Já agora dêem lá mais dois euros e comprem o Sol, ou então fiquem-se com os recortes que eu for fazendo e deixando no arquivo. Neste caso uma excelente crónica de Mário Ramires, que pode ser consultada integralmente aqui, mas da qual é impossível não extrair estes pedaços:
«Provavelmente nenhum aluno chumbou por faltas no último ano» disse a ministra em entrevista ao DN. Provavelmente? Como provavelmente? Então o Ministério da Educação, que divulga números exactos e se vangloria com eles, não sabe quantos alunos chumbaram por faltas no último ano?
(…)
Maria de Lurdes Rodrigues diz as coisas com ar tão determinado que não pode viver no mesmo mundo do procurador-geral da República e dos milhares de professores que diariamente lidam com sérios problemas sociais e educacionais nas escolas de todo o país. “Provavelmente”, Maria de Lurdes Rodrigues não vive neste mundo.
A isto acrescentaria três detalhes:
- Obviamente que o ME sabe tudo e mais alguma coisa que se possa transformar em informação estatística ou outra, pois tudo está a ser minuciosamente monitorizado, desde informações sobre as famílias dos alunos a todos os detalhes sobre pessoal docente e não docente. São tabelas e tabelas do mais detalhado possível. Aquilo que os CE’s são obrigados a enviar para o Big Brother ministerial chega a ser assustador. Neste momento, quem por lá estiver, tem certamente acesso a todo o meu historial como professor (ou mais), horários, assiduidade, atestados passados e quase que futuros. Por isso, tenho muito cuidadinho em aqui nunca fugir aos factos.
- Obviamente que chumbaram alunos por faltas e é falso que o Estatuto do Aluno em vigor seja demasiado permissivo em matéria de justificação de faltas. Pelo contrário, as propostas actuais é que irão permitir que em Cebolais de Baixo “acordar tarde” seja justificável, enquanto na Tremoceira de Cima o não é. Ou mesmo em escolas quase contíguas. Tudo em nome da autonomia, claro. Que não passa por aí, mas por outras coisas. Antes, e por mim falo, justificação mesmo, só com documento credível, porque assinaturas dos EE’s em recadinhos, há muito que são falsificáveis.
- Obviamente que MLR vive neste mundo. Porque se não vivesse, não aracríamos com as consequências dos seus actos; ou de quem age com em seu nome.
Novembro 3, 2007 at 3:19 pm
A diferença entre o «provavelmente» (MLR não vive neste mundo) e o «obviamente» tem a ver com o facto de o ser-se ou não professor ou qualquer outro funcionário da escola. O nosso quotidiano profissional encontra-se tão camuflado junto da opinião pública que mesmo quando algumas medidas são contestadas na comunicação social, como se tem visto nos tempos mais recentes, apercebemo-nos com maior acuidade deste distanciamento que em nada reverte em favor da escola enquanto espaço físico e humano.
Novembro 3, 2007 at 5:00 pm
Pois é Maria tem toda a razão. O provavel- mente da ministra resulta, de certa maneira, da escola depósito em cujas portas ou portões vemos diariamente os pópós de portas abertas para os meninos(as) sairem ou entrarem, conforme seja de manhã ou à tardinha… e para além dessas portas ou portões há os(as) profes e funcionários(as) que tratam deles e delas, podendo nós ficar descansadinhos. Só nos interessa saber o que para lá dos portões se passa quando os resultados que os rebentos precisam não são os esperados ou os que são precisos. Talvez aqui resida o distanciamento que fala e o mundo diferente em que a ministra vive pois ela, ministra e ministério, faz o mesmo.
Novembro 3, 2007 at 5:08 pm
Paulo, bem sei que sou radical (nesta causa e algumas outras e não em tudo LOL), isto para dizer que tb acho que ‘ela’ não vive neste mundo mas que, o assombra. Preferiria que descesse cá a abaixo ou que subisse (não sei onde vivem os espectros) para ser tratada como e por humanos.
beijo e bom fim-de-semana