O Rigor Do Estudo Tipo-FMI

Se há coisa deliciosa nestes estudos é a forma como se rendilham os dados e se fazem os seus contornos.

Eu exemplifico com a questão dos rácios alunos/professor, que anda a excitar o Ramiro, mas apenas porque ele tem problemas básicos de enquadramento com a Aritmética.

Diz ele que em Portugal há 8 alunos por professor nos Ensinos Básico e Secundário (vamos lá ver se depois não muda o post e diz que se enganou…) e que é o estudo do FMI que diz isso.

Ora bem, entre FMI e Ramiro, venha Maomé e escolha o toucinho.

No estudo tipo-FMI temos o seguinte quadro:

Só que estes números não batem certo com est’outro quadro que aparece um pouquinho antes:

Então é assim… para o ano usado no 1º quadro (2010), há 1.567.677alunos nos ensinos “primário” e “secundário” (supõe-se que este inclui a partir do 5º ano, mas a terminologia é de curioso e leigo no assunto) e os professores são 144.615, O rácio dá 10,8 e nunca o da ramirice, nem o do estudo tipo-FMI.

O pior é que falam em full-time teaching staff e no total de professores estão, como é óbvio, muitos com horários incompletos…

Mas há dados mais recentes, de 2011, em que – maravilha das maravilhas estatísticas – houve exactamente 140.000 professores, nem um a mais ou menos, coisa linda de morrer. E 1.536.339 alunos. O que dá um rácio de 11 alunos por professor (15,5 no “primário” e 9,4 no “secundário”).

O secretário de Estado adjunto Carlos Moedas pode achar que isto está bem feito.

Mas não está.

Foi feito à pressa, de forma distraída, com as partes a serem coladas conforme a mensagem desejada.

Aliás para 2012 avança-se um número abaixo dos 129.000 professores e para 2013 de 117.000. Mesmo que os alunos tenham diminuído para 1.400.000 (gosto de manter aquela harmonia baseada no nº 14 relativa ao º de docentes em 2011) ficamos com um rácio de 12 alunos por professor.

Ou seja, nada bate certo com nada e nem sequer ainda estamos a falar em substância… apenas na forma de apresentar os dados.

Que estão todos bichados.

Quanto custou ao erário público esta treta?

Fafe Says:

Janeiro 9, 2013 at 9:11 pm

A treta custa sempre um pedaço, tal como as multas ao soares velho e aos deputados bêbados.

livresco o liberal Says:

Janeiro 9, 2013 at 9:12 pm

Eu quero mais é que este governo vá para o carvalho.

Janeiro 9, 2013 at 9:13 pm

E ainda tenho de levar com a bichona a 33 rpm.

E-Caneta Says:

Janeiro 9, 2013 at 9:19 pm

Nunca, nunquinha tive 8 alunos, nem 10, nem 20, o mínimo que tive foram 22 alunos e sou prof há…há (ora deixa cá ver…hummmm) há quase 30 anos, mais coisa menos coisa. Mas isto das estatísticas tem o seu quê, a história do meio frango e do frango inteiro.
tenho que comprar aquele livro: ao tu live uide estatitisques…(ai, este meu inglês está um nadinha tipo AO)

Janeiro 9, 2013 at 9:20 pm

#2
Eu também!

Janeiro 9, 2013 at 9:25 pm

O gajo já não preside àquilo dos sindicóides dos transportes parados.

Janeiro 9, 2013 at 9:26 pm

Já li uma vintena de páginas deste ensaio do Vargas Losa e fiquei enervada.
(já nem a leitura me zena)
Ele começa com uns comentários do T. S. Eliot que me deixaram abestalhada, se não tivesse passado para o meu mui adorado Steiner, tinha atirado o livro, comprado hoje, pela janela fora…

Donatien Says:

O moedas é que foi feito à pressa,ou foi a borracha que furou.

Janeiro 9, 2013 at 9:28 pm

#6
Qual gajo?
C’um raio, nunca percebo a que te referes.

Janeiro 9, 2013 at 9:29 pm

Tu não tens janelas. Vai lá ver.

#8
Esse saiu-me cá um cromo…

Janeiro 9, 2013 at 9:30 pm

Treze.

Bis.

Janeiro 9, 2013 at 9:31 pm

#10
Ai não?!
Vou já ver…péra!

Janeiro 9, 2013 at 9:32 pm

Erraste!!!!!
(essa não contou)

Allah akbar.

Janeiro 9, 2013 at 9:33 pm

E eu até nem tava a pensar no 13, juro!

Janeiro 9, 2013 at 9:34 pm

Ó caneta eu já tive 12 alunos numa turma experimental, no lançamento do chamado curso unificado…De resto,o habitual.
Há que contar com uns que são (?) professores e estão na AR e noutros antros.

angelica Says:

mas que porra, alguém tem que ficar com os 186 alunos que excedem a minha palete de garotos!!!!!

mas que bebedeira é esta que assola o governo????

