Primeiro objectivo cumprido: usar prolegómeno no título de um post.
Agora as coisas mais sérias.
Sobre a reforma curricular, antes da definição de cargas horárias ou mesmo dos conteúdos programáticos (e tenham em atenção que não é compreensível definir-se um programa sem se saber quantas horas existirão para ele ser leccionado…) há que tomar uma opção de fundo relativa à filosofia da reforma que se pretende.
Há duas hipóteses básicas:
- A reforma modernaça, toda adepta das teorias em voga nos anos 90 e já novo milénio, em que aquilo que mais interessa sãos as transversalidades, interdisciplinaridades e articulações variadas, traduzindo-se essa perspectiva na irrupção de Áreas e Educações para todas as cores e sabores no currículo, de preferência com uma avaliação soft de tipo qualitativo e pouco formal, melhor ainda se for sem efeitos na (não) progressão dos alunos. É o tipo de reforma em que à excepção da Língua Portuguesa, Matemática – por causa dos exames internacionais – todas as áreas ditas tradicionais perdem horas em favor das Educações para a Saúde (que entra pelas Ciências Naturais dentro) ou para a Cidadania (que destrona a História), assim como para aqueloutras coisas que dão pelo nome exemplar de áreas curriculares não disciplinares. É aqinda o tipo de reforma que traz consigo uma imensa carga ideológica vocacionada para o sucesso, em que as TIC entram como se fossem chave-mestra e panaceia para todos os males, como se fosse possível aprender apenas googlando, escrever e calcular porque se conhecem as funções do Word e Excel, criar e conceber um trabalho porque se é exímio nos efeitos do Powerpoint, Moviemaker ou Photoshop. Em que, se a coisa for bem pensada, jogar Sims substitui a Geografia. É uma reforma curricular em que se defende a existência de grandes áreas do saber e em que, dessa forma, recuamos uns milhares de anos na diferenciação disciplinar, preterida pela ideologia da indiferenciação do conhecimento. É o tipo de reforma que, em defesa da modernidade pós-pós-moderna, se esquece que o presente e o futuro próximo exigem polivalência do trabalhador raso, mas uma cada vez maior especializaçção do trabalhao qualificado. É uma reforma curricular destinada a desenvolver competências primárias, transmitir conhecimentos ultrabásicos e em que os alunos ficam preparados para um pouco de tudo e em especial para nada.
- A reforma mais conservadora, que combate a fragmentação disciplinar existente por exemplo no 3º ciclo com o reforço das disciplinas nucleares e fundamentais na formação do indivíduo (Línguas, Matemática, Ciências Naturais e Ciências Sociais e Humanas, Artes), na base de programas adequados a uma carga horária condigna, deixando para o plano da frequência voluntária as tais áreas transversais, que os alunos poderiam escolher de acordo com os seus interesses. Seria uma reforma menos adepta da modernidade, mas em que o currículo seria mais flexível e em que as escolas poderiam escolher a composição de pelo menos 20% de um currículo que, no 3º ciclo, poderia ter 7 a 8 disciplinas obrigatórias e 2 a 3 opcionais de um leque de 5 ou 6, podendo os alunos frequentar livremente aquelas que entendessem, desde que existissem condições para isso. Em que poderia funcionar, nessas áreas de tipo opcional, um sistema de créditos. Claro que, como defendo há algum tempo, acho que este tipo de reforma deveria abranger um ciclo de escolaridade mais longo, que agregasse os 2º e 3º ciclos do ensino básico. Em que a estrutura dos 12 anos de escolaridade obrigatória fosse de 4+5+3, 4+4+4 ou uma configuração similar (talvez mesmo 5+5+2) que resguardasse um primeiro ciclo de iniciação não excessivamente alongado, um segundo ciclo de aprofundamento e diversificação dos conhecimentos e um terceiro (o actual secundário) de especialização em áreas de encaminhamento pré-universitário (neste caso o modelo mais adequado até seria o de 5+5+2).
