Foram excedidas as expectativas, em especial as minhas que se satisfaziam com 50.000 almas a desfilar por ali. Representação fortíssima do Norte, que todos sabemos ser um reacanto temível de comunistas e outros facínoras da mesma laia.
Extremo civismo de todos. Presença policial mínima e discreta como convinha. Um momento irrepetível que exige bom senso e inteligência a todos os envolvidos.
Devem evitar-se as reacções automáticas dos protagonistas habituais.
- O Governo e o PS que o apoia não podem fingir que isto não foi nada e que agora os professores voltarão às Escolas e tudo será como dantes.
- Os sindicatos não podem achar que este é o balanço para voltarem a tácticas do passado e para convocarem uma greve em pleno 3º período.
- Todos os que participaram na manifestação de forma autónoma e independente não podem pensar que aqui se esgotou a sua mobilização e que agora não há mais nada a fazer.
E o Presidente da República não pode mandar, de forma intermitente, mensagens a pedir «sinais positivos» e «respeito pelos professores» e outros recados a dar a entender que simpatiza muito com a Ministra e a sua coragem e determinação. Lá por isso, também os professores são corajosos e determinados e hoje demonstraram-no. Há que ir apara além disso e exercer o seu magistério de influência para forçar as coisas a serem desbloqueadas.
As entrevistas hoje divulgadas de Maria de Lurdes Rodrigues – Expresso e RTP (assim como várias declarações na Grande Entrevista de 5ª feira) – são tudo menos sinais positivos e em várias passagens são manifestamente ofensivas para os sindicatos, em particular, e os professores, em geral: os professores que não aceitam as suas políticas são desinformados, estão incomodados com o trabalho, sentem-se perturbados com a mudança, etc, etc. Só MLR está certa, informada, nada perturbada ou incomodada.
Sei que a ideia é forçar os professores a escalarem a «luta», apostando na ausência de alternativas bem acolhidas pela opinião pública. Para isso conta-se com alguma opinião alinhada com o poder que está e acirrada aos calcanhares dos professores: o caso do director da TSF é quase patético na forma como passou a qualificar este conflito e quanto a MSTavares nem vale a pena rebater os longos parágrafos cheios de ideias gerais e preconceitos acumulados.
Perante isso há que imaginar alternativas e não voltar a caminhos de outrora.
Hoje estiveram em Lisboa muito mais do que os professores oficialmente sindicalizados. Por certo o dobro e quase certamente o triplo. Pensem todos nisso.
Março 8, 2008 at 9:46 pm
depois de um bom dia, uma boa fotografia.
Abraço
Março 8, 2008 at 9:47 pm
http://jn.sapo.pt/2008/01/28/opiniao/parem_brincar_as_palavras.html
Parem de brincar com as palavras
Mário , Crespo, Jornalista
Comecem por aceitar que António Marinho Pinto foi absolutamente concreto nas afirmações que fez. Deu exemplos muito claros e indiciários. Falou de governantes que, sucessivamente, lidam na privada com o que governaram no público.
Não pode haver denúncia mais directa e consistente do que dizer-se que há elementos em cargos relevantes no Estado português que usufruem e exibem lucros obtidos na criminalidade. Quando isto é dito por alguém com responsabilidades num sector fundamental da vida judicial, o Estado tem que actuar em todo o seu colectivo.
Os partidos políticos não podem ajudar à farsa que é a exigência de que quem denuncia apresente logo as provas e o processo instruído ou que fique calado. Não é a um denunciante que compete fazer isso e esta artimanha tem servido a impunidade e é o fermento da corrupção. Com a morosidade e a ineficácia da justiça em Portugal, a probabilidade mais elevada é que o denunciante seja, ele próprio, punido por uma acção oportunistamente levantada por um prevaricador protegido por estratégias dilatórias que entre recursos e pareceres liquidam a justiça.
É verdade que “quem não se sente não é filho de boa gente”, mas Portugal é um país de “boa gente” que não só se “sente” como de facto se ressente da ostentação de impunidade que é “ocupar cargos relevantes no Estado português” entre as brumas de imensas suspeições legitimamente levantadas pela “exibição dos benefícios dos lucros da (…) criminalidade”. Esta é a exegese daquilo que Marinho Pinto disse algo está profundamente mal na nossa vida pública, sabe-se disso e nada se tem feito.
O procurador-geral da República mandou de imediato abrir um inquérito destacando para ele o seu melhor grupo de combate. Fez bem. Só que no seu despacho não resistiu a incluir uma referência à “gravidade das afirmações feitas” e aí fez muito mal. Com isso, o investigador-mor do Estado levanta o dedão admoestatório contra o denunciante, na velha prática de insinuar “ab initio” a “gravidade” do acto de uma denúncia contra o poder numa atitude que intimida e desencoraja. Provavelmente não terá esse efeito em António Marinho Pinto, mas poderá tê-lo em terceiros, capazes de complementar o processo de denúncia que ele desencadeou. Se isso acontecer, essa despropositada consideração no despacho é susceptível de obstaculizar a busca de justiça, o que é mau.
A Procuradoria tem muito trabalho a fazer e tem que o fazer depressa. Desta vez, dadas a “gravidade” do que foi dito e a responsabilidade de quem o disse, não pode haver desculpas de longas tramitações e infindáveis diligências. Vendo bem, não é um caso assim tão complicado nem uma denúncia inédita. Como sempre, é de boa prática começar pelo princípio. Eu recomendo, por exemplo, uma releitura dos “Contos Proibidos”, de Rui Mateus, uma corajosa edição da Dom Quixote de 1996 que, hélas!, desapareceu já das livrarias e ao que parece da memória colectiva. Há lá páginas e páginas de pistas úteis a uma investigação sobre a praxis política no Portugal contemporâneo.
Depois basta ouvir com atenção aquilo que Marinho Pinto já disse em público, alto e bom som interesses do Estado português misturados com interesses estrangeiros, transições de cargos governamentais para áreas privadas ou semi-privadas. Claro que é muita gente (infelizmente é muita gente), mas também há muita gente e muitos meios nos sectores de investigação do Estado para levar tal tarefa a bom termo.
Certamente que a pior maneira de a iniciar ou colaborar com ela é exigir que Marinho Pinto faça todo o trabalho que o Estado não fez em décadas de permissividade, ou ir buscar refúgio em afirmações como as de José Sócrates de que ninguém no seu Governo (e é também tanta gente) está abrangido pelas denúncias. O que quererá isto dizer? Uma sugestão do primeiro-ministro para a investigação se centrar só na Presidência da República, no Parlamento, nos tribunais? Marinho Pinto falou no Estado, em geral.
Mário Crespo escreve no JN, semanalmente, às segundas-feiras
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Contos ainda proibidos
PARA FAZER O DOWNLOAD EM PDF deste livro (50 MB) é necessário ir ao fim desta página e carregar em free, depois é necessário esperar 1 minuto, escolhar o serviço por onde se quer que o download seja feito e introduzir uma palavra pass sugerida, só ai é que o download começa:
Click to access Livro_Contos_Proibidos.pdf
Reler /Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido/, de Rui Mateus, – fundador e ex-responsável pelas relações internacionais do PS, até 1986 – faz-nos perceber como é diferente a justiça em Portugal e noutros países da Europa.
Escrito em 1996, este livro é um retrato da personalidade de Mário Soares, antes e depois do 25 de Abril. Com laivos de ajuste de contas entre o autor e demais protagonistas socialistas, são abordados, entre outros assuntos, as dinâmicas de apoio internacional ao Partido Socialista e, em particular, a Soares, vindos de países como os EUA, Suécia, Itália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Líbia, Noruega, Áustria ou Espanha.
Soares é descrito como alguém que «tinha uma poderosa rede de influências sobre o aparelho de Estado através da colocação de amigos fiéis em postos-chaves, escolhidos não tanto pela competência mas porque podem permitir a Soares controlar aquilo que ele, efectivamente, nunca descentralizará – o poder» (pp.151-152); «para ele, o Partido Socialista não era um instrumento de transformação do País baseado num ideal generoso, mas sim uma máquina de promoção pessoal» (p.229); e como detendo «duas faces: a do Mário Soares afável, solidário e generoso e a outra, a do arrogante, egocêntrico e autoritário» (p.237).
A teia montada em torno de Soares, com um cunhado como tesoureiro do partido, e as lutas internas fratricidas entre novos/velhos militantes (Zenha, Sampaio, Guterres, Cravinho, Arons de Carvalho, etc), que constantemente ameaçavam a primazia e o protagonismo a Soares, são descritos com minúcia em /Contos Proibidos/.
Grande parte dos líderes da rede socialista internacional – uma poderosa rede de “entreajuda” europeia que, em boa verdade, só começou a render ao PS depois dos EUA, sobretudo com Carlucci, terem dado o passo decisivo de auxílio a Portugal – foi mais tarde levada à barra dos tribunais e muitos deles condenados, como Bettino Craxi de Itália, envolvidos em escândalos, como Willy Brandt, da Alemanha, ou assassinados como o sueco Olof Palme.
Seria interessante todos lermos este livro. Relê-lo já será difícil, a não ser que alguém possua esta raridade.
O livro foi rapidamente retirado de mercado após a curta celeuma que causou (há quem diga que “alguém” comprou toda a edição) e de Rui Mateus pouco ou nada se sabe.
Março 8, 2008 at 9:53 pm
IMPORTANTE É DAR-LHES A CONVENIENTE RESPOSTA, TANTAS VEZES QUANTAS AS NECESSÁRIAS!
