Eu sou do tempo em que a Matemática era já um estereotipado papão. Mas em que não havia outra hipótese da malta se safar sem ser sabendo a tabuada, usando os neurónios ou, como o Manelito, amigo da Mafalda, os dedos das mãos e, em casos de aflição, os dos pés se fosse dia de sandálias.
No entanto fui afortunado por – enquanto jovem, não estou a dizer que assim permanece – uma mente extremamente compreensiva para as chamadas Ciências Exactas, exactamente porque a exactidão permite que cheguemos a resultados exactos e não há mais discussão. Pelo menos, até ao 9º ano a coisa era assim. Fiz quase sempre o pleno em todos os períodos com 5 a Matemática, sendo que a partir do 7º ano prescindi de comprar o manual. No 9º ano comecei a desatinar com a trigonometria, mas, lá está, a objectividade e a mecânica da coisa, permirtiam oscilar entre os 92% e os 100%, apesar de nunca fazer os trabalhos de casa. Acabei em História vá-se lá saber porquê, ou melhor, até sei, mas agora isso não interessa.
O que me interessa é que, maravilha das arábias, a Ministra da Educação afirma que rios de euros irão cair sobre as escolas para que os jovens aprendam Matemática, delirem com inequações e sintam o êxtase da compreensão do funcionamento de um algoritmo.
Sinceramente – e por uma vez desculpem-me lá o retorcer do nariz à promessa de dinheirinho para as Escolas – o segredo para o sucesso a Matemática não passa por aí. Ajuda, é certo que ajuda, mas não é o essencial. Sei que devemos adaptar-nos aos meios disponibilizados pelas novas tecnologias, mas não é um quadro interactivo que faz uma Primavera de futuros matemáticos. E muito menos o recurso generalizado a calculadoras.
A Matemática é especial. No bom sentido. E isto é vindo de alguém que a largou há mais de um quarto de século, se não contarmos com uma cadeira no 1º ano da licenciatura (mas aquilo era quase só estatística…). Tão especial que a sua beleza e encanto, podendo ganhar brilho com demonstrações hábeis nos ditos quadros, depende principalmente da forma como quem ensina consiga transmitir aos alunos o prazer de pensarem e de, na sua mente, fazerem muito mais do que permite um quadro interactivo.
Sei que pareço estar a delirar, mas não. A Matemática no Ensino Básico não é difícil. Sempre a considerei a disciplina que estava feita à partida. Sempre lutei muito mais com a Gramática, por estranho que pareça (a gramática generativa a isso obrigou) e mesmo a História me pregou algumas partidas. O problema é que a Matemática nasce da Aritmética e da aquisição e desenvolvimento de rotinas mentais desde tenra idade. E quase pareço agora o Nuno Crato.
Mas ele tem razão em algumas coisas: em vez de enunciarmos a maravilha que é desenvolver a competência disto ou daquilo, é muito mais útil desenvolvermos efectivamente essa competência. Com trabalho e esforço. Porque alguns podem nascer com alguns dotes para a coisa, mas muito só se consegue pela aquisição de rotinas, pelo prazer do cálculo mental.
Ora isso não se alcança dizendo que a Matemática é muito difícil, ensinando-a a fugir da criação dessas rotinas, recorrendo às ditas calculadoras para poupar tempo e trabalho e apresentando a técnica como o auxiliar milagroso para aquilo que a mente humana da maioria dos pobres portugueses parece não conseguir atingir. Como se fosse uma fatalidade nacional.
E é um disparate enorme afirmar que os resultados de uma política com meia dúzia de meses, sendo que os meios mal chegaram às escolas, se vão medir já nos exames que estão aí.
Para Maria de Lurdes Rodrigues, o balanço de funcionamento do primeiro ano do Plano de Acção para a Matemática “é muito positivo”, sobretudo devido à adesão das escolas, tendo havido “mais trabalho, mais empenho e mais esforço” por parte dos professores.
Mas o verdadeiro balanço só poderá ser feito quando forem divulgados, em Junho, os resultados do exame nacional do 9º ano, já que só então será possível confirmar se o trabalho se traduziu ou não numa diminuição significativa da percentagem de negativas.
“O teste final deste Plano de Acção é a realização dos exames deste ano. Pela primeira vez, a esses resultados o país não associará apenas o desempenho dos alunos, mas também das escolas e dos professores, para o melhor e para o pior”, avisou a ministra, perante uma plateia constituída por dezenas de docentes, na cerimónia destinada a assinalar o primeiro ano deste programa.
