O curto texto, em especial com o recurso às citações em causa, que David Justino produziu sexta-feira passada no 4-República termina inopinadamente com um «Chega por hoje».
Por acaso não deveria chegar.
Acho eu. Porque esta forma vaga de deixar no ar que «algo» virá a ser dito, em especial na actual conjuntura, pode ser um factor de imensa especulação.
Como não posso lá comentar com a minha identidade do WordPress (ainda não activaram por lá as Open ID), deixo aqui prosa de Ramalho Ortigão a propósito de uma enésima discussão sobre reformas educativas na Câmara dos Deputados, prévia à de Oliveira Martins em coisa de uma mão cheia de anos, onde se prova à saciedade que a Escola a Tempo Inteiro é novidade com coisa de 125 anos, assim como a ideia de uma reforma relâmpago eficaz, ou não fosse Ramalho um homem de ideias e farpas certeiras.
Para que o Liceu operasse ao cabo de um ano de exercício a reforma completa ou a aniquilação absoluta de todos os colégios de Lisboa, bastaria simplesmente, quaisquer que fossem os programas de ensino, que no liceu se estabelecesse a seguinte ordem interna. Isto é: Que se prefixasse a hora da entrada às 8 horas da manhã e a saída ás 5 da tarde. Que uma parte do pessoal docente fosse revezadamente obrigado a permanecer no edifício durante esse espaço de tempo. Que desde o momento da primeira chamada, até ao momento da saída, nunca mais o aluno fosse abandonado pela vigilância dos seus pedagogos. Que ao meio-dia uma sopa quente e uma sanduíche de carne fosse ministrada aos alunos pelo preço do custo e que, em todo o tempo restante, o trabalho fosse devidamente distribuído pelo estudo dirigido pelos mestres nas salas de estudo, pelas lições nas diferentes aulas, pelos exercícios ginásticos, ou mais vantajosamente, pela ginástica aplicada a um ofício mecânico obrigatório para todos os alunos matriculados na escola, pelo exercício militar, pelo solfejo, pelo canto coral. (Ramalho Ortigão, Farpas Escolhidas, p. 311)
Como se vê a tríade MLR/VL/AA nada inventou de novo.
Acima já se encontram bem descritos e desenvolvidos os conceitos de:
- Escola a tempo inteiro.
- Ocupação plena dos tempos escolares.
- Actividades de enriquecimento curricular.
- Ensino profissional.
E julgo mesmo que nas entrelinhas estará implícito o sistema das substituições e, se seguirem mais na leitura original, perceberão que a divisão entre professores efectivos e agregados pode assimilar-se à existente entre professores-titulares e professores-só. Assim como se nota um cuidado em fornecer uma refeição quente aos jovens, numa sugestão precursora das actuais medidas de apoio aos alunos mais carenciados.
Portanto, se em matéria de queixas e diagnósticos catastróficos temos um século e tal de prática, em matéria de soluções ideais não nos ficamos atrás.
Afinal, a a roda (neste caso educativa) já foi inventada há muito.
Março 17, 2008 at 7:02 pm
1) David Justino acabou por ser dúbio; para ser benevolente não disse nada…
2) bem me parecia a mim que já ninguém inventava nada…
3) mesmo assim querem que o tempo volte para trás… como a canção…
Março 17, 2008 at 7:30 pm
Paulo:
Escreva aí um texto para ser puplicado , como publicidade paga, em alguns jornais. Não precisa de ser tão grandioso como a declaração de independência, “We the people…” “We the teachers…”
Algo que esclareça uns equívocos, reponha a agenda nas questões importantes (agora parace que a única questão é a avaliação dos professores…)
Nós pagamos.
Março 17, 2008 at 7:33 pm
A ideia do Jaime é boa, fazemos “uma vaquinha” e publicamos nos jornais mais lidos. Até na Bola, vale a pena chegar a todos os EE nem que seja nos jornais desportivos.
Março 17, 2008 at 7:36 pm
Eu apoio e contribuo…
Março 17, 2008 at 8:04 pm
Guinote aproveita a embalagem da promoção que o Albino Almeida lhes fez ao torna-lo “figura pública” , para se colar a um partido de Governo, pode ser que até venha ser Ministro da Educação.
Um ministro aqui tão perto e ninguém ainda o viu…
Eis a razão porque é que há meninos “de 11 anos que pensam que a farinha vem do leite e os porcos do céu”
Março 17, 2008 at 8:06 pm
Apoiadíssimo esssa da publicidade paga!!!
Março 17, 2008 at 8:31 pm
Porque é que o http://ensinarnaescola.blogspot.com/ está aberto apenas a leitores convidados?
Março 17, 2008 at 8:33 pm
Vamos lá, para os jornais.
Também contribuo e com todo o gosto.
Março 17, 2008 at 8:34 pm
Albino, caro amigo,
Mas então eu sou um perigoso agitador esquerdista ou um laranjinha-agora-azulado?
😀
Março 17, 2008 at 8:56 pm
Bem respondido ao texto de David Justino, que eu, por acaso, tinha acabado de ler antes de vir aqui.
Março 17, 2008 at 8:57 pm
apoiar a Plataforma sindical
(é, até ver, o que interessa)
Educação: Sindicatos explicaram contestação a assessora de Cavaco Silva
17 de Março de 2008, 19:43
Lisboa, 17 Mar (Lusa) – A plataforma que reúne todos os sindicatos de professores expôs hoje à Presidência da República os motivos da contestação vivida no sector, numa reunião centrada, sobretudo, no polémico diploma relativo ao processo de avaliação dos docentes.