Sei que nenhuma opção é a ideal, mas julgo que as coisas andariam (andarão?) mal, muito mal, se a ideia vencedora for a do alongamento do primeiro ciclo para seis anos numa lógica de alongamento do que já existe, comprimindo-se um segundo ciclo de estudos (que substituiria a lógica dos actuais 2º e 3º CEB) para três anos com predomínio da ideologia das grandes áreas do saber e um terceiro ciclo (actual secundário) que pouco adiantaria em termos de preparação pré-universitária. É verdade que tudo, desde o alastramento da lógica dos planos de recuperação e das variadas medidas paliativas contra o insucesso aos actuais 10º a 12º ano até à proliferação dos cursos ditos técnico-profissionais com uma avaliação maneirinha, indica que a solução será por uma escolaridade obrigatória fast-lane para exibir sucesso na Europa e pseudo-qualificações estatísticas.
Seria mau, muito mau que assim fosse. Seria a tentativa de queimar etapas num percurso educacional que deveríamos fazer de forma sustentada e com alicerces fortes, sem querer começar por pintar a casa e colocar o telhado quando ninguém sabe se a instalação eléctrica e as canalizações funcionam. E, mais grave, sem que se saiba se há alguém para as colocar em funcionamento.
Janeiro 24, 2010 at 3:30 pm
Comecemos por explicitar a palavra Prolegómeno 🙂
Introdução ou tratado relativamente formal e dilatado prévio a um tema de estudo, obra ou escrito, que tem por objectivo estabelecer fundamentos gerais da matéria que se vai tratar. 🙂
Janeiro 24, 2010 at 3:32 pm
Já fui ao dicionário. Agora vou ler o post 🙂
Janeiro 24, 2010 at 3:34 pm
Olinda, se tens feito o teu comentário uns segundinhos antes, tinha evitado ir ao dicionário 🙂
Janeiro 24, 2010 at 3:35 pm
Parece-me que a reforma da Leopoldina vai tentar sem um mix disto tudo. Irão pelo “consenso” e quererão tudo e o seu contrário. Defenderão a exigência e o rigor, mas na prática continuarão na senda do “direito ao sucesso” e do “aprender a aprender”, embora talvez por outras palavras. O léxico eduquês é virtualmente inesgotável…
Janeiro 24, 2010 at 3:49 pm
#4 – como por exemplo:
“não é importante o aluno aprender que para definir uma recta são necessa´rios dois pontos. Ao utilizar o GeoGebra ele vai concluir isso.”
Claro, clarinho! Uma escola com 35 turmas, uma sala sala equipada com computadores, todas as outras só com um que funciona às vezes e nalguns casos um quadro interactivo. Sei que é melhor do que em muitas outras escolas mas não me venham com a cantiga de andar à procura de possível troca de salas para no dia tal ter a dita sala disponibilizada e utilizar as novas tecnologias num dia de festa. Deixei de fazer trocas de salas. Trabalho com os meios que tenho.
Janeiro 24, 2010 at 4:00 pm
escolaridade obrigatória…
ainda ninguém explicou como é que se obriga alguém a algo que não quer. Os cursos profissionais acabam por ser uma saída para estes alunos… e é pena, porque inevitavelmente estes Cursos acabam por estar condenados ao fracasso (na generalidade dos casos, e salvo raríssimos casos)
andar a “exercitar” competências sem conteúdos é o mesmo que… (a vossa imaginação completa).
como o sistema não apresenta outras saídas/ soluções já temos, e continuaremos a ter mas mais velhos ainda, delinquentes na Escola. Soluções? Gabinetes de acompanhamento especializado… psicólogos…
os alunos não são iguais (objectivos, desempenhos, níveis cognitivos…)como tal, cursos, turmas, têm que ser pensados numa “lógica” a que alguma democracia chama de “reaccionária”.