Declarações como as de Maria de Lurdes Rodrigues são infelizes e imprudentes. A menos que os exames venham com “truque”.
- Infelizes porque colocam uma pressão adicional (a pressão é algo com que devemos saber lidar, mas não nestes termos) sobre docentes e alunos quanto aos resultados a obter nos exames, como se isso fosse o pagamento exigido pelo equipamento das escolas.
- Infelizes porque – e eu sou um adepto da existência de exames, não o vou esconder – querem fazer crer que em seis meses se recuperam problemas acumulados ao longo de 9 ou mais anos de escolaridade.
- Imprudentes porque parecem esquecer que os resultados gerais dos exames dependem, para além do desempenho de alunos e professores, do trabalho dos autores dos exames e dos próprios critérios de correcção. E nós estamos bastante habituados a que, muitas vezes, se ignorem as deficiências notórias de muitos exames produzidos pelo ME.
Assim como só quem está por dentro sabe da maior ou menor largueza dos tais critérios de correcção. Porque, sim é verdade, mesmo em relação à Matemática, é possível mexer com as classificações dos exames.
Basta, por exemplo, aconselhar que não se descontem na cotação certos erros. Aliás basta confirmarem com as indicações dadas aos correctores da provas de aferição de Matemática de 9º ano realizadas em 2004 (o último ano em que se realizaram) e tudo aquilo que então não se deveria considerar passível de penalização.
Mais palavras para quê?
Maio 11, 2007 at 9:24 pm
Sou professora de Matemática e subscrevo totalmente ( e aplaudo..) o que aqui se diz.
Maio 11, 2007 at 9:25 pm
Não li o post mas ouvi dizer hoje que a MLR fica contente se os resultados da matemática subirem 5%. No meio da algazarra do meu quotidiano i.e. entre insultos, trabalho, cursos, vida sindical, vida pessoal e dignidade, ouvi essa na radio …
Maio 11, 2007 at 9:42 pm
Sim. 5% e não falamos mais nisso.
O que é tão fácil de se conseguir, caso se queira.
Um toque aqui nos critérios, uma recomendação ali nos critérios…
Maio 11, 2007 at 10:00 pm
🙂
Maio 11, 2007 at 10:01 pm
hummm …. mas porque é que não falamos mais nisso???
Maio 11, 2007 at 10:03 pm
Falamos, falamos…
É esperar pelos colegas de Matemática.
Mas este fim de semana, ainda se voltará a isto e aos programas de algumas disciplinas, como são feitos e são um roteiro para o “sucesso”, mas depois chegam as cargas horárias disponíveis e o pessoal precisa de calçar pé 44 em sapatinho 37.
Maio 11, 2007 at 10:07 pm
Por falar em esperar, sabes que fui ameaçada com um processo disciplinar?
Maio 11, 2007 at 11:51 pm
Será que alguém aqui me explica como é que um plano de acção deste tipo, que na minha escola foi implementado visando sobretudo os alunos do 5º e 7º anos, pode ser avaliado pelos exames…no 9ºano??????? Estamos todos doidos??? e esta sra dona lurdes está pior que colegas meus que se admiravam como era possivel haver tantas negativas no 1º período, mesmo com o plano? e que depois, havendo menos no 2º, já diziam que era por causa do plano? em que ficamos? Como se avalia um trabalho delineado para 2/3 anos ao fim de 6 meses?? Ou pensa a ministra que nas escolas se tiram licenciaturas à moda do sr jose?
Maio 12, 2007 at 3:08 am
Tens toda a razão no que dizes sobre a matemática. A matemática é bonita. A matemática é fácil. A matemática depende única e exclusivamente da aritmética – do saber a tabuada, do saber fazer contas. Depende de outro factor importantíssimo o raciocínio, especialmente o raciocínio lógico associado “àquela parte” que tem a ver com a passagem do concreto para o abstracto. E são estas coisitas que encravam todo o sistema. Saber a tabuada de cor cansa, por isso as contas não vão lá. Pensar também cansa, por isso tentar equacionar um problema, por mais simples que seja, também não dá.
Outro factor importante para os bons resultados da matemática é o treino… mais outra coisa que dá trabalho. Como tudo isto vai sendo adiado no tempo… como se pode ir transitando sem tudo isto… para quê o esforço?