Março 8, 2008 at 9:55 pm
se os políticos portugueses fossem tão bons como os professores…que Portugal diferente…
Março 8, 2008 at 9:57 pm
Aconselho a fazerem o download do livro…
“O livro foi rapidamente retirado de mercado após a curta celeuma que causou (há quem diga que “alguém” comprou toda a edição)”
PORQUÊ?
Março 8, 2008 at 9:59 pm
Fui.
Revi amizades.
Fiz outras tantas.
Que tudo tenha servido para o refundar de uma ‘outra cidadania’ e de uma outra forma de ver o que nos envolve.
Março 8, 2008 at 9:59 pm
“Salvam-se, curiosamente, os professores, como sendo a profissão mais fiável, justamente a classe mais atacada, mais rebaixada e mais empobrecida nos últimos anos pelo poder político. Por que será?”
DAQUI:
http://jn.sapo.pt/2008/01/28/preto_no_branco/corrupcao.html
Corrupção
Largos, dias, Domingos, de Andrade, Chefe de Redacção
O que é que disse o bastonário dos advogados de tão extraordinário para causar tal estremecimento nacional? Que há negócios chorudos feitos com empresas por ministros que acabam nos respectivos conselhos de administração. Que há verbas a engrossar miraculosamente as contas de partidos, após certos e determinados governantes terem, alegadamente, feito manigâncias com o património do Estado. Que a confusão entre o Estado e os privados é total, sempre em prejuízo do primeiro, ou seja, nós, cidadãos, e a favor dos últimos. Enfim, que “a corrupção do Estado” é o cancro da nossa sociedade.
Não disse, portanto, nada de especial nas entrevistas que deu à Antena 1 e à SIC. Nada que não tenha já sido escrito e reescrito e denunciado vezes sem conta, mas com efeitos práticos quase nulos, como se percebe pelo elevado número de inquéritos por corrupção arquivados.
Sucede que Marinho Pinto é o recém-eleito bastonário da Ordem dos Advogados. E o peso do que diz tem uma preponderância que não teria se fosse apenas mais um advogado, neste caso a pender para o trauliteiro. Tem obrigação de aprofundar o que afirma, sob risco de cair em descrédito. Sucede que Marinho Pinto usou a palavra proibida e que tantos engulhos colhe num país de alegados bons costumes, mas entalado até aos olhos nos esquemas do salve-se quem puder corrupção, e do Estado. O resto é só somar. “Corrupção do Estado” é igual a corrupção de governos e os governos têm estado na mão do Bloco Central. Não vale a pena sacudir a água do capote e dizer do “meu não, do meu não”.
Mas não há grandes motivos para preocupação pública. O português passa ao lado, porque o português está habituado ao fartar vilanagem, tendo por certo que todos tiram e que uns tiram mais do que os outros. Não é por acaso que os políticos aparecem, numa sondagem da Gallup para o Fórum Económico e Mundial, como os mais desonestos e os menos sérios para governar. Salvam-se, curiosamente, os professores, como sendo a profissão mais fiável, justamente a classe mais atacada, mais rebaixada e mais empobrecida nos últimos anos pelo poder político. Por que será?
Março 8, 2008 at 9:59 pm
Quantos professores têm mestrados e doutoramentos ou estão a fazê-los? Isto é medo de ser avaliado? Isto é medo de trabalhar, aprofundar conhecimentos, evoluir? Quantos professores fazem por conta própria reciclagens no estrangeiro, concorrendo a bolsas ou pagando do seu próprio bolso? Isto é ser apático, acomodado? Agora, coisas sem jeito nenhum, que só nos tiram tempo e prejudicam as nossas aulas?? Nós somos adultos, licenciados, queremos coisas sérias que não atrapalhem a nossa função que alguns dizem ser a principal e eu digo que
Março 8, 2008 at 10:01 pm
é a única: ENSINAR/INSTRUIR
Março 8, 2008 at 10:03 pm
Contos ainda proibidos
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Escrito em 1996, este livro é um retrato da personalidade de Mário Soares, antes e depois do 25 de Abril. Com laivos de ajuste de contas entre o autor e demais protagonistas socialistas, são abordados, entre outros assuntos, as dinâmicas de apoio internacional ao Partido Socialista e, em particular, a Soares, vindos de países como os EUA, Suécia, Itália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Líbia, Noruega, Áustria ou Espanha.
Soares é descrito como alguém que «tinha uma poderosa rede de influências sobre o aparelho de Estado através da colocação de amigos fiéis em postos-chaves, escolhidos não tanto pela competência mas porque podem permitir a Soares controlar aquilo que ele, efectivamente, nunca descentralizará – o poder» (pp.151-152); «para ele, o Partido Socialista não era um instrumento de transformação do País baseado num ideal generoso, mas sim uma máquina de promoção pessoal» (p.229); e como detendo «duas faces: a do Mário Soares afável, solidário e generoso e a outra, a do arrogante, egocêntrico e autoritário» (p.237).
A teia montada em torno de Soares, com um cunhado como tesoureiro do partido, e as lutas internas fratricidas entre novos/velhos militantes (Zenha, Sampaio, Guterres, Cravinho, Arons de Carvalho, etc), que constantemente ameaçavam a primazia e o protagonismo a Soares, são descritos com minúcia em /Contos Proibidos/.
Grande parte dos líderes da rede socialista internacional – uma poderosa rede de “entreajuda” europeia que, em boa verdade, só começou a render ao PS depois dos EUA, sobretudo com Carlucci, terem dado o passo decisivo de auxílio a Portugal – foi mais tarde levada à barra dos tribunais e muitos deles condenados, como Bettino Craxi de Itália, envolvidos em escândalos, como Willy Brandt, da Alemanha, ou assassinados como o sueco Olof Palme.
Seria interessante todos lermos este livro. Relê-lo já será difícil, a não ser que alguém possua esta raridade.
O livro foi rapidamente retirado de mercado após a curta celeuma que causou (há quem diga que “alguém” comprou toda a edição) e de Rui Mateus pouco ou nada se sabe.
Março 8, 2008 at 10:06 pm
Inqualificável o texto de Emídio Rangel no CM, apelidando-nos de hooligans.
Março 8, 2008 at 10:06 pm
alguém me sabe dizer por onde anda o Socrates? ainda não o vi hoje!
Março 8, 2008 at 10:07 pm
Quanto à entrevista da srª ministra na RTP -ocorreu-me que no ministério da educção haja um trio maravilha cujas soberbas capacidades intelectuais não são compreendidas por um grupelho de cem mil idiotas desinformados 🙂
Março 8, 2008 at 10:07 pm
O texto do Emídio Rangel é lastimável. Nem vale a pena contestar esse modelo de civismo que é o Berbequim-Man.
Março 8, 2008 at 10:08 pm
Aconselho o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, a ler este livro…
Março 8, 2008 at 10:12 pm
Contos proibidos
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Reler /Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido/, de Rui Mateus, – fundador e ex-responsável pelas relações internacionais do PS, até 1986 – faz-nos perceber como é diferente a justiça em Portugal e noutros países da Europa.
Março 8, 2008 at 10:14 pm
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva acusou, sexta-feira à noite, em Chaves, à entrada para uma reunião sobre os três anos de Governo, manifestantes que o vaiaram, de estarem a levar a cabo uma intimidação anti-democrática e atribuíu o combate pela liberdade apenas a “históricos” do PS.
“A liberdade é algo que o País deve a Mário Soares, a Salgado Zenha, a Manuel Alegre. Não deve a Álvaro Cunhal nem a Mário Nogueira”, afirmou Santos Silva, acrescentando que estes “lutaram por ela antes do 25 de Abril contra o fascismo, e lutaram por ela depois do 25 de Abril contra a tentativa de tentar criar em Portugal uma ditadura comunista”, sustentou.
“O clima político que algumas pessoas estão a tentar desenvolver em Portugal é um clima de intimidação, é um clima próprio da natureza anti-democrática dessas forças. E se for preciso defender outra vez, como defendemos em 75, a liberdade em Portugal, o Partido Socialista, posso garantir, estará na linha da frente da defesa das liberdades públicas”, afirmou, na ocasião.
O ministro acusou os manifestantes de “nem sequer saberem distinguir entre Salazar e os democratas” e de nem terem “lutado contra o fascismo”.
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=331693&visual=26
Março 8, 2008 at 10:15 pm
Este sr. teve a lata de voltar a chamar aos manifestantes “comunistas”…
Março 8, 2008 at 10:17 pm
Santana Castilho – Professor do Ensino Superior
Público – 20.02.2008
A avaliação do desempenho dos professores é a referência mais recente e persistente na demagogia do discurso de Sócrates
Propaganda e Peter Pan
No Parlamento, a 13, e na SIC, a 18, Sócrates falou duma Educação virtual, dum país que não existe senão no imaginário dele. Em qualquer dos locais, o homem cavalgou uma onda autista. Falou do que quis, mas não do que é. Como se estivesse num comício do PS, despejando propaganda sobre os fiéis. Parafraseando Churchill, o êxito dele não é mais que ir de fracasso em fracasso, mantendo o entusiasmo.
A avaliação do desempenho dos professores é a referência mais recente e persistente na demagogia do discurso de Sócrates. Com a arrogância que lhe conhecemos, tem falado dela com a mesma ligeireza com que projectou vivendas sobre estábulos ou prestou provas de licenciatura por fax. Não é verdade que durante 30 anos não tenha havido avaliação de desempenho dos professores, como não se cansa de repetir, ou que os professores não queiram ser avaliados, como insinua. A questão reside na substituição de um modelo de avaliação ineficiente, o que existia, por outro, escabroso, o que propõe, que, se se consumar, trará mais caos ao caótico sistema de ensino. Nenhuma organização séria, seja pública ou privada, propõe mudar seja o que for, neste quadro, sem permitir (e mais que isso, fomentar e promover) o envolvimento dos visados na construção do processo. A avaliação do desempenho só vale a pena, se for concebida como instrumento de gestão do desempenho. Quer isto dizer que o seu fim primeiro é identificar obstáculos ao desenvolvimento das organizações, removendo-os, e não castigar pessoas. Dito doutro modo, as instituições maduras preocupam-se hoje mais com a apropriação por parte dos colaboradores dos valores que, intrinsecamente, geram o sucesso e melhoram o desempenho do que com os instrumentos que, extrinsecamente, o promovem.
