… para o Ensino Profissional no 3º ciclo tenho algumas reservas.
Vejamos aquilo que se conhece sobre a dita cuja, citando de memória porque me esqueci do jornal e estou com preguiça de ir buscá-lo:
- Alunos com 2 retenções seguidas ou 3 intercaladas até ao 6º ano, devem enveredar obrigatoriamente por essa via profissionalizante, alegadamente para aprenderem um ofício até ao 9º ano. No 10º ano poderão reingressar na via regular (científico-humanística).
- Essa via contemplará uma carga lectiva de tipo “geral” igual ao ensino regular em Língua Portuguesa, Inglês e Matemática, sendo o resto adaptada à oferta profissionalizante.
- Os alunos que queiram ingressar nesta via, mesmo sem aquele historial de insucesso, poderão fazê-lo.
- A experiência vai iniciar-se numa dúzia de escolas para posterior generalização a toda a rede pública.
Vejamos as críticas sistémicas à coisa:
- Discordo de todas as medidas que, em termos de gestão do currículo e combate ao insucesso, apostam em soluções únicas e obrigatórias. A diversidade e a autonomia não passam por aqui?
- A experiência-piloto não deve passar de 12 escolas para 1000 num único ano, pois isso faz lembrar outras (más, em muitos casos) experiências de generalização, a partir de poucos casos, de alegados sucessos em finais dos anos 90, nos tempos áureos do benaventismo e das teorias dos especialistas acolhidos no IIE.
Agora algumas, não exaustivas, críticas mais específicas:
- Será que um aluno com duas retenções seguidas no 1º ciclo ou no 5º ano, mas que consegue recuperar e superar as suas dificuldades deve, à saída do 6º e tendo sucesso nesse final de ciclo, ser obrigatoriamente empurrado para uma via profissionalizante?
- Será que a manutenção de uma carga horária semelhante à regular nas disciplinas que são, por regra, das que provocam maior insucesso n0 2º ciclo é uma boa ideia? Não seria mais adequado reduzi-la ou adaptá-la às características de cada curso? Sendo curso é mais ligado à electricidade e mecânica reforçar os conteúdos da Matemática, reduzindo as Letras e fazendo o inverso em cursos ligados, por exemplo, à hotelaria e turismo ou animação social? Será essencial ter a mesma carga horária em Inglês para toda a gente, por exemplo? Em profissões ligadas ao turismo e património local reforçar a História e a Geografia e não tanto a Matemática não faz mais sentido? Em suma, ser mesmo flexível…
- Desta forma não se afastam muitos alunos com sucesso e vocação de um Ensino profissional associado aos maus alunos e mais velhos? Que pais vão colocar um filho com 12 anos, saído do 6º sem problemas, mesmo que não seja com níveis muito bons e tenha interesse em aprender uma profissão, em turmas onde se espera uma larga maioria de alunos, eventualmente problemáticos, com 15 anos ou mais?
- Estão as empresas (onde existem…) interessadas neste perfil de mão de obra?
- Será preciso ter uma formação específica de 3 anos para se ser, por exemplo, talhante?
- De que forma se relacionará esta oferta com a já existente de CEF e PCA? Irá substituí-las, como parece?
- Em que moldes funcionarão estes cursos, com que meios técnicos e humanos. Virão para aqui verbas do QREN como nos anos 90 do Prodep III para os chamados “9º+1”? A formação mais especializada será feita fora da escola’ Que critérios para a selecção de formadores e empresas? Apenas a disponibilidade?
E agora uma dúvida final…
- Se estes alunos vão ingressar, pelo menos, com 14-15 anos nesta via (com 8, 9 ou mais anos de escolaridade já cumpridos, dependendo do número de retenções) e vão demorar, pelo menos, 3 anos nesta via (cumprindo 11, 12 ou mais anos de escolaridade), será que o objectivo é que estes alunos cumpram apenas o 9º ano e ingressem no mundo do trabalho, contornando habilmente aquela coisa dos 12 anos de escolaridade obrigatória, que não significam concluir o Secundário?
Agosto 29, 2012 at 4:31 pm
LOL
Agosto 29, 2012 at 4:31 pm
É o único comentário que sou capaz de fazer.
Agosto 29, 2012 at 4:43 pm
Não sei como é que pode continuar a falar em obrigatoriedade depois de ler a (muito melhor) notícia do JN. Mas eu volto a citar a parte relevante: ” ou por serem encaminhados após uma redefinição do seu percurso escolar que resulte do parecer das equipas de acompanhamento e orientação e do comprometimento e a concordância do seu encarregado de educação”.
