Pessoal não docente passa para as câmaras

Cerca de 30 mil funcionários, que desempenham funções não docentes em escolas básicas e secundárias, deverão passar a depender dos municípios, no âmbito do processo de transferência de competências que Governo e Associação Nacional de Municípios estão a negociar.Segundo apurou o JN junto de fonte governamental, as autarquias assumirão também, já a partir do próximo ano, a responsabilidade de elaborarem cartas sociais municipais. À semelhança do que hoje ocorre com as cartas educativas – instrumentos de organização da rede escolar e de planeamento da oferta -, visam identificar necessidades em matéria de equipamentos, como lares, centros de dia, creches e jardins de infância.

A construção e manutenção de escolas do 2º e 3º ciclos pelas autarquias é uma competência que também deverá ser transferida, mas só dentro de dois anos. Se as negociações chegarem a bom porto, passa em 2007 para a esfera autárquica a gestão dos chamados hospitais de nível 1 (concelhios) e a participação de associações de municípios ou municípios individualmente na gestão de hospitais EPE e de unidades locais de saúde, através da nomeação de um administrador. (Paulo Martins, Jornal de Notícias)

Depois da institucionalização dos mecanismos clientelares no interior dos estabelecimentos de ensino, parte-se para a segunda fase que é a da abertura da porta para a criação de redes clientelares a partir das autarquias.

Se algumas até poderão ser exemplares no tratamento dado à Educação, muitas há que as deixam completamente ao abandono. Sei disso porque trabalho num concelho sem Carta Educativa (nem sequer começou a ser feita)  e onde os decisores políticos – muitos deles ex-professores – decidiram não apoiar o desenvovimento das Actividades ditas de Enriquecimento Curricular.

Mas acredito que, um pouco por todo o país, o panorama se repete. Mesmo se será bem vinda a possibilidade dos aprelhos partidários locais controlarem mais umas dezenas de milhares de colocações.

Pelo caminho, o ME emagrece o seu quadro de pessoal e o orçamento que é o seu principal objectivo. Mas não me venham dizer que esta medida resulta vagamente de qualquer preocupação com a melhoria do ensino. É apenas mais um truque técnico para maquilhar o défice e os números sobre os efectivos do aparelho central da Função Pública.

(E obrigado à Maria Ema Fogaça pela referência madrugadora)