Porque o primeiro-ministro não tem tempo para ler esses estudos, quando na SIC deu o exemplo dos Estados Unidos da América, ignorava, por certo, que a introdução, aí, do indicador “resultados obtidos pelos estudantes”, logo fez aparecer professores a treinarem alunos nas técnicas de copiar nos exames. Ou ainda, quando invocou a França, se esqueceu que a avaliação do desempenho dos professores franceses (que mostrou desconhecer) não impediu o descalabro do respectivo sistema educativo. Lá, como cá (ainda não tivemos Lisboa a arder como eles já tiveram Paris), é a desregulamentação da sociedade e a desagregação da escola pública que tornou os menores franceses o grupo mais representativo nos delinquentes cadastrados (quase 20 por cento).
Sem discutir a bondade dos fins, o que afasta qualquer democrata honesto do primeiro-ministro é a teimosia em que este persiste: porque julga que o fim é bom, despreza os meios e os processos, como fazem os ditadores. Uma questão deste melindre e com as implicações sociais que lhes estão associadas, obrigaria sempre a ponderações criteriosas das soluções e à sua testagem antes da aplicação. Não entender isto, compactar tudo em prazos irreais, persistir na defesa das trapalhadas normativas do ministério, mesmo depois de, por quatro vezes, quatro tribunais administrativos distintos aceitarem providências cautelares sobre a matéria, é reagir como um menino grande, que manipula o brinquedo do poder sem qualquer sentido de Estado.
Quando Sócrates fala de números em Educação, já sabemos o que vai dizer, porque repete sempre o mesmo. Na SIC, Nicolau Santos, jornalista familiarizado com estatísticas, deveria tê-lo confrontado com as mais fresquinhas do INE: durante o Governo de Sócrates o desemprego aumentou 6,5 por cento e, dentro deste, o aumento do desemprego dos licenciados ultrapassou os 63 (sessenta e três) por cento. Este sim é o país real. O resto são fantasias de Peter Pan.
Março 8, 2008 at 10:18 pm
Por que muda a gestão das escolas? Porque sim!
Santana Castilho – Professor do Ensino Superior
Público – 08.01.2008
O único critério, o critério oculto, é domar o que resta, depois de vexar os professores com um estatuto indigno.
O que Sócrates disse no último debate parlamentar de 2007 não me surpreendeu. Fazia sentido esse fechar de ciclo de genuflexão dos professores. Para analisar o diploma agora posto à discussão pública, vou socorrer-me de dois excertos do discurso com que Sócrates fez o anúncio ao país. “Chegou agora o momento de avançar com a alteração da lei de autonomia, gestão e administração escolar.” Mas Sócrates não explicou porquê. Para suprir a lacuna fui ler o novo diploma, compará-lo com o anterior, e tirei estas conclusões:
1. Os dois diplomas apregoam autonomia mas castram toda e qualquer livre iniciativa das escolas. Nada muda. Apenas se refina o cinismo, na medida em que muito do anteriormente facultativo (o pouco que não estava regulamentado) passa agora a obrigatório. Não há uma só coisa que seja importante na vida da escola que o órgão de gestão possa, autonomamente, decidir. Um e outro são uma ode ao centralismo asfixiante.
2. O novo diploma diminui o peso dos professores da escola nos órgãos de gestão dessa escola. Esclareço a aparente redundância trazida pela insistência no vocábulo “escola” na construção deste parágrafo. É que o novo diploma torna possível que um professor de qualquer escola, mesmo que seja privada, concorra a director de qualquer outra, pública, mediante “um projecto de intervenção na escola”. Que estranho conceito de escola daqui emana! Como pode alguém que não viveu numa escola, que não se envolveu com os colegas e com os alunos dessa escola, que não sofreu os seus problemas nem respirou o seu clima, conceber “um projecto de intervenção na escola”? Não é de intervenção que eles falam. É de subjugação! É a filosofia ASAE transposta para as escolas. Não faltarão os comissários, os “boys” e os “laranjas” deste “centralão” imenso em que a oligarquia partidária transformou o país, a apresentar projectos de intervenção “eficazes”, puros, esterilizadores de maus hábitos e más memórias. E este é o único critério, o critério oculto que Sócrates não explicitou: domar o que resta, depois de vexar os professores com um estatuto indigno, de os funcionalizar com uma avaliação de desempenho própria de amanuenses, de os empobrecer com cotas e congelamentos, de os dividir em castas de vergonha. Tinha razão o homem: “Chegou agora o momento de avançar com a alteração da lei de autonomia, gestão e administração escolar.” “A nossa visão para a gestão das escolas assenta em três objectivos principais. O primeiro é abrir a escola, reforçando a participação das famílias e comunidades na sua direcção estratégica. O segundo objectivo é favorecer a constituição de lideranças fortes nas escolas. O terceiro é reforçar a autonomia das escolas”, disse Sócrates na Assembleia da República.
Mas que está por baixo do celofane? A “abertura” é uma falácia. O Conselho Geral, com a participação da comunidade, já existe, com outro nome. Chama-se Assembleia. Porém, os casos em que esta participação teve relevância são raros. E quem está nas escolas sabe que não minto. Ora não é por mudar o nome que mudam os resultados. A participação da comunidade não se decreta. Promove-se. Se as pessoas acreditarem que podem mudar algo, começam a interessar-se. Mas o despotismo insaciável que este Governo trouxe às escolas não favorece qualquer tipo de participação. Para que as pessoas possam participar, há décadas que Maslow deu o tom: têm que ter necessidades básicas resolvidas. Aqui, as necessidades básicas são não terem fome, terem tempo e terem uma cultura mínima.
Ora, senhor primeiro-ministro, o senhor que empobreceu os portugueses (tem dois milhões de pobres e outros dois milhões de assistidos), que tem meio milhão no desemprego, está à espera que acorram à sua “abertura”? Sabe quem vai acorrer? Os ricos que o senhor tem inchado? Não! Esses estão-se borrifando para a Escola Pública. São os oportunistas e os caciques, para quem a sua “abertura” é de facto uma nova oportunidade.
O senhor, que tem promovido uma política de escola-asilo, porque as pessoas não têm tempo para estar com os filhos, acredita que as famílias portuguesas, as mais miseráveis da Europa, têm disponibilidade para a sua abertura? Não! Conte com os pais interessados de uma classe média que o senhor tem vindo a destruir e são, por isso, cada vez em menor número, e com os autarcas empenhados a quem o senhor dá cada vez menos dinheiro. De novo, repito, terá os arrivistas. Julga que é com os diplomas de aviário das novas oportunidades que dá competência à comunidade para participar na gestão das escolas? Não! Os que conseguiram isso começaram há um século a investir no conhecimento da comunidade e escolheram outros métodos. Porque, ao contrário do senhor, sabem que gerir uma escola é diferente de gerir um negócio ou uma rede de influências partidárias.
A sua visão de escola ficou para mim caracterizada quando o ouvi dizer que tinha escolhido a veneranda Universidade Independente por uma razão geográfica e me foi dada a ler a sua prova de Inglês Técnico, prestada por fax. O que politicamente invocou a propósito deste diploma, que agora nos impõe, está muito longe de limpar essa péssima imagem que me deixou. A mim e a muitos portugueses, pese embora serem poucos os que têm a oportunidade ou a independência para o dizer em público. Disse impõe, e disse bem. Porque a discussão pública é outra farsa. O senhor quer que alguém acredite nisto? Depois de ver o conceito que o seu governo tem do que é negociar e os processos que a sua ministra da Educação tem usado para lidar com os professores? Em plenas férias escolares (mais uma vez) lança a discussão de um diploma deste cariz e dá para tal um mês? Acha isso sério? Se o senhor estivesse de facto interessado em discutir, era o primeiro a promover e a dinamizar esse debate, através do Ministério da Educação. Mas o que o senhor tem feito tem sido cercear todas as hipóteses de participação dos professores em qualquer coisa que valha a pena: retirando-lhe todas as vias anteriormente instituídas e afogando-os em papéis ridículos e inúteis.
Dizem, ou disse o senhor, vá lá a gente saber, que cursou um MBA. Não lhe ensinaram lá que as mudanças organizacionais sérias estabelecem com clareza as razões para mudar? Cuidam de expor aos implicados essas razões e dar-lhes a oportunidade para as questionar? Devem assentar numa avaliação criteriosa do que existia e se quer substituir? Quando podem originar convulsões antecipáveis, devem ser precedidas de ensaios e simulações prudentes? Já reparou que terá que constituir mais de 10 mil assembleias a 20 elementos cada? Que tal como a lei está, são escassos os que podem ser adjuntos do director? Que fecha a porta a que novos professores participem nas tarefas de gestão? Que exclui, paradoxalmente, um considerável número de professores titulares? Que, goste dela ou não, existe uma Lei de Bases que torna o que propõe inconstitucional e como tal já foi chumbado pelo Tribunal Constitucional?
