Anúncios geram polémica entre PSD e ministra
Anúncios ou notícias? O PSD acusou ontem o Ministério da Educação de fazer “publicidade enganosa” ao fazer publicar pelo menos 35 artigos na primeira página do caderno de anúncios do Jornal de Notícias (JN) sem qualquer indicação de que se tratava de publicidade paga nem referência à fonte da informação.
“Um escândalo”, acusou o deputado Agostinho Branquinho, ao confrontar a ministra Maria de Lurdes Rodrigues com a situação durante uma audição na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, onde avaliou em 35 mil euros o custo destas publicações.
A questão já tinha motivado uma pergunta ao Governo pela bancada social-democrata, onde se alertava o ministério para o risco de confusão perante o leitor.
“A dúvida que se coloca perante o leitor é se os textos em questão, tantas vezes redigidas em tom apologético, acompanhadas de fotografias seleccionadas de forma a enaltecer as realizações do Governo, são textos informativos redigidos segundo critérios jornalísticos ou se são uma manifestação propagandística com recurso a recursos públicos”.
Na resposta, a chefe de gabinete da ministra classificava aqueles artigos como “imprensa/publicidade”, afirmava terem sido escritos pelo Gabinete de Comunicação do Ministério da Educação e indicava como custo unitário 728 euros, acrescidos de IVA.
“Não há qualquer publicidade enganosa”, refutou ontem a governante no Parlamento, para quem a publicação desses artigos no suplemento de anúncios é suficiente para afastar qualquer dúvida sobre o tipo de artigo em causa.
“Estamos a exercer o nosso dever de comunicar e informar e desafio os senhores deputados a provar que se trata de notícias falsas ou de promoção pessoal de qualquer membro da equipa ministerial”, argumentou Maria de Lurdes Rodrigues.
Horas depois, o ME fez chegar ao PÚBLICO a primeira página do jornal Notícias da Educação de Dezembro de 1993, da propriedade do Ministério da Educação da época (Governo Cavaco Silva), onde se noticia em manchete que “A nova equipa do ME já está a trabalhar”, acompanhada de uma grande fotografia da então ministra Manuela Ferreira Leite.
A talhe de foice, o assessor ministerial sublinha que Agostinho Branquinho integrava o conselho editorial desse órgão de propaganda. (Leonete Botelho, Público, sem link permanente)
Pelo Norte, o JN passou a ser conhecido como a «folha governamental». Por alguma razão será. Já agora, seria interessante que se pudesse falar à vontade sobre as transferências para certas prateleiras de quem, em alguns órgãos de comunicação social escrita, se porta mal. Ou do que é preciso fazer para (sobre)viver às recomendações que surgem na secretária.
Porque o ridículo disto tudo é que nos tempos que correm são muitos os jornalistas a falar em off para fora, ao contrário do habitual.
E com ou sem regulação pela ERC, aqui pelos blogues respeita-se a privacidade e muito do que se sabe não se pode divulgar para evitar males maiores.
Note-se ainda a estratégia de contra-ataque do ME: antes de mais, procura justificar os seus pecadilhos com pecadilhos anteriores, dos seus actuais adversários. Em seguida, e não sei se de forma inconsciente, dá a entender que se em 2008 há quem ceda ao ME, já em 1993 o fazia, embora para outra cor.
Triste. Mas um retrato fiel da realidade.
Outubro 2, 2008 at 12:05 pm
Isto já parece uma antiga revista de propaganda que existiu em Portugal nos anos de 1974,75 chamada “Vida Soviética”. O procedimento era o mesmo! Quais as diferenças?
Outubro 2, 2008 at 12:11 pm
Quando a ministra afirma que “não há qualquer publicidade enganosa” é muito possível que esteja a falar verdade, considerando o seu ponto de vista e o do governo.Há muito que a informação proveniente do ME se confunde com a propaganda. O chefe de gabinete da ministra classifica, com toda a naturalidade, os artigos em questão como “imprensa/publicidade”. Mais grave é que a ERC também ache tudo isto natural, pois nos casos precedentes (publicação de encartes e de anúncios pagos para propaganda de iniciativas)ficou em silêncio, como agora está.
Outubro 2, 2008 at 12:16 pm
Para o “Anti-Rousseau”:
Importa-se de explicar melhor qual a relação da “Vida Soviética” com a propaganda do ME?
Será que os ocupantes do ME são comunistas “travestidos”?
Ou será que as prédicas do h5n1 já estão a fazer prosélitos?