(…)
No encontro, os representantes dos sindicatos entregaram a resolução aprovada durante a manifestação nacional realizada este mês, na qual exigem a demissão da ministra da Educação, a REGONICIAÇÃO DO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE e a suspensão do processo de avaliação de desempenho.”
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/7ea59180bc8870827a05f4.html
Março 17, 2008 at 9:00 pm
estou farto de emails deste tipo
“Inclino-me a pensar que os sindicatos vão, mais uma vez, desmobilizar os professores a troco de coisa nenhuma. Umas cedências de pormenor, mantendo o modelo tal como está, para dar a ideia de que houve recuo e que todos ganharam. Se assim for (oxalá me engane!), será uma desgraça para os professores. Com os professores de joelhos, outras malfeitorias virão: fim das pausas da Páscoa e do Natal, escolas abertas e com alunos durante a Páscoa e o Natal, formação contínua aos sábados, etc. A profissão tal como a conhecemos está em vias de acabar. A escola pública vai morrer. As classes alta e média alta vão colocar os seus filhos em colégios privados e as escolas públicas transformar-se-ão em imensos CEFs onde não se aprende nada, apenas se guardam crianças e adolescentes. Os professores assistirão ao nascimento de um outro estatuto, ainda pior que o actual: o estatuto de prestadores de cuidados sociais e de empregados domésticos dos pais.”
Março 17, 2008 at 9:06 pm
RENEGOCIAÇÃO do ECD é o que importa
Março 17, 2008 at 9:10 pm
renegociação não
negociação, que aquilo foi imposto e só quando começaram a regulamentar é que nos apercebemos da dimensão do monstro.
Março 17, 2008 at 9:10 pm
Leiria: Docentes reclamam suspensão do processo de avaliação
Um movimento cívico de professores da região de Leiria, que representa 800 docentes, reclamou esta segunda-feira a suspensão imediata do processo de avaliação dos docentes, recusando a mais recente proposta de alteração do Governo.
Em comunicado, o Movimento em Defesa da Escola Pública e da Dignidade da Docência, que realizou uma reunião no último sábado com 240 professores, critica a «tentativa continuada do Ministério da Educação em impor um modelo de avaliação do desempenho, completamente desacreditado, e um novo modelo autocrático de gestão».
Na moção, aprovada por unanimidade, o movimento exige a «suspensão do actual processo de avaliação, por injusto, inexequível e burocrático», recusando outros «hipotéticos modelos, ditos mínimos e que apenas se destinam a dividir os professores e a salvaguardar as políticas do Ministério da Educação perante a opinião pública».
Para os docentes da região de Leiria, é urgente um «debate nacional para a construção de um modelo de avaliação e de gestão das escolas, que resulte de um forte e amplo consenso político, em prol da qualidade do ensino, da Democracia e do desenvolvimento do país», refere ainda a moção hoje divulgada.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=61&id_news=323710
Março 17, 2008 at 9:12 pm
Eu, como gosto de bater ao lado, verifiquei na breve visita que fiz ao blogue do Pro.David Justino, que foi nosso ministro educativo, verifiquei digo, que no dia 8 de Março nada de significativo postou sobre a manifestação dos 100000…aparece por lá a vantagem do Porto e as intervenções disláticas de A.Silva…corrijam-me se vi mal…
O tom dos comentários pareceu-me tão polido que “achei” tb polido não exibir nenhum comentário…apesar de tudo “acho” que actualmente há muito melhores professores do que há cem anos e mesmo antes do 25 de Abril, tempos que eu conheci bem…não comparem o incomparável…
Com consideração
Morfeu
Março 17, 2008 at 9:18 pm
Toda esta discussão começa a ficar estéril e a não chegar a lado nenhum:http://br.youtube.com/watch?v=aSobvm2nR8I
Março 17, 2008 at 9:19 pm
ups não ficou a música.
Esta ´e dedicada a todos os profs. que fazem da sua profissão a sua única forma de viver
http://br.youtube.com/watch?v=aSobvm2nR8I
Março 17, 2008 at 9:22 pm
Paulo e colegas,
no Arrastão está a acontecer um enorme debate. Não querem dar uma ajuda?
Tenho comentado por lá mas a minha falta de calma, por vezes, conhecimentos, impedem-me de corresponder à altura. E parece-me que vale muito a pena debater estas questões em outros locais centrais. Deixo os links
http://arrastao.org/educacao/gritar-para-o-lado/
http://arrastao.org/blogosfera/movimento-escola-publica/
Março 17, 2008 at 9:26 pm
voto de confiança à Plataforma Sindical
os diversos movimentos autónomos de professores deverão servir apenas para a estimular.
Reduzir o conflicto à avaliação é como tentar parar uma corrente contínua de água (a água tem um segredo; é o Segredo da Água)
Março 17, 2008 at 9:27 pm
Há alguém que consiga ter acesso ao documento “com esclarecimentos” que chegou às escolas no dia 14? E que consiga resumir o que lá está dito? Eu fica-lhe grata.