Agora só a parte mesmo, mesmo importante: “e do comprometimento e a concordância do seu encarregado de educação”.
Onde é que isto é obrigatoriedade? Está toda a gente com os copos, ou quê?
Portanto, a primeira crítica sistémica e a primeira específica desaparecem. Quanto à segunda sistémica, ainda não li em lado nenhum que a “generalização a toda a rede pública” aconteça dum ano para o outro – está no DN (e baseado em quê – já que fizeram asneira com a obrigatoriedade, eu gostaria de saber em que é que se baseiam)?
Quanto ao resto, enquanto não houver fontes concretas, valem bola.
Agosto 29, 2012 at 4:48 pm
A ideia da “permeabilidade” dos percursos educativos que há muitos anos se tornou dogma dos nossos eduqueses, apesar de não ter correspondência com a realidade, dificulta algumas questões enunciadas.
Claro que é um disparate achar que um aluno que faça o 3º ciclo numa qualquer variante de ensino dito vocacional ou profissionalizante, sejam CEFs, PCAs ou este sucedâneo cratino que agora se anuncia, pode depois, com toda a naturalidade, entrar nos cursos científico-humanísticos do 10º. Basta olhar para os programas de LP dos CEFs e lá estão os Lusíadas e outras matérias que saem no exame do 9º ano. Apenas para se dizer que, teoricamente, qualquer daqueles alunos pode ir fazer o exame que o habilita a prosseguir estudos ao nível mais aprofundado.
E por isso é que aligeiram tudo, menos as disciplinas “estruturantes”, leia-se, as que têm exames, pois nestas é mais difícil fingir que aprenderam alguma coisa.
De resto, continuo a dizer, não faz sentido colocar um miúdo de 12 anos a aprender 3-profissões-3, quando se sabe que irá continuar na escola até aos 18 anos, mesmo com as profissões todas bem aprendidas. Portanto, o que é que sobra? Falando mal e depressa, sobram os alunos cábulas e os mal comportados e eventualmente os de necessidades educativas especiais, a quem, em vez de se darem os apoios – caros – de que precisam, se encaminha para estes cursos fáceis, baratos – já devem ter gente a tratar do financiamento através de um qualquer fundo europeu que ainda pingue – e que dão milhões – de desempregados…
Agosto 29, 2012 at 4:59 pm
#3,
Se o “resto” vale bola por falta de fontes, explique-me porque a notícia que leu no JN é “melhor” do que a do DN?
Mesmo que tenha razão, explique-me a razão da “melhor” classificação que atribui à notícia?
Se não tem “fonte” qual o seu critério de desempate?
Agosto 29, 2012 at 5:01 pm
eu estou em modo “listas de colocação”, não consigo pensar decentemente em mais nada… agora olhei para a tv e está o António Sala a mostrar notas e a dizer que compra ouro… ai, ai, ai… isto não está bom…
“andaram” a dizer que os CEF´s iam acabar… ou sonhei…
mais uma vez se está a empurrar os alunos com insucesso para cursos (que até podiam ser interessantes e úteis) mas que não lhes dizem nada
para mim há dois tipos de alunos com insucesso: os que têm mesmo dificuldades mas até têm algum interesse em aprender e os que não querem saber da escola nem de nada que dê algum trabalho
são os segundos que acabam por “estragar” todo o trabalho interessante que se poderia faze nos cursos- porque não arranjar alternativas para estes?
por muitas dificuldades que um aluno tenha dificilmente reprova 3 vezes até ao 6º se tiver um comportamento razoável, e para os alunos com NEE há sempre alternativas
conclusão: o problema que ninguém quer assumir que existe é “o que fazer com os alunos que NÃO QUEREM FAZER NADA?”
Agosto 29, 2012 at 5:03 pm
“A forte aposta no ensino profissional é uma das razões que explica o sucesso de países como a Alemanha enquanto potência industrial”.
GXS, Pontos de Vista/Público 28 Agosto
Bem, não ter tido uma política de desmantelamento da indústria também deve ter ajudado.
Agosto 29, 2012 at 5:07 pm
#5 Do texto da notícia do JN: “Questionada pela agência Lusa, fonte do ministério adiantou (…)”.
Os bons jornalistas perguntam a quem de direito. A bloco que tenho citado é, precisamente, uma citação da tal fonte do ministério questionada pela Lusa.