Pensar nos Ciclos, e nas disciplinas, e nos currículos, e na relação entre currículos (disciplinas andar a dar temas comuns no mesmo ano e, ups, não sabem uns dos outros), implica saber para onde se quer ir e com aue se pretnde de alunos… diferentes.
Chegar todos ao mesmo sítio? não me parece (se o ponto de partida e todo o percurso é diferenciado), sob pena de não chegar a lado algum… é melhor chegar a “locais” diferentes.
Janeiro 24, 2010 at 4:00 pm
Vou deixar aqui um comentário que fiz no outro post.
O que queremos para os nossos alunos e futuros cidadãos activos neste mundo?
Qualquer sistema de ensino tem de pensar, antes de tudo o mais, qual é a concepção de Homem que tem em mente.
Uma educação humanista e inovadora, que favoreça o gosto pelo saber e pela cultura, que não tenha vergonha de defender e incentivar os grandes valores da tradição humanista – a arte, a literatura,a história e a filosofia não pode ser apenas “parentes pobres” vagamente tolerados…
E, sobretudo, que ensine a pensar,que alargue os horizontes de cada aluno,abra novas perspectivas, que mude as suas referências culturais, a sua visão de mundo, que facilite o rever de condicionamentos fortes que recebemos desde pequenos: familiares, religiosos, sociais…, não para negá-los necessariamente, mas para analisá-los sob outras ópticas e reafirmá-los se ainda nos ajudam a crescer, ou poder modificá-los se não afirmam possibilidades de uma vida mais rica.
Uma educação humanista inovadora, onde todos possam acreditar em mudanças profundas, em oportunidades reais de melhorar em todos os campos.
Janeiro 24, 2010 at 4:02 pm
#6 erros a mais … paciência…
Janeiro 24, 2010 at 4:09 pm
#7:
Plenamente de acordo!
Precisamente por isso nunca me convenceram aquelas tretas da relação escola-meio e muito menos dos “saberes do aluno”.
A escola existe para abrir horizontes aos alunos, não para os confinar àquilo que eles já conhecem ou encontram facilmente à sua volta.
Janeiro 24, 2010 at 4:31 pm
“Sobre a reforma curricular, antes da definição de cargas horárias ou mesmo dos conteúdos programáticos (e tenham em atenção que não é compreensível definir-se um programa sem se saber quantas horas existirão para ele ser leccionado…) há que tomar uma opção de fundo relativa à filosofia da reforma que se pretende.”
Nem mais.
Janeiro 24, 2010 at 4:32 pm
#9 “A escola existe para abrir horizontes aos alunos, não para os confinar àquilo que eles já conhecem ou encontram facilmente à sua volta.”
Plenamente de acordo.
Janeiro 24, 2010 at 4:37 pm
Parece-me uma visão redutora e caricatural do que são as TIC. As TIC são um meio excelente porque adequado à vida diária dos alunos de os cativar e ensinar. Não são a varinha mágica mas uma boa alavanca. Reduzir as TIC ao Word, Excel e Google é escamotear muita coisa.
É feio.
Janeiro 24, 2010 at 4:50 pm
Retirado do blogue “As minhas leituras”:
“Causa terror a ideia que a autoridade educativa, em Portugal como noutros países, está nas mãos de pessoas sem vestígios de cultura humanística mas com as cabeças formatadas, umas por um delírio gestionário, outras por um delírio pedagógico.
Causa terror a ideia que estes delírios podem, em vez de se cancelarem reciprocamente, estabelecer uma sinergia infernal, uma follie à deux em que a loucura de um aumenta e reforça a do outro. Causa terror que seja esta gente a determinar o que é uma escola e para que serve, e a decidir o que é um bom professor e por que critérios deve ser avaliado.”