Março 17, 2008 at 9:29 pm
A verdade é que toda a gente de uma forma ou de outra está em pãnico com a mudança:
lembrem-se que Darwin dizia que não são os mais fortrs ou os mais inteligentes que sobrevivem mas os que se adaptam melhor ás mudanças.
http://br.youtube.com/watch?v=9AlH2oYedfk
Março 17, 2008 at 9:29 pm
Morfeu,
não me parece que eu tenha sido muito polida no comentário que fiz lá, no “discurso das barbas”, onde o sr deixa, a ideia de que os professores continuam maus, mais valendo entregar os filhos aos jesuítas.
Para defesa dos colégios privados não haveria melhor texto!
Para mostrar que andou por onde andou e não fez muito, também não acrescentou muito.
Março 17, 2008 at 9:36 pm
Um desviozito: Proença de Carvalho, o conhecido advogado,afirma que a não haver alternativas credíveis, apoia Sócrates, acrescentando que este seu apelo ao voto é para nova maioria absoluta.
Eu questiono-me, será que Proença de Carvalho quer mesmo esta alternativa credível?
Março 17, 2008 at 9:44 pm
A verdade é esta: daqui a uma ano esta avaliação está a rolar em velocidade dec cruzeiro, com variANTES em cada escola consoante as pessoas que lá estejam á frente, e nós aqui ainda vamos a estar a discutir se a forma é boa, se os pressupostos estão correctos, se a divisão da crreira prejudica….blá ..blá… como diziam os algarvios não se faz
vai-sefazendo..
Hoje além de estar saturado de reuniões e papelada estou a começar a deixar de acreditar que algo vai mudar.
É como dizer aos tibetanos que agora é que é, com os jogos olimpicos é que o tibete será livre.
como hoje estou a ilustrar os comentários com música deixo aqui esta que reflecte o meu estado de espirito, enleado em legislação e asfixiado em ideias que provavelmente não levam a lado nenhum
Março 17, 2008 at 9:51 pm
LOve wil tear us a part;
Março 17, 2008 at 10:02 pm
Concordo com o Jaime -“Paulo, escreva aí um texto para ser publicado , como publicidade paga”. Já há uns dias sugeri aqui algo parecido. Eu contribuo. Isto é mesmo a sério!
Março 17, 2008 at 10:24 pm
Venha lá o artigo que eu manda de cá o meu contributo. Se agora baixarmos os braços, mais tarde não se sabe o que poderemos baixar. Também falo a sério.
Março 17, 2008 at 10:28 pm
Foi sem dúvida o ministro mais consciente da realidade do nosso sistema educativo nas últimas três décadas. Mas, prisioneiro da infernal máquina de iluminados que incessantemente se reproduzem na 5 de Outubro e cativo de algumas funestas concepções sociologistas da educação, vertidas no famigerado “eduquês”, pouco ou nada fez V.ª Ex.ª, perdendo-se a última grande oportunidade de extirpar o tumor que vai minando a débil saúde da Pátria…
Pouco importa que estas preocupações sejam recorrentes. O País vegeta há séculos em lugar de medrar.
Continuar a olhar para as repetições da história sem cuidar de fazer progredir o País é cair na espiral de decomposição e de putrefacção da qual está a ser impossível sair…, dando azo a que daqui a mais 100 anos se continuem a repetir as mesmas palavras em lugar de se elogiarem as obras que urge fazer agora…
Março 17, 2008 at 10:32 pm
Grata pela solidariedade!
[depois queixem-se que não vos deixam falar …]
Jamé! Jamé!
Março 17, 2008 at 10:36 pm
Ops!!!!
Acabei de reparar que o Daniel não está a aprovar os comentários … deve estar ausente.
Peço desculpa caso tenha sido injusta. Às tantas, há dezenas de comentários de professores que costuma vir aqui e decidiram ajudar.
[depois, não há argumentos do lado de lá! ;/]
Março 17, 2008 at 10:47 pm
Esta é para ti Justino…
Finalmente uma boa descrição da actualidade…
” Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, – reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (…)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (…)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, – como da roda duma lotaria. A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;
Dois partidos (…), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (…) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, – de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (…)”
Guerra Junqueiro, in “Pátria”, escrito em 1896
Março 17, 2008 at 10:53 pm
Povinho a história repete-se!
Março 17, 2008 at 10:58 pm
acabei de receber isto
(e não comento)
MUITO IMPORTANTE! TENHAM CONSCIÊNCIA OS CP DA RATOEIRA EM QUE VÃO CAIR E EM QUE VÃO FAZER CAIR OS AVALIANDOS! HAJA CORAGEM E CLARIVIDÊNCIA!
A Cilada Suicida
1. Os conselhos pedagógicos vão ter de aprovar instrumentos de registo
de avaliação, supõe-se agora que num prazo mais dilatado.
2. Os instrumentos de registo mais relevantes são os referentes à
observação de aulas.
3. Há, basicamente, quatro parâmetros para observar e avaliar –
planificação, realização, relação pedagógica e avaliação e, no mínimo,
4 critérios para cada um (podendo a escola escolher um quinto), num
total de 16 ou 20 critérios.
4. Se a opção for – no caso da observação de aulas – seguir esta
referência e adoptar para cada critério uma escala de diferencial
semântico de 4 (ou 5 níveis) terá o dito conselho de aprovar a
descrição do desempenho correspondente a cada um dos níveis, num total
de 80 ou 100 descrições.
5. Nesta conformidade, o observador terá de realizar entre 80 a 100
operações cognitivas, ponderando, julgando, avaliando qual o nível a
atribuir.