Agosto 29, 2012 at 5:12 pm
#6
Sempre se soube o que fazer com os jovens que não querem estudar: iam trabalhar. De há uma década ou duas para cá é que se desaprendeu, e se entrou nesta paranóia da escolaridade de 12 anos para todos, do ensino superior em todas as sedes de concelho, dos doutores que, mesmo depois do doutoramento feito ainda acham cedo para ir trabalhar, preferindo continuar a alegre vida de estudante a coleccionar post-docs…
Sei que é um discurso politicamente incorrecto, mas eu, que gostei de estudar enquanto fui estudante, e também apreciei, num determinado ponto da minha vida, virar a página e começar a trabalhar, gostaria de viver numa sociedade em que não se andasse na escola por obrigação. Quem quisesse sair e experimentar o mundo do trabalho, ganhar o seu dinheiro, conquistar autonomia, deveria poder fazê-lo sem constrangimentos. E a escola, claro, deveria estar de portas abertas para todos os que, mais tarde, desejassem regressar…
Agosto 29, 2012 at 5:13 pm
#8,
Mas adiantou o quê?
E que fonte é essa?
Sabe que as notícias são feitas com base em comunicados e dados do MEC?
Que já por diversas vezes negou afirmações anteriores?
E se existir um documento que…
Já agora, na TSF não é isso que se lê…
http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=2741209&page=-1
Agosto 29, 2012 at 5:17 pm
Entre uma fonte não identificada que a Lusa contactou e fonte nenhuma, acho que é um no-brainer. Pena que não confirme aquilo que lhe apetece dizer, não é?
Já agora, links do Gmail, só para o dono da conta… 😉
Agosto 29, 2012 at 5:23 pm
#9
concordo com tudo mas… eu pergunto o que fazer com “os que não querem fazer nada?”
a maioria desta malta não quer trabalhar por isso é que continuam na escola…
na sic noticias no “opinião pública” vão analisar o ensino profissional…
#7
isso é outras coisinhas mais…
na Marinha Grande (falo de uma realidade que conheço) as empresas proporcionavam a formação profissional
a formação era dada na escola por técnicos e/ou engenheiros e quem não queria trabalhar nem aprender era excluído nem chegava a ir para estágio…
era formação a sério. até porque el4es não estavam para desperdiçar recursos com quem não merecia…
Agosto 29, 2012 at 5:25 pm
Ora bem:
1) Link corrigido.
2) Entre uma fonte desconhecida (porque se oculta no anonimato uma fonte do MEC?) que pode estar a usar esse estatuto para confundir e nenhuma fonte, o que é melhor?
3) Por acaso, confirmo o que digo, lendo o que foi escrito com base num comunicado do MEC.
4) Que mal pergunte, qual é a razão do seu nervosismo? é que não me lembro de o ver por aqui, muito menos com esse link para site e a sua atitude faz-me lembrar a de alguém, há uns bons meses, que por aqui passou só para tentar apagar uma outra espargata do MEC…
Agosto 29, 2012 at 5:26 pm
Na TSF baseiam-se na notícia do DN (que eu ainda não li – não há disso cá para o Norte, e na ‘Net só encontro a imagem da caixa de chamada, notícia completa, nem pó).
Agosto 29, 2012 at 5:27 pm
#14,
BRILHANTE!!!!
A notícia do DN é pior do que a do JN sem sequer a ter lido.
I rest my case!
Agosto 29, 2012 at 5:30 pm
Peço desculpa, se tenho de ser conhecido para comentar, vou-me já embora, não sabia que a zona era privada. 😀
Deixe-se lá da mania da perseguição. Sou um tipo normal que ia a passar (passo cá muita vez, posso?) e vi que estava a cometer um erro grosseiro, influenciado por mau jornalismo. Não sei se é a primeira vez que comento ou não, é capaz de ser; e daí? Ao contrário doutros, estou perfeitamente identificado, não estou a perceber o seu nervosismo…
Agosto 29, 2012 at 5:31 pm
Vamos lá…
Entre ler uma notícia de jornal (já o tenho aqui à vista) e não a ler, quem será o mais habilitado a qualificá-la?
É que no DN tb há fontes do MEC, as mesmas do JN!
E eu nem sequer tenho interesse em defender este ou aquele jornal do mesmo grupo e tudo.
Apenas acho fabuloso que alguém que NÃO LEU algo o qualifique e teça considerações injuriosas sobre quem leu.
