo, tendo em vista ajudar os professores a melhorar as suas práticas lectivas.
3. Progressão na carreira. Para além da antiguidade, são tidos em conta os resultados da observação das aulas e as acções de formação frequentadas pelos professores.
Outubro 7, 2009 at 8:22 pm
A Justina defende mas é os tachos que muita gente tem : formadores de marmitas, ou outros tipo fatais e tais…com um certo ar de souplesse tenta ser o que não é…Falsa..
Outubro 7, 2009 at 8:22 pm
#68,
De acordo, também.
E destaco esta parte:
“É preciso dar autoridade e responsabilidade aos docentes antes de os avaliar com objectivos irrealistas que não dependem exclusivamente do seu empenho e trabalho.”
Outubro 7, 2009 at 8:26 pm
#70,
bulimunda,
Não vale a pena insistir.
Há sempre uma nova roda para inventar….
-:)
Outubro 7, 2009 at 8:26 pm
#73,
🙂
Outubro 7, 2009 at 8:29 pm
#39
Justina,ou Julio (sic), ou, ou, ou,… penso que já disse algures, você não é professora. São, apenas, lança-chamas a cumprir uma função. Não que me interesse, mas falta responder ao pequeno detalhe que mencionei em #39. As diferenças culturais, de cor de pele, de clima, não são relevantes.
Outubro 7, 2009 at 8:32 pm
por agora digo como o Régio:
“Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
– Sei que não vou por aí! ”
mas mais logo volto…
Outubro 7, 2009 at 8:39 pm
#35
Redução da componente lectiva? Aonde, aonde?
Ao fim de muitos meses parece que há uma nova tentativa de construir. Espero que não siga o mesmo caminho das anteriores tentativas.
Apresentação de uma prova (ex. uma aula) no ano anterior à mudança de escalão. Relatório da mesma. Juri misto (elementos da escola e alguém exterior, Inspecção ou Universidade). Chega.
Outubro 7, 2009 at 8:42 pm
por agora digo como o Oscar Wilde:
“Examinations consist of the foolish asking questions the wise cannot answer.”
Não sei se tem a ver com o post.
Outubro 7, 2009 at 8:44 pm
#43
Outubro 7, 2009 at 9:24 pm
Qual é o problema de importar o que de bom se tem feito por outras bandas?
Não sei do que falam nem me interessa, apenas sei qe os resultados dos alunos finlandeses são os melhores e isto é a certeza. Tudo o resto é palavreado.
Quanto ao facto de os professores chegarem atrasados ou terem comportamentos menos próprios, há formas de resolver a situação. Agora não me digam que a avaliação é que vai resolver. “estás a prevaricar? No final do ano vais ver a avaliação.” Entanto continua a prevaricar o ano inteiro. Poupem-me, se faz favor. Arranjem outros argumentos para persistirem na avaliação inter-pares e o diabo a quatro.
Outubro 7, 2009 at 9:27 pm
Concordo com a ideia.vamos discutir um novo modelo onde sejam votados grandes princípios orientadores. Acho que deveremos dar também uma certa autonomia às escolas neste processo.
Criar uma lei geral orientadora e deixar as escolas trabalharem.Acho que deverão ser as escolas a dar o grande passo no sentido da implementação de um modelo.
Outubro 7, 2009 at 9:28 pm
#80,
acho que está a misturar coisas diferentes, como se eu fosse o sujeito de toda essa mistura de diabo quadrúpede, avaliação intertoto e más práticas.
Há que perceber que cada texto ou comentário num blogue não é uma tese, por vezes é apenas uma resposta e como tal deve ser tratada,
E não cosipadas a gosto.
Outubro 7, 2009 at 9:49 pm
http://download.teachers.tv/download/J1511001_500k.wmv
Outubro 7, 2009 at 9:54 pm
“Coesão Para O Exterior, Fragilidade Interna?”
A forte coesão exibida pelos professores “para o exterior”, nestes últimos anos, tem para mim uma única leitura – uma forte ameaça externa que ameaçou (e ameaça) o própria âmago da profissão docente. A profissão de professor foi (e está) ameaçada naquilo que a quase totalidade dos professores considera vital, mesmo que desse facto muitos não tivesse ou tenham total consciência.
Seria impossível reunir, por diversas vezes, uma tão elevada percentagem de professores se não tivessem existido “consensos” no grupo profissional e um sentimento de grande ameaça ao núcleo essencial do âmago da profissão.
Que “consensos” são esses?
Parece-me um exercício com interesse tentarmos enumerá-los, como forma de definirmos o que é percepcionado pelos próprios como núcleo definidor da profissão. Sem sombra de dúvidas.
Outubro 7, 2009 at 9:54 pm
#82 Paulo
Percebido, mas mantenho tudo o que disse no comentário.
Outubro 7, 2009 at 9:58 pm
O nosso (?) Manífico Reitor foi então botar faladura na Faculdade de Belas Artes, na abertura de um ciclo de conferências.
Discurso de circunstância e situação (ou situacionista?)e apologético do Estado Novo (socrático).
Pouco próprio a uma pessoa que devotou a esta Faculdade a uma indiferença olímpica, agora que se anuncia a expansão das Belas Artes e Museu do Chiado, pela saída do Governo Civil e, através de, penso, que piadas de salão, ao comparar um hipotética colaboração entre a FBAUL e o Museu do Chiado com a Faculdade de Medicina e o Hospital de Sª Maria…
Realmente o tio avô dele era uma figura importante na cultura portuguesa.
Outubro 7, 2009 at 9:59 pm
O meu comentário 84 está em “portuganhês”. Sorry.
Tomem nota do meu desafio.
Podemos começar caso “o” aprovem.
Vou tomar café.
Venho já.
Outubro 7, 2009 at 10:09 pm
Outubro 7, 2009 at 10:10 pm
Outubro 7, 2009 at 10:10 pm
Outubro 7, 2009 at 10:18 pm
confesso que depois de 11 hora e meia fechado na escola me apetecia desligar, mas comecei a ler os comentários e gostaria só de dizer o seguinte, porque acho que este post importante. E porque estou um bocado desconfiado do caminho que as coisas estão a tomar.
#15 António Ferrão
Completamente de acordo
#26 Pedro Castro
Concordo também, tirando a parte dos Açores, porque não conheço.
O que me preocupa em alguns comentários, é verificar, que dentro da cabeça de alguns comentadores, nasceu uma pequena Maria de Lurdes Rodrigues que diz, em vozinha esganiçada: mas é possível haver ensino sem avaliação? É isso que querem?
E isto é uma grande vitória de Maria de Lurdes Rodrigues.