6. Dada esta estruturação, há o risco óbvio das escolas aprovarem
instrumentos de registo que vão fazer um retrato medíocre da grande
maioria dos professores. Só os professores intensamente idealizados
que só existem na ficção é poderão ver-se num espelho do muito bom.
7. O efeito desta cilada parece-me óbvio: os professores vão elaborar
os espelhos que lhes vão dizer que são medíocres. O que não é verdade.
O que é injusto. Porque há muito mais profissionalidade para além das
grelhas e dos descritores. (aliás Gimeno Sacristan já há mais de vinte
anos denunciava esta ilusão objectivista de tudo querer medir e
controlar; e a própria pedagogia por objectivos que tem mais de 30
anos revelou-se limitada e empobrecedora).
8. E isto – grau máximo do cinismo – pode ser feito pelos próprios
professores e seus órgãos pedagógicos.
9. Se cairmos nesta cilada, a destruição da auto-imagem estará
assegurada e o êxodo e o burnout crescerão numa escala nunca vista.”
José Matias Alves
( Mais uma acha para a fogueira… Esclarecimento: Matias Alves é um “CRAQUE” da DREN; até ele!!! )
Março 17, 2008 at 10:59 pm
Proença de Carvalho rendido aos encantos do “socialismo” à Sócrates? Atão.
Estou cansado de me espantar! (Gabriel Garcia Marques).
Março 17, 2008 at 11:08 pm
Afinal a malta está lá!
Óptimo! Obrigada!
*****
Março 17, 2008 at 11:13 pm
Publique o NIB, Paulo, que eles estão a ganhar muito bem, apesar de refilarem por não voltar a ser promovidos , mesmo que não prestem ou prestem pouco para a arte que deveriam exercer: ser bom professor. Continuamos a dar razão à ministra!!!!
Março 17, 2008 at 11:17 pm
Não compreendo porque é que estamos a dar tanta importância ao comentário de um senhor que não fez nada, mas mesmo nada pela educação em Portugal. Aliás esse senhor defendia que as escolas fossem lideradas por uma gestor, a sua ideia passava por desmantelar o ensino público. Este senhor não tem autoridade moral para dizer algo sobre o ensino em POrtugal, não tem porque não fez absolutamente nada. Passado uns anos passou a dar palpites, considero os seus comentários como “palpites travestidos de alguma intelectualidade”.
Março 17, 2008 at 11:21 pm
Eu penso que o Paulo pode elaborar o(s) texto(s).
Seria excelente.
entretanto podemos considerar que há o Paulo antes da acusação do Albino e da exposição pública na NM e o Paulo Guinote depois de tais acontecimentos. Neste momento, o Paulo goza de suficiente credibilidade e reconhecimento nos media que nem será necessário o recurso à publicidade paga para difundir as seus (nossos) pontos de vista. Qualquer jornal não enjeitaria ter a sua colaboração. Naturalmente que é preciso vencer o complexo que uma boa parte da c. social (fundamentalmente a escrita), tem em relação aos blogues; mas o “Público”, há muito que os segue (publicando retalhos) com atenção e, por certo, não é o único. A N. Magazine abre o seu espaço a comentários e posições sobre a matéria que publicou. Por aí,e a propósito, podem entrar alguns bons textos. É necessário construí-los. Quanto ao(s) do Paulo, vamos estudar a melhor estratégia.
Sobre o David Justino, duas notas muito breves:
(i) foi o ministro das trapalhadas com a disciplina de filosofia, que gerou a conhecida polémica nacional e a não menos conhecida desculpa do… lapso!
(ii) Sua exª é assessor do PR e o grande responsável (segundo a minha óptica), pelo continuado apoio daquelas bandas à ministra. Algumas das “reformas” foram tiradas a químico desta eminência que tem dos professores fraca opinião.
Março 17, 2008 at 11:40 pm
Lanço um desafio a todos os professores: I ENCONTRO NACIONAL DOS PROFESSORES ENVOLVIDOS EM MOVIMENTOS CIVICOS. Não sei se o titulo será o mais correcto mas é um ponto de partida. Digam o que pensam, se for no norte sou candidato a fazer parte da sua organização.
Março 17, 2008 at 11:45 pm
Olinda,
O primeiro e mais belo texto de apoio aos professores e á sua “bela missão” saiu da caneta de um jornalista de seu nome Victor Serpa. Por azelhice “informática” minha não o tenho neste momento no meu computador. Mas basta ir a uma “(H)Emmeroteca (Lisboa)” e decerto (O) encontrarão, o texto e o autor.
Não tenho palavras para descrever “aqueles” textos de Victor Serpa”. Lindos. Puros. Autênticos. De um homem sem medo e vertical. Os “escribas de circunstância” deviam aprender um (pouco) com ele. Ou muito. Ou Tudo. Um Sabio.
Março 17, 2008 at 11:46 pm
PS: Vitor Serpa escreve num Jornal Desportivo.
Março 17, 2008 at 11:51 pm
ENCONTRO NACIONAL DOS PROFESSORES ENVOLVIDOS EM MOVIMENTOS CIVICOS?
ó homem!, não ouviu tanto a dizer que militamos todos no PCP. :)?
Março 17, 2008 at 11:53 pm
David Justino já percebeu “que ha pessoal que lhe vai entrar pela vinha dentro”! E atacou Guilherme de Oliveira Martins. Actual Presidente do Tribunal de Contas. Economista de formação. O Sr Justino, xoxiologo, actual conselheiro do P.R., não se quer comparar a Guilherme de Oliveira Martins, pois não?