Outubro 2, 2008 at 12:18 pm
ESTÁ AQUI O PORTUGAL REAL E A ESCOLA REAL SENHORA MINISTRA:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=111469
Façam favor de ler e concluir. O Estado não se dá ao respeito a todos os níveis mas, este governo, arma-se em moralista!
Outubro 2, 2008 at 12:21 pm
A propósito de propaganda ministerial, gostaria saber quanto custa a publicação O BOLETIM DOS PROFESSORES com uma tiragem de 153000 exemplares que o ME envia a cada professor. A qualidade do papel usado e a quantidade de fotos que acompanham os artigos leva-me a supor que a coisa não deve ficar nada barata.
Não esquecer que qualquer pessoa interessada em ler esta publicação pode encontrá-na online no sítio do ME.
Outubro 2, 2008 at 12:21 pm
Pedro Falcão, para os devidos efeitos em causa, o exemplo da “Vida Soviética” não tem nada que ver com comunistas. É apanas o exemplo do procedimento propagadistico. Vivemos e conhecemos as realidades mas o governo, tal como a antiga propaganda soviética, altera essas realidades em visões idílicas e com artigos pagos!
Outubro 2, 2008 at 12:22 pm
O PAÍS REAL E A ESCOLA REAL:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=111469
Outubro 2, 2008 at 12:27 pm
Ó Anti-Rousseau aquela será a escola do Fafe?
Outubro 2, 2008 at 2:14 pm
Estes anúncios terão sido o preço a pagar para o JN ter eliminado uma página dedicada à educação há poucos dias, conforme o Paulo Guinote chamou a atenção?…
Outubro 2, 2008 at 2:44 pm
Será que o orçamento de estado tem alguma rubrica intitulada Propaganda e Publicidade?
As campanhas eleitorais não são da responsabilidade dos partidos políticos?
O governo gasta assim o dinheiro público como se de uma empresa se tratasse e precisasse de fazer publicidade?
Que tipo de lavagem cerebral é esta?
Só falta mesmo a publicidade do ME misturada com a publicidade comercial nos canais de TV.
Lamentável.
Outubro 2, 2008 at 3:45 pm
2007-03-18
Entrevista: Marques Mendes
Jornalista : Jorge Paula
“(…)– Três meses depois já perceberam que não era um ponto de vista partidário, mas sim a constatação de uma realidade.
– Está a referir-se ao recente anúncio de concentração de poderes policiais?
– É o último exemplo e dos mais perigosos, mas não é o único.
– Quais são os outros? A Comunicação Social?
– Há uma preocupação enorme de controlo na Comunicação Social, nos centros de decisão económica, na Justiça, na investigação criminal e mais recentemente nas polícias. Já não é uma questão partidária. Tem a ver com a qualidade da nossa democracia. Isto não é autoridade. É abuso de poder. É confundir maioria absoluta com poder absoluto.
– A Comunicação Social está a ser objecto de diversas medidas polémicas. O que é que vai fazer?
– Neste domínio da Comunicação Social há uma preocupação crescente de controlo, um controlo cada vez mais apertado. Nesta matéria todos os partidos têm pecados. Mas os Governos anteriores, de todos os partidos, em comparação com este, são uns meninos de coro.
– Também teve a tutela da Comunicação Social.
– Todos os Governos têm essa tentação. Estou a reconhecer isso. Agora, repito, em comparação com o que se está a passar, são todos meninos de coro.
– E Sócrates não é um menino de coro.
– Não. Acho que não é tanto um projecto partidário. É muito pessoal. É o poder em sectores nucleares na mão de uma pessoa só. E em democracia isto não pode acontecer. A democracia é o regime do equilíbrio de poderes.
– O que é que o PSD pode fazer para contrariar esse projecto pessoal?
– É o que temos feito. Denunciar a situação.
– Mas se a situação é tão grave não pensa alertar o Presidente da República?
– Cada coisa a seu tempo.
– Está a renascer o Estado policial? É perigoso para a democracia?
– É perigoso e afecta a qualidade da democracia. Eu alertei em Dezembro para esta situação e agora vastos sectores, que não têm nada a ver com o PSD, dão-me razão. Está em curso este projecto de poder pessoal. A denúncia que fizemos está a seguir o seu curso e acho que a força da opinião pública é o instrumento essencial para que o Governo recue em intenções que não são boas para a democracia.
(…)”
Outubro 2, 2008 at 5:54 pm
«Será que os ocupantes do ME são comunistas “travestidos”?»
Claro, aliás não há uma única pedra que não tenha atrás (ou à frente) um comunista. É uma raça que se multiplica por geração espontânea.