E agora, pergunto eu, antes de se começar a falar de avaliação, não havia boas escolas? não havia bons resultados? Não conheciam professores trabalhadores e aplicados? Professores bons e excelentes?
Eu, e alguns professores que conheço, não precisamos de avaliações para dar o nosso melhor.
Outubro 7, 2009 at 10:20 pm
#61 brincalhão
Suspeito que tenha sido apenas má interpretação do que escrevi. Não haveria necessidade de tanto bombardeamento em relação a alguém que acredita na utilidade da avaliação docente apenas quando:
– promove o desenvolvimento pessoal e profissional do professor (formação cooperativa; gestão de “procura” e “oferta” entre pares);
– penaliza “as nódoas”, que há sempre numa pequeníssima parte de todas as profissões;
– destaca pela positiva o mérito de alguns, reconhecido dentro da própria comunidade educativa.
O que há de tão errado nisto, na sua opinião?
Penso que as várias setas que me lançou foram gratuitas e bastante injustas. Apenas quis partilhar experiência e reflexões.
Um abraço.
Helena Soares
Outubro 7, 2009 at 10:22 pm
#91 Inteiramente de acordo.
Outubro 7, 2009 at 10:25 pm
#84
Portuganhẽs ou não, percebe-se o sentido claramente.
Há que temperar objectivos com auto-avaliação de esforços. Um professor a tempo inteiro pode dar contribuições importantes para a definição das políticas de ensino, dado o conhecimento do tereno que possui. Dessas contribuições, as mais importantes relacionam-se com a salvaguarda da autonomia que considera essencial para o seu trabalho. Tal como um engenheiro não pode ser responsabilizado por um desastre a partir do momento em que foi impedido de remediar um problema detectado a tempo, um professor desprovido de meios para o cumprimento das suas responsabilidades, está funcionalmente isentado de qualquer associação com os resultados escolares, ainda que formalmente isso não se verifique.
Agora, que o atraso na legislação adequada para a avaliação se deva encontrar nos professores, as supostas fragilidades internas, já discordo. Não consigo sequer a imaginar as escolas alemãs a reservar longos períodos de meditação entre os professores para chegarem às soluções que lá vigoram. Quiçá a crítica de Paulo Guinote contenha uma dose de voluntarismo.
Outubro 7, 2009 at 10:29 pm
Vejam e tornem A VER AS VEZES QUE FOREM NECESSÁRIAS O VÍDEO DO POST 83..SONHEM EM TER TURMAS ASSIM…SONHEM PORQUE O SONHO COMANDA A VIDA..E SEMPRE QUE O HOMEM SONHA CAI NA REAL…
Outubro 7, 2009 at 10:30 pm
Paulo Guinote disse:
“Realmente há quem pareça ter um receio congénito de tudo o que cheire a avaliação.”
Há muito tempo que isso era uma evidência.
Outubro 7, 2009 at 10:42 pm
Uma evidência será a chusma de mentecaptos que estamos a formar e que no futuro nem o nome saberão escrever…
Hoje numa aula de substituição que estava a ser dada numa sala de Tic -chamado em cima da hora- disse aos alunos para irem ao Youtube e escreverem Radiohead MTv..para verem que hoje ainda existem dois mundos bem diferentes…pois só um ou dois
sabiam escrever correctamente essa palavra..de notar que era uma turma de nono ano…
Outubro 7, 2009 at 10:54 pm
# 94
” a salvaguarda da autonomia que considera essencial para o seu trabalho. Tal como um engenheiro não pode ser responsabilizado por um desastre a partir do momento em que foi impedido de remediar um problema detectado a tempo, um professor desprovido de meios para o cumprimento das suas responsabilidades, está funcionalmente isentado de qualquer associação com os resultados escolares, ainda que formalmente isso não se verifique” – 94
António Ferrão,
Decreto-Lei n.o 15/2007
de 19 de Janeiro (Estatuto da Carreira Docente)*
Artigo 35.o
Conteúdo funcional
1—As funções do pessoal docente são exercidas com responsabilidade profissional e autonomia técnica e científica, sem prejuízo do número seguinte.
* Contrato estabelecido entre o empregador (ME) e os trabalhadores (professores)
Outubro 7, 2009 at 11:06 pm
Isto está a ficar interessante.
Expliquem lá umas coisinhas:
– Devemos ser uma excepção à todo o funcionalismo público?
– Antes havia ou não havia uma avaliação aos docentes?
…
É que eu não entendo os que criticaram o ministério por ter sempre dito que “antes os professores não eram avaliados”… e agora parecem ficar com urticária quando ouvem a palavra “avaliação”.
– Eu sempre fui avaliado!
E acho que todos os funcionários públicos devem ser avaliados – sem excepção.
Enfim.
Acho que vou ali beber um chá de camomila…
…
…
…
Outubro 7, 2009 at 11:12 pm
#99
Que o chá de camomila te ajude a entender que a avaliação e as carreiras da função pública são outra bela obra deste governo. Um funcionário “normal” precisa de 10 anos para progredir!
Outubro 7, 2009 at 11:13 pm
#98 Ana Henriques
Ainda crẽs nessa letra de lei depois da aprovação do estatuto do aluno? E da obrigação de o professor ser obrigado a reportar cad pequeno gesto que faz, só faltando especificar o tempo que perdeu nos sanitários?
Outubro 7, 2009 at 11:21 pm
É uma questão de entender o que se lê e me que contexto…
Outubro 7, 2009 at 11:21 pm
#92
Provavelmente interpretei mal o seu comentário. Com todo o respeito, não pretendo atirar setas a ninguém.
Concordo consigo quando diz que acredita na utilidade da avaliação docente quando:
– promove o desenvolvimento pessoal e profissional do professor. Porém, não acredito na possibilidade de uma formação cooperativa, gato escaldado…;
– penaliza “as nódoas”, que há sempre numa pequeníssima parte de todas as profissões. Concordo, mas onde estão grandes “nódoas”? Na minha opinião, a maior parte delas, estão no “bem bom” das diferentes estruturas da educação em Portugal (Directores da maioria das Escolas, nas DREs, nos gabinetes de estudo do ME, nas ESES, nos Sindicatos);
– destaca pela positiva o mérito de alguns, reconhecido dentro da própria comunidade educativa. Tenho verificado, pela minha experiência, que muitas vezes há professores que são reconhecidos, pelo seu trabalho, por pais e alunos e alvo de inveja dos “pares”.
Alguma vez reparou na inveja que os colegas sentem quando alguem adquire o título académico de mestrado ou doutorado e o desejo, mal disfarçado, que se falhe estes objectivos?
Tal como a colega apenas pretendo partilhar experiência e reflexões.
Respeitosamente
Brincalhão (eu tenho medo!)