É bom que tenha juízo!
Março 17, 2008 at 11:53 pm
escreveu, anahenriques
a minha homenagem a um excelente jornalista.
Março 17, 2008 at 11:57 pm
Oh! Anahenriques o Oliveira Martins de que David Justino fala é de 1888…não é o Guilherme actual! que grande confusão nessa cabeça..estamos todos cansados!!lol
Março 17, 2008 at 11:59 pm
Ana Henriques
Se o encontrares publica-o aqui por favor.
Março 18, 2008 at 12:04 am
Ele está a falar do historiador.
Março 18, 2008 at 12:05 am
Victor Serpa é um (dos) grandes e bons portugueses. É jornalista (especializado) na área do Desporto. Sou (meio) leiga na área. Mas aplaudo o cidadão. E o jornal que permitiu a (sua) livre e (sábia) escrita. Disse. Investigue.
Dois anos, dois anos e meio!?
Tenha orgulho nos homens e mulheres de Bem do seu povo. Disse.
Março 18, 2008 at 12:06 am
Errata: queria dizer “tenho orgulho nos homens e mulheres de Bem do povo a que pertenço”
Março 18, 2008 at 12:08 am
Olinda:
Aqui está o link para um texto de Victor Serpa.
http://ferrao.org/2006/06/vtor-serpa-in-bola-porque-hoje-sbado.html
Março 18, 2008 at 12:12 am
L&L,
Agradeço tua correcção.
Entrei na (minha) escola as 8h 30 e saí ás 20h 15. Três horas no total de intervalo. Com quilos de papelada (sem nenhum sentido) para preencher.
Ok.
Obrigada.
Março 18, 2008 at 12:16 am
citizen,
para além de tudo o mais, Matias Alves é, agora, do CCAP. Bem poderia fazer com que houvesse recomendações deste órgão no sentido do que aconselha.
Março 18, 2008 at 12:17 am
Ana Henriques,
seria este?
A Bola da Educação
(24 de Junho de 2006)
Os professores andam em pé de guerra. Como os professores são normalmente distantes uns dos outros, os seus pés de guerra andam por aí semeados como pés de salsa, espalhados pelo País. De norte a sul.
Os professores estão descontentes. Com a vida que lhes corre mal, porque ninguém os valoriza; com os colegas, que só se interessam por resolver a sua vidinha; com os alunos, que os desconsideram e maltratam; e, acima de tudo, com o Governo da nação, que os desvaloriza, os desautoriza e os desmoraliza.
Nunca fui um estudante fácil e sabia que um professor desautorizado era um homem (ou uma mulher) morto na escola. Não quero dizer fisicamente mas profissionalmente.
Como sempre fui bom observador, conhecia de ginjeira os professores fortes e os professores fracos. Os fortes resolviam, por si próprios, a questão.
Alguns pela autoridade natural do seu saber e da sua atitude, outros de forma menos académica. Os fracos eram defendidos pelos reitores. Ir à sala de um reitor era, já por si, um terrível castigo. Mas bem me lembro que professores fracos e fortes, bons e nem por isso, se protegiam, se defendiam e se esforçavam na sua autoridade comum. Já nesse tempo se percebia que tinha de ser assim, porque, se não fosse, os pais comiam-nos vivos e davam-nos, já mastigados, aos filhos relapsos. E isso a escola não consentia. Os pais, dito assim de forma perigosamente genérica, sempre foram entidades pouco fiáveis em matéria de juízo sobre os seus filhos e, por isso, sobre quem deles cuida, ensina e faz crescer. Os pais sempre foram o pavor dos professores de natação, dos técnicos do futebol jovem, dos animadores das corridas de rua.
Os pais, em casa, acham os filhos umas pestes; mas na escola, no campo desportivo, no patamar da casa do vizinho, acham os filhos virtuosos e sábios.
Os pais são, individualmente, insuportáveis e, colectivamente, uma maldição.
Claro que há pais… e pais. E vocês sabem que não me refiro aos pais a sério, que são capazes de manter a distância e o bom senso. Falo dos outros, dos pais e das mães que acham sempre que os seus filhos deviam ser os capitães da equipa e deviam jogar sempre no lugar dos outros filhos. O trágico disto tudo é que são precisamente esses pais os que, na escola, se acham verdadeiramente capazes de fazer a avaliação, o julgamento sumário dos professores dos seus filhos, achando que eles só servem para fazer atrasar os seus Einsteinzinhos. Por isso eu aqui me declaro a favor dos professores.
Quero jogar na equipa deles contra a equipa dos pais e ganhar o desafio da vida real e do futuro deste país contra o desafio virtual dos pedagogos de alcatifa.
Março 18, 2008 at 12:17 am
Já li e adorei. Faz-nos bem a leitura destes pequenos mimos numa altura em que andamos tão cansados.
Um abraço de agradecimento ao Victor Serpa.
Março 18, 2008 at 12:18 am
também não gostei da referência (depreciativa, preconceituosa?!), em relação aos jornais desportivos, fundamentalmente, devido à sua proverbial qualidade.
Mesmo com uma objecção pessoal, por utilizar o espaço com dois textos, digamos, que ultrapassam o espaço razoável de um comentário, tomo a liberdade de os editar, pedindo desculpa pelo abuso.