Lideranças fortes? Deixe-me rir enquanto não proíbe o riso. O senhor que só quer uma liderança forte, a sua, que até o seu partido secou e silenciou, quer lideranças fortes na escolas? É falso o que digo? Prove-o! Surpreenda uma vez e permita que professores independentes discutam publicamente o deserto em que está a transformar a Escola Pública e para que este diploma é o elo que faltava.
Março 8, 2008 at 10:18 pm
1- Recebi o texto de Emídio Rangel por SMS e considerei-o tão desprezível que nem o reencaminhei: há afirmações que vindas de quem as profere não são de surpreender, lastimável será a visibilidade concedida ao seu autor (mesmo que no referido jornal).
2- A nossa marcha excedeu as expectativas, os professores da Pontinha, mesmo atrás do nosso grupo de Sintra, tinha ensaiado bem os textos que de modo ritmado diziam ( e o sentido de humor era indescritível), tendo feito rir com gosto Ana Drago e Louçã já perto da Praça do Comércio.
3- Muitos de nós ficámos sensibilizados com os aplausos dos cidadãos comuns ao longo da Av. da Liberdade. Acredito agora que muita da população está connosco e valoriza os professores: saliento um grupo de EE que tinha um cartaz contra mudanças no 2º ciclo e um idoso que nos chamou, dizendo com admiração que não é a escola actualmente em preparação aquela que deseja para os seus netos:chamem-nos”lamechas”, mas olhei para as colegas e ficámos mesmo tocadas pela sinceridade e convicção das palavras.
Março 8, 2008 at 10:19 pm
http://www.cidadehoje.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=569&Itemid=105
Dos “professores do PS” ao desperdício
20-Fev-2008
1. No último sábado, o Primeiro-Ministro de Portugal, José Sócrates, presume-se que na sua qualidade de líder do PS, chamou à sede nacional do partido, no Largo do Rato, os “professores do PS”, para lhes explicar as medidas do Governo para a Educação. Confesso que desconhecia a existência de “professores do PS” como grupo organizado na sociedade portuguesa. O encontro era para ser secreto, mas a notícia chegou aos jornais e foi manchete do dia no “Público”. O objectivo de Sócrates seria amaciar os tentáculos do partido nas escolas do País, dando-lhes argumentos que contrariem as críticas à ministra da Educação e à política governamental.
O que é extraordinário é que um Primeiro-Ministro promova um encontro sectário e que ninguém se chateie com isso. O que é extraordinário é que a ministra da Educação apareça na televisão pública a dizer que encontros desses sempre ocorreram. A ser assim, é capaz de já ter havido encontros de Sócrates com os “médicos do PS”, os “advogados do PS”, os “engenheiros do PS”, os “enfermeiros do PS”, os “técnicos de informática do PS” e com outros grupos profissionais.
Basicamente é isto: ao alegado “corporativismo dos professores”, José Sócrates respondeu com um sectarismo político lamentável numa democracia europeia. O que o líder do PS nos disse, ao promover este encontro com os “professores do PS”, é que há portugueses de primeira e portugueses de segunda. Em vez de falar ao País e a todos portugueses, Sócrates falou em privado para os socialistas que lhe garantem óleo na máquina eleitoral. Noutros tempos, um episódio destes, mais a mais polvilhado por uma manifestação de professores que não são do partido do Governo, seria motivo de grave crise política. Mas agora já ninguém liga nada. Ou melhor, agora, o que é escandaloso é ainda haver quem se manifeste!…
2. As obras do Metro de Lisboa, entre o Chiado e Santa Apolónia, foram adjudicadas por 165 milhões de euros e custaram 299 milhões; as obras da Ponte Europa, em Coimbra, deveriam ter custado 35 milhões de euros e custaram 111 milhões; a última ampliação do aeroporto Francisco Sá Carneiro seria para custar 45 milhões de euros e ficou por 280 milhões. No primeiro caso, o preço da obra quase duplicou; no segundo, mais do que triplicou; e no terceiro, a obra custou quase seis vezes mais.
Estamos a falar de três exemplos de obras públicas da responsabilidade da Administração Central cujo preço disparou muito para além daquilo que é permitido pela legislação, constituindo casos de verdadeiro desperdício de recursos públicos que são indispensáveis num país pobre como Portugal. Três casos que, para além de envergonharem a administração pública portuguesa, são também o melhor argumento contra aqueles que, sendo protectores do centralismo nacional, costumam apontar as Autarquias e o Poder Local como os grandes esbanjadores do País.
Afinal, quando Autarquias como a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão são confrontadas com a necessidade de aprovar “obras a mais” dentro do limite de 25 por cento acima do valor da adjudicação, conforme prevê a legislação, normalmente por motivos mais do que justificáveis, estão, no fundo, a operar um “milagre de contenção financeira” por comparação com as notícias de grande descontrolo que todos os dias nos chegam sobre muitas obras tuteladas pelo Governo do País, para as quais há sempre uma explicação que legitima a bagunça nacional. Luís Paulo Rodrigues
luispaulorodrigues@gmail.com
Março 8, 2008 at 10:21 pm
Público, Sábado 2 Fev. 08
Opinião
Olho Vivo
Eduardo Cintra Torres
“Fitas para as televisões filmarem”
“Há 30 anos que fazem as mesmas fitas apenas para as televisões filmarem”, disse José Sócrates comentando os apupos que lhe dedicaram manifestantes da CGTP na segunda-feira, no Porto. Tem razão. As manifestações são, por definição, exibições: uma certa quantidade de gente mostra-se ao resto da sociedade. Dado o peso da TV na exibição da sociedade a si mesma, as manifs tomam em conta as características do media: as palavras de ordem gritam-se com as câmaras ligadas, fazem-se cartazes para a TV, a linguagem política torna-se lúdica, etc. A quantidade de gente é muito importante, quanto mais melhor, mas umas dezenas de pessoas são suficientes para encher ecrãs. O número certo depende do peso político da mensagem e da oportunidade. No caso, chegava. Se fossem precisas mil pessoas, a CGTP tê-las-ia mobilizado.
Sócrates chamou a estas manifestações “fitas”. Poderíamos condescender aceitando que queria dizer que a manif televisiva era como um filme, uma “fita”. Uma manifesta sempre lá em vez de algo maior, é como a amostra de uma sondagem, representa o universo a que os manifestantes pertencem. É, portanto, uma representação. Mas o primeiro-ministro terá usado a palavra fita como sinónimo de fingimento, o que está errado. De facto, fazer manifestações não se compara a “fazer fitas”, pois trata-se de um direito elementar da democracia. Por outro lado, revela o seu desprezo não só por quem se manifesta como pelas razões por que o faz, que podem ser o desemprego, baixos salários, direitos atropelados, garrote à volta do pescoço da liberdade, etc. Fica mal a um primeiro-ministro falar nestes termos, mas já todos sabemos a relação difícil que ele tem com a liberdade dos outros. Mas acresce que Sócrates é o maior criador de representações na TV. Governo e primeiro-ministro não só aproveitam como inventam constantemente momentos de propaganda. As estatísticas não enganam: segundo a Marktest, Sócrates apareceu nos noticiários da TV em 2007 mais do dobro do tempo do segundo na lista, o Presidente da República. Que seja o chefe do Governo o mais presente nos telejornais é normal, mas mais do dobro do segundo na lista revela exactamente o que tem sido a propaganda da central de comunicação do primeiro-ministro. Se a isto somarmos o carácter de propaganda de muitas das suas aparições, como a da contratação de figurantes crianças para um show político-televisivo, estamos então perante o campeão das “fitas”, o maior dos “fiteiros”.
Março 8, 2008 at 10:21 pm
A melhor T-Shirt dizia “O meu problema é o Inglês Técnico” …
Março 8, 2008 at 10:22 pm
http://jn.sapo.pt/2008/02/01/opiniao/a_logica_socratica.html
A lógica socrática
francisco providência
Nuno Rogeiro, Comentador político
Simplificando muito, e correndo o risco de alguma injustiça, pode dizer-se que o Sócrates da Antiguidade preferiu a morte à demagogia, e que o Sócrates português prefere a demagogia à morte.
Não dramatizemos. Bem sei que é só uma não-remodelação governamental (“isto não é um cachimbo”, pintaria Magritte), sob pressão interna, de Alegre, e externa, de Cavaco.
Bem sei que, perguntado, qualquer responsável pela nãomudança dirá que ela não teve nada a ver com Alegre e Cavaco.
Bem sei que Belém dirá, seguindo o rumo institucional, que não pressiona ninguém, limitando-se apenas à cooperação estratégica para o bem, e à indicação de metas nacionais.
Bem sei que Alegre…
Mas a verdade é que os ministros não-afastados, mas substituídos, estavam debaixo do fogo das massas. Quer das massas populares, das populações esquecidas pelo progresso, enterradas no interior, das famílias restantes de esquálidas cidades, de vilas envelhecidas, de aldeias desertificadas, quer das massas nem sempre populares, e às vezes impopulares, dos “produtores de cultura”.
Ou seja das massas-massas, e das massas-“elites.” A retaguarda e as vanguardas. Os obscurecidos e os iluminados.
Como de Gaulle quando veio da Argélia, Sócrates explicou que compreendia os portugueses. Mas, ao contrário de De Gaulle, apressou-se a aplicar a compreensão e a arrepiar caminho.
Aliás, não sabemos bem se arrepia caminho, ou se continua, com outras caras, num caminho que arrepia.
A verdade é que, nesta nãomexida, onde pelo menos um ministro se declarava de pedra e cal, não se sabe se muda a orientação, ou se só se retiram, debaixo de fogo, os orientados.
Achará Sócrates que os ministros da Saúde e da Cultura explicavam mal as verdades? Mas, se é assim, os substitutos são meros linguistas e especialistas em relações públicas.