Janeiro 24, 2010 at 4:57 pm
Paulo:
Seria interessante saber se os professores concordam com alguma das seguintes visões:
a) 1ºCiclo + 2ºCiclo em regime de equipas educativas, com um professor principal a fazer a ligação entre as várias áreas;
b) 2ºCiclo + 3ºCiclo, numa lógica de programas disciplinares sequenciais e transportando a lógica das áreas disciplinares.
Um grande abraço
Janeiro 24, 2010 at 5:18 pm
Haja bom-senso e aposte-se na reforma mais conservadora.
Janeiro 24, 2010 at 5:32 pm
#12,
Acaso não tenha reparado, achamos sempre caricatural aquilo que nos toca mais fundo.
Como aquela de reduzir a história a uma aula semanal e dizer que não interessa falar do que já passou.
Quanto às TIC, atendendo a que eu também dou aulas de Int à Informática ao 5º ano, estou a caricaturar-me também.
Se é feio?
Talvez.
Janeiro 24, 2010 at 5:42 pm
#12,
“As TIC são um meio excelente porque adequado à vida diária dos alunos de os cativar e ensinar.”
Não vejo nada disso, mas tá bem, pronto.
Janeiro 24, 2010 at 5:42 pm
Olinda,
Concordo com o teu comentário (já o li no outro post)… Aquela nossa foto tricolor estava o máximo!
Aos Outros,
Eu penso que se devia agragar o 2º e o 3º ciclo… (4+5+3).
Relativamente às TIC, os meus alunos, alguns de 10ºano profissional técnico de multimédia, sabem menos do que eu sobre as novas tecnologias!
Apesar do que o PM “apregoa”, a maioria não tem computadores em casa e os da escola ou não existem ou não trabalham de tão “velhos” que são!
Paulo,
Gostei do “palavrão” e amanhã vou introduzi-lo num dos meus sumários.
Janeiro 24, 2010 at 5:44 pm
Os alunos devem utilizar as TIC nas diversas disciplinas; assim como a educação cívica deve ser transdisciplinar). A História deve, de facto, ter mais horas por semana.
Janeiro 24, 2010 at 5:45 pm
Olinda, #7, concordo com todo o teu comentário e é por ele ser verdadeiro que o governo irá por um caminho diferente. Não interessa a um governo do tipo do português formar gente que saiba pensar. Isso seria um perigo para o grupo social dominante. Já o Cavaco Silva 1º ministro sabia isso e como tal iniciou toda uma reforma do sistema educativo que nos trouxe até aqui.
Janeiro 24, 2010 at 5:59 pm
Eu sei que o que escreveu é um breve prolegómeno, mas mesmo assim julgo que a sua dicotomia soa um pouco a caricatura. E como as todas as caricaturas são simplistas. Mesmo assim, optaria pela reforma conservadora (péssima designação porque não quer conservar nada ou quase nada do que existe).
De qualquer das formas, falar de uma reforma curricular do 3º ciclo, porque é disso que julgo que se está a tratar, implica falar da estrutura dos ciclos anteriores. O Paulo abordou isso ao de leve, como não poderia deixar de ser num prolegómeno, mas, pela minha parte não tenho certezas sobre a estruturação dos ciclos de escolaridade, como, de resto, parece também não ter (verifico somente uma defesa intransigente na contestação à possibilidade de integração do actual 2º ciclo num ciclo generalista de 6 anos, na sequência de posições anteriores que tem vindo a defender).
Sublinho algo que julgo importante acontecer no 1º ciclo, qualquer que ele seja: o fim do regime da monodocência. Entregar os alunos à sorte de um único professor, que não pode nem consegue dominar todos os saberes das diferentes áreas que são objecto do programa do actual 1º ciclo, por muito excelente que seja, é algo que considero totalmente inaceitável. A pluridocência deve existir desde o 1º ciclo, como de resto, desde a introdução das AEC’s tem vindo a suceder. Em graus variáveis, naturalmente.