Se o Paulo considerar oportuno levá-los para o rosto do “Umbigo”…
Durante muito tempo tiveram merecida exposição no meu local de trabalho.
1.Porque hoje é sábado
Jogo pelos professores
Os pais sempre foram o pavor dos professores de natação, dos técnicos do futebol jovem, dos animadores das corridas de rua. Os pais, em casa, acham os filhos umas pestes; mas na escola, no campo desportivo, no patamar da casa do vizinho, acham os filhos virtuosos e sábios OS professores andam em pé de guerra. Como os professores são normalmente distantes uns dos outros, os seus pés de guerra andam por aí semeados como pés de salsa, espalhados pelo País. De norte a sul. Os professores estão descontentes. Com a vida que lhes corre mal, porque ninguém os valoriza; com os colegas, que só se interessam por resolver a sua vidinha; com os alunos, que os desconsideram e maltratam; e, acima de tudo, com o Governo da nação, que os desvaloriza, os desautoriza e os desmoraliza. Nunca fui um estudante fácil e sabia que um professor desautorizado era um homem (ou uma mulher) morto na escola. Não quero dizer fisicamente mas profissionalmente. Como sempre fui bom observador, conhecia de ginjeira os professores fortes e os professores fracos. Os fortes resolviam, por si próprios, a questão. Alguns pela autoridade natural do seu saber e da sua atitude, outros de forma menos académica. Os fracos eram defendidos pelos reitores. Ir à sala de um reitor era, já por si, um terrível castigo. Mas bem me lembro que professores fracos e fortes, bons e nem por isso, se protegiam, se defendiam e se reforçavam na sua autoridade comum. Já nesse tempo se percebia que tinha de ser assim, porque, se não fosse, os pais comiam-nos vivos e davam-nos, já mastigados, aos filhos relapsos. E isso a escola não consentia. Os pais, dito assim de forma perigosamente genérica, sempre foram entidades pouco fiáveis em matéria de juízo sobre os seus filhos e, por isso, sobre quem deles cuida, ensina e faz crescer. Os pais sempre foram o pavor dos professores de natação, dos técnicos do futebol jovem, dos animadores das corridas de rua. Os pais, em casa, acham os filhos umas pestes; mas na escola, no campo desportivo, no patamar da casa do vizinho, acham os filhos virtuosos e sábios. Os pais são, individualmente, insuportáveis e, colectivamente, uma maldição. Claro que há pais… e pais. E vocês sabem que não me refiro aos pais a sério, que são capazes de manter a distância e o bom senso. Falo dos outros, dos pais e das mães que acham sempre que os seus filhos deviam ser os capitães da equipa e deviam jogar sempre no lugar dos outros filhos. O trágico disto tudo é que são precisamente esses pais os que, na escola, se acham verdadeiramente capazes de fazer a avaliação, o julgamento sumário dos professores dos seus filhos, achando que eles só servem para fazer atrasar os seus Einsteinzinhos. Por isso eu aqui me declaro a favor dos professores. Quero jogar na equipa deles contra a equipa dos pais e ganhar o desafio da vida real e do futuro deste país contra o desafio virtual dos pedagogos de alcatifa.
Vítor Serpa, Jornal “A Bola” (3 de Junho de 2006)
Março 18, 2008 at 12:18 am
Que continuou com este! (mas há mais…)
Os professores estão de pé!
E tenho muita vergonha de viver num país onde ainda são raros os media generalistas, sejam televisões, rádios, ou jornais, que tenham o mesmo sentido crítico, a mesma frontalidade, a mesma liberdade e, até, a mesma coragem que, apesar de tudo, ainda vamos encontrando em alguns jornais desportivos
FAZ hoje oito dias publiquei um artigo sobre os professores. Era um texto que não pretendia ser de um especialista na matéria. Um texto feito com o que julgo ser um pouco de bom senso e apresentado numa perspectiva de observador atento e nunca resignado à natureza das coisas injustas.
O texto tinha, ainda, uma perspectiva de comparação entre o professor e o treinador desportivo. No fundo, o treinador é um professor de desportistas e o professor um treinador dos conhecimentos e dos saberes. Um bom professor, tal como um bom treinador, não deve ter a pretensão de ensinar tudo, mas deve ter a competência de ensinar a aprender tudo. Não apenas durante o tempo do clube ou da escola, mas durante toda a vida.
O que me faz regressar hoje ao tema são, de novo, os professores.
Ao longo da semana recebi dezenas de mails e muitos telefonemas. Não escondo que fiquei emocionado com a forma como tantos professores se reviram no meu texto e fizeram questão de enaltecer méritos que, provavelmente, nunca tive. Mas o mais importante de tudo foi constatar que os professores de Portugal, os homens e as mulheres que preparam os nossos filhos para saberem aprender toda a vida, estão no limite das suas forças, das suas resistências, sentem-se profundamente desconsiderados e estão indignados com a afronta que lhes faz quase diariamente um ministério vesgo e surdo, que ainda os responsabiliza por serem, eles próprios, violentados, sabendo, melhor do que ninguém, que foi o próprio estado que passou anos e anos a desacreditar, a fragilizar e desautorizar os professores perante os alunos, tornando-os no elo mais fraco do nosso desgraçado sistema de ensino.