É o que se passa com a EF/Desporto! O “pessoal” quer jogar, quer ser bom futebolista, bom basquetebolista, mas não quer treinar os gestos técnicos… cansa, dá trabalho. Resultado: andam no campo de um lado para o outro feitos baratas tontas. Também aqui não pensam. Podiam não ser técnicos perfeitos, mas usar a cabeça para resolver os problemas… mas isso também dá trabalho! Tal como na matemática, de vez em quando “acertam no objectivo”, i. é, metem golo ou cesto. E como até se vão fazendo uns pontitos e, ocasionalmente, ganhando à outra equipa para quê o esforço do trabalho duro? (desculpem o aparte… mas isto está tudo relacionado, já que apenas tem a ver com a postura e a falta de hábitos de pensar e de tyrabalhar. Tenho reparado que por mais dificuldades que tenham em casa, a maioria destas crianças/jovens estão habituados a que lhes resolvam os problemas todos, que lhes dêem todas as resposta… e isso reflecte-se no trabalho na escola)
Quanto ao que a srª diz…
A srª continua a ser a demagogia em pessoa… continua a não saber do que fala. Continua a tentar enganar o “povo” lançando estas pataquadas para os OCS.
Se repararem ela vai dando “uma no cravo, outra na ditadura”. Gaba-se de tudo o que fez, de tudo o que gastou e vai gastar (porque afinal parece que o problema deste país não é mesmo falta de dinheiro!). Como pergunta, e muito bem, o jmc, como é que o Plano Nacional de Matemática, que foi implementado em quase todas as escolas em anos de ínicio de ciclo, vai mostrar resultados nos alunos que vão fazer o 9º ano?! Mesmo que o tal plano tenha estendido “um tentaculozinho” e pressionado os alunos do 9º ano, como é que que se vai verificar a eficácia das estratégias ministeriais?
Vai dando uma “na ditadura” porque vai já colocando a hipótese de não haver resultados… mas isso será “identificado” já que a demagogia da srª atinge o seu ponto máximo nesta tirada: “Quando cheguei ao Governo tive várias vezes um sonho, que era mais um pesadelo, de que todos os meninos chumbavam no exame. Isso não se concretizou, mas não ficou longe porque, na altura [em 2005], 70 por cento dos alunos tiveram negativa ”
Pesadelos tenho tido eu, desde que a dita apareceu… mas isso é outra estórea! 😉
70% dos alunos tiveram negativa no exame! Desses 70% quantos alunos foram a exame com nota para ir a exame? Já alguma vez alguém se perguntou isso? Desses alunos quantos estavam reprovados porque não sabiam e os professores achavam que não estavam preparados, mas que foram a exame porque a lei os leva a exame? Nunca vi esta análise feita? Nunca vi ninguém perguntar isto, nem pôr em causa as estatísticas, baseando-se nisto.
É que é muito diferente dizer-se que os professores são incompetentes e levam os “meninos” (como diz a srª) a exame sem saberem nada e portanto há uma grande percentagem de reprovações, do que os professores levarem a exame os alunos que realmente estão em condições de ir a exame. Gostaria que estas estatísticas fossem feitas. Sempre queria ver qual era a percentagem de reprovações, neste caso.
Os “meninos” sabem que não precisam de saber matemática! Eles podem ir até ao 12º ano sem uma única aprovação nesta disciplina e por isso não precisam de estudá-la. Muitos não tencionam passar do 9º ano. Muitos não tencionam ir para cursos em que necessitem de matemática. Se não precisam de passar durante os 11 anos de escolaridade para que se hão-de preocupar com o assunto?
Quanto à identificação e pessoalização dos resultados será que ela pensa que os alunos estão preocupados com isso? Achará ela que os “meninos” se irão incomodar para não pôr em causa os professores?
“(…) esses resultados o país não associará apenas o desempenho dos alunos, mas também das escolas e dos professores, para o melhor e para o pior” !!!! Ela acha que esta ameaça resolve o assunto?! Aquele professor, aquela escola, são incompetentes!!! Já não serão os professores todos, como ela nos insultou de ínicio! Agora será fulano na escola x!?! Acham que a partir deste ano os tais “identificados” terão, tal como Esther, que andar com uma “letra escarlate” ao peito?
Isto é interessante! Como quer ela comparar a minha escola, com o “colégio da barra” (vulgo quinta do marquês). São duas escolas do mesmo Concelho, mas não são duas escolas iguais! A professora de matemática que, na minha escola, no 2º período, tem uma turma do 9º com 100% de insucesso, de certeza que no “colégio da barra” teria 90 ou 100% de sucesso. Como é?! Ela é má professora?! Naquela turma seremos todos maus professores (o panorama é muito parecido em quase todas as disciplinas)?!