Janeiro 24, 2010 at 6:02 pm
Também concordo com a agregação do 2º com o 3º ciclos (4+5+3). As TIC, no ensino básico, deveriam ser uma ferramenta, tal como o lápis e a máquina de calcular e como tal, depois de dois anos de TIC um no 5º ano, e outro no 7º ou 8º anos, deveria deixar de existir como disciplina autónoma.
A História não pode ser minimizada no currículo do ensino básico. Precisamos de ter memórias e de entender as memórias que temos. A História ensina a pensar, ajuda-nos a compreender quem somos e porque o somos, de onde vimos para onde nos estão a empurrar. É evidente que pode ser uma disciplina perigosa tal como a filosofia 🙂
Sou adepta de algumas disciplinas não existirem em todos os anos do 3º ciclo, à semelhança do que acontecia antes da última reformulação do currículo. Penso que seria mais eficaz aumentar a carga horária por ano e leccioná-la apenas em dois anos. Seria vantajoso para alunos e para professores. A dispersão a que estão sujeitos os alunos do 3º ciclo é uma barbaridade e o nº de turmas que os professores têm de ter é uma loucura.
Declaração de interesses : sou de matemática/Ciências da natureza – 2º ciclo.
Janeiro 24, 2010 at 6:14 pm
Duas notas minimalistas:
1) Claro que optaria pela segunda hipótese básica, havendo plausivelmente versões aperfeiçoáveis da mesma, dado que ainda sou dos que pretendo que os meus filhos e os meus alunos alguma coisa aprendam.
2) A opcção 4+5+3 parece-me, mas posso estar errado, a mais ajustada, escusando-me, por questões de tempo, de argumentar a seu favor, apesar disso estar longe do que seria desejável…
Abraço
Janeiro 24, 2010 at 6:23 pm
#4
Leia: http://cahiers-pedagogiques.com/spip.php?article6602
Janeiro 24, 2010 at 6:47 pm
“É o tipo de reforma que, o presente e o futuro próximo exigem polivalência do trabalhador raso, mas uma cada vez maior especialização do trabalhao qualificado.”
“e um terceiro (o actual secundário) de especialização em áreas de encaminhamento pré-universitário”
Como se compatibiliza isto? Não deveríamos ter essa polivalência contemplada até pelo menos ao fim do 1º ciclo de Bolonha? Que futuro tem a especialização no secundário?
Janeiro 24, 2010 at 8:10 pm
Gostei muito deste post.
É importante que se perceba que são exactamente estas 2 perspectivas que estão em jogo.
E, infelizmente, todos sabemos qual ganhará, se não fizermos do ensino de qualidade o nosso cavalo de batalha.
Esta ministra, mais inteligente que a outra, introduziu umas nuances: qdo ela diz que é preciso estabelecer metas anuais, parece entrar em contradição com a ideologia dominante das competências ( coisa vaga, impossível de validar num ano) e com aquelas lógicas de ciclo: um aluno tem 2 anos para aprender a ler ( coisa perigosíssima, na minha opinião).
Como a Olinda, defendo que só uma cultura humanista os ensina a pensar e lhes abre horizontes de futuro.
As disciplinas práticas, são, o entanto, essenciais para alguns, por constituirem uma ferramenta virada para o mercado de trabalho para aqueles que não querem prosseguir estudos superiores.
Defendo uma bifurcação do sistema de ensino, como única forma de a escola ser, de facto, para todos.
De resto, concordo absolutamente com a proposta do Paulo.
Janeiro 24, 2010 at 8:13 pm
Desde que por cultura humanista se entenda o que os humanistas pretendem: Ginástica, Artes, Letras e Ciências até ao fim do curso.
Janeiro 24, 2010 at 8:14 pm
Reb disse:
E a fronteira dessa bifurcação seria colocada onde?
Janeiro 24, 2010 at 8:15 pm
Concordo com a fórmula 4+5+3, ou então, 5+5+2.