Agosto 29, 2012 at 5:34 pm
Eu extrapolei o conteúdo da notícia do DN exclusivamente a partir das suas conclusões. Logo, ou o DN está a enganar ao 1) vincar a falsa obrigatoriedade, como parece pela caixa de chamada e 2) não citar (com aspas e tudo) as declarações duma suposta fonte (que será a mesma da Lusa, suponho) ou então o professor não sabe ler as notícias.
Não quero acreditar na segunda hipótese; só me resta acreditar que a notícia do DN é enviesada em relação à realidade e às declarações da fonte.
Agosto 29, 2012 at 5:36 pm
#16,
Fico “nerbioso” apenas quando alguém que assume não ter lido algo se dispõe para o comentar e, para mais, ofender-me sobre as minha forma de confirmar o que escrevo.
É que eu li e o Marco assumidamente não, mas acha que algo é “melhor”.
Percebe que, mesmo que tenha razão, será por mero acaso?
Pois se não leu, como é que…
O que é estranho na sua atitude?
A veemência neste particular.
Agosto 29, 2012 at 5:36 pm
Existe uma grande confusão entre Ensino Profissional e Cursos Profissionais. Estes são apenas um dos tipos de cursos de ensino profissional de nível secundário, sendo o outro os Cursos de Aprendizagem. Ambos são diferentes quer na forma, quer na substância. O MEC optou por extinguir os primeiros (desengane-se quem considera que assim não é) e desenvolver em massa os segundos.
Vamos então às diferenças entre eles:
– Os cursos profissionais, no ensino público, são ministrados nas escolas secundárias e nas escolas profissionais públicas. Os cursos de aprendizagem têm sido monopólio dos centros de formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP)
– Os docentes dos cursos profissionais são os mesmos do ensino regular, salvo em algumas das disciplinas da componente tecnológica, em que são contratados técnicos especializados. Em qualquer dos casos e tratando-se de professores contratados, são feitos contratos de trabalho. Os cursos de aprendizagem são ministrados por formadores internos do IEFP e por formadores externos, estes últimos contratados por contrato de prestação de serviços, a recibos verdes, sem direito a subsídios de férias e de Natal e sendo as contribuição para a segurança social pagas na totalidade pelo trabalhador. Não há direito a subsídio de desemprego
– Nos cursos profissionais os alunos não recebem qualquer bolsa. Nos cursos de aprendizagem irão receber 180 euros mensais, o que se me apresenta como uma forma de aliciar os alunos das classes mais desfavorecidas, dada a conjuntura atual
– Nos cursos profissionais, as empresas nas quais os alunos desenvolvem a formação em contexto de trabalho (FCT), não recebem qualquer contrapartida financeira. Nos cursos de aprendizagem são e vão ser bem pagas
– Nos cursos profissionais, a FCT desenvolve-se nos 2º e 3º anos do curso, em períodos de média duração, após a escola entender que os alunos adquiriram os conhecimentos teóricos necessários para desempenharem funções em contexto de trabalho. Nos cursos de aprendizagem, a FCT inicia-se logo assim que começa o curso e desenvolve-se em 2 ou 3 dias por semana, durante todas as semanas, estando os alunos nos centros de formação durante os restantes
– Nos cursos profissionais quem decide são as escolas
– Por estas duas razões, o centro de decisão e controlo nos cursos profissionais está nas escolas, enquanto nos cursos de aprendizagem se desloca para as empresas
– Durante a última década tornou-se um lugar comum dizer que Portugal desbaratou milhões de euros vindos da EU em autoestradas e formação profissional inúteis. Pois bem, estes cursos de aprendizagem contribuíram bastante para que isso acontecesse. Por alguma razão estavam moribundos, apesar de mais de uma década de existência, preparando-se este MEC para ressuscitar aquilo que de pior teve a formação profissional em Portugal.
Fui formador em vários cursos de formação, fui formador em cursos de aprendizagem e fui professor em cursos profissionais. Os campeões do facilitismo assumido e explícito são os cursos de aprendizagem, e não sou só eu que o digo, pois já foram feitos vários estudos sobre o tema com resultados conhecidos.