Achará Sócrates que os ministros exfiltrados estavam gastos, exaustos, no fim?
Mas, se for assim, isto é uma mera “mexida de balneário”, ou a entrada de jogadores frescos para as mesmas posições, com a mesma táctica e o mesmo objectivo. “Troca por troca”, como se diz no bizarro mundo do comentário futebolístico.
Achará Sócrates que os ministros traíram os princípios? Não parece, ou não estariam, plácidos, na posse dos sucessores.
Achará que é preciso “recomeçar”?
Mas, com que linhas?
Se são as mesmas, é um falso recomeço.
E se são diferentes, é uma revolução encapotada.
Abaixo os capotes.
Olhando para os conhecidos manuais de instruções da política doméstica, Sócrates parece ter aligeirado o lastro, para que o avião voe melhor. Mas nada garante que, apesar da presumida excelência dos substitutos, a sua leveza seja efectiva.
Às vezes, aliás, é pior a emenda do que o soneto.
Hostilizam-se os adeptos, e não se ganham novos amigos.
Nuno Rogeiro escreve no JN, semanalmente, às sextas-feiras
Março 8, 2008 at 10:23 pm
http://doportugalprofundo.blogspot.com/
Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2008 A degeneração rosa
A remodelação governamental de ontem, 29-1-2008, com o destaque da demissão do ministro da Saúde António Correia de Campos, tem como objectivo o controlo dos estragos que a política do Governo nesta área provocava ao executivo e, principalmente, a José Sócrates – já a ministra Isabel Pires de Lima saíu para compor o ramalhete das facções socialistas. O primeiro-ministro não aguentou o cerco dos assobios do fim de semana e decidiu virar à esquerda, satisfazendo a clientela de Manuel Alegre (com a nomeação da dra. Ana Jorge para ministra da Saúde) e de Mário Soares (com a indigitação do advogado António Pinto Ribeiro para ministro da Cultura).
Para alguém teimoso como Sócrates, estas demissões representam sempre a admissão de uma derrota e da cedência à contestação popular, enfraquecendo-lhe a convicta arrogância e desprezo que manifesta pelos cidadãos, diminuindo-lhe o respeito, baseado no medo, a forma de governo que pratica. Esgotando-se o medo, a fórmula socratina esvazia-se e fica nada na administração do Estado, uma imagem holográfica inconsequente.
A constestação quase ubíqua à sua política de “racionalização” de Saúde – isto é, fecho de maternidades, hospitais e urgências no interior, além do progressivo desmantelamento da cobertura do Serviço Nacional de Saúde – representam um desaire inesquecível. É o sintoma iniludível da doença degenerativa que afecta a moral do Governo e expõe o resultado da sua política, num processo de degradação do Estado que só parará com a substituição do poder. A decadência é inevitável: mesmo devagar, aproximam-se os dias do fim.
Março 8, 2008 at 10:24 pm
Os políticos, salvo raras excepções, tomaram conta do País no pós-25 e têm permitido o grassar da corrupção e da exploração. Esta manifestação marca o começo do acordar de todo um povo que diz Basta! e que exige competência e honestidade. É disso que A. Santos Silva tem medo. É disso que Rangel tem medo! Propaganda barata já não cola!
Somos o país da UE em que os ricos são mais ricos, os pobres mais pobres e mais numerosos, e a maioría da população sobrevive com malabarismos financeiros e muito aperto de cinto!
Os bodes expiatórios do Poder para poupar umas coroas estão a ser grupos profissionais como os professores. Caluniados, vilipendiados e perseguidos. Este Governo acordou o gigante da opinião pública, e da maioridade política em Portugal!
Março 8, 2008 at 10:25 pm
1- As palavras de Rangel chegaram por SMS e nem me dei ao trabalho de as reencaminhar, lamentável será dar visibilidade a algumas figuras (mesmo no referido jornal).
2- Saliento o grupo de professores da Pontinha, mesmo atrás do núcleo de Sintra: as palavras bem ritmadas e preparadas, com um sentido de humor indescritível fizeram rir às gargalhadas Ana Drago e Louçã já perto da Praça do Comércio.
3- O apoio dos cidadãos comuns ao longo da Av. da Liberdade, fizeram acreditar que muita da população nos prestigia- saliento pais ostentando cartazes contra a escola que está a ser fabricada, bem como as palavras de um avô que, ao interpelar-nos com grande consideração, disse querer uma escola mais digna para os netos. Chamem-nos “lamechas”, mas aqui reparei que o pequeno grupo de colegas próximo ficou sensibilizado e tive de dizer a este senhor que nos tinha tocado profundamente.
Março 8, 2008 at 10:26 pm
http://dn.sapo.pt/2008/01/09/opiniao/o_fascismo_anda_ai.html
O FASCISMO ANDA POR AÍ
Baptista-Bastos
escritor e jornalista
b.bastos@netcabo.pt
F lauteando uma frase de Pacheco Pereira, e apavorado com a “tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder” do Executivo, António Barreto escreveu no Público [6. Janeiro, p.p.] um artigo, cujo conteúdo estilhaça o tom ameno e, até, conciliador, que lhe é habitual. Aflito, o conhecido sociólogo diz: “Foram tomadas medidas e decisões [sic] que limitam injustificadamente a liberdade dos indivíduos. A expressão de opiniões e de crenças está hoje mais limitada do que há dez anos. A vigilância do Estado sobre os cidadãos é colossal e reforça-se.” Vão por aí fora, o pesado estilo e a rude acusação. Nunca, como agora, as vozes convergiram no apontar de excessos “autoritários” e em alvejar a infausta acção de um Governo sem sensibilidade, sem remorsos e sem grandeza.
Na recolhida sombra da minha prosa desalinhada e chã tenho procurado cumprir, com modéstia e aplicação, o dever que cabe a um autor sem amos e sem vis desígnios – dar com o sarrafo nas iniquidades do poder. Não estou isento, eu também, de levar umas ripadas, desferidas por quem não está de acordo comigo para estar de bem com o Governo. Malhas que o império tece…
A minha beligerância é conhecida. A do António Barreto, não; pelo menos até agora. Aparenta um homem de palavra grave, porém macia; um sociólogo propenso à mansidão da pesquisa e à quietude do gabinete; um cronista de comedida, acampado na serenidade do velho estilo e da antiga gramática. Ei-lo, então, fulminante, a tanger as cordas do conflito: “Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei.” A frase não é pacífica e revela-se na ambiguidade da conclusão.
Se, por exemplo, eu escrevesse: “Não sei se Sócrates é malandro. Não me parece, mas, sinceramente, não sei” – a dúvida proposta nas locuções misturar-se-ia às meias-verdades sussurradas ao ouvido de outrem. É a intriga em marcha.
As inquietantes frases do Barreto excitam a imaginação dos detractores de Sócrates, suscitam a repulsa dos apaniguados, o sorriso dos adversários, a apreensão dos antifascistas e, acaso, a perplexidade do visado. E, também, a ira do José Manuel Fernandes, assinalado director do Público. Num editorial atravessado por transversais críticas a outros preopinantes, e abonando-se em Bento XVI, Stuart Mill, Coleridge e Isaiah Berlin (não sei se falhei algum outro), o Fernandes demonstra-nos a sua apoquentação com as críticas a “algumas leis e iniciativas do Governo”. Não são algumas: são aquelas que têm imposto a radicalidade de uma “democracia administrativa”, e retirado aos outros a autoridade da razão.
Não acredito que Sócrates seja fascista. Mas que o fascismo anda por aí, lá isso… |
Março 8, 2008 at 10:27 pm
http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&idtopico=225920
A Escola e as Diabruras do Ministério – António Justo
Março 8, 2008 at 10:27 pm
Peço desculpa pela “quase duplicação ” do comentário, mas recebi informação que não tinha sido enviado.
Março 8, 2008 at 10:31 pm
Maria A., ainda bem que disse isso ao senhor. Eu, como os que iam passando, aplaudi-o, mas vieram-me as lágrimas aos olhos e fiquei com pena de não lhe ter agradecido pessoalmente. Graças a Deus podemos ohar pessoas como essa olhos nos olhos e ter a consciência de que damos o nosso melhor pelos netos de todos os avós.
Março 8, 2008 at 10:34 pm
Porque será que eu nunca gostei do Emídio Rangel e do seu ar ressabiado? Holligans? Nós? E então a cena do berbequim…lembram-se?
Março 8, 2008 at 10:41 pm
Para ver que ainda estamos na era da pre historia
para ver que o tamanho conta:
Março 8, 2008 at 10:44 pm
Torna-se realmente necessário pensar no dia seguinte. Aliás, Pacheco Pereira – e bem – salienta isso no seu blogue. Não tenho certezas quanto à capacidade dos professores continuarem sinergeticamente nesta luta. Espero bem que sim.
Março 8, 2008 at 10:44 pm
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1318468&idCanal=61
Editorial
Jornalismo e política, ética e lei
02.02.2008 – 11h16 :, Direcção Editorial
Quando, em Outubro do ano passado, o jornalista do PÚBLICO enviou ao gabinete do primeiro-ministro um conjunto de oito perguntas sobre o seu trabalho como engenheiro técnico, José Sócrates fez chegar, por mail, ao director do jornal uma mensagem que começava da seguinte forma: “Insiste o jornal que V. Exa. dirige em vasculhar o meu passado em constantes e desesperadas tentativas para descobrir qualquer coisa, mínima que seja, que permita atacar-me pessoal e politicamente. É uma forma de estar na política – mais do que uma forma de estar no jornalismo – que já não passa despercebida a ninguém”.