Se é assim! Se a identificação/pessoalização dos resultados serve “para o pior” então eu quero ir dar aulas para um qualquer “colégio da barra”, quero ter as mesmas oportunidades que irão ter os “não identificados” ou “identificados pela positiva”.
Estive em outras escolas, escolas em que fiz coisas giríssimas com os putos. Aqui, por mais que tente nada resulta… não querem saber de nada novo, nada os interessa, tudo os cansa. Desmotivam qualquer professor! E digo-vos que já tento há 11 anos que mudem de mentalidade! Já vou ficando cansada… e ainda mais fico quando vem alguém que não sabe do que fala, insultar-me!
Ah! Quanto aos exames! Todos sabemos que os exames podem ser feitos para que os alunos reprovem, ou para que os alunos passem. Não apenas pelo tipo de teste que for feito, mas também, como refere o Paulo, pelo tipo de correcção que for estabelecida.
Nos últimos anos, pelo que vi dos testes e dos critérios de correcção aconselhados, percebia-se facilmente que se pretendia evidenciar o insucesso do trabalho nas escolas. Creio que este ano, não será esse o caso. É preciso mostrar que as estratégias ministeriais deram frutos. Parece-me, que este ano, será uma coisa “entre o cá e o lá” … uma coisa que dê para aí menos 8 a 10% de insucesso, para que o espanto da vitória, com resultados acima dos esperados, constitua a consolidação das políticas da srª, para que mostre que os professores tiveram medo e que quando pressionados e dirigidos com mão de ferro “até trabalham”, mas que ao mesmo tempo ainda seja uma diminuição pequena para que ainda possam vir a ser mais espremidos, com a desculpa de que o trabalho ainda não foi o suficiente.
Concluo perguntando: será que eles estão mesmo convencidos de que somos burros e que não nos apercebemos destas jogadas? Ou será que sou só eu que sou mazinha?
Maio 12, 2007 at 3:11 am
Oh!
😦
Desculpa! Ponho-me a escrever e esqueço-me que não “estou em minha casa”!
Abusei! 😉
Maio 12, 2007 at 11:23 am
“A matemática depende única e exclusivamente da aritmética – do saber a tabuada, do saber fazer contas. Depende de outro factor importantíssimo o raciocínio, especialmente o raciocínio lógico associado “àquela parte” que tem a ver com a passagem do concreto para o abstracto. E são estas coisitas que encravam todo o sistema. Saber a tabuada de cor cansa, por isso as contas não vão lá. Pensar também cansa, por isso tentar equacionar um problema, por mais simples que seja, também não dá.”
Esta parte do comentário da Maria Lisboa (ML) é muito pertinente e encerra todo um programa. E distingue-se muito, pelo menos numa primeira leitura, dos comentários do Prof. Nuno Crato (NC) que exclusivamente ou quase exclusivamente fala da importância das rotinas perdidas e que se encontram na base do declínio da aprendizagem da matemática. Perorando contra todos aqueles alegadamente teriam como objectivo principal fazer com que os alunos gostem de Matemática, NC afirma que aquilo que “(…) menos agradável possa ser, tal como a memorização da tabuada ou o domínio dos algoritmos de adição e multiplicação, justifica-se que seja evitado ou, pelo menos, que seja ensinado na medida em que não desgoste os jovens.” (Desastre no ensino da matemática: Como recuperar o tempo perdido, 2006, Gradiva, p. 88).
É particularmente reconfortante verificar ver que o raciocínio é valorizado na aprendizagem da Matemática, nas palavras da ML. E que as ideias de NC não são aceites de forma acéfala por professores que trabalham no terreno.
P.S. O Paulo afirma que “A Matemática é especial. No bom sentido. E isto é vindo de alguém que a largou há mais de um quarto de século, se não contarmos com uma cadeira no 1º ano da licenciatura (mas aquilo era quase só estatística…).
Confesso que nunca percebi a razão pela qual a estatística é considerada por muitos, a começar pelos matemáticos, como um sub-ramo desprezível da Matemática, como parece vislumbrar-se neste excerto. Não sou da área, mas arriscaria a dizer que a literacia matemática deve ter na estatística um pilar fundamental.
Maio 12, 2007 at 11:30 am
“Desprezível”????
Ena, ena, ena, que grande salto lógico.
Apenas é fácil, pelo menos na minha opinião.
