Eu sei que há formalidades jurídico-legais para alterar aspectos do ECD, do horário de trabalho, etc, etc, mas se há algo que desde 2006-07 sabemos é que isso dificilmente trava o poder político no seu afã demolidor, para mais com ímpeto afundador.

E também sabemos como há sempre quem assine, alegando que poderia aí vir mal maior.

Pelo que vou colocar a coisa tal como ela tem sido despejada em centros de análise, decisão e comunicação.

A carga horária dos professores pode não aumentar, mas a carga lectiva é para aumentar, com ou sem redução de direitos adquiridos ou por adquirir na base do artigo 79º do ECD. O que Nuno Crato disse há dias é mera forma de encobrir o que tem sido despejado em cima do que é opinador simpático ou redacções solícitas.

Aviso desde já que acho obscena a hipótese de colocar colegas acima dos 55 anos a dar horário completo ou perto disso. Não por eu lá estar a chegar dentro de uns anos (ainda faltam uns quantos, é verdade…), mas porque basta olhar para o que nos rodeia e esquecermos aqueles que, sem tremores, eu qualifico como docentes necrófagos, ou seja, os que anseiam pelo mal dos outros como forma de se elevarem melhor (há as variedades hiena que ri e abutre que guincha). Ou imprevidentes, porque acham que nunca chegará a sua vez de caírem para o lado.

Mas voltemos ao essencial.

Temos agora 1100 minutos legislados de horário lectivo, do qual está ausente muito trabalho com alunos, considerado injustamente como não lectivo. isto dá 22 tempos de 50 minutos ou 24 de 45, mais uns acertos ridículos em cada período.

Vamos tomar como base de argumentação que se mantêm as reduções actuais e que estamos a falar na base do horário completo.

Pessoalmente, dando de barato outros direitos adquiridos, preferiria ter 22 horas de 60 minutos (a carga lectiva subiria muito, de 1100 para 1320 minutos) do que 25 de 50 (subida “apenas” para 1250 minutos), desde que contabilizassem na carga lectiva de forma transparente e justa todo o trabalho com alunos, mesmo que em pequeno grupo, e a direcção de turma.

Os actuais 14 tempos de 50 minutos que os docentes em fim de carreira leccionam (700 minutos) tornavam-se 840, mas mantinham-se esses 14.

As aulas passariam a ser de 60 ou 90 minutos. Apoios de 30 ou 60 minutos. O cálculo para efeitos de faltas consegue resolver-se, não vamos prender-nos com isso.

Sei que esta não é uma posição fácil de aceitar por muita gente, mas mais vale começar a pensar em propostas para evitar surpresas.

Sei que esta é uma discussão em terreno cedido ao adversário, mas eu recapitulo: manutenção das reduções do 79 e 22 tempos de 60 minutos ou 25 de 50? Contabilizando na lectiva o que passa por trabalho de ensino e aprendizagem com os alunos, mais DT.

Posso mudar de opinião perante argumentos convincentes para outras soluções.