Referia-se a seguir a um exercício de “arqueologia jornalística” e acrescentava: “Espero que não deixem em branco as décadas de 60 e 70 que, bem exploradas, e com os critérios em voga, ainda poderão render uma ou duas manchetes…” Só depois respondia a parte das questões colocadas. De então até ontem as outras questões enviadas para o gabinete do primeiro-ministro não obtiveram respostas concretas diferentes das que divulgámos ontem e hoje.
Algumas das expressões utilizadas nessa mensagem foram ontem repetidas pelo primeiro-ministro na sua declaração aos jornalistas, praticamente palavra por palavra. A nossa notícia foi apresentada como sendo, “basicamente, um ataque pessoal e político na senda de outros que o PÚBLICO já fez”. A seguir acrescentou que “todos os projectos que assinei na década de 80, há mais de 25 anos, são da minha autoria e da minha responsabilidade”.
Ora acontece que, mesmo que o primeiro- -ministro o repita muitas vezes, o PÚBLICO não está na política: está no jornalismo. E saber se o titular máximo do poder executivo pautou a sua carreira pessoal e profissional por critérios éticos rigorosos faz parte dos deveres de qualquer jornal numa democracia liberal. O PÚBLICO não decidiu perseguir o primeiro-ministro: decidiu verificar se era ou não verdade aquilo que Abílio Curto, antigo autarca socialista da Câmara da Guarda, dissera numa entrevista à Rádio Altitude, isto é, se José Sócrates, durante a década de 80, enviava muitos processos para essa autarquia, sendo que, e citamos, “nem todos os projectos seriam da autoria dele”.
No nosso entender, apurar esses factos não traduz qualquer esforço de “arqueologia jornalística”. Primeiro, porque fora nessa mesma década de 80 que Sócrates deixou de ser apenas um técnico da Câmara da Covilhã para ascender à liderança do PS no distrito de Castelo Branco, sendo depois eleito pela primeira vez deputado em 1987. Ou seja, o PÚBLICO investigou factos ocorridos numa época em que José Sócrates começou a ter responsabilidades políticas. Depois, porque importava saber se era ou não correcto assinar projectos de que não se havia sido autor. Como ontem escrevíamos, o penalista Manuel Costa Andrade, catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, considerou esse comportamento como “uma fraude à lei, embora sem relevância criminal, mas portadora de uma inquestionável carga ética negativa”.
Finalmente porque entendemos que o facto desse tipo de prática ser habitual em muitos municípios isso não o legitima. Sobretudo quando a nossa investigação apurou que alguns dos proprietários dos edifícios cujos projectos foram assinados por José Sócrates indicavam outros autores que, por serem funcionários da Câmara da Guarda, nunca poderiam assinar os projectos pois interviriam no processo de aprovação.
O que está em causa é uma prática que, contornando a lei, faz com que o técnico que elabora o projecto de construção para um cliente particular é o mesmo que depois, no município, o aprova e o fiscaliza. Esta é uma promiscuidade que o presidente da Associação de Engenheiros Técnicos, Augusto Guedes, relaciona com a fuga ao fisco e com a corrupção, considerando, por isso, que devia ser criminalizada.
Estes factos são suficientemente graves para merecerem ser noticiados. Sobre estes factos foram feitas perguntas concretas ao gabinete do primeiro-ministro a que este respondeu de forma genérica. O PÚBLICO editou os testemunhos que recolheu e o desmentido geral do primeiro-ministro, cumprindo todas as regras do bom jornalismo.
O entendimento que o PÚBLICO tem dos seus deveres jornalísticos é o mesmo que tem sido repetidamente adoptado em sentenças do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem: o controlo público das figuras públicas é central na vida política em liberdade. De resto foi também esse o entendimento do nosso Ministério Público quando decidiu arquivar a queixa que o primeiro-ministro fez contra o autor do blogue “Do Portugal Profundo” a propósito do que este publicara sobre as condições em que José Sócrates completou a sua licenciatura.
Escreveu a 10 de Dezembro de 2007 a procuradora-geral adjunta Cândida Almeida: “Quem desempenha funções de órgão de soberania sujeita-se a ver a sua actividade profissional eou institucional sindicada pelos cidadãos”. Poderíamos multiplicar os exemplos de políticos, e até de altos-funcionários, que noutras democracias tiveram de se explicar sobre factos ocorridos décadas antes.
E que foram chamados a explicarem-se não por esses factos configurarem um crime – algo de que nunca o PÚBLICO acusou José Sócrates –, mas sim por terem tido comportamentos eticamente questionáveis. Da mesma forma que um jornalismo incómodo para o poder não faz dos jornalistas políticos, nem tudo o que a lei não criminaliza é ético. Ora, numa democracia e em liberdade, os cidadãos, e os jornalistas, têm o direito de questionar os comportamentos éticos, não apenas de saber se esses comportamentos caem ou não sob alçada da lei. Tal como não estamos na política, também não fazemos parte da máquina judicial.
P.S. Ontem, ao minuto 18 do seu Jornal da Tarde, a RTP abria com a seguinte frase a sua peça sobre o nosso trabalho: “A nova ofensiva do jornal PÚBLICO apresenta-se como uma investigação jornalística a partir de declarações de um antigo presidente da Câmara da Guarda…” Não foi solicitado a qualquer membro da direcção do PÚBLICO que se pronunciasse sobre esta acusação. Será este o bom jornalismo que Sócrates defende?
Março 8, 2008 at 10:44 pm
Um último apontamento: um colega muito empenhado mandou fazer uma infinidade de T-shirts para todos nós. Como muitas lhe sobravam e a despesa era enorme, ainda acabou por vender as que restavam no comboio (longe da vista da ASAE)- ainda vou indagar para a semana, mas pareceu-me que algumas foram vendidas a passageiros (não professores) da carruagem.
Março 8, 2008 at 10:46 pm
E a pensar que a nossa união “arrancou” neste dia:
Março 8, 2008 at 10:47 pm
http://dn.sapo.pt/2008/02/17/sociedade/vaia_professores_deixa_socrates_irri.html
Vaia de professores deixa Sócrates irritado
MARIA JOÃO CAETANO
Docentes estão contra o modelo de avaliação da classe
Deveria ter sido uma “simples reunião de trabalho partidário” entre o secretário-geral do Partido Socialista e um grupo de professores militantes do partido. Mas um sms começou a circular na noite anterior, convocando professores, de todas as facções, da região de Lisboa: “Professores em luta pelo respeito a que têm direito. Todos aos Largo do Rato.” A partir das 16 horas, começaram a juntar-se à porta da sede do PS, em Lisboa. Vinham sozinhos ou em pequenos grupos, alguns traziam pequenos cartazes, mas a maioria só levou a sua indignação, que se revelou na forma de uma monumental vaia no momento em que o primeiro-ministro chegou, perto das 17.00.
Seriam cerca de 200 pessoas a assobiar. José Sócrates entrou sem olhar para os manifestantes mas, logo a seguir, chamou os jornalistas para uma breve declaração em que considerou “absolutamente lamentável que se faça uma manifestação à porta de um partido político”. “É inqualificável que tentem condicionar a actividade um partido. Nunca tinha visto isto em tantos anos de democracia. Isto não tem nada a ver com democracia, tem a ver com falta de educação. Mas o Partido Socialista não se deixa condicionar”, declarou.
Sócrates deixou bem claro que não acredita na tese da “manifestação espontânea”. “É óbvio que são militantes”, disse, “são pessoas que já fizeram o mesmo no Congresso do PS” e que “há três anos se manifestam onde quer que eu esteja”.
Cá fora, os assobios, repetidos de cada vez que chegam ao Rato os professores socialistas convidados para o encontro, passam a palavras de ordem: “Venham às escolas” e “Respeito pela educação” pedem os manifestantes, dos quais poucos se atrevem a dar a cara e o nome, temendo serem prejudicados na avaliação que se aproxima ou mesmo serem alvo de processos disciplinares. Alguns falam até em perseguições nas escolas – “quem é do contra fica com turmas e horários piores”, afirma uma professora, que pede o anonimato.
E, apesar das acusações do primeiro-ministro, não se vislumbram líderes sindicais nem organizadores entre o grupo. Ninguém sabe muito bem o que fazer, se assobia, se grita ou se vai embora. “Eu nem sou sindicalizada”, afirma Teresa Antunes, que acede a falar após muita insistência. “O que isto prova é que os professores estão a ficar muito cansados e preocupados e começam a reagir espontaneamente.” Esta professora explica que a classe não está contra a avaliação dos docentes, mas sim contra o modo como essa avaliação está a ser feita. “Não são só os professores que deviam estar indignados. Será que os pais confiam numa escola em que os professores são avaliados pelas notas que dão aos alunos?”
Uma opinião partilhada por Zilda Loureiro, para quem o modelo de avaliação “abre caminho ao facilitismo e à arbitrariedade”. E dá como exemplo as directrizes definidas para a avaliação dos docentes, um documento “recheado de chavões muito bonitos mas que não dizem nada. Todos os items têm expressões como ‘aplicar adequadamente’ ou ‘eficazmente’, mas quem é que define o que é adequado e eficaz? É tudo muito subjectivo”, explica. Outra das críticas mais ouvidas é o excesso de burocracia implicado. “Deixamos de ter tempo para o que é realmente importante, que é planear as aulas e ensinar os alunos”, queixa-se Gabriela Gonçalves.
A reunião, que contou com a presença da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e dos seus dois secretários de Estado, prolongou-se até de noite. Os manifestantes dispersaram com a certeza, deixada por José Sócrates, de que a avaliação dos docentes e a reforma da gestão escolar não vão voltar atrás.