Outubro 7, 2009 at 11:24 pm
Maurício Brito disse:
“Antes havia ou não havia uma avaliação aos docentes?”
Havia, mas era como se não houvesse. Conhece algum professor que tenha obtido a classificação de Não Satisfaz?
“Eu sempre fui avaliado!”
Claro que foi. E obteve sempre a classificação de “Satisfaz”. Como sucedeu com 99,9% dos professores (não conheço nenhum caso que tivesse obtido “Não satisfaz”, mas vou partir do princípio que foi 0,1% dis casos).
Se isto é avaliação então eu sou o Napoleão Bonaparte…
Pela minha parte vou optar por um chá de tília.
Outubro 7, 2009 at 11:27 pm
#104
Eu tive uma avaliação de Bom, e o que me aconteceu?
Outubro 7, 2009 at 11:29 pm
O que torna um professor confiante no mérito do seu trabalho?
As palavras de reconhecimento dos seus antigos alunos, uma vez feitos adultos.
Outubro 7, 2009 at 11:29 pm
#104
Napoleão Bonaparte em Waterloo!
Outubro 7, 2009 at 11:30 pm
#106
Exactamente!
Outubro 7, 2009 at 11:31 pm
# 101
Estou exactamente a chamar à atenção que o ME, através de todas as medidas que tomou, contradita o acordado com os professores – o núcleo vital da sua profissão.
Funcionalizou os professores (era o que pretendia). Atribuiu uma hierarquia de valores inversa á da sua profissão – o “titular” é o burocrata, o tipo dos cargos. Secundarizou o Ensino, o trabalho com os alunos.
(…)
Tu tocaste no CERNE da questão (#94)!
Tudo o resto daí decorre – o modelo de avaliação, o estatuto do aluno, a escola a tempo inteiro, etc.
Estou-me a fazer entender, António F.?
Outubro 7, 2009 at 11:33 pm
#104, conhece algum professor que, sendo avaliado por este novo modelo, tenha tido menos que Bom?
Outubro 7, 2009 at 11:34 pm
Brincalhã, já ando com saudades do “cabeça de burro”. 🙂
Outubro 7, 2009 at 11:37 pm
reb,
Eu também, foi espectacular!
🙂
Outubro 7, 2009 at 11:37 pm
104#
Conheço professores que tiveram processos disciplinares
Conheço professores que foram penalizados na progressão por não terem feito acções de de formação (eu fiquei penalizado alguns meses)
e também conheço professores que ganhavam mais que os outros, os presidentes do executivos
não havia avaliação?
Outubro 7, 2009 at 11:38 pm
Luís, #100,
A “avaliação e as carreiras” sempre existiram. Antes deste governo.
O que este PS socrático fez foi piorar os modelos de avaliação e dificultar as progressões nas carreiras: isso é que está mal.
Com a bandeira do “rigor na função pública”, eles pretendiam conseguir poupar algumas “massas” e, apelando ao 6º pecado mortal, colmatar os votos perdidos dos funcionários.
Mas o tiro saiu-lhes pela culatra.
Vamos lá ver é se a nossa mira está mas é bem afinada…
…
104, #kafkazul,
Por acaso até conheço. Mais do que um.
Mas, já agora, sabe o que será interessante verificar com este modelo simplex?
– Exacatamente a % de “não satisfaz” (insuficiente, agora) que ele vai “encontrar”.
Porque, pelo seu argumento, a baixa % de não satisfaz do anterior modelo era a prova de que, afinal… não é Napoleão Bonaparte.
Pois acho que ainda o vou ver, com este simplex, com a mãozinha encostada à barriga…
…
…
…
Vou então beber o meu chá.
Outubro 7, 2009 at 11:41 pm
#104
mas se calhar é daqueles que acha que deve haver avaliação, porque considera, que há injustiça em não lhe reconhecerem os seus méritos.
Outubro 7, 2009 at 11:45 pm
# 101
Chegaste ao cerne da questão.
TODA A POLÍTICA destes 4 anos e tal visou justamente aniquilar “a responsabilidade profissional e autonomia técnica e científica” inerente á actividade docente. Visou “FUNCIONALIZAR”.
Visou “CONTROLAR”.
O exercício da docência sem responsabilidade real (a formal de nada serve), sem autonomia técnica e científica, por parte de cada professor
É EXACTAMENTE o quê?
A resposta encontra-se, por exemplo, no Estado Novo.
Outubro 7, 2009 at 11:53 pm
PONTO DA SITUAÇÃO
“A forte coesão exibida pelos professores “para o exterior”, nestes últimos anos, tem para mim uma única leitura – uma forte ameaça externa que ameaçou (e ameaça) o própria âmago da profissão docente. A profissão de professor foi (e está) ameaçada naquilo que a quase totalidade dos professores considera vital, mesmo que desse facto muitos não tivesse ou tenham total consciência.
Seria impossível reunir, por diversas vezes, uma tão elevada percentagem de professores se não tivessem existido “consensos” no grupo profissional e um sentimento de grande ameaça ao núcleo essencial do âmago da profissão.
Que “consensos” são esses?
Parece-me um exercício com interesse tentarmos enumerá-los, como forma de definirmos o que é percepcionado pelos próprios como núcleo definidor da profissão. Sem sombra de dúvidas.” – # 84
a salvaguarda da autonomia que considera essencial para o seu trabalho. Tal como um engenheiro não pode ser responsabilizado por um desastre a partir do momento em que foi impedido de remediar um problema detectado a tempo, um professor desprovido de meios para o cumprimento das suas responsabilidades, está funcionalmente isentado de qualquer associação com os resultados escolares, ainda que formalmente isso não se verifique.” – # 94
“As funções do pessoal docente são exercidas com responsabilidade profissional e autonomia técnica e científica”
“Estou exactamente a chamar à atenção que o ME, através de todas as medidas que tomou, contradita o acordado com os professores – o núcleo vital da sua profissão.
Funcionalizou os professores (era o que pretendia). Atribuiu uma hierarquia de valores inversa á da sua profissão – o “titular” é o burocrata, o tipo dos cargos. Secundarizou o Ensino, o trabalho com os alunos.
(…)
Tudo o resto daí decorre – o modelo de avaliação, o estatuto do aluno, a escola a tempo inteiro, etc.” – # 109
Outubro 7, 2009 at 11:59 pm
O modelo BUROCRÁTICO (e não técnico) DE AVALIAÇÃO DA SINISTRALIDADE VISA ANIQUILAR A PROFISSÃO DOCENTE.
A AUTONOMIA técnica e científica de cada professor é-lhe, de facto, negada.
Sem autonomia e sem responsabilidade REAL, a docência é subvertida.