Mesmo aquelas análises regressivas e mais uns berloques para extrapolar tudo a partir de dois números perdidos são coisas que não desafiam o intelecto assim até aos antípodas.
E a minha cadeira de Matemáticas para as Ciências Sociais no 1º ano fez-se de mansinho com 18 e apesar de algum desnorte ocasional com uma assistente que nos apareceu no teste final.
Não recordei o nome, só sei que era de Sociologia, e que se vestia de forma estimulante para a data.
Sem ela acho que teria chegado ao 19.
Só por isso.
Maio 12, 2007 at 11:31 am
Maria, o melhor é eu postar o teu comentário!
Moriae, processo disciplinar porquê?
Delito de opinião?
Já lá chegámos?
Maio 12, 2007 at 11:45 am
Não sei! Sei que saí do Conselho Executivo por não estar para ouvir insultos e que vieram atrás de mim aos berros, ameaçando-me com isso. A razão porque lá fui chamada foi para ouvir um “responso” porque tinha pensado faltar um dia ao abrigo do Trabalhador-Estudante.
Maio 12, 2007 at 11:50 am
OLha, eu teria direito a isso para defender a tese, mas nem estive para isso.
Sei que fariam os possíveis, ao contrário dos teus, mas já nem estou para “dar trabalho”.
vou-me desenrascando…
😦
Maio 12, 2007 at 1:26 pm
Gostava de partilhar convosco o seguinte: um familiar directo de uma professora faleceu. A professora telefonou para a escola a informar sobre o acontecido.Tem legalmente direito a 5 dias de nojo.
Na escola existe um dossier com planos de aula e outras propostas de trabalho para faltas imprevistas de professores.Cada departamento o tem. As actividades até estão pensadas não só para anos, mas também para turmas, com o respectivo nome do professor titular da turma.
Ora bem, alguém do CE “forçou” a colega (bastante nova ainda) a deslocar-se à escola, retirar as fichas do tal dossier e fotocopiá-las.Contrariada, foi o que aconteceu.É que, foi sugerido”, “as avaliações dos professores estão aí e convém fazer tudo a pensar nisso”.A colega foi mesmo à escola, tirou as fichas do dossier, embora não as tivesse fotocopiado.
Gostaram?
Maio 12, 2007 at 2:23 pm
PJ,
eu também não sou de matemática.
Paulo,
à vontade!
Maio 12, 2007 at 2:36 pm
E será que contratar os melhores professores(de matemática como de outras disciplinas) também não ajudaria a melhorar o ensino da matemática?
Eu tenho sérias dúvidas quanto à qualidade dos professores aqui formados:
http://www.ipiaget.org/cursos.asp
http://www.uportu.pt/site-scripts/cursos/grau.asp?codgrau=%20%20%201
Maio 12, 2007 at 4:12 pm
Eu quero ver é os professores “generalistas” inventados pelo Valterzinho a promoverem um ensino de Matemática de excelência.
Com meia dúzia de créditos, devem sair de lá a saber muito.
Esta gente anda parva de todo.
Nada bate certo.
As respostas são dadas caso a caso.
Maio 12, 2007 at 4:48 pm
“Apenas é fácil, pelo menos na minha opinião.”
Fácil será aquilo que lhe ensinaram, meu caro. Existem áreas da estatística, que são usadas em investigação em ciências sociais e humanas, que são bastante complexas: modelação de estruturas de covariância e “multilevel modeling”, só para lhe dar estes dois exemplos.
Quanto ao facto de eu afirmar que a estatística é considerada por muitos como um ramo desprezível da matemática estava em pensar mais em matemáticos, professores dos ensinos básico, secundário e superior. Ainda há pouco tempo uma professora de matemática me confessava o seu profundo desinteresse pela disciplina de Matemática Aplicada às Ciências Sociais. De uma forma geral, ao nível do ensino superior, não é desinteresse. É mesmo desprezo e asco, em particular dos docentes da área da Matemática Pura.
Maio 12, 2007 at 8:05 pm
Fernanda, gostei. Apesar de imaginar a dor e revolta que tal tenha implicado. Espero que a colega esteja bem e que as coisas tenham parado por aí, o que duvido … os actos do CE dão a entender que não.