E se volto ao tema neste jornal que nunca aceitou, nos 61 anos da sua história, fronteiras sociais, económicas, políticas ou desportivas, é porque não posso nem devo ficar indiferente a esses dezenas e dezenas de textos, alguns excelentemente escritos, que não escondem a mais profunda das desilusões, mas todos de uma dignidade e de um sentido ético da profissão de professor que deve ser revelado e enaltecido. Apesar de tudo o que têm sofrido, no silêncio próprio de quem não tem os microfones ministeriais sempre a jeito dos seus argumentos nunca questionados, não tenho a menor dúvida de que os professores deste país são heróis desconhecidos, que não se deixam abater, que resistem, que choram de raiva, mas que ficam de pé.
E tenho muita vergonha de viver num país onde ainda são raros os media generalistas, sejam televisões, rádios, ou jornais, que tenham o mesmo sentido crítico, a mesma frontalidade, a mesma liberdade e, até, a mesma coragem que, apesar de tudo, ainda vamos encontrando em alguns jornais desportivos.
http://www.abola.pt/colunistas/index.asp?op=ver&texto=2476
Março 18, 2008 at 12:19 am
2.FAZ hoje oito dias publiquei um artigo sobre os professores. Era um texto que não pretendia ser de um especialista na matéria. Um texto feito com o que julgo ser um pouco de bom senso e apresentado numa perspectiva de observador atento e nunca resignado à natureza das coisas injustas.
O texto tinha, ainda, uma perspectiva de comparação entre o professor e o treinador desportivo. No fundo, o treinador é um professor de desportistas e o professor um treinador dos conhecimentos e dos saberes. Um bom professor, tal como um bom treinador, não deve ter a pretensão de ensinar tudo, mas deve ter a competência de ensinar a aprender tudo. Não apenas durante o tempo do clube ou da escola, mas durante toda a vida.
O que me faz regressar hoje ao tema são, de novo, os professores.
Ao longo da semana recebi dezenas de mails e muitos telefonemas. Não escondo que fiquei emocionado com a forma como tantos professores se reviram no meu texto e fizeram questão de enaltecer méritos que, provavelmente, nunca tive. Mas o mais importante de tudo foi constatar que os professores de Portugal, os homens e as mulheres que preparam os nossos filhos para saberem aprender toda a vida, estão no limite das suas forças, das suas resistências, sentem-se profundamente desconsiderados e estão indignados com a afronta que lhes faz quase diariamente um ministério vesgo e surdo, que ainda os responsabiliza por serem, eles próprios, violentados, sabendo, melhor do que ninguém, que foi o próprio estado que passou anos e anos a desacreditar, a fragilizar e desautorizar os professores perante os alunos, tornando-os no elo mais fraco do nosso desgraçado sistema de ensino.
E se volto ao tema neste jornal que nunca aceitou, nos 61 anos da sua história, fronteiras sociais, económicas, políticas ou desportivas, é porque não posso nem devo ficar indiferente a esses dezenas e dezenas de textos, alguns excelentemente escritos, que não escondem a mais profunda das desilusões, mas todos de uma dignidade e de um sentido ético da profissão de professor que deve ser revelado e enaltecido. Apesar de tudo o que têm sofrido, no silêncio próprio de quem não tem os microfones ministeriais sempre a jeito dos seus argumentos nunca questionados, não tenho a menor dúvida de que os professores deste país são heróis desconhecidos, que não se deixam abater, que resistem, que choram de raiva, mas que ficam de pé.
E tenho muita vergonha de viver num país onde ainda são raros os media generalistas, sejam televisões, rádios, ou jornais, que tenham o mesmo sentido crítico, a mesma frontalidade, a mesma liberdade e, até, a mesma coragem que, apesar de tudo, ainda vamos encontrando em alguns jornais desportivos.
Vítor Serpa, Jornal “A Bola” (10 de Junho de 2006)
Março 18, 2008 at 12:19 am
Desculpem… ambos os textos citados são de Vitor Serpa
Março 18, 2008 at 12:24 am
Muito bem. Como nunca leio jornais desportivos nem sabia que havia cronistas deste nível a falarem nestes temas. Estamos sempre a aprender, e então neste blogue, temos aprendido tanto…
Março 18, 2008 at 12:28 am
jcosta,
colocámo-los em simultâneo!
Paciência! Ficaram em duplicado!
Quanto ao que consideras referência (depreciativa, preconceituosa?!), em relação aos jornais desportivos, fundamentalmente, devido à sua proverbial qualidade, pelo que conheço do sr, trata-se de uma bofetada de luva branca para toda a outra imprensa e não um fazer-se de vítima.
Sendo eu de educação física e desporto, muitas vezes tenho que usar o mesmo estragema, porque ao ouvirem esta palavra, a maioria das pessoas associa, de imediato, desporto e “pensamento com os pés”. Tem a ver com toda a educação dualista que ainda existe na cabeça de muita gente e que mantém o preconceito de que o intelectual e o físico vivem em extremos opostos
Março 18, 2008 at 12:28 am
Vítor Serpa Porque hoje é sábado
Os professores estão de pé!
E tenho muita vergonha de viver num país onde ainda são raros os media generalistas, sejam televisões, rádios, ou jornais, que tenham o mesmo sentido crítico, a mesma frontalidade, a mesma liberdade e, até, a mesma coragem que, apesar de tudo, ainda vamos encontrando em alguns jornais desportivos
FAZ hoje oito dias publiquei um artigo sobre os professores. Era um texto que não pretendia ser de um especialista na matéria. Um texto feito com o que julgo ser um pouco de bom senso e apresentado numa perspectiva de observador atento e nunca resignado à natureza das coisas injustas.