Outubro 8, 2009 at 12:02 am
Sou uma Encarregada de Educação preocupada com o futuro dos meus filhos.
Eu já andava muito preocupada mas agora que vi, este blogue de professores, ainda fiquei mais preocupada, não escrevem nada que seja compreensível deve ser por isso que os alunos obtêm resultados muito fracos.
De qualquer maneira estão a dizer mal da educação, o que eu acho muito bem, porque as verdades têm que ser ditas.
Mas a educação, está mesmo muito mal vejam bem que agora, com a falta de apoios que há para os alunos, puseram umas professoras, sem dar aulas, ficam todo o dia sem fazer nada que se veja, dizem que é para avaliar os outros professores.
Ora para dizer se os professores são bons ou maus estão os encarregados de educação, não era preciso gastar 2500euros por mês para pagar a essas senhoras.
Eu e várias senhoras que estamos um bocadito paradas, a receber uma miséria do rendimento mínimo, felizmente que para acalmar juntamo-nos todas as manhãs para fazer uma caminhada de dez quilómetros, estamos a ficar revoltadas.
Então essas senhoras fazem ainda menos que nós e recebem quase cinco vezes mais.
Nós não gostamos de armar barulhos, mas se esta situação continuar, nós não ficaremos caladas, também não somos nenhumas santas
Outubro 8, 2009 at 12:04 am
Olha uma com hemorróidas no céu da boca…
Outubro 8, 2009 at 12:08 am
reb disse:
“conhece algum professor que, sendo avaliado por este novo modelo, tenha tido menos que Bom?”
Está a desconversar. Eu falava do anterior modelo de avaliação, não do presente com o qual discordo em absoluto.
Maurício Brito disse:
“Por acaso até conheço. Mais do que um.”
Parabéns. Eu conheço mais pessoas que acertaram no totoloto.
“Mas, já agora, sabe o que será interessante verificar com este modelo simplex?”
Está também a atirar ao lado. Eu falava do antigo modelo, não do presente.
Mvaz disse:
“Conheço professores que tiveram processos disciplinares”
Eu também. E quantos professores conhece cujas sanções relacionadas com processos disciplinares tiveram repercussões na avaliação de desempenho?
“Conheço professores que foram penalizados na progressão por não terem feito acções de de formação (eu fiquei penalizado alguns meses)”.
Mau era que não tivessem sido penalizados. Ainda por cima quando as acções disponibilizadas pelos centros de formação de professores eram à borla, na maioria dos casos com temas de utilidade mais do que duvidosa e com taxas de aprovação de 99,9%.
“e também conheço professores que ganhavam mais que os outros, os presidentes do executivos”
Isso nada tem a ver com avaliação de desempenho. Tem a ver com a remuneração devida às funções desempenhadas. Mas poderia sempre candidatar-se ao lugar se desejasse obter uma remuneração superior.
“não havia avaliação?”
Havia. Chamava-se avaliação da treta.
Outubro 8, 2009 at 12:12 am
KAFKA treta é você…MAS COMO AS BARATAS custam a morrer e até sobrevivem quase uma semana sem cabeça…morrem porque não podem comer…conclusão o cérebro delas está perto…adivinhe…Fui…
Outubro 8, 2009 at 12:20 am
Os professores vêm para a rua em massa porque o poder partidário intrometeu-se INDEVIDAMENTE naquilo que é inerente a um estado DEMOCRÁTICO, na esfera da sociedade civil, naquilo que implicitamente a sociedade delegou no professorado – a alta respnsabilidade pela FORMAÇÃO DOS SEUS JOVENS.
Tal como em outros momentos históricos de MUITO MÁ MEMÓRIA – caso do Estado Novo.
O controle do professorado naquilo, que lhe está socialmente delegado, é próprio de regimes autoritários. Todos. De direita, de esquerda, de cima ou de baixo.
O NúCLEO DAQUILO QUE DEFINE A PROFISSÃO FOI AMEAÇADO DE MORTE.
Os professores não tiveram outra saída que o expressar. Muitos não tiveram a consciência do que estava em jogo. Sentiam-se mal. Alegavam e alegam um conjunto de razões. Todas válidas.
Mas, o que subjaz a todas essas razões é A AMEAÇA DE EXTINÇÃO DA PROFISSÃO.
E um certo sentido de (digamos), missão ou serviço aos outros, que a profissão comporta.
Os professores foram politicamente perseguidos por este (des) governo.
Numa Democracia, esta questão é MUITO GRAVÍSSIMA.
Outubro 8, 2009 at 12:27 am
A avaliação estendia-se a todos. Os investidores não estavam a gostar dos lucros. Todos os portugueses foram avaliados durante quase cinco anos. E vão continuar a ser. O cartão do cidadão, antigo cartão único – cu – ainda não é recusável para quem altere a residência, etc.
Outubro 8, 2009 at 12:31 am
O enfoque deste (s)inistério na “avaliação” é uma prversão. Explico.
A docência, como outras profissões, é uma profissão AUTO REGULADA pela via da formação científica e profissional.
Este (des)modelo questiona essa formação científica e profissional, ou seja, as instituições e os técnicos creditados para o efeito pelo próprio ME.
Isto é de LOUCOS.
Não avalia NADA, MAS ABSOLUTAMENTE NADA, do que seria esperado avaliar – o desempenho.
SE O ME NÃO CONFIA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR, ALTERE, FISCALIZE, AVALIE.
Os professores aplaudem.
Outubro 8, 2009 at 12:34 am
SE O ME NÃO CONFIA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR, ALTERE, FISCALIZE, AVALIE.
O “OUTRO” CERNE DO PROBLEMA … é deste “tipo”!
http://www.educar.wordpress.com/2009/10/07/a-eduquesa-mor-falou/
Outubro 8, 2009 at 12:34 am
#121
Não sei se reparou, mas em certos locais, era (e é) necessário ter automóvel para fazer acções de formação, podiam ser fáceis, o difícil era lá chegar.
Bem, se ser suspenso não tem importância, então está bem.
E os presidentes dos executivos eram o resultado de uma avaliação, feita pelos seus colegas numa eleição.
Mas continuo a achar que a necessidade de uma avaliação fica explicada no comentário 115
Outubro 8, 2009 at 12:40 am
O JOSÉ LUIZ SARMENTO tem um texto fabuloso a propósito das profissões auto reguladas (…)
Terei que o procurar com tempo (…)
Outubro 8, 2009 at 1:00 am
Eu não queria perguntar, mas como é que o António Nóvoa apareceu?
Votação na SIC?
Outubro 8, 2009 at 1:12 am
Sobre o #8, reb:
Não se pode esperar que toda a gente concorde, seja em que assunto for. Independentemente de diferenças de opinião, acho que uma das ideias centrais da intervenção do prof. Nóvoa está aqui:
“Devem ser os professores a ocupar este espaço. Se não, serão outros a fazê-lo”.