Março 8, 2008 at 10:48 pm
MLR quando foi nomeada ME encomendou um estudo coordenado pelo seu amigo e sociólogo do ISCTE João Freire para reestruturar a carreira docente e introduzir reformas no sector. Esse estudo não foi tornado público,o que é estranho porque foi pago pelos contribuintes portugueses, mas a ele já tiveram acesso (ao que parece por acidente) alguns indígenas. Entre eles um nosso colega de uma escola secundaria que sobre ele se debruçou (publicado no blog “Inquietações Pedagógicas”). Sobre este “estudo” retive: não foi realizado qualquer diagnóstico da realidade portuguesa, nem da profissão em outros sistemas educativos; parte-se depois para uma série de considerações baseada essencialmente em outras profissões e assumem-se, não por investigação mas por um conjunto de “lugares comuns” o alinhavo de uma estrutura de carreira baseada em organizações que nada têm a ver com a carreira docente.
O inacrditável. No ensino universitário. Onde chegámos?
Todo o discurso, e sobretudo a segurança e sobranceria da ministra, partem destas concepções dum “pseudo-estudo” e de outros argumentos que João Freire refere no artigo publicado pelo Público em 6/3/2008 “A rua não tem razão”. Assim.
– A sobranceria no diagnóstico da actual situação Professores/Sindicatos-Patrão (parte da sua área academica de formação para proferir lugares comuns);
– Considera que a novidade (professores na rua) encontra-se na forma de comunicar “na forma pós-moderna do tam-tam africano ou do velho rumor urbano ocidental” e nas “minorias activas” (o Vital Moreira tb fala em elementos radicais mas esse continua a manter a “escola do partido (PCP)”);
– Faz uma achega ao ambiente nas nossas escolas públicas (que desconhece e nem sequer quer conhecer) e lança umas ideias sobre um implícito reconhecimento do mérito profissional nas escolas e adianta mesmo “categorias” entrando de imediato em contradições basicas( organização da carreira em categorias profissionais e uma real avaliação de desmpenho)- verdadeiramente surrealista!;
– O processo administrativo para Professores titulares, diz tv haja alguns casos de injusiça individual- Surrealista;
– Por fim considera que é através do voto que as decisões devem ser tomadas (sem comentários).Pois.
O Ensino Superior está muito mal! Péssimo. E querem destruturar o que (ainda) resta de sadio no Ensino Basico e Secundario. Pois.
Março 8, 2008 at 10:51 pm
http://legoergosum.blogspot.com/2008/01/intifada.html
INTIFADA
Já há muitos meses li um artigo de Miguel de Sousa Tavares em que ele atacava simultaneamente os professores, os médicos e os juízes. O artigo deixou-me, devo confessá-lo, duas impressões contraditórias. Por um lado verifiquei que o autor teve a perspicácia – caso único entre os nossos fazedores de opinião – de entender que há entre essas três profissões um elemento comum que atrai sobre elas a fúria da classe política pós-moderna, bem como da tecno-burocracia que a rodeia e sustenta. Por outro, verifiquei que essa perspicácia não chegava ao ponto de entender qual é e como se caracteriza esse ponto comum.
Para ler Miguel de Sousa Tavares e entender o que o faz correr, convém estar a par de um elemento central da sua idiossincrasia: por razões de educação ou de opção filosófica, ou por circunstâncias da vida impossíveis de destrinçar, o homem é um viciado em pogroms. Convoque-se um qualquer tumulto contra um qualquer grupo a que se possam apontar privilégios – e lá está o nosso Miguel, armado de um chuço, no meio da multidão e confundido com ela, pronto a espancar, a incendiar, a esventrar.
É a sua natureza: nada a fazer.
Mas o que há de comum, então, entre juízes, médicos e professores? Em primeiro lugar, é claro, os privilégios de que gozam ou de que têm fama de gozar. Não se trata de um elemento despiciendo: o discurso dos privilégios é hoje central, como é central há milénios, na retórica dos convocadores de pogroms. Serão reais, estes privilégios? Claro que sim. Como todas as profissões, também estas têm vantagens e desvantagens para quem as pratica. Varramos as desvantagens para debaixo de tapete, e presto: cá temos as vantagens transformadas em privilégios para fins de propaganda e arruaça política.
O segundo elemento comum é o facto de se tratar de corporações no sentido medieval e europeu do termo. Para quem deseja ver o mundo transformado numa imensa América, estas remanescências da História são intoleráveis. Na América tudo é simples. Cada um, ou é um homem de negócios, ou é um trabalhador. Como muitos trabalhadores aspiram a tornar-se homens de negócios, votam Republicano contra os seus próprios interesses.
A um europeu, nada o impede de ser um homem de negócios, ou um trabalhador, ou as duas coisas, tal qual como um americano; o que lhe complica e enriquece o estatuto é que é muitas outras coisas além disso. O europeu é membro da sua família, do seu clã, da sua rede de solidariedades, da sua hierarquia profissional ou académica, da sua corporação milenar. Tudo isto parcialmente à margem – e aqui está o que é intolerável para os políticos pós-modernos e para os tecno-burocratas – da estrita racionalidade económica pela qual gostariam que o mundo se ordenasse.
O terceiro elemento comum é o facto de serem profissões cuja identidade e função se construíram na História. Quando a praga dos gestores se abateu sobre a Europa depois de ter reorganizado a América, encontrou resistências com que não contava. Quis organizar os juízes para a mais eficaz defesa dos mercados – e encontrou-os teimosamente agarrados à ancestral convicção de que a sua função é fazer justiça. Quis mobilizar os médicos para que se encarregassem da manutenção duma mão-de-obra rentável, e encontrou-os convencidos de que a sua função é tratar das pessoas. Quis converter os professores às maravilhas da indústria transformadora – num extremo da linha de montagem entram pessoas, do outro saem recursos humanos – e encontrou-os obstinadamente agarrados ao preconceito medieval de que as pessoas são a razão última do seu trabalho, e não a sua matéria-prima.
Tudo isto deve ser horrivelmente frustrante para os políticos pós-modernos, para os tecno-burocratas, para os gestores ainda frescos de Boston. Esta Europa parece-lhes velha e sem emenda. Onde esperavam encontrar colaboradores entusiásticos, encontram a cada passo empecilhos, atavismos, cepticismos obstinados – intelectuais, para dizer tudo; e palavra nenhuma exprime, no vocabulário dos nossos tecno-burocratas, um extremo mais fundo de abjecção. Os tecno-burocratas traziam nas pastas de executivo um mundo novo, pronto para ser apresentado em Power-Point aos labregos embasbacados da Velha Europa – e ninguém quis saber dele. Veio-lhes ao de cima um ódio, uma vontade de justiça ou de vingança – e encontraram a estratégia que lhes é própria, que lhes está na massa do sangue, o seu Choque e Pavor: adoptaram, como instrumento de acção e ética de trabalho, a tortura.
Aos juízes, sobrecarregaram-nos de trabalho ao mesmo tempo que os impediam de fazer justiça. Aos médicos dos serviços públicos, reduzem-nos à exaustão física, emocional e psicológica – mas não os deixam tratar doentes. Aos professores, carregam-nos de tarefas inúteis, quando não nocivas, e despojam-nos de cada minuto que possam ter de tempo livre – mas não lhes permitem, em caso algum, que ensinem.
É a tortura de Sísifo. É por aqui que esperam vergar-nos. Mas não conhecem a natureza humana. Não sabem que os juízes, os médicos e os professores são seres humanos – e que a sua tendência, como a de qualquer animal, é odiar quem os trata mal. E que vão acabar por se unir contra o inimigo comum.
Mas os burocratas sentem, confusamente, que alguma coisa não está bem. Sabiam que iam ter a oposição de muitos – mas não contavam com a insurreição de quase todos. Os governantes e os seus séquitos evitam cada vez mais visitar os tribunais, os centros de saúde e as escolas. Quando não podem evitar lá ir, vêem algo de inquietante nos olhos dos magistrados, dos médicos, dos professores, dos funcionários, dos utilizadores, dos alunos. Alguns de entre eles, mais sensíveis aos ambientes, apercebem-se de que estão a ser figurativamente apedrejados. Num ou noutro caso, sê-lo-ão literalmente – e não precisarão de especial sensibilidade para entenderem o que lhes está a acontecer.
Os políticos portugueses e europeus entraram pelas instituições da sociedade civil como Bush pelo Iraque, esperando ser recebidos com flores. Agora perguntam: porque é que nos atiram pedras?!
Permitam que lhes responda: atiramos-lhes pedras porque não temos Kalatchnikovs.
Março 8, 2008 at 10:58 pm
O estudo encomendado por MLR, enquanto ME, deve ter sido através do CIES do ISCTE que foi classificado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. (…)
Tem chorudos financiamentos, deduzo.