O texto tinha, ainda, uma perspectiva de comparação entre o professor e o treinador desportivo. No fundo, o treinador é um professor de desportistas e o professor um treinador dos conhecimentos e dos saberes. Um bom professor, tal como um bom treinador, não deve ter a pretensão de ensinar tudo, mas deve ter a competência de ensinar a aprender tudo. Não apenas durante o tempo do clube ou da escola, mas durante toda a vida.
O que me faz regressar hoje ao tema são, de novo, os professores.
Ao longo da semana recebi dezenas de mails e muitos telefonemas. Não escondo que fiquei emocionado com a forma como tantos professores se reviram no meu texto e fizeram questão de enaltecer méritos que, provavelmente, nunca tive. Mas o mais importante de tudo foi constatar que os professores de Portugal, os homens e as mulheres que preparam os nossos filhos para saberem aprender toda a vida, estão no limite das suas forças, das suas resistências, sentem-se profundamente desconsiderados e estão indignados com a afronta que lhes faz quase diariamente um ministério vesgo e surdo, que ainda os responsabiliza por serem, eles próprios, violentados, sabendo, melhor do que ninguém, que foi o próprio estado que passou anos e anos a desacreditar, a fragilizar e desautorizar os professores perante os alunos, tornando-os no elo mais fraco do nosso desgraçado sistema de ensino.
E se volto ao tema neste jornal que nunca aceitou, nos 61 anos da sua história, fronteiras sociais, económicas, políticas ou desportivas, é porque não posso nem devo ficar indiferente a esses dezenas e dezenas de textos, alguns excelentemente escritos, que não escondem a mais profunda das desilusões, mas todos de uma dignidade e de um sentido ético da profissão de professor que deve ser revelado e enaltecido. Apesar de tudo o que têm sofrido, no silêncio próprio de quem não tem os microfones ministeriais sempre a jeito dos seus argumentos nunca questionados, não tenho a menor dúvida de que os professores deste país são heróis desconhecidos, que não se deixam abater, que resistem, que choram de raiva, mas que ficam de pé.
E tenho muita vergonha de viver num país onde ainda são raros os media generalistas, sejam televisões, rádios, ou jornais, que tenham o mesmo sentido crítico, a mesma frontalidade, a mesma liberdade e, até, a mesma coragem que, apesar de tudo, ainda vamos encontrando em alguns jornais desportivos.
…
http://www.abola.pt/colunistas/index.asp?op=ver&texto=2476
Março 18, 2008 at 12:31 am
Olinda,
não existe só o Vitor Serpa, com este gabarito, nos jornais desportivos.
Podemos falar de outros como Jorge Bento, Francisco Sobral, José Manuel Constantino, Vasconcelos Raposo, Carlos Neto… e tantos menos conhecidos que escrevem crónicas/colunas com regularidade, nestes jornais.
Março 18, 2008 at 12:33 am
João Douro,
Tb é uma ideia para considerar. Tb me desloco ao “norte” facilmente.
Março 18, 2008 at 12:38 am
Maria Lisboa,
Concordo. Como sou das “letras”, e não tenho clube ;-), costumo pedir-lhes:
– Leiam, leiam muito.
– Mesmo jornais desportivos?
– Sim, têm uma particularidade: são bem escritos!
Afinal há mais comentadores com o Vitor Serpa à mão. Tiro-lhes o chapéu, a ambos.
Março 18, 2008 at 12:46 am
MariaLisboa,
Te agradeço. Te agradecemos. Este texto do Vitor Serpa tb é (muito) belo. Desconhecia.
Mas os textos de Vitor Serpa que mencinonei(infelizmente) não tenho no meu PC são anteriores. Dos primeiros que registei na defesa “do ser Professor”. Maravilhoso.
Pelo momento. Pelo conteúdo. Quando (poucos) se incomodavam…gostava de um dia lhe agradecer…
Março 18, 2008 at 12:58 am
O (outro) Oliveira Martins foi professor de História no Liceu Nacional de Setúbal (?)
E professor da minha …mãe.
Março 18, 2008 at 12:59 am
Tenho aqui mais alguns (Os estádios e as escolas (agressões e outos mimos); Brecht de visita a Portugal (desconsideração pelos professores e desumanidade); As nossas escolas lançam-se, definitivamente, na arrojada experiência do mundo da bola (o mundo da titularidade), mas creio que esse de que falas não tenho.
Março 18, 2008 at 1:10 am
Where we tonight shall camp?….The top blogs of the day. the newest report , see and reply me some comments. Thanks.
Março 18, 2008 at 1:26 am
Ana Henriques o historiador Oliveira Martins viveu no século XIX.
Março 18, 2008 at 1:28 am
citizen,
o argumentário desses mails é insuportável.
Cheios de projecções catastrofistas.
Março 18, 2008 at 1:29 am
do 1.º que aqui colocou, não o do Matias Alves
Março 18, 2008 at 1:31 am
O Jorge Olímpio Bento, uma referência no ensino da Educação Física, escreve na Bola, gosto bastante dele, é presidente da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
http://sigarra.up.pt/fadeup/funcionarios_geral.formview?p_codigo=225456
Março 18, 2008 at 10:44 am
Obrigada Olinda!
Estava fora do contexto. Pensava que era este “Oliveira Martins”,
Click to access escolapublica.pdf