Acho isto duma enorme clarividência e capacidade de antecipação. Uma espécie de “recado”, à atenção dos professores. Equivalente a dizer “Discutam, e não demorem muito. Correm o risco de perder uma grande oportunidade”.
Tenho dito, com as vírgulas todas, e vou-me antes que venha o Fafe…
Outubro 8, 2009 at 3:03 am
Quem avalia quem?
O que se avalia?
Quando se avalia?
1)A avaliação do professor no contexto da sala de aula deverá ser exercido por um professor avaliador da mesma especialidade do avaliado. O avaliador científico-pedagógico deverá ser um professor que tenha prestígio entre os seus pares. Para isso tem de ser alguém reconhecido na comunidade educativa, dotado de bom-senso, que compartilhe saberes entre os seus colegas, prestando-se a dar o exemplo abrindo a sua sala de aula para repartir com os outros as suas experiências lectivas. Caberá ao Director avaliar: a assiduidade, a formação contínua e acrescida adquirida e a participação do professor nas actividades e cargos distribuídos ao longo do ano lectivo.
2)A avaliação deverá centrar-se em duas componentes:
a)uma de maior peso (70%) centrada na sala de aula, através de uma observação sistemática do avaliador, a ocorrer no último ano do módulo de tempo de serviço à subida de escalão, à forma como o professor interage com os seus alunos: a postura na sala de aula, a disponibilidade para ajudar os alunos que se atrasam nas aprendizagens, a diversificação das estratégias para os diferentes alunos, o rigor científico na leccionação dos conteúdos e a forma rigorosa e equilibrada como avalia os alunos.
b) Fora do contexto da sala de aula: a assiduidade, a formação contínua e acrescida adquirida e o desempenho no serviço distribuído por cada ano lectivo.
3) A avaliação tem como quadro de referência o módulo de tempo de serviço necessário à subida de escalão, pelo que a assiduidade, a formação contínua e/ou acrescida adquirida, a participação na vida escolar sejam apreciadas no final de cada ano lectivo, uma vez que são evidências facilmente observáveis. Somente no último ano de permanência de cada escalão é que teria lugar a avaliação científico-pedagógica através da observação de aulas. A anotação a atribuir, no fim de cada escalão, ao professor em causa seria igual à média ponderada das notações atribuídas pelo professor avaliador e pelo director.
NOTA: SERIA PREFERÍVEL QUE A AVALIAÇÃO CIENTÍFICO-PEDAGÓGICA FOSSE ATRIBUÍDA A UM INSPECTOR EXTERNO DA MESMA ÁREA DE FORMAÇÃO DO AVALIADO, MAS DADO O NÚMERO DE INSPECTORES DISPONÍVEIS TORNA-SE IMPRATICÁVEL ESTA FORMA DE AVALIAÇÃO. A PREFERÊNCIA DE UM INSPECTOR DECORRE UNICAMENTE DE UM FACTOR CULTURAL: A SUSPEIÇÃO QUE LEVANTA UMA AVALIAÇÃO FEITA ENTRE PESSOAS QUE CONVIVEM NO DIA-A-DIA.
Assim na avaliação “fora do contexto sala de aula” entrariam 3 ou 4 factores relevantes cuja avaliação não é nada complexa. A avaliação no contexto “sala de aula” consistiria na observação de aulas a decorrer num único ano lectivo, procurando que o professor não “trabalhe” constantemente para a avaliação.
A avaliação atribuída no final de cada escalão somente poderia ser anotada com as classificações de Insuficiente, Regular, Bom e Muito Bom.
Somente teriam acesso à classificação de Excelente os professores que fossem anotados de Muito Bom e que desenvolvessem na escola uma trabalho de investigação a ser avaliado por um júri composto pelo docente avaliador da componente científico-pedagógica e um ou dois professores universitários da área desenvolvida no trabalho de investigação.
Consequências da avaliação:
Insuficiente – o tempo permanecido nesse escalão é descontado na íntegra havendo lugar a que o docente em questão seja alvo de acompanhamento durante um período de tempo igual a dois anos. No final desse acompanhamento, seria alvo de uma notação: Apto ou Não Apto com as devidas consequências. O tempo a contar para progressão ao escalão seguinte seria igual ao módulo de tempo de serviço no escalão onde esse docente se encontra subtraído por dois (tempo de acompanhamento).
Regular – permanência no mesmo escalão por mais dois anos.
Bom – progressão automática ao fim do módulo de tempo de serviço de cada escalão.
Muito Bom – diminuição de 2 anos na permanência no escalão seguinte da carreira, até ao limite máximo de 2 escalões.
Excelente – o tempo de permanência no módulo de tempo do escalão seguinte seria contado de imediato na íntegra + 2 anos do escalão subsequente. Este bónus somente poderia ocorrer uma única vez.
Chegado ao topo de carreira o docente deixaria de ser somente avaliado na componente técnico-pedagógica.
As fichas de avaliação seriam preenchidas integralmente pelos avaliadores na presença dos avaliados, dispensando-se documentos comprovativos (portfólios, materiais de ensino, etc), excepto nos comprovativos de acções de formação concluídas ou certificados de formações acrescidas.
Nota: A exclusão dos portefólios e dos materiais didácticos como documentos de evidências tem como fim evitar que os do costume inventem, copiem, etc, etc, materiais que nunca foram utilizados nas respectivas aulas. NÃO PODEMOS PERMITIR QUE A AVALIAÇÃO SE TRANSFORME NUMA FARSA, MOSTRANDO-SE MUITAS VEZES AQUILO QUE NÃO SE FAZ, OU SEJA, PARA INGLÊS VER.
Outubro 8, 2009 at 3:08 am
#131,
Ler: ” A avaliação atribuída no final de cada escalão somente poderiam ser anotadas com as classificações de Insuficiente, Regular, Bom e Muito Bom.
Outubro 8, 2009 at 9:50 am
#117 Ana Henriques
Creio estarmos em sintonia. Incluindo na parte que referes da Ditadura 1927-74 desfazer em legislação de menor precedência os poucos direitos reconhecidos pela Constituição de 1933.
Mas a situação coloca um problema. A autonomia é reconhecida de jure e inviabilizada de facto, tanto por normas formalmente legais que a contradizem – a fiscalização abstracta da constitucionalidade falhou tanto na Assembleia da República como na promulgação presidencial – assim como por posições de força – decisões de vários níveis hierarquicos – que foram tomadas fora das vistas do grande público. Ora, esses obstáculos formam um conjunto muito disperso, uma teia difícil de destrinçar.
