Resposta breve (2000 caracteres) dada a uma questão sobre os desafios que se colocam aos professores num tempo de incerteza social e progresso tecnológico:

O senso comum e as tendências mais recentes apontam para a necessidade do professor se relacionar de forma cada vez mais estreita com os meios tecnológicos para tornar o seu acto de ensinar mais eficaz e capaz de atingir os alunos, cada vez dotados mais precocemente de ferramentas para a pesquisa e obtenção de informação.

No entanto, por ser pletórica, produzida em massa e distribuída sem um critérios fácil de identificação de autenticidade ou fiabilidade, essa informação necessita ser filtrada, organizada, articulada e sintetizada para que seja possível obter aprendizagens significativas.

Isso significa que, de uma forma que não acho paradoxal com o progresso da técnica, os professores necessitam reforçar a dimensão humana e específica da sua função. No sentido em que devem ser cada vez mais capazes de dominar os conhecimentos que devem transmitir e de dotar os seus alunos com as ferramentas críticas indispensáveis para organizar as suas aprendizagens em meios extra-escolares.

Ao contrário das tendências que defendem a formação de professores generalistas, mais especializados em meios técnicos de difusão de informação do que nos saberes disciplinares tradicionais, eu considero essencial que os professores do futuro sejam profundos especialistas nas suas áreas disciplinares de docência e na capacidade de transmitirem conhecimento de uma forma mais eficaz do que a televisão, a internet ou quaisquer novos meios que venham a surgir.

Desde os primórdios do processo educativo é essencial o papel do “mestre” na condução dos seus “discípulos” na descoberta de um conhecimento cada vez mais vasto, desorganizado e com versões concorrentes que só o desenvolvimento do espírito crítico, de análise, selecção e síntese pode tornar útil para além da mera replicação.

Num tempo em que a inovação parece depender mais dos aspectos técnicos do que dos humanos, a verdade é que estes são essenciais para evitar que o mecanicismo, a massificação e  despersonalização do acto educativo e a mera replicação acrítica da informação substituam o ensino personalizado, a criatividade e a capacidade para inovar a partir do conhecimento acumulado.