É uma visão resumida e pessoal do que se debateu ontem. Não é uma acta do encontro, nem as respectivas conclusões. Apenas o olhar de alguém que assistiu e gostou de muito do que ouviu e do trabalho ali mostrado.
Na primeira sessão da manhã sobre “O Modelo de Gestão”, após a introdução do Paulo Prudêncio, o Mário Carneiro analisou com detalhe as insuficiências do único modelo disponível de gestão para as escolas e agrupamentos, expôs as suas limitações e bloqueios que impedem a sua eficácia e questionou se, sendo a escola uma organização específica e sui generis não equiparável a uma empresa, não seria mais adequado uma forma de gestão ou administração que respeitasse essa especificidade. Sublinhou ainda as incongruências da constituição e funcionamento de órgãos que, tendo poder sobre o director, são formados por elementos que, por sua vez, são avaliados por esse mesmo director.
Seguiu-se o Ricardo Silva que abordou principalmente o papel do Conselho Geral e o contributo que este órgão pode dar, quando devidamente aproveitados os seus poderes e exercidos de forma pró-activa e efectivamente fiscalizadora, para um controle dos excessos e abusos de poder por parte da Direcção que, afinal, é um órgão executivo. Exemplificou ainda casos concretos (com nomes de escolas e responsáveis por elas) de atropelos da legalidade (já ela muito tremida) em casos de oferta de escola, tanto nos critérios (da competência dos Conselhos Pedagógicos) como da condução dos procedimentos, realização das entrevistas e avaliação final dos candidatos.
O debate que se seguiu incidiu principalmente nos excessos cometidos num modelo de gestão unipessoal quando não são exercidos mecanismos internos de controle e discutiu-se a capacidade do Conselho Geral fiscalizar efectivamente a acção das Direcções, em particular no que se refere à elaboração de horários de alunos e professores.
Foi feito ainda um apelo para que sejam os professores, sem medo, a exercer os seus direitos, fiscalizando, reclamando, queixando-se e divulgando as situações de exercício abusivo do poder e de atropelo aos normativos existentes que, mesmo não sendo os melhores, ainda são os que o próprio MEC legislou e agora, em muitos casos, são activamente desrespeitados, quantas vezes com a anuência implícita das DRE.
Outubro 7, 2012 at 10:47 am
Faz rir essa do CG fiscalizar horários e por aí adiante… Normalmente, os elementos dos CG não percebem nada de gestão escolar nem fazem ideia dos problemas e mecanismos complexos em que está envolvida a direção. A maioria dos elementos do CG, e em todas as escolas, nem sabem onde estão metidos. Este órgão é patético e não serve para nada….
Outubro 7, 2012 at 11:04 am
#1,
O facto de lá estar gente inepta, apática ou meramente vaidosa não impede que, se o não fossem, o órgão pudesse ter uma acção efectiva.
Outubro 7, 2012 at 11:06 am
Concordo que o CG é um órgão perfeitamente inútil e é confrangedor ver o grau de ignorância da grande maioria dos seus membros sobre o funcionamento de uma organização tão complexa como uma escola.
Eis o panorama de um CG de uma escola da província: os representantes dos pais ou não têm qualquer papel ativo ou se preocupam apenas com os seus filhos ou, ainda mais grave, aproveitam o órgão para “outros voos” políticos, nomeadamente na autarquia; os representantes dos docentes, depois de terem conseguido (ou não!) eleger o “seu” diretor, normalmente ou fazem apenas corpo presente, a maioria das vezes por medo ou ignorância, ou aproveitam o órgão para fazer guerra ao diretor; os representantes da autarquia vão aproveitando o órgão para “vender” o seu peixe e para se imiscuírem vergonhosamente na vida da escola; os representantes dos funcionários têm medo e são facilmente manobrados e os representantes da comunidade não percebem o que lá estão a fazer. Faltam os alunos, que raramente estão presentes pois também não percebem o que lá estão a fazer.
Perante um panorama destes, que acredito não ser o único neste país, alguém acredita que este órgão tem condições/competência pata tratar dos recursos da avaliação docente? E dos recursos de avaliação dos alunos?
Outubro 7, 2012 at 11:12 am
O meu diretor apelida-os carinhosamente “A bofia”. Uns favores pagam outros e mais não digo.
Outubro 7, 2012 at 11:13 am
Exactamente.
Congratulo-me que haja gente a refletir … no meio do caos instalado,Bem hajam ! Isto tem que mudar e haja alguem que nos dê ânimo para não perdermos completamente a lucidez e a capacidade de análise,,,só assim poderemos sobreviver e ter capacidade para compater a inepcia deste ministerio e deste governo como já se fez em relação a outros…
Outubro 7, 2012 at 11:50 am
2#
Nisso concordo: se o não fossem…
Outubro 7, 2012 at 11:57 am
Preconizo e aplico isto constantemente (abaixo transcrito), no meu micro-cosmos, mas sai-me do pelo e dá um desgaste tremendo.