Outubro 8, 2009 at 10:14 am
#121, kafkazul,
Eu disse que conheci “mais do que um”.
Você diz que conhece “mais pessoas” que acertaram no totoloto.
Mais do que um podem ser 2… ou 20.
…
Mas Ok, compreendo o que pretende dizer. E tanto compreendo que remeto-o para o meu comentário 35.
Vai ver que, além de mamíferos, ainda temos mais algumas coisas em comum.
Sobre o eu estar a “atirar ao lado” sobre o facto de falar do “actual modelo”, constato que acha que o “actual modelo” não serve.
O que é uma evolução… relembrando alguns dos seus primeiros comentários neste espaço.
…
Também anoto que assume que antes efectivamente existia uma avaliação.
É que alguns andaram anos a dizer que não existia “avaliação nenhuma”.
E entre uma coisa e outra vai uma diferença enorme…
…
…
…
Outubro 8, 2009 at 12:52 pm
Maurício Brito disse:
“Sobre o eu estar a “atirar ao lado” sobre o facto de falar do “actual modelo”, constato que acha que o “actual modelo” não serve.O que é uma evolução… relembrando alguns dos seus primeiros comentários neste espaço.”
Desafio-o a encontrar um comentário meu neste blogue em que eu defenda o sistema de ADD vigente. Se encontrar pago-lhe 10 euros. Coloque o NIB e farei a transferência de imediato.
“Também anoto que assume que antes efectivamente existia uma avaliação.
É que alguns andaram anos a dizer que não existia “avaliação nenhuma”.
E entre uma coisa e outra vai uma diferença enorme…”
A diferença é semântica e não substantiva. Antigamente existia uma avaliação da treta, como atrás escrevi. Uma avaliação em que 99,9% dos professores recebe a classificação de Satisfaz e progride até ao último escalão não é uma avaliação séria: é uma farsa.
Outubro 8, 2009 at 2:15 pm
# 135
Maurício B.,
Gostaria que indicasses a(s) razão(ões)que consideras estarem na base da não existência de sistemas formais de avaliação de professores em muitos sistemas educativos europeus.
Outubro 8, 2009 at 5:19 pm
#135, kafkazul,
Apesar de não acompanhar atentamente todos os seus comentários, sei perfeitamente que desde há muito que considera errado este actual modelo.
Repare que o que eu escrevi foi “…relembrando alguns dos seus PRIMEIROS comentários neste espaço…”
Perdoe-me a falta de tempo e/ou paciência, mas não vou andar à procura das suas primeiras entradas neste blogue.
Até porque não sou pessoa de apostas… e muito menos de fornecer o meu nib a quem se esconde/opta pelo anonimato.
Mas a verdade é que no início das suas intervenções estava subjacente a ideia de que esta “luta” dos professores contra este modelo de avaliação e este ECD estava errada.
As suas intervenções indiciavam esta lógica:
– “Se antes tinham uma farsa de avaliação e nada diziam, porque é que agora reclamam… apesar de eu também achar que este modelo não presta?”
Acha que isto faz algum sentido?
Tem todo o direito de achar que o anterior modelo era uma farsa ou uma treta.
Como também tem todo o direito de achar que
99,9% dos professores recebiam a classificação de Satisfaz… apesar de eu não entender como pode afirmar essa % tão “ao pormenor”.
Mas, pergunto, é para si pior uma avaliação da “treta” que permite que 99,9% dos professores tenham BOM e progridam ao último escalão ou uma “farsa” de avaliação em que 70% dos professores tenham BOM… e não atinjam o topo da careira?
– Acha que teríamos um melhor ensino se apenas 30% dos professores atingissem o topo da carreira e 70% nunca lá chegassem?
…
Deve ter mais cuidado com “os números”, meu caro.
Por diversos motivos.
Já o vi aqui dizer, num determinado mês, que nem 10.000 professores deixariam de entregar os seus OIs… para logo no mês seguinte achar que, afinal, entre 50.000 e 60.000 não entregariam.
Cálculos ou estimativas erradas podem fazer uma enorme diferença.
Por exemplo, podem fazer com que batalhas que pareciam ganhas acabem por se tornar em estrondosas derrotas…
…
…
…
Outubro 8, 2009 at 5:32 pm
#136, ana,
Gostava de possuir mais alguns conhecimentos sobre a realidade dos sistemas de avaliação em países europeus para poder desenvolver a resposta à tua pergunta de uma forma mais clara, mas ficarei pelo essencial:
– Questões culturais.
Acho que ainda não estamos preparados para “certas coisas”.
Até porque, quando vejo alguns resultados eleitorais, fico com a impressão de que devemos estar no continente errado…
…
…
…
😉
Outubro 8, 2009 at 9:03 pm
Maurício Brito escreveu:
“Repare que o que eu escrevi foi “…relembrando alguns dos seus PRIMEIROS comentários neste espaço…” Perdoe-me a falta de tempo e/ou paciência, mas não vou andar à procura das suas primeiras entradas neste blogue.”
Tudo bem. Não conseguiu demonstrar o seu ponto de vista e isso basta-me. Ganhei a aposta e não terei que lhe enviar 10 euros.
“Mas a verdade é que no início das suas intervenções estava subjacente a ideia de que esta “luta” dos professores contra este modelo de avaliação e este ECD estava errada.”
Nunca afirmei isso e torno a desafiá-lo a encontrar comentários meus onde isso se encontre plasmado de forma clara. O que sempre disse é que o antigo modelo de ADD era uma farsa, que na prática permitia que a esmagadora maioria dos professores ascendesse aos último escalão, uma situação sem paralelo da administração pública, e que desde 1990 nenhum sindicato ou grupo de professores ousou apresentar um modelo alternativo. Porquê? Porque, como já aqui escrevi, ninguém em seu perfeito juízo, com a excepção de um punhado de casos isolados, defende medidas que atentem contra os seus interesses pessoais.
“Como também tem todo o direito de achar que 99,9% dos professores recebiam a classificação de Satisfaz… apesar de eu não entender como pode afirmar essa % tão “ao pormenor”.
Espero que fique claro que a estatística que apresentei não tem origem em nenhuma fonte oficial. Desconheço se existem estatísticas compiladas a este respeito. Mas com base na minha experiência pessoal, que já é algo considerável, nunca conheci, directa ou indirectamente, nenhum caso de avaliação de “Não Satisfaz”. Admiti que esses casos pudessem existir. Pelo visto o meu amigo conhece alguns. Deixei 0,1% de margem de segurança para esses casos raros.
“pergunto, é para si pior uma avaliação da “treta” que permite que 99,9% dos professores tenham BOM e progridam ao último escalão ou uma “farsa” de avaliação em que 70% dos professores tenham BOM… e não atinjam o topo da careira?”