BlueShell Says:

Janeiro 9, 2013 at 9:46 pm

#19
É isso mesmo…quem tem o resto dos meus garotos???…se eu tenho só 10, ou 12….
raios….

Andam a tomar “coisas”, ai andam, andam…

bulimundo Says:

Janeiro 9, 2013 at 9:50 pm

grelhada Says:

Janeiro 9, 2013 at 10:21 pm

Em resumo: um relatório-cocó tipo-fmi. 😦

Janeiro 9, 2013 at 10:29 pm

#7
#19
Julgo que isto terá relação com a monodocência que cá queriam impingir para todo o Básico e que já existirá noutros países. Asssim, somam todos os docentes de todas as disciplinas e ainda juntam os que estão com tachos no Mec e dividem os alunos pelo bolo total. Dá esses números tolos.
Só que erram na perspectiva: não é Portugal que tem profs a mais, mas outros países que t~em professores a menos.
primeiro, devido às monodocências que depois, pelos vistos, não conseguem formar alunos para virem a ser engenheiros (depois importam os nossos).
segundo, porque com políticas assassinas do estilo das nossas agora (por ex. no R. Unido…) muitos docentes emigraram para outras profissões e há falta de professores como de pão para a boca. Os franceses e ingleses por vezes contratam imigrantes que mal sabem a língua, para grupos de doc~encia onde até por gestos podem comunicar mais ou menos (Ed Física, disciplinas técnicas…).

Janeiro 9, 2013 at 10:31 pm

Ah! e vão votar no concurso de blogs do Aventar! 😛

sempre@tento Says:

Para ajudar às estatísticas eu este ano tenho 380 alunos…
Gostava de saber onde é que estes senhores aprenderam matemática… se calhar tiraram o curso à RELVAS.

Janeiro 9, 2013 at 10:32 pm

#23
engenheiros, médicos, enfermeiros…

a sombra do vento Says:

Janeiro 10, 2013 at 1:58 am

Eu tenho perto de 200 alunos…e mais não sei quantas coisas de componente de estabelecimento!
Mas estes estudos “não têm ponta por onde se lhes pegue”! Como é possível fazerem médias e comparações entre países quanto ao ratio no que concerne à pluridocência? Depende do número de disciplinas, de professores por disciplina, de apoios… Tudo isso varia de país para país! Por favor, alguma seriedade científica precisa-se!

João Paulo Maia Says:

Janeiro 10, 2013 at 4:00 am

Desonestidade intelectual? Ou pior do que isso?

Mantendo o nº de ouro (14)… tenho 140 alunos, mas em 5 turmas (o que estraga a magia do 4, mas enfim…). O custo por aluno, se o pagamento me fosse directamente efectuado, daria algo como 8,928… € / mês, o que que é, obviamente, A causa da crise mundial e da espiral recessiva que o país atravessa, como é bom de ver. Nem se fala mais disso.

helena tome Says:

Janeiro 10, 2013 at 12:39 pm

numa das escolas em que trabalhei, na qual eu tinha 7 turmas e as 2 outras colegas do 3º ciclo, cada uma tinha 5 turmas, havia 7 professoras do 2º ciclo com uma turma, à qual davam Português, História e Geografia de Portugal, Estudo Acompanhado, Formação Cívica e Área de Projeto. Numa reunião conturbada, a coordenadora disse e escreveu no papel do ministério que cada professor tinha, em média, 20 alunos; expliquei-lhe, com toda a paciência, que uma coisa são médias e outra coisa era a realidade – eu tinha cerca de 200 alunos e, segundo o números dela, estava a dar aulas a alunos-fantasma. claro que a explicação não surtiu efeito – a colega olhou para mim como se eu fosse extraterrestre ou lunática e preencheu o papelito do ministério com a média de 20 alunos por professor.
resumindo e concluindo, é por informações como as que se lêem aqui e por aquelas que são transmitidas por inteligentes coordenadores imbecis, que me admira não haver professores tresloucados a entrar escolas dentro a distribuir tabefes aos colegas retardados mentais, que alinham com tudo o que o ministério quer e chegam a antecipar-se e fazer mais do que aquilo a que são chamados.. Como não tenciono morrer de ataque cardíaco por causa dessa gente que não trabalha e apenas diz coisas e nem sequer as sabe dizer, vou contando o episódio e rindo-me.

Sexo não consentido, mentiras e o relatório da Goldman Sachs – Aventar Says:

Janeiro 10, 2013 at 4:30 pm

[…] uma pachorra que lhe invejo o Paulo Guinote já analisou outros casos de conto do vigário: os rácios alunos/professor ou de professor por português em idade […]