Continue-se distraidamente a mandar setas ao alvo errado e veremos que um dia destes ainda vamos ver reactivados Caxias e Tarrafal…
Outubro 2, 2008 at 6:05 pm
Mas se a situação é tão grave não pensa alertar o Presidente da República?
– Cada coisa a seu tempo.
– Está a renascer o Estado policial? É perigoso para a democracia?
– É perigoso e afecta a qualidade da democracia.
(da entrevista a Marques Mendes)
A pergunta “é perigoso para a democracia” era por demais escusada e afigura-se-me idiota.
As respostas também denotam uma espécie de apatia, característica fundamental dos dirigentes do PSD.
A situação é grave? Sim, mas cada coisa a seu tempo.
Pensa fazer alguma coisa? Claro, conto com a preciosa ajuda da opinião pública.
Que Deus tenha pena destes gajos…
Outubro 2, 2008 at 6:32 pm
#7
É.
Já aqui tinha feito referência a isto na semana passada.
Outubro 2, 2008 at 6:50 pm
Na National Goegraphic deste mês, pág. 50 e 51, a propósito da narrativa épica dos persas,”Shahnameh” (Livro dos Reis):
“Os relatos falam de disputas entre reis e paladinos heróis, nas quais os últimos são quase sempre representados como eticamente superiores aos reis que servem, enfrentando o dilema da sujeição dos homens bons a governantes malévolos ou imcompetentes. Por toda a obra perpassa a ideia de que as pessoas eticamente mais competentes para governar são precisamente as que maior relutância mostram em fazê-lo, preferindo em vez disso dedicar-se às preocupações essenciais da humanidade: a natureza da sabedoria, o destino da alma humana e a incompreensibilidade dos desígnios de Deus”
Podemos assim ver que não há nada de novo à face da terra. To be or not to be…that´s a very old question indeed.
Outubro 2, 2008 at 8:34 pm
São casos «pontuais»! E a senhora nada tem a ver com o assunto. É um caso social, da “polícia”! …
Porto: pais agridem professora
Associação de Pais da escola exige agora mais vigilância no Bairro do Cerco
Uma professora da Escola do 1º Ciclo do Cerco do Porto foi ameaçada e agredida à estalada pelos pais de um aluno, no dia 21 de Setembro, revelou o presidente da Associação de Pais do estabelecimento, informa a Lusa. Uma semana antes, uma professora e um segurança tinham sido agredidos por alunos da Escola Secundária do Cerco.
«A professora mandou o aluno fazer qualquer coisa, ele negou-se a cumprir a determinação, pelo que ficou de castigo na cantina, enquanto os colegas foram para o recreio», contou José Santos.
Alguém telefonou aos pais contando o sucedido, que de imediato se deslocaram à escola, «ameaçando e insultando professores e funcionários que os tentavam acalmar e esclarecer». «Não dando ouvidos a ninguém, fizeram cumprir a sua vontade agredindo uma professora», referiu um encarregado de educação, que não pode ser identificado.
«Desde que passaram à agressão, os pais do menor perderam toda a razão», comentou José Santos, explicando que a professora, «que nunca tinha tido problemas na escola», está agora de baixa.
http://www.diario.iol.pt/sociedade/cerco-do-porto-cerco-bairro-escola-agressao-professores/997643-4071.html
Outubro 2, 2008 at 8:44 pm
No canto superior esquerdo da notícia encontra-se a frase
“O Bairro do Cerco é um dos bairros mais degradados do Porto (foto JOAO ABREU MIRANDA / LUSA)”
Comentário meu: Mas os professores trabalham em nos bairros mais degradados do país!? A ME não sabe!? As pessoas não sabem?
Esta professora terá que sair daquela escola porque a sua vida corre perigo. Nem um batalhão da polícia especial a “salva” e psicologicamente pode ficar muito muito afectada.
A quem pedir responsabilidades … !?
http://www.diario.iol.pt/sociedade/cerco-do-porto-cerco-bairro-escola-agressao-professores/997643-4071.html
Outubro 2, 2008 at 8:45 pm
corrijo:
Mas os professores trabalham em nos bairros mais degradados do país.
… em especial os professores a leccionar no 1º ciclo.
Outubro 3, 2008 at 12:04 am
http://www.profblog.org/2008/10/carta-de-me-ministra-desmonta-o.html
Outubro 3, 2008 at 3:05 pm
25sempre25 (comentário 11)
Leia o meu esclarecimento no comentário 5!!!
Já é tempo de nos deixarmos de “complexos”!