São ambas soluções muito más. Como escreveu Joaquim Azevedo num seus lúcidos livros, “quando não se premeia o mérito é a mediocridade que vence” (cito de memória).
“Já o vi aqui dizer, num determinado mês, que nem 10.000 professores deixariam de entregar os seus OIs… para logo no mês seguinte achar que, afinal, entre 50.000 e 60.000 não entregariam.”
Lembro-me de ter feito a primeira previsão mas não a segunda. Admito sem hesitações que me enganei na previsão. Acontece, todavia, que na verdadeira prova de fogo seria a recusa total em participar em todo o acto de avaliação. Se um terço dos professores que marcharam em Lisboa fizesse isso, tal como fez Paulo Guionote e 12 outros colegas (ver Público de 13 de Junho de 2009) a situação seria completamente diferente. Na hora do aperto foram todos entregar o papelucho. Não me enganei tanto quanto isso.
Outubro 8, 2009 at 10:47 pm
#139,
E eu a pensar que o único que apostou alguma coisa foi o meu caro…
Bem… foi a primeira aposta “que não fiz” na minha vida que “perdi”… sem perder nada. Mas ok, continue lá “apostando e ganhando” se isso o faz feliz.
Repare: nunca disse que o meu caro “defendia o sistema de ADD vigente.”
Disse apenas que “evoluiu em relação aos seus primeiros comentários”.
– E continuo afirmando que, inicialmente, preferia que “vencesse” a posição do Ministério, logo, que o modelo de ADD fosse aplicado.
Mas nada melhor do que um “desafio” (nada de apostas) para tirarmos estas dúvidas de “interpretação”:
Em Dezembro de 2008, o meu caro escreveu que
“O Ministério da Educação e o Governo vão ganhar o braço de ferro com os professores. O ME vai forçar a avaliação e acenar com modificações futuras no ECD e no próprio modelo de avaliação. Pode prometer tudo porque nessa altura já MLR não estará no governo. O tempo corre a favor do governo. A exigência da suspensão deste modelo será confundida com a recusa da avaliação de desempenho pela opinião pública.
A única forma de derrotar o governo nesta matéria seria a não entrega dos objectivos individuais de uma forma massiva. Mas aqui a cobardia vai falar mais forte. Nem 10000 professores optarão por este cenário. E o governo vai ganhar. Não havará golpe de judo ou postura estóica que inverta este estado de coisas.”
Apesar do “tiro completamente ao lado”, gostaria de desafiá-lo a dizer se efectivamente nas suas intervenções neste espaço “esteve ou não subjacente a ideia de que esta “luta” dos professores contra este modelo de avaliação e este ECD estava errada.”
Ou seja:
– Acha que os professores fizeram ou não bem em lutar contra estas políticas educativas?
Aguardo uma resposta, se possível clara e sem margem a interpretações duvidosas.
E, já agora, se tiver curiosidade, veja lá outra vez o Público de 13 de Junho de 2009…
… e quem era um dos outros 12 colegas…
…
…
…
😉
Outubro 8, 2009 at 10:48 pm
2 parábolas
Quando morreu a centopeia?
Quando elegeu como primeiro e principal problema do significado da sua existência o saber porque ordem movia as patas.
Quando se pode considerar um condutor preparado para as variadas e surpreendentes situações na estrada?
Quando já automatizou todos os gestos de comando da viatura.
Outubro 9, 2009 at 1:08 am
MMaurício Brito disse:
“gostaria de desafiá-lo a dizer se efectivamente nas suas intervenções neste espaço “esteve ou não subjacente a ideia de que esta “luta” dos professores contra este modelo de avaliação e este ECD estava errada.”
Não, não esteve. Sempre fui de opinião de que este modelo era mau e que se perdeu uma oportunidade de ouro de erguer um modelo justo, credível e exequível. Que deveria ter sido previamente testado num pequeno conjunto de escolas antes de ser generalizado. Não se podia passar de um modelo laxista e promotor da mediocridade para um modelo promotor de boas práticas e de incentivo ao mérito sem antes pesar muito bem os passos a dar, tanto mais que a cultura profissional docente reinante é marcadamente igualitarista.
“Acha que os professores fizeram ou não bem em lutar contra estas políticas educativas?”
Estávamos a falar da ADD e agora fala-me das políticas educativas. É um salto quântico considerável. Na generalidade dos casos a política deste ME foi muito má e a mobilização dos professores portugueses foi notável e digna de respeito.
Mas não nos iludamos meu caro. Por detrás da mobilização existia também uma considerável dose de hipocrisia e de desejo de manutenção do status quo. Não acredito em todos aqueles que agora e num passado recente clamam por uma avaliação justa e diferenciadora do mérito e que antes não mexeram uma palha nesse sentido.
Quanto ao meu comentário de Dezembro de 2008 enganei-me no número de professores que não entregaram os OI. De resto acertei em tudo. Pode-se argumentar que esta ADD está ferida de morte e que um futuro governo terá que fazer modificá-la, tanto mais que a pressão política parece não ter abrandado. Aguardemos pelo desenvolvimento dos próximos capítulos.
Quanto facto de ser um dos autores do documento que referi só posso felicitá-lo por essa corajosa postura. De facto não me apercebi disso. Se uma parte substancial dos professores fizesse o mesmo a situação seria radicalmente diferente.
Outubro 9, 2009 at 3:13 pm
kafkazul,
Obrigado pela felicitação apesar de não considerar que a nossa postura foi corajosa: “apenas” coerente.
Sobre as minhas questões:
– Quando pergunto “Acha que os professores fizeram ou não bem em lutar contra ESTAS políticas educativas?”, refiro-me, naturalmente, ao ECD e ao modelo de avaliação.
E aqui – admito que por eventual dificuldade minha de interpretação – continuo com a dúvida se o meu caro considera que os professores fizeram ou não bem em lutar contra ESSAS políticas, apesar de já ter assumido que a generalidade da política educativa deste ME foi má e que a mobilização dos professores foi digna de respeito.
Sobre o seu comentário de Dezembro e de achar que errou apenas no número de professores que entregaram os OIs… bem, como diz, aguardemos pelos próximos capítulos.
Talvez num deles eu compreenda melhor se errou ou não ao ter dito que “o Ministério da Educação e o Governo vão ganhar o braço de ferro com os professores”.