Sou mais adepto da visão conservadora.
A partir do (ainda) 3.º ciclo, o currículo devia dividir-se em dois: um mais académico e outro mais profissionalizante, mas igualmente adepto do rigor e exigência.
Janeiro 24, 2010 at 8:19 pm
A bifurcação deve ser decidida pelos tutores. A readmissão à via inicial continua a ser possível.
Janeiro 24, 2010 at 8:42 pm
Escola ensina a ser-se drag queen
Vai abrir em Março na cidade de Campinas, em São Paulo, uma escola com cursos gratuitos de dança, canto, tv web e publicações ilustradas com o objectivo de promover a cultura homossexual, estando prevista a introdução de uma disciplina que ensine os alunos a tornarem-se drag queens.
Esta é uma iniciativa conjunta do ministério da Cultura e do estado de S. Paulo que disponibilizaram cerca de 70 mil euros para os próximos três anos para que a ONG E-Jovem pudesse abrir a escola já em Março.
De acordo com o site ‘O Globo’, um dos mentores do projecto e também professor universitário, Deco Ribeiro, defende que “há muito preconceito, e uma forma de combater isso é valorizando a cultura LGBT” (Lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e transgéneros).
A escola vai contar com professores voluntários que vão leccionar as diferentes disciplinas sem receber qualquer remuneração.
Miriam Abramovay da Ritla (Rede de Informação Tecnológica Latinoamericana) apoia a iniciativa e sublinha a importância deste “centro de convivência, formação e diálogo” na vida das pessoas que são constantemente discriminadas.
A disciplina de drag queen fará parte do currículo disciplinar apenas no próximo ano lectivo e vai ser leccionada pela drag Loren Beautym companheiro de Deco Ribeiro.
Janeiro 24, 2010 at 8:46 pm
#28, embora a maioria dos meus colegas ache que , a existir, só a partir do 3ºciclo, eu considero que deveria ser a partir do 2º.
Aliás, por alguma razão foi necessário implementar “percursos curriculares alternativos” neste ciclo.
A minha experiência como professora de 2º ciclo, vários anos, em escolas problemáticas, fez-me concluir que, para muitos desses alunos, o currículo de 2º ciclo (extenso e maioritariamente teórico) é inacessível.
É de acrescentar que alguns alunos lá chegam com 13/14 e 15 anos!!! ( a média de idade é 10 anos).
Nas escola onde estou actualmente, reparo que o mesmo currículo é demasiado fácil para a maioria. O que os cansa são as aulas de 90 minutos.
Alguma coisa está errada qdo há um único currículo nacional que, para uns é demasiado fácil ( e atingem a nota máxima num instante: 5) e , para outros, é demasiado difícil e muitos acabam por abandonar a escola…
Janeiro 24, 2010 at 8:54 pm
Concordo contigo Reb!
Janeiro 24, 2010 at 9:32 pm
Só gente com muita fé pode acreditar que em Portugal se vai abandonar a via “modernaça”.
Janeiro 24, 2010 at 9:56 pm
A via modernaça é apenas fruto de um mal-entendido. É o que dá quando se apresentam ideias demasiado avançadas a labregos. A autêntica via modernaça, destinada a formar mentes relacionais capazes de lidar com todo o tipo de problemas e representá-los em difrentes sistemas de representação, funciona nos colégios onde se educam as elites mundiais. Para os outros palha.
Janeiro 24, 2010 at 10:00 pm
Sistemas de representação?
base 10 – 12
base 2 – 1100
base 6 – 20
base 3 – 110
base 16 – C
Serve?
Janeiro 24, 2010 at 10:11 pm
#35
Na mouche!