Maio 12, 2007 at 8:10 pm
Paulo, fiz o mestrado sem bolsa ou estatuto de trabalhador estudante. Não acho que tenha sido grande ideia … foi estóica, mas idiota. No entanto, com os horários actuais, 80 km por dia, 4h de aula duas vezes por semana, pós laboral, não faço milagres nem quero. A isto acrescem todas as outras actividades associadas que desenvolvo na mesma …
Maio 12, 2007 at 8:12 pm
LOL! Estava a guardar a sabática para o Doutoramento! Que cena … enfim …
Maio 12, 2007 at 8:38 pm
Também fiz isso quando tirei Mestrado. Era contratado. Aluno de manhã, professor à tarde.
Mais faltas como aluno do que como professor, mas fez-se. Ainda gozei do estatuto de trabalhador-estudante mas como não tínhamos frequências, mas trabalhos de investigação anuais, só tive direito a duas faltinhas por seminário ou cadeira.
A mesma distãncia, mais coisa, menos coisa, mas em transporte público. Comboio, barco, pézinhos, metro e vice-versa.
Coisas que se fazem até aos 30-35.
Depois começa a cansar.
Quanto ao Doutoramneto, tive muita sorte com o timing.
Muita sorte, mesmo se ainda me paparam um semestre muito pouco legal de propinas.
Enfim, não me posso queixar muito.
Sei disso.
(mas também fiz os possíveis por encontrar a sorte, que é coisa que dá trabalho)
Maio 12, 2007 at 9:02 pm
Pois … tontice minha … tenho é que dar graças por ser tão bem tratada …
Maio 12, 2007 at 9:11 pm
PJ, claro que existem coisas difíceis em Estatística.
Mas com uma boa base de aprendizagem, rotinas e gosto, é tudo tão mais fácil.
Apenas um detalhe: no 2º ano Mestrado em História Contemporânea tive uma cadeira de Metodologia para a História Económica com a Prof. Ana Bela Nunes da Fac. Economia da Nova.
No ano anterior tinha sido o Prof. Jaime Reis e aquilo tinha corrido mal.
No meu ano, também não correu bem. Para já, ter uma cadeira de metodologia no 2º ano de um mestrado é um certa forma de asneirar, coisa que na altura destaquei.
As aulas corriam céleres, com essas análises todas a serem explicadas, as covariâncias, as regressões com múltiplas variáveis, uma coisa linda.
Os 10-12 alunos caladinhos que nem ratos.
Olhei para eles e todos estavam já para além de lá.
Interrompi a aula e procurei explicar à Professora – bastante simpática, por acaso – que todos tínhamos abandonado a Matemátiva no 9º ano.
Mais devagarinho por favor, que eu tinha-me perdido há 10 minutos, quando o delta (o grego)tinha aparecido de repente na história.
Pasmada, a professora tentou reiniciar a explicação, mas via-se claramente que estava desfasada da realidade dos alunos.
A nota final era em conjunto com outra “Metodologia”, pelo que lá escapámos. Eu tive a honra de ser – oralmente – considerado apenas um dos dois alunos “pouco melhores que medíocres”.
Todos os outros foram qualificados como maus.
A origem do erro, neste caso?
Completa inadequação entre o público-alvo e a mensagem que se pretendia transmitir.
Maio 12, 2007 at 9:45 pm
Moriae,
As coisas não vão ficar por aqui se a colega em questão autorizar que as coisas fiquem esclarecidas.
Quanto à Matemática, uma achega: Uma aula de substituição do 9º ano, com plano de aula.
No final perguntei aos alunos quem não tinha dificuldades na disciplina. Turma de 25.Levantaram o braço 22.Os restantes tinham classificações de nível 3.
Causas? Não sou desta área, mas mesmo assim, ouso apontar algumas:
1. Má qualidade na formação dos professores de Matemática;
2. Programas extensos que não dão espaço a revisões e à realização de mais exercícios;
3. Esta mania mórbida de fazer com que os alunos cheguem eles próprios a conclusões;
4. O não desdobramento de turmas, quando os alunos têm dificuldades na disciplina, o que implica a impossibilidade de um ensino mais individualizado;
5. As introduções aos exercícios são longas, andam às voltas e voltas. E no final, o que se pretende é tão somente a resolução de algo que os alunos até sabem, caso as questões fossem mais directas;
6. Esta mania de que a Matemática tem de ter um carácter lúdico, não exigindo grande esforço e trabalho diário;
7. Professores que estão mais interessados em “eliminar” à partida alunos que possam vir a estragar a sua reputação profissional nas pautas de exame;
8. Escolas que estão mais interessadas em manter a sua posição nos rankings (à custa de muitas explicações na disciplina).
Maio 13, 2007 at 2:51 pm
E já agora, graxa …