…
É que eu cá acho que, exactamente pelo facto do ME e Governo já terem perdido o braço de ferro, os “argumentos dos capítulos finais desta novela” já foram todos reescritos…
…
…
… vezes sem conta…
😉
Outubro 9, 2009 at 3:20 pm
Jorge Pedreira desvenda mistério da avaliação de professores
“Jorge Pedreira admitiu hoje o óbvio: a Avaliação do Desempenho não tem por objectivo
cimeiro aumentar a qualidade da oferta educativa das escolas e, muito menos, promover o
desenvolvimento profissional dos docentes. Nas palavras do Secretário de Estado (que é
Jorge mas que de educação nada percebe) apenas visa contribuir para a redução do défice
público. — Eureka!
O enigma da má-fé ministerial fica finalmente revelado.
No fórum da ‘TSF’ da manhã de hoje, Pedreira, justificou os motivos pelos quais o ME
discorda da proposta de António Vitorino em adiar a avaliação e testar-se o modelo
preconizado pelo M.E. em escolas piloto durante um ou dois anos.
Pedreira (o Jorge, que até é secretário da ministra Lurdes), confessou o politicamente
inconfessável: ‘*Terá de haver avaliação para que os professores possam progredir na
carreira e assim possam vir beneficiar de acréscimos salariais*’ (sic).
Ou seja, aquilo que hoje se discute no mundo ocidental (democrático e desenvolvido, como
rotula mas desconhece a ‘primeira ministra’), gira em torno da dicotomia de se saber se a
avaliação do desempenho docente serve propósitos de requalificação educativa (se para
isso directamente contribui) ou se visa simplesmente constituir-se em mais um instrumento
de redução do défice público.
Nesta matéria, Pedreira (o tal que é Jorge e ao mesmo tempo teima em ser secretário da
ministra que também parece oriunda de uma pedreira), foi claro: *Importa conter a despesa
do Estado com a massa salarial dos docentes *; o resto (a qualidade das escolas e do
desempenho dos professores) é tanga(!!!).
Percebe-se, assim, porque motivo este modelo de avaliação plagia aquele que singra na
Roménia, no Chile ou na Colômbia. Países aos quais a OCDE, o FMI, o *New Public
Management* americano, impôs: *a desqualificação da escola pública em nome da contenção
da despesa pública*; Percebe-se, assim, porque razão a ministra Maria de Lurdes (que tem
um secretário que, como ela, também é pedreira) invoque a Finlândia para revelar dados
estatísticos de sucesso escolar e a ignore em matéria de avaliação do desempenho docente.
Percebo a ministra pedreira: não se pode referenciar aquilo que não existe.
A Finlândia, com efeito, não tem em vigor qualquer sistema ou modelo formal e oficial de
avaliação do desempenho dos professores!
Agradeço à pedreira intelectual que grassa no governo de Sócrates (que por acaso não é
pedreiro — até é engenheiro), finalmente nos ter brindado com tão eloquente
esclarecimento. Cito-os:
*A avaliação dos Docentes é mais um adicional instrumento legislativo para combater o
défice público (!).
Obrigado, Srs. Pedreiras, pela clarificação do óbvio.
(PG)
Outubro 9, 2009 at 3:24 pm
Exemplo de esquemas: os bancos não pagam 25% de IRC; através de
benefícios arranjados pelo governo pagam cerca de 12%
Em 2005, segundo o Banco de Portugal, os bancos que constituíam 87% do
sector bancário português obtiveram lucros que atingiram 2.987 milhões
de euros. No entanto, 1.525 milhões de euros, ou seja, mais de metade
não pagou imposto ao Estado. E isto sucedeu porque a banca conseguiu
deduzir aos Lucros Totais obtidos o valor de 1.525 milhões de euros,
nomeadamente de benefícios fiscais e a prejuízos das empresas do
grupo. ……
No período compreendido entre 2004 e 2007, ou seja, em apenas 4 anos,
a banca arrecadou em Portugal 13.537 milhões de euros de lucros, tendo
pago de imposto (IRC + derrama) apenas 2.115 milhões de euros, o que
corresponde a uma taxa efectiva de imposto de apenas 15,6%, ou seja,
uma taxa muito inferior à legal, que é paga pelas outras empresas, que
é actualmente 25% de IRC e 1,5% de derrama
Agora digam lá se o que roubaram aos professores não foi para o
orçamento do estado??
De acordo com dados divulgados pela própria Associação Portuguesa de
Bancos, em 2006, a banca portuguesa obteve 2.800 milhões de lucros e
pagou apenas 544 milhões de impostos e taxas, o que correspondeu a uma
percentagem de 19%. Em 2007, apesar de ter obtido mais lucros, pois
passaram, entre 2006 e 2007, de 2.800 milhões de euros para 2.847
milhões de euros, o imposto pago desceu -28,7% pois passou de 544
milhões de euros para apenas 388 milhões de euros, o que significou
que, em 2007, a percentagem paga fosse apenas de 14%. Se a banca
tivesse pago as taxas legais, ou seja, aquelas que têm de pagar
nomeadamente as PME, o Estado teria recebido, em 2006 e 2007, mais 621
milhões de euros de IRC e derrama do que recebeu.
Portanto, os elevadíssimos lucros da banca continuam a serem
financiados à custa do Orçamento do Estado apesar das promessas do
ministro das Finanças e do 1º ministro. Também aqui Sócrates diz uma
coisa e faz outra, já o que está em jogo são os interesses dos grandes
grupos económicos que este governo está cada vez mais refém e apoia à
custa do OE.
Outubro 9, 2009 at 3:31 pm
Maurício Brito disse:
“E aqui – admito que por eventual dificuldade minha de interpretação – continuo com a dúvida se o meu caro considera que os professores fizeram ou não bem em lutar contra ESSAS políticas”
Não consigo ser mais explícito relativamente ao que pensava e penso.
“Sobre o seu comentário de Dezembro e de achar que errou apenas no número de professores que entregaram os OIs… bem, como diz, aguardemos pelos próximos capítulos. Talvez num deles eu compreenda melhor se errou ou não ao ter dito que “o Ministério da Educação e o Governo vão ganhar o braço de ferro com os professores”.”
Não retire do contexto as minhas palavras que proferi em Dezembro de 2008. Quando falava do braço de ferro que iria ser ganho pelo governo pensava exclusivamente nisto:
1. O governo não iria ceder no essencial e não cedeu mesmo com os “simplexes”. A ADD manteve-se, não foi suspensa, as quotas continuaram e a divisão da carreira em duas categorias, tópico intimamente relacionado com a ADD, permaneceu.
2. O governo poderia ceder caso se verificasse uma recusa por parte de um número significativo de professores em participar nos diversos momentos da avaliação. Se 40% ou 50% dos docentes fizesse o mesmo que o Paulo Guinote e você fizeram (chamemos-lhe coerência, coragem ou outra coisa qualquer) a pressão política seria insuportável e poderia haver uma possível inversão de política. Também isso não se verificou confirmando a minha previsão.