O engraçado é por cá darem tudo por adquirido e decidido quando o país com mais falantes de Português ainda está a ver se…
Mudanças nas regras da Língua Portuguesa serão reavaliadas
(…)
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa ganhou novo prazo para a implantação definitiva: foi ampliado até 2016, para que haja mais discussão em torno do tema. Professores e estudantes do Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, que têm o português como língua oficial, têm até julho para debater mudanças e fazer sugestões. As melhores propostas serão selecionadas em setembro, no Seminário Internacional Linguístico-Ortográfico da Língua Portuguesa, que será realizado em Brasília. Após os debates, os governos dos países de Língua Portuguesa terão aproximadamente um ano para determinar o que deve ser simplificado.
O problema é que parece que mais do que a depilação actual, há quem queira mesmo uma completa brazilian wax ao nosso idioma escrito.
Março 27, 2014 at 7:23 pm
A constante tentativa de “simplificar” a língua só nos pode levar para um abandalhamento cada vez maior das formas de escrever e, paradoxalmente, para o oposto daquilo que é suposto ser o objectivo de qualquer acordo ortográfico, unificar ortografias de países que usam a mesma língua.
Porque se partimos do princípio de que a melhor escrita é a mais simples, e a mais simples é a que se aproxima mais da maneira como se fala, enquanto maiores forem as diferenças ao nível da expressão oral, maiores divergências haverá na escrita.
Não querer entender isto é não entender nada do que está verdadeiramente aqui em causa…
Março 27, 2014 at 7:37 pm
Pode ser que os PALOP salvem a Língua Portuguesa!!!
Março 27, 2014 at 7:41 pm
Pode ser que a Guiné Equatorial adira ao acordo 🙂
Março 27, 2014 at 7:43 pm
E o Brasil, claro… só esses países podem ainda ter um poder eficiente nas decisões linguísticas… porque por cá…a coisa anda na total trapalhada… Haja quem dignifique a Língua Portuguesa…
Março 27, 2014 at 7:44 pm
Março 27, 2014 at 7:46 pm
Pelos vistos a comunicação anda mal coordenada… ou será que quem manda… afinal não manda nada? lol
Passos e Poiares Maduro não sabiam do “briefing” das Finanças
Com Maria Luís Albuquerque em Washington, o encontro das Finanças com jornalistas sobre as novas regras para as pensões apanhou o Governo de surpresa. Poiares Maduro, o ministro da comunicação, não sabia de nada.
Com o primeiro-ministro em Maputo e a ministra das Finanças em Washington, Miguel Poiares Maduro, o ministro adjunto e responsável pela comunicação do Governo, não foi informado do encontro que quarta-feira decorreu nas Finanças com jornalistas de seis orgãos de comunicação social. “O Governo no seu todo foi surpreendido”, confirmou ao Expresso fonte oficial.
A informação divulgada e que preencheu parte das manchetes dos diários desta quinta-feira enfureceu o primeiro-ministro, que prontamente desmentiu as informações que correm em Portugal, pedindo “serenidade” aos membros do Governo. Pedro Passos Coelho classificou como “especulação” as notícias sobre novas fórmulas de cálculo das pensões.
http://expresso.sapo.pt/passos-e-poiares-maduro-nao-sabiam-do-briefing-das-financas=f862811
Março 27, 2014 at 11:42 pm
Eu ainda não consegui perceber, para além da falácia, como é que há pessoas, licenciadas, moderadamente cultas, que aceitam com a naturalidade de um “tem que ser” uma mudança na ortografia, definida por uma Resolução de um Conselho de Ministros, contra um Decreto Lei existente. Algumas dessas pessoas até sabem que a alteração da ortografia vai implicar alteração fonética e vai ter impacto na estrutura mental de um povo.
Claro que haverá razões, que eu não consigo perceber, para os mesmos que denunciam ilegalidades num determinado plano, as aceitem, depois, noutro. O que é surpreendente é ser exactamente entre os professores que eu vejo esta… digamos, necessidade tão grande de ser “modernaço” e de alinhar, adesivos, a uma decisão que começa em Cavaco Silva / Santana Lopes, passa por Sócrates e, finalmente, conclui-se em Coelho.
O que está por trás desta necessidade de fazer um acordo unificador de ortografia, que é impossível, a não que se altere o essencial do que é ser português? Não percebo.
É que, não sei se têm acompanhado as notícias sobre o assunto, os brasileiros estão a borrifar-se para qualquer unificação de ortografia, que é impossível, diga-se, mais uma vez. Enquanto deste lado do Atlântico há gente a pensar que sim, porque prefere deixar-se enganar com um punhado de falácias.
Direi que a maioria dos professores está neste grupo. Deviam ser inteligentes, racionais, cultos, mas mostram-se muito “modernos”, aliás, tristemente, são sempre os primeiros a alinhar em tudo o que lhes cheire a “moderno”. Que tristeza, que insegurança, que complexos!!!