Nunca estou só, mas quase sempre “nos cornos do touro”, porque é mais cómodo ir atrás do que dar um passo em frente.
Não consigo perceber porque se acobardam tanto as pessoas, sempre à espera que alguém faça o trabalho de casa por elas.
«… um apelo para que sejam os professores, sem medo, a exercer os seus direitos, fiscalizando, reclamando, queixando-se e divulgando as situações de exercício abusivo do poder e de atropelo aos normativos existentes…»
Outubro 7, 2012 at 12:08 pm
Na avaliação de professores, o recurso passou para a praça pública (Conselho Geral)… Que vergonha!
Outubro 7, 2012 at 12:19 pm
#2 É muuuuuiiiiiito difícil!
#7 Compreendo perfeitamente o que descreve. Quase sempre é como “bater contra um muro”.
“Isso fica ao critério exclusivo do diretor”, é a resposta rápida que se ouve em muitas escolas. Normalmente convoca o que de pior temos como povo (não estamos nos países nórdicos): o amadorismo, a cedência a interesses pouco transparentes, ao “arrivismo” de quem quer fazer uma carreira fácil e circular sempre colado às esferas do poder, a negação da meritocracia, da valorização do potencial de alguns.Confesso cheguei a concordar com os princípios base do 75/2008 (esqueci-me de onde estava), mas bastou-me ver o que rapidamente se passou nas escolas e que é a imagem micro do que se passa a nível macro para mudar de ideias. Hoje acho sinceramente que um CG, habitualmente passivo, submisso e até ignorante dos seus deveres e responsabilidades, não é suficiente para que haja essa regulação dos poderes da direção executiva. O “checks and balances” por cá não funcionam. Como nota pessoal acrescento que fiz parte de um CG mas “bati com a porta” quando verifiquei o seu modo de (não) funcionamento e inoperância. Sei que alguns docentes têm feito chegar ao conhecimento deste órgão situações que consideram gravosas e que a resposta que obtêm é a de que “não faz parte das competências do CG”. Não tenho qualquer esperança numa alteração.
Outubro 7, 2012 at 12:33 pm
Paulo, obrigado pelo resumo. Não pude estar presente mas quero felicitar todos aqueles que assumiram e partilharam as suas posições e ideias. Estamos mais fortes, mais unidos.
Outubro 7, 2012 at 12:45 pm
Relativamente ao funcionamento do CG, só posso concordar com os comentários anteriores. Os que conheço são patéticos e assinam de cruz o que o diretor lhes coloca à frente. Como refere o PG, este orgão tem, em teoria, potencial para ser o grande regulador da organizaçaõ/escola mas anula-se pela vacuidade de quem o integra. Não sei se temos cultura, como pessoas e como povo, para funcionar neste sistema.
Outubro 7, 2012 at 12:52 pm
Na minha opinião o CG deveria ser extinto e as direções voltarem e ser eleitas por sufrágio entre os docentes, como órgão colegial e não unipessoal. Os membros do CP deveriam ser escolhidos de igual forma pelos professores do Departamento e não nomeados pelos diretores.
Outubro 7, 2012 at 12:55 pm
#12
Isso seria uma chatice para as autarquias… como é que depois exerciam o seu “poder”? hehe
Outubro 7, 2012 at 1:01 pm
#12
Nem mais!
A destruição da escola democrática, que constituia um belo exemplo de vivência participada da democracia para o resto dos organismos do país, foi dos maiores crimes de Lurdes Rodrigues e sus muchachos, rapidamente aplaudido e continuado pela tutela do Crato.
Por falar: não é amanhã que MLR, a arguida vai a tribunal de novo?
Outubro 7, 2012 at 1:49 pm
A Pérola de Cultura tem uma reportagem sobre o encontro das Caldas, mas o wordpress não me está a deixar pôr aqui o link.
Estarei a ser spamada? 😉
Outubro 7, 2012 at 2:12 pm
A julgar pela amostra, poucas ideias interessantes e poucas ideias originais. Com a agravante das interessantes não serem originais e das originais não serem interessantes. 😆
Outubro 7, 2012 at 2:27 pm
#1
#9
Concordo plenamente com a vossa análise no que respeita ao desempenho e função do CG na vivência nas escolas.
Outubro 7, 2012 at 4:08 pm
#16
que comentário tãããoooo original. blhec!
