Num país de pequena dimensão, em que o poder local está longe de se reger por regras de transparência e em que a conversa do “centralismo” é uma falácia e um paradoxo, pois fecharam-se as delegações locais e de proximidade (CAE) do Ministério da Educação, em vez de aprofundar esses mecanismos de verdadeira descentralização administrativa.
Ouvir e ler alguns autarcas sobre este tema é um mergulho imenso numa escassez gritante de ideias e num exercício injustificado de auto-elogio.
Há outros que conseguem fazer sentido, com quem é possível dialogar para além dos chavões da “proximidade” e dos “provas dadas”, mas são as excepções.
A verdade é que já existem mecanismos locais que permitiriam a articulação de uma parte das políticas educativas, mas a maior parte das autarquias usa-os de forma meramente instrumental ou ineficaz (Conselhos Municipais de Educação e Conselhos Gerais). E em vez de apoiarem as escolas, preferem retirar-lhes competências e autonomia.
It just sucks.
Expresso, 10 de Janeiro de 2015
Janeiro 10, 2015 at 1:55 pm
Como se diz em Almada, do lado certo. 😉
http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-miradouro-de-almada-16671
Janeiro 10, 2015 at 2:23 pm
Esta “municipalização” da Educação revela-se cada vez mais um projecto típico da nossa partidocracia: serve os interesses e ambições das suas clientelas e marimba-se para o interesse geral, que corresponderia à preocupação com uma efectiva melhoria da qualidade do ensino, o grande instrumento para alavancar o desenvolvimento sustentado das regiões e do país.
Janeiro 10, 2015 at 2:34 pm
Pois é, a coberto dos mandatos para fazer coiso e tal e qual…
Mandate my ass!
Janeiro 10, 2015 at 3:19 pm
Off topic:
Há mais e um século que historiadores e sociólogos não compartilham grandes afectos.
E não admira:
Depois de uma estátua, Cristiano Ronaldo é tema de curso numa universidade do Canadá
Emigrante português, professor de sociologia, criou formação de dez semanas que pretende analisar como se constrói a “lenda futebolista”.
—-
Agora só falta aquele psicólogo meloso (e detestável, por mim…) fazer um mestrado sobre o tamanho da pilinha do madeirense…
Janeiro 10, 2015 at 5:55 pm
Duas notas:
1. O PS como bengala do PSD, dando força ao actual desgoverno, coisa que não tinha necessidade de fazer nem tem explicação, a não ser a de que as lógicas de captura e partilha de poder inerentes aos partidos corruptos do centrão têm razões que o eleitorado desconhece.
2. A falácia de que transferir poderes e competências para as câmaras é “descentralizar”, quando a única coisa que vejo nisto é a possibilidade de criar mais gabinetes camarários para instalar clientelas locais ao mesmo tempo que se despede e se precariza o trabalho nas escolas e se colocam professores e técnicos educativos a percorrer as escolas do concelho, dando andamento a uma tendência já lançada com a criação dos mega-agrupamentos.
Janeiro 10, 2015 at 6:05 pm
“E em vez de apoiarem as escolas, preferem retirar-lhes competências e autonomia.”
É precisamente nos Conselhos Gerais que começa o clientelismo político-educacional: os representantes das autarquias têm quase sempre a “última palavra” quando se trata de eleger os Directores de escola e os candidatos a Directores sabem-no muito bem.
E o resultado dessa eleição é muitas vezes mais do que duvidoso, parecendo a consumação de uma troca de favores…
Janeiro 10, 2015 at 7:09 pm
Depois abrirem as janelas do inferno e por lá ter saído os conselhos gerais, agora é tempo de escancarar as portas do inferno e acabar de vez com a educação. É tempo de dar as boas vindas às negociatas e politiquices. Tudo em nome do interesse das crianças, como se viu na jogada para acabar com os vistos do TC e o ensino especial
Janeiro 10, 2015 at 9:16 pm
http://expressodaleziria.pt/mocao-foi-aprovada-por-unanimidade/
Janeiro 11, 2015 at 10:14 pm
Basta ver quantos já andam caladinhos e nada de fazer ondas! O feudalismo avança em passos rápidos .