Março 28, 2014 at 12:04 am
#7
Há aqui 2 problemas: um, a posição pessol de um professor quanto ao “Acordo Internacional do Desacordo Internacional”. Quanto a isso, não tenho dúvidas de que muitos professores estão contra.
Outra questão é como proceder face aos alunos. Convencê-los a aceitar a reprovação face à aplicação de intrumentos de poder como seja a definição de critérios de avaliação da correcção das rspostas escritas nos exames, directivas essas definidas centralmente pelo ministério?
Fundir tudo como de uma única questãose tratasse não é grande ajuda.
Março 28, 2014 at 12:05 am
#7
Muito bem. Então como é que o professor age em frente a uma ordem que manda aplicar as regras do acordo a partir do ano lectivo 2012? Diz que não? Faz de conta que não viu? E há alguém com costas suficientemente largas para lhe aparar as consequências?
Março 28, 2014 at 12:49 am
#8 e #9
Parece-me uma boa desculpa.
A resistência ao Acordo pode fazer-se sem pôr em risco a avaliação dos alunos. Qualquer um de nós sabe e é capaz de escrever com as duas normas. Aliás, em caso algum, mas poderiam ter considerado um lapso, fiz referência aos alunos.
O que eu não entendo é que a adesão seja tão voluntária, tão querida, que, em qualquer circunstância, muita gente escreva obedecendo ao dito cujo.
Quando,
– recebo e-mails de colegas escritos de acordo com o AO;
– artigos de opinião de colegas escritos de acordo com o AO;
– participações e comentários em blogs, como este, por exemplo,
não há alunos envolvidos. Há só professores. Mas a vontade é muita e a Edviges Ferreira parece ter um braço muito comprido…
Pois se a questão é só a defesa dos alunos, não será, então, necessário tanta afirmação pública da bondade do dito, como todos os dias ainda se ouve com o aparelho ótico e se vê com o aparelho óptico, entre os professores de quem se esperaria uma maior compreensão da neuro-linguística e da cultura de um povo, pelo afastamento que provoca da literatura, alguma apenas com umas dezenas de anos de idade.
No Natal passado ofereceram-se um livrinho de mil setecentos e carqueja escrito na língua inglesa. Abri-o e li-o. Andam à procura da força da língua inglesa? Talvez este seja um aspecto que lhe dá mais força. Textos escritos há cem ou mais anos, continuam legíveis e válidos. Por cá muda-se, porque é giro, ou por outra razão qualquer. Sabe-se lá o que vai nas nossas cabeças…
Março 28, 2014 at 12:52 am
Um acordo é antes ou depois?
Março 28, 2014 at 1:07 am
Esta gente que nos desgoverna não tem ponta de orgulho.
1/20 do orgulho dos ingleses, dos alemães (a quem tanta vassalagem prestam),… até dos vizinhos espanhóis não lhes chegaria para envernizar a unha do pezinho – que ainda venderiam a mãezinha…
Tristeza a de esta nação… a quem convictamente apelidam de protectorado
Para isto não há referendos,”né”?
7
Concordo.
Quanto a muitos professores aderirem (muitos também estão contra)… pois… como muitos aderiram, a correr, a todas as tretas pseudo-pedagógicas, como aderiram à “escola do aprender a brincar”, como aderiram à treta da “escola a tempo inteiro”, como aderiram ao portefólios e outras bostas iguais, como aderiram à escola das festas/dos “projectos/projectinhos e projectões”, como aderiram à pretensa igualdade entre professores e alunos e às supostas negociações das regras e outras coisas mais…
Normalmente correm para formações sobre competências, alterações de metas/ objectivos/ mudanças de metodologias… (“cum caraças: que raio de licenciados … que precisam de formação sempre que “muda a vírgula”) para não falar das sexualidades/ dos multiculturalismos/ das negociações e técnicas do diálogo…
9
Lembrou-me logo: Manda quem pode, obedece quem deve…
pois… …
Março 28, 2014 at 1:13 am
“Abriu hoje em Oslo livraria que só vende «Livro do Desassossego» de Pessoa”
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=693326
Março 28, 2014 at 1:42 am
#13.
Pois, mas esse, na amazon brasileira, é considerado literatura brasileira:
Março 28, 2014 at 8:33 am
eu desacordo e não acato! 🙂
Março 28, 2014 at 9:07 am
Os portugueses (estupidamente, no que à etimologia latina das palavras diz respeito) poderão fazer todas as cedências ortográficas aos brasileiros sem que isso aproxime as línguas no que é decisivo: a sintaxe e a semântica. É sobretudo na sintaxe que o brasileiro (!) se afasta do português.
Março 28, 2014 at 10:12 pm
[…] Posted by Paulo Guinote […]