Janeiro 24, 2010 at 10:19 pm
Embora politicamente incorrecto também concordo com uma bifurcação do currículo e logo a partir do 2º ciclo. A “inclusão” que se quer fazer passar não é mais do que uma exclusão escolar e num futuro próximo, social.Justiça e integração não é dar igual a quem é diferente. Eu sei de casos de “INCLUSÂO!?” que até dão voltas ao estômago, e é claro que todos os professores conhecem.
Janeiro 24, 2010 at 10:25 pm
Se há necessidade de fazer adaptações curriculares para tantos alunos( e para muitos outros que por não serem abrangidos pela legislação em vigor passaram a não ter dificuldades) faça-se um currículo alternativo que contemple essas adaptações.
Não criem turmas de curriculos alternativos para lá juntarem tudo quanto é vândalo com alunos com dificuldades de aprendizagem.
Janeiro 24, 2010 at 10:37 pm
Fazem isso na Alemanha e na França julgo eu…os dotados de sinapses para a via universitária…a escumalha via profissionalizante…curioso ..não era assim que o Huxley descreveu a sociedade no Admirável Mundo Novo…desde bebés uns eram levados a odiar livros através de choques eléctricos sucessivos..assim logo que viam um livro afastavam-se…eram felizes na profissão apara que eram logo direccionados…
È o que eu digo ..o homem estva muito à frente..mesmo muito…
Janeiro 24, 2010 at 10:45 pm
Quanto às TIC, eu também acho que devia ser uma ferramenta. Fiquem-se pela 2.ª opção do post. Desde que depois me façam um contrato de técnico informático vinculado ao Estado e não me obriguem a ir dar formação aos profs que continuam sem saber enviar um ficheiro para a plataforma Moodle. Ficaria encantado da vida!
Janeiro 24, 2010 at 10:48 pm
#40, Buli, a alternativa qual é?
Janeiro 24, 2010 at 10:55 pm
A alternativa só não é nenhuma porque a sociedade tem um problema para resolver e anda às voltas como as galinhas. Quando decidir resolver o problema talvez haja alternativa. Mas sem uma mudança conceptual, que não somos de momento capazes de abarcar, não se vai a lado nenhum. Azar.
Janeiro 24, 2010 at 11:01 pm
Eu sei Reb..eu sei..mas custa..no fundo implicitamente estamos-subliminarmente-. a defender uma espécie de castas à indiana..o futuro dirá se agimos BEM…posso ate compreender mas lá no fundo sinto algo que me diz que o mal não está neles mas nesta sociedade do fast and furious…falta de tempo..falta de laços familiares..falta de formação dos pais…falta de politicas sérias…por vezes acho que já passamos o ponto de não retorno…ou seja o pico…agora é só a descer…declínio civilizacional…mas isto sou eu que sou um pess9imista optimista…para acabar à brincalhão e não dar a isto o ar sério e sisudo…Inté…mas que o Huxley via longe é inegável…
Janeiro 24, 2010 at 11:07 pm
#44, Buli, compreendo-te, mas acho que o mal tb está em vivermos numa sociedade que acha que só os doutores são pessoas respeitáveis.
Por que não podem os alunos escolher uma via profissionalizante que os conduza a outras profissões. Que mal há nisso???
Janeiro 24, 2010 at 11:25 pm
reb disse:
“Por que não podem os alunos escolher uma via profissionalizante que os conduza a outras profissões. Que mal há nisso???”
Não há mal nenhum. Mas diga-me sinceramente: gostava que os seus filhos (se os tiver) frequentassem tais cursos? Não responda já…é lixado, não é?
Esse discurso é muito bonito desde que os alunos que frequentem tais cursos sejam os filhos dos outros. Porque seja aqui, seja na Alemanha ou Áustria, no qual, tanto quanto sei, o sistema distribui os alunos por diferentes vias educacionais ao fim do primeiro ciclo de escolaridade em função dos seus resultados académicos, as vias profissionalizantes são esmagadoramente destinadas aos estratos sociais mais baixos. Curiosa esta distribuição de inteligência e das capacidades. Os pobres são sempre lixados…
Janeiro 24, 2010 at 11:28 pm
É um desporto nacional: tentar resolver os problemas da sociedade através de reformas no ensino. Nada a fazer. O vício é forte.