Outubro 7, 2012 at 5:08 pm
Lamentável a atitude aqui traduzida pela maioria dos professores em relação ao CG.
A ser levada a sério equivaleria a defender a ditadura do professoriado e o encerramento da escola ao escrutínio de pais e da comunidade.
O desprezo exibido por alguns professores em relação aos “ignorantes” do CG que não conseguem vislumbrar a “complexidade”, é igual, sem tirar nem por, àquele exibido pelo despudorado António Borges.
A “democracia” electiva do Director pelos professores, que tanto agrada a certos sectores, não passa de uma forma de reproduzir o “satu quo” do sistema educativo, que não difere do que se passa no resto da sociedade portuguesa: amiguismo e clientelismo em vez de integridade e responsabilidade.
As pessoas fazem a diferença; o respeito, a justiça e a ética deveriam ser a pedra de toque no que concerne o funcionamento do CG, e não acredito que num sistema hierarquizado e fechado como uma escola, com a tradição de caciquismo e clientelismo como Portugal, uma Direcção sem controlo e sem avaliação do exterior seja uma boa opção, tanto para alunos como para professores, numa perspectiva do interesse geral de todos os cidadãos.
Outubro 7, 2012 at 5:17 pm
#19,
Mas o CG não se pode transformar em mera Câmara Corporativa onde se jogam os interesses de autarcas e demais “sociedade civil” e não um conhecimento específico do que há a tratar.
Outubro 7, 2012 at 5:25 pm
Tão simples :
O C.G. serve apenas para eleger o director.
A partir daí aparecem os bons horários,cargos,etc
Infelizmente tudo o resto é treta !
Digo eu,por experiências já vividas…
Outubro 7, 2012 at 5:32 pm
Paulo, muito obrigada pelo resumo. Felicito todos aqueles que assumiram e partilharam as suas posições, ideias e, ainda acreditam….
Quanto ao CG, outros orgãos, cargos, etc não é nada fácil… muita gente acha (e com razão) que o CP é um horror e…é. Uma pessoa perde horas e horas a preparar, a ler novo estatuto do aluno, a ver e rever o documento do Observ. da Qualidade, etccc Quase ninguém quer cargos mas criticar é muito, muito fácil. Digam-me uma coisinha: 45 minutos ((el de grupo) por semana é tempo suficiente para fazer e/ou refazer x documentos que ora mudam o logotipo mais uma coluna, ora mudam as metas ou outra coisa qualquer…?!
Outubro 7, 2012 at 5:33 pm
digo,
delegado/a de grupo
Outubro 7, 2012 at 5:43 pm
É tudo um processo manhoso e à socapa.
Na minha escola ,fui sondado pelas duas listas para integrar o C.G.,tudo às escondidas uns dos outros,tudo com pedidos de segredo…
Tristeza,ainda tive chatices e desilusões com alguns colegas de quem era amigo.
Vale tudo!
Outubro 7, 2012 at 6:15 pm
A integridade é algo que os portugueses parecem desconhecer.
A capacidade de avaliar e criticar, estudar e propor soluções, implica esforço e sacrifício, entrega e vontade de servir.
Infelizmente muitos só querem passar o tempo a engraxar, enquanto os restantes se deliciam a insultar, e assim se gasta o tempo das reuniões do CG.
A cultura cívica neste país está mais destroçada do que no tempo de Salazar, mais desvalorizada do que na altura de Marcelo Caetano, e os responsáveis são os senhores e senhoras que tomaram conta do país e das instituições: criaram e pastorearam um imenso rebanho de temerosos e servis escravos da Nomenklatura.
A inoperância do CG é o espelho do país e traduz a prepotência de quem se apropria da direcção de uma instituição com a importância da escola, uma vez que arrasa e descredibiliza tudo à sua volta, para que possa exercer o poder em total autocracia e irresponsabilidade social.
Outubro 7, 2012 at 6:33 pm
#25
A vontade de engraxar uns e insultar outros só é suplantada, quer-me parecer, pelo dizer mal de tudo e de todos, sem se ser capaz de confiar em alguém ou apontar um caminho…
Outubro 7, 2012 at 8:08 pm
E falou-se do Órgão de Gestão nas escolas agrupadas?
A minha ainda não está. mas gostava de saber como se passa nas escolas cuja direcção está na secundária. Qtos assessores há na básicas?
Outubro 7, 2012 at 9:43 pm
#27
Escolas agrupadas ou não agrupadas é igual. Não há orgão de gestão. Há um director (é unipessoal) com uma equipa. Lindo, lindo é os coordenadores de estabelecimento terem redução de OITO horas na componente lectiva para coordenar! Até ao ano passado tinham redução da componente lectiva. Até as funcionárias passam a ter uma única “chefe”, seja qual for o número de escolas do agrupamento. Isto é liiindo! É tudo mau demais e é tudo acatado!
