• Encomendar à entidade mítica “TROIKA”/FMI algo que querem implementar, mas tentando ficar sem o ónus da responsabilidade pelas propostas. Os borges, catrogas, mexias, nogueirasleites e afins protegem-se um pouco em relação a saídas desencabrestadas do passado recente.
  • Atiram a culpa para a situação, criada pelo Governo anterior e a necessidade de satisfazer os “credores”. Isto tem uma parte de verdade por cada duas de mentira. É verdade que a situação criada pelos governos de Sócrates foi dramática, mas é mentira que a “troika” queira mais do que o dinheiro de volta com os devidos juros e é mentira que as soluções sejam apenas as apresentadas.
  • Já agora, pedem para aparecerem assim umas propostas completamente ridículas, disparatadas e exageradas para iniciar o “debate” de uma forma completamente distorcida . Se possível, usam-se dados desactualizados para condicionar os parâmetros desse mesmo debate, ao definir pontos de partida errados.
  • Surgem propostas para suavizar o que a “troika” exigia, como se fosse uma conquista, uma resistência do Governo às “exigências”. No fundo, “recua-se” para as posições desejadas. Os 50.000 eram, afinal, 15.000. Os imensos privilégios dos grupos profissionais (não aplicados a gabinetes ministeriais e cargos de nomeação política) limitam-se a ser as condições laborais específicas a cada função, pois uma coisa é ser médico, outra ser professor, outra ser funcionário das finanças, outra ser polícia.

Tudo isto é básico, rasteiro, transparente, destinado a provocar alarido, alarme e envenenar a discussão. Segue cartilhas antigas de agit-prop, com um ligeiro twist liberal for dummies, em forma de vingança póstuma 👿 .

Já vimos isto, por exemplo, na TSU. Agora, como é de modo mais focado contra os “privilegiados” da sociedade, espera-se mais sucesso. Se possível, apelidam-se de comunistas, esquerdistas, gastadores, quem se opuser. Fala-se num “novo paradigma” quando nem sabem que “paradigma” significa. Quando o decoro é menos que escasso, fala-se em interesse nacional numa perspectiva totalitária, aquela em que alguns sabem e definem o que é alegadamente bom para todos, mesmo contra a sua vontade ou mistificando-os através do processo acima descrito.