O MEC prepara-se para extinguir os cursos profissionais nas escolas (já começou), esvaziando ainda mais a escola publica das suas funções, consolidando o que de pior tem sido feito e entregando o ensino profissional sob a forma de cursos de aprendizagem, ao IEFP, a entidades de formação de vão de escada e às empresas privadas, acompanhados de uma boa dose de propaganda, ou alguém acredita, por exemplo, que estes alunos terão condições para fazer os exames nacionais do ensino secundário para acesso à universidade, quando os alunos que frequentam os 3 anos do ensino regular têm 50% de negativas?
Pergunto-me quais as razões desta opção do MEC e só encontro uma resposta: critérios puramente ideológicos. Já não acredito que seja por incompetência. Tudo está a ser feito de forma bem planeada e criteriosa. Nesta opção, nem os critérios economicistas se podem aplicar, pois, como vimos, os cursos de aprendizagem vão sair mais caros que os cursos profissionais.
Poderão dizer que estes cursos vão absorver alguns dos professores contratados que vão ficar desempregados. Admito que sim, alguns, poucos, pagos a recibos verdes, como já se encontra previsto no Novo Regulamento dos Cursos de Aprendizagem que o governo já se apressou a publicar, mas, como já está previsto, na sua maioria eles vão ser ministrados pelos formadores do IEFP, sem habilitação profissional para a docência e, em caso de necessidade, pelos professores de carreira sem componente letiva.
Pergunto-me, igualmente, se os sindicatos, os professores e os encarregados de educação, dada a sua passividade, não entendem o que se está a passar.
Pergunto-me por que razão aqueles que mais sabem sobre educação em Portugal, por a terem estudado no terreno, nas escolas, observando professores e alunos, e que são reconhecidos a nível nacional e internacional, não vêm a publico revelar à população a destruição da escola a que estamos a assistir. É por mais evidente que enquanto o MEC age e propagandeia, os outros limitam-se a reagir, às vezes. Nunca poderemos alcançar alguém que vai sempre um passo à nossa frente.
Perguntamo-nos todos, finalmente, o que se está a passar na cabeça deste governo. Talvez aquilo que todos sabemos e não queremos aceitar.
Agosto 29, 2012 at 5:38 pm
Crato criou uma ficção narrativa como resposta a uma decisão irresponsável de Sócrates que colheu a aprovação de todos os que acreditam que o Estado consegue criar realidades alternativas, à boa maneira soviética.
O prolongamento da escolaridade obrigatória, nesta fase de destruição do aparelho produtivo em Portugal, constitui um erro crasso, um disparate, e só se mantém porque faz parte do plano geral fantasista de alienação e exploração da população.
Os sindicatos de professores, as confederações de pais e os “analistas” dão as mãos e queimam os neurónios na tentativa de encontrar um antídoto para a contracção das forças produtivas, para o desemprego e para a queda da produção de riqueza.
A banha-da-cobra é então embrulhada e apresentada no formato de educação pública obrigatória de 12 anos.
As empresas fecham, os empregos diminuem, o PIB encolhe, mas a escolaridade obrigatória de 12 anos vai produzir o milagre de operar uma transformação do país num espaço de trabalho integrado, organização, planeamento e produção de bens, tudo a partir do gabinete do Ministério da educação!
Agosto 29, 2012 at 5:39 pm
Estou a citar, não a “extrapolar”…
Percebe a diferença?
Agosto 29, 2012 at 5:40 pm
O marco do big brother ja comenta por aqui?
Agosto 29, 2012 at 5:42 pm
Continuo a citar e há outros nacos igualmente deliciosos, como o da forma de escolher as 12 escolas-piloto.
O que acho?
Barro atirado à parede, a ver o que pega e, desde já, uma inversão de marca.
Agosto 29, 2012 at 5:42 pm
As escola públicas tiveram este ano uma redução brutal (em muitos casos superior a 50%) nas autorizações para abrir cursos CEF e cursos Profissionais.
Os cursos CEF, são na sua maioria, cursos para os alunos que terminam o 2ºciclo do ensino básico (6ºano) e com uma história de algum insucesso. Muitos com problemas de comportamento e que encontram nesta solução dos Cursos de Educação e Formação uma boa possibilidade de fazer o 9ºano, ainda por cima num curso que dura dois.
Os profissionais (ensino secundário) eram uma sequência natural dos CEF, sendo que recebiam outro tipo de alunos também. A rede pública que oferece estes cursos é constituída pelas escolas secundárias, pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional e pela rede privada de escolas profissionais. O site da ANQEP explica tudo.