Outubro 7, 2012 at 9:50 pm
#26
Deve estar a precisar de um GPS para lhe apontar o caminho!
Outubro 7, 2012 at 9:58 pm
Debate?
Mas, esteve lá algum diretor a defender a gestão unipessoal das escolas ou os que usaram da palavra fizeram-no apenas no sentido de enunciar os males do tipo de gestão escolar vigente?
É que ou há debate (e aí há que ouvir as versões daqueles que são a favor e contra o modelo em vigor) ou então voltamos à lógica das reuniões sindicais em que todos dizem o mesmo…
Mas, o que mais prova o estilo corporativo da questão é quando se critica a inoperância dos Conselhos Gerais por não fiscalizar a definição dos horários dos professores e alunos. Como se não houvesse assuntos mais importantes em que o CG devesse intervir!!! Esta vai ficar para a posteridade!!!
Mas, vale a intenção!
Outubro 7, 2012 at 9:59 pm
Reb nas básicas passará a haver um coordenador com 8 horas de redução..após o fim das caps…nem quero imaginar..escolas com 700 800 e mesmo 1000 e 1110 alunos..ui…
Outubro 7, 2012 at 10:02 pm
PEDRO PARA TUA INFORMAÇÃO ESTIVERAM E EXPUSERAM VÁRIOS PONTOS DE VISTA…A SOBERBA E A LARANJITE É NO QUE DÃO……
Outubro 7, 2012 at 10:49 pm
#27 e #31
Sobre o coordenador de escola a informação está errada… ou na minha EB 2,3 mega-agrupada desde Julho não se passa assim.
O coordenador da escola teve que ficar apenas com 6 tempos lectivos. Tudo o resto é horário para coordenação de escola.
Outubro 7, 2012 at 11:31 pm
#22
Se estiveram porque não é feita referência a essas posições em defesa do modelo unipessoal de gestão escolar?
Outubro 8, 2012 at 6:10 pm
É também por causa deste tipo de comentários e atitudes que decidi… “hibernar”… fora do espaço da minha escola. No fundo, cada vez mais me convenço que os professores, na sua esmagadora maioria, só têm aquilo que merecem e, sobretudo, os diretores que merecem. Falma, falam… mas não fazem nada (e peço desculpa se estiver a incorrer em generalização abusiva). Mas o que vou vendo é que se continuam a lamuriar nas caixas de comentários, e nas salas de professores, mas pouco ou nada fazem de concreto para resistir, sobretudo, no interior das escolas. Acho imensa piada às críticas sobre a total inoperância dos Conselhos Gerais e apetece-me perguntar: serão então os Conselhos Pedagógicos o último reduto da esperança? Mesmo a sério?
Ainda se lembram das Assembleias de Escolas? Essas é que eram eficazes e tinham imensos poderes de fiscalização, certo? Aquilo sim, era um modelo perfeito com imensas competências de fiscalização e controlo… todos o sabemos.
É bom frisar e reforçar o que disse nas Caldas: na minha opinião (alicerçada na minha prática enquanto presidente do CG há já 3 anos) o Conselho Geral sofre de imensas entropias, incongruências e limitações, e essa é uma realidade que devia impor mudanças, mas… ainda assim, no momento presente, que outras alternativas existem, com mais competências do que o Conselho Geral, para se assumir como contra-poder, orgão de equilíbrio de poderes, acompanhamento e fiscalização do director? Gostaria de ver um contraditório que não partisse apenas do pressuposto que os professores que vão para os CG’s vão para lá tratar dos seus interesses numa lógica de tráfico de influências. Eu nem sequer tenho qualquer hora de redução na CNL para o exercício do cargo. E vou em 37 reuniões (iniciadas após as 17.30h/18.30h) sem faltar a uma única reunião. E tenho oito turmas, e não tenho dia livre nem à sexta, nem à segunda.
Há outras realidades (bem diferentes daquelas que alguns comentadores relataram) e é possível ter um CG actuante. Não tenham dúvidas. Mas podemos simplesmente não fazer nada e deixar rolar. As coisas melhorarão certamente…
Outubro 8, 2012 at 6:12 pm
Para que não fiquem dúvidas: sou totalmente contra o modelo de gestão unipessoal centrado no reforço de poderes do director. É EXACTAMENTE por isso que estou no Conselho Geral? Faço-me entender?
Outubro 8, 2012 at 6:13 pm
Corrigindo o ponto de interrogação que queria de exclamação: É EXACTAMENTE por isso que estou no Conselho Geral!