Janeiro 24, 2010 at 11:54 pm
#46, sim, tenho por hábito colocar-me nos lugares dos outros. Tenho 2 filhas que estão na universidade, mas se tivesse notado que não era essa a sua vocação, teria visto outras possibilidades.
Tenho uma irmã que tirou um curso profissional pq não queria estudar tantos anos.
A divisão não deveria ser social,e se os cursos fossem bem estruturados, acredite que teriam muita saída. Sabe das listas de espera que existem para a escolas profissionais de qualidade?
O que me leva a defender que haja, dentro do sistema de ensino, vias profissionalizantes boas, com escolas bem equipadas ( como a Casa Pia, por exemplo) é ter dado aulas a muitos alunos que, depois de lhes “darmos” o 6º ano, passaram a vadiar pelas ruas….
Que solução há para estes em particular??
Janeiro 24, 2010 at 11:57 pm
Terei de tomar conta de outro animal?
Janeiro 25, 2010 at 12:24 am
#46,
Lembrei-me que um dos filhos de Roberto Carneiro fê-lo.
Agora tem um projecto empresarial, acho eu.
Janeiro 25, 2010 at 12:30 am
rreb disse:
“Sabe das listas de espera que existem para a escolas profissionais de qualidade?”
Sei muito bem. Daí que pense que o sistema deveria ter evoluído no sentido de ter aumentado a oferta destes cursos que, como deve saber, foi cerceada pelo poder político durante a década de 90 (Marçal Grilo em diante).
Mas também deve saber que o êxito das escolas profissionais passou, em grande medida, pelo abandono de um sistema centralista de criação destes cursos. Estes resultaram, em 1989, do envolvimento de promotores locais (autarquias, associações profissionais, empresariais, etc.) que responderam aos desafios do poder central, numa lógica descentralizadora que implicou, entre outras coisas, autonomia na contratação de professores, algo que os sindicatos consideram um anátema.
Não leia nos meus comentários nenhuma atitude de menorização da formação profissional ao nível secundário e mesmo superior. Um dos meus avôs foi durante muitos anos professor numa escola industrial. Tenho familiares formados neste tipo de cursos e que, por essa via, conseguiram situações profissionais das quais podem sentir-se orgulhosos. Trabalhei com muitos alunos de formações profissionalizantes no ensino secundário.
O que me deixa um pouco com “pele de galinha” é o discurso um pouco determinista do género “é mau aluno; logo espeta-se o menino(a) num curso profissional”. Depois, na sequência deste, a um nível mais político, que tem sido aqui muito debatido, é a completa “rebaldaria” que reina na generalidade das escolas do ensino regular no que respeita a estes cursos. Assim não vamos longe.
Janeiro 25, 2010 at 12:35 am
#49
Sim. Cuidado, que este é parvo. Não é do cio, é só rato.
Janeiro 25, 2010 at 12:38 am
Kafka, também andaste no Maio de 68?
Tens pinta disso, note-se que à época, o conceito de “cultura” incluía basicamente as drogas e o sexo.
Estes jovens criticavam o capitalismo selvagem e a sociedade de consumo e passados 40 anos, vê-se que a sua luta valeu bem a pena: hoje em dia o capitalismo já não é selvagem porque está já domesticado pelos grandes grupos económicos.
Janeiro 25, 2010 at 11:22 pm
#32
Não concordo, o que os cansa são as aulas de substituição.
Eu dou Educação Artística, e os 90 minutos passam a correr, quase nem dão para arrumar os pincéis…
Janeiro 25, 2010 at 11:35 pm
Opus zero:
Assim de repente, o tal coiso de “prolegómeno” não se usa só no plural?