Lista de investigadores (alguns)
Abrantes, Pedro
Abreu, Manuel Dinis de
Adinolfi, Goffredo
Almeida, João Ferreira de
Almeida, Maria Antónia Pires de
Almeida, Miguel Vale de
Almeida, Paulo Pereira de
Álvares, Maria
Alves, João Emílio
Alves, Mariana Gaio
Alves, Nuno de Almeida
Alves, Tatiana
Amaral, Patrícia
Andringa, Diana
Antunes, Marina
Antunes, Ricardo
Araújo, Vera
Ávila, Patrícia
Barbosa, Ana Luísa
Barros, Elisabete
Barroso, Margarida
Belchior, Ana Maria
Bomba, Teresa
Brites, Rui
Burnay, Filipa
Bussola, Diego
Cachado, Rita d´Ávila
Caetano, Ana
Calca, Patrícia
Cameira, Emanuel
Campos, Joana
Campos, Luís
Capucha, Luís
Carapinheiro, Graça
Cardoso, Gustavo
Cardoso, Inês
Cardoso, Tânia
Carmo, Renato
Carreira, Marta
Carreiras, Helena
Carvalho, Ana Maria Evans de
Carvalho, Helena
Carvalho, Rita
Casanova, José Luís
Cheta, Rita
Clamote, Telmo
Coelho, Ana Rita
Coelho, Bernardo
Coêlho, Christiane
Coelho, João Vasco
Conceição, Cristina Palma
Conde, Idalina
Cordeiro, Graça Índias
Correia, Sónia Vladimira
Correia, Tiago
Costa, António Firmino da
Costa, Jerusa
Costa, Mariana Santos
Costa, Paula dos Reis
Cruz, Raquel
Cunha, Carlos
Dantas, Cristina
De Sousa, Luís
Dias, Ângela
Dias, Eduardo Costa
Dias, Paulo Coelho
Dores, António Pedro
Dornelas, António
Duarte, Alexandra
Durão, Susana
Egreja, Catarina
Espanha, Rita
Faria, Sérgio
Fernandes, Rita
Fernandes, Tiago
Ferreira, Jorge
Ferreira, Vanda
Ferro, Lígia
Fonseca, Rui Brito
Freire, André
Freire, João
Freitas, André
Freitas, Andrea
Gaspar, Sofia
Góis, João Pedro
Gomes, Adelino
Gomes, Maria do Carmo
Gonçalves, Ana Sofia
Gonçalves, Gonçalo
Gonçalves, Maria Eduarda
Gonçalves, Sónia
Gordinho, Bruno
Guerreiro, Maria das Dores
Henriques, Susana
Henriques, Vera
Hilário, Ana Patrícia
Horta, Hugo
Jacobetty, Pedro
Jerónimo, Ana Paula
Joaquim, Graça
Jorge, Ana
Jorge, Ana Rato
Lapa, Tiago
Leite, Alexandre Manuel
Lima, Maria da Paz
Lobo, Cristina
Lopes, Noémia Mendes
Luís, Cristina
Machado, Carla
Machado, Fernando Luís
Maciel, Diana
Malamud, Andrés
Marivoet, Salomé
Marques, Ana Cristina
Martins, Jorge Manuel
Martins, Susana da Cruz
Mata, João Trocado da
Mateus, Sandra
Matias, Ana Raquel
Mauritti, Rosário
Medeiros, Rogério
Melo, João
Melro, Ana Luísa
Mendes, Felismina
Mendes, Rita Veloso
Mendonça, Helena
Menezes, Filipa
Monteiro, César
Monteiro, Teresa Líbano
Moreira, Raquel
Moura, Ana Mocuixe
Moury, Catherine
Mozzicafreddo, Juan
Neto, Pedro Pereira
Nico, Magda
Nunes, Ângela
Nunes, João Pedro
Oliveira, Luísa
Padilla, Beatriz
Palma, Filipa
Patrício, Maria Teresa
Pedroso, Paulo
Pegado, Elsa
Penha, Ana Raquel
Pereira, Inês
Pereira, Irina Bettencourt
Pimentel, Duarte
Pimentel, Luísa
Pinho, Filipa
Pires, Rui Pena
Puga, Pedro
Raposo, Hélder
Raposo, Linda
Rebelo, José
Rego, Raquel
Reis, Manuela
Resende, Cláudia
Rodrigues, Avelino
Rodrigues, Eduardo Alexandre
Rodrigues, Elisabete
Rosa, Marco
Saleiro, Sandra Palma
Sant’ana, Helena Mauricio
Santana, Vera
Santos, Joana Correia dos
Santos, Susana
Santos, Tânia Alegria dos
Saramago, Sílvia
Scaglione, Alejandra Ortiz
Seabra, Teresa
Sebastião, João
Seiceira, Filipa
Serrão, Anabela
Silva, Alexandre Vianna e
Silva, Francisco Vieira da
Silva, Perpétua Santos
Simões, Liliana
Sousa, Isabel
Sousa, Pedro de
Stoleroff, Alan
Tavares, David
Torres, Anália Cardoso
Torres, Eduardo Cintra
Triães, João
Vegar, José
Veloso, Luísa
Vidal, Frédéric
Viegas, José Manuel Leite
Vieira, Jorge
Xavier, Maria
Zuber, Inês
Março 9, 2008 at 11:07 am
lembram-se deste Blog?:
http://doportugalprofundo.blogspot.com/
Sábado, 8 de Março de 2008
A Política do Contra e a repressão ..
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Imagem editada daqui
O Governo de José Sócrates ficará na história do Portugal pós-revolucionário até hoje como o mais intolerante para a liberdade de informação e opinião e, num âmbito ainda mais largo, o maior desrespeitador dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
56 votes
Os casos tornados públicos, além de muitos outros que por receio se escondem ou por terror se abafam, são o sintoma da cólera governativa, de que o comportamento do primeiro-ministro é o caso mais grave. Os casos Dossier Sócrates (que aqui se sofreu), Charrua (a quem agradeço o simpático comentário deixado na minha caixa), Dissidências (ver explicação), a ameaça de organismos carentes do Governo como no caso da extraordinária Educação do Meu Umbigo (ver caso e comentário explicativo) do Paulo Guinote e Educar na Escola, perseguição a sindicatos, atemorização de professores, divulgação televisiva nas novas Conversas em Família por Fátima Campos Ferreira da auto-crítica de funcionários contestatários, são a evidência tangível de um estilo tenebroso e, mais além, de uma política para-ditatorial.
As tácticas de intimidação alegadamente praticadas, consecutivamente (o que define um padrão), por funcionários (polícias) do Ministério da Administração Interna, dirigido pelo ex-director dos serviços secretos portugueses (SIS) Rui Carlos Pereira, têm de ser enquadradas nessa política de repressão das liberdades dos cidadãos, que nos faz lembrar as barricadas estalinistas à manifestação da “maioria silenciosa” do 28-9-1974 ou a protecção armada do Copcon às peregrinações ao santuário de Fátima em 1974/75. Como se estivéssemos na Roménia de Ceausescu, efectuam-se diligências cuja iniciativa e direcção se escondem, promovem-se inquéritos, filtram-se procedimentos de repressão de manifestações para os media, desinforma-se (veja-se a explicação de quem é quem no post “O mestre em defesa da discípula”) e insulta-se através de opinadores alinhados (professores-”hooligans”!…), com o objectivo de limitar os estragos mediáticos de concentração de descontentes e contestação da política governativa. Só nos falta a entrada em acção dos mineiros, à maneira do ditador romeno, mas tendo em conta o que se anuncia, lá chegaremos…
Para além de um erro de diagnóstico ou, pior!, o Governo fecha os ouvidos e olhos ao descontentamento legítimo dos professores contra modelos absurdos – veja-se o emaranhado do modelo subjectivo de avaliação dos professores (veja-se diagrama da avaliação, via Ashera, e outro esquema mais detalhado, 1 e 2, na revista Visão, via Educação do Meu Umbigo) ou o processo de selecção de professores-titulares – e o vilipêndio da dignidade da classe profissional ( conforme sondagem da Gallup para o World Economic Forum divulgada em Janeiro de 2008) em que os portugueses mais confiam (em perfeito contraponto com os políticos que são relegados para o último lugar dessa lista), desviada, por reformas burocratizantes, delírios pedagógicos e utopias didácticas, da sua verdadeira missão que é ensinar (veja-se este excelente artigo do prof. Pedro Castro na incontornável Educação do Meu Umbigo). Enquando o Governo se fecha, o Presidente da República partiu para o Brasil numa reedição do seu passeio ao Pulo do Lobo de 8 de Maio de 1994…
A Marcha da Indignação dos professores hoje, 8-3-2008, em Lisboa – e a iniciativa espontânea (na primeira onda de SMS) dos protestos que fugiram propositadamente ao controlo sindical, por desconfiança de compromissos de gabinete que salvam a face de governantes em troca de trocos e desonram os representados -, é a prova da dignidade de uma classe maltratada que não admite que a sua honra de missão, sacrifício e honestidade, seja posta em causa pelas tácticas de demonização dirigidas contra si pelo Governo de José Sócrates.
A manifestação dos professores tem um significado ainda mais profundo: é a assunção da classe profissional mais reputada em Portugal da responsabilidade civil de expressar a sua indignação pela degradação do Estado e regressão do País. O professor que marcha hoje em Lisboa, significativamente do Parque Eduardo VII em direcção ao Terreiro do Paço, manifesta-se na dupla qualidade de professor indignado e cidadão preocupado. Nesse sentido, esta Marcha Negra docente de luto pelo Estado é a continuação da Marcha Branca pela protecção das crianças face à rede pedófila.
Na Política do Contra, que melhor define a actuação deste executivo, o primeiro-ministro e os ministros que comanda, com mão-de-ferro e os recados do Martins, governam contra os funcionários públicos, contra os contribuintes, contra as empresas, contra os jornalistas, contra os residentes no interior, contra os médicos, os enfermeiros e os doentes, contra os professores, contra os pensionistas… contra o povo. Governam contra na esperança pérfida e ignorante de que a inveja ou alívio dos outros grupos os una com o Governo. Mas como o fazem sucessivamente com os demais grupos, acabam por garantir a unidade de todos contra eles, consolidada pela confirmação do povo de que o prometido milagre económico prometido para o final deste período de jejum, afinal, é apenas mais outra charlatanice política.
Março 9, 2008 at 7:58 pm
Este sr. teve a lata de voltar a chamar aos manifestantes “comunistas”…
Teve a mesma lata que outros tiveram de lhe chamar fascista.
Fevereiro 11, 2011 at 11:58 pm
[…] Comentário assinado […]