Ora, neste contexto as afirmações de Nuno Crato são absolutamente vazias de conteúdo real e completamente cheias de complexos ideológicos e de lugares comuns: o povo diz que é preciso gente que consiga apertar um parafuso ou colocar um cano e logo a direita mais atrasada corre para os braços das soluções anteriores ao 25 de abril. Esquecem-se de duas coisas:
– quem está na escola hoje e quem estava na escola nessa altura.
– a natureza do mercado laboral de hoje, comparado com o mercado laboral de então.
E levando a discussão para o plano educativo, reitero um argumento já apresentado e que se relaciona com a possibilidade dos alunos passarem de uma via para outra.
Aventar
Agosto 29, 2012 at 5:43 pm
#20,
Eu leio “Ensino Básico Vocacional” no que agora é atribuído ao MEC
“Ensino profissional” é a designação cómoda e generalista.
Agosto 29, 2012 at 5:45 pm
Basta-me ler as declarações da fonte (entre aspas, como devem ser as citações) para perceber que a obrigatoriedade está a mais. Estas constam da notícia do JN (entre aspas, lá está). Não sei se constam na notícia do DN. Se sim, o jornalista do DN (e do JN também, na primeira parte da notícia também citam a obrigatoriedade, reparei agora) ou está de ressaca ou está a enganar descaradamente.
A minha veemência? Só contra a desinformação. É este assunto, podia ser outro qualquer. Como ex-aluno dos antigos cursos secundários tecnológicos (mas também ex-aluno universitário, o que indica que uma coisa não exclua a outra), talvez este assunto toque mais perto de casa, embora não me pareça que esteja a ser mais ou menos veemente do que noutros assuntos.
E para quem há cinco minutos não me conhecia de lado nenhum, já estranha a minha veemência neste particular? E nos outros “particulares”, já conhece a minha veemência? 😉
Deixe de se focar na minha pessoa, e foque-se na minha opinião.
Agosto 29, 2012 at 5:50 pm
#27,
1) Exactamente “neste particular” porque não me lembro de o ler antes (já sei, agora vai alegar que eu só aceito comentários de “conhecidos”). Tente perceber o sentido das coisas.
2) Agora a obrigatoriedade já está no JN entre aspas (indicativas de citação, certo? era o que há bocado alegava acerca da notícia da Lusa, que citava com aspas e isso é que valia…) e não leu a notícia do DN. E diz que é contra a desinformação? Desinformação foi o que fez desde o primeiro comentário, escondendo o que não leu e truncando o que leu porque não acredito que algo tão fundamental lhe tenha “escapado”.
É que se não tivesse admitido, eu começava a citar a notícia do JN e era uma enorme tristeza para tão grande defensor do “melhor” jornalismo.
Resumindo…
O Marco não leu o DN.
O Marco truncou o que leu do JN.
O Marco deu lições de moral aos outros com base nisso.
PIM!
Agosto 29, 2012 at 5:52 pm
Mais uma volta e outra volta ainda e continuamos na mesma! Gostava de saber o que querem afinal os senhores que mandam nestas coisas e gostava de lhes perguntar o seguinte: – Quando requisitam o serviço de um técnico para realizar uma qualquer reparação em sua casa, qual o perfil que esperam encontrar na pessoa que lhes vai bater à porta?
Quero com isto dizer que continuamos a confundir os CEF com ensino profissional. Este sim, merece uma reflexão séria e deve ser valorizado e encarado como um percurso formativo que alargue as expectativas profissionais dos jovens. Precisamos de mais técnicos qualificados nas diferentes áreas para fazer crescer o país e menos de licenciados para emigrar ou ficar desempregados e angustiados.
Enquanto existir uma visão da formação profissional como meio de filtrar os cábulas e insurretos, mantendo-os no ensino regular, não haverá uma melhoria verdadeira da qualidade do ensino.
Saber fazer, é importante; e fazer bem, implica capacidade, conhecimento, dedicação, concentração, perseverança e espírito de sacrifício. Ou seja, são necessários bons alunos no ensino profissional.
Às outras soluções para “recuperar” alunos para continuarem no sistema, chamem-lhes o que quiserem: ensino prático, alternativo, aprender fazendo, etc, etc…. Não se ande é a enganar os pais e a sociedade acenando com a possibilidade de prosseguir estudos e outras coisas mais – não vale a pena dourar a pílula. O que é verdadeiramente importante é que as pessoas percebam que independentemente das dificuldades de cada um, todos podem ser úteis e necessários à sociedade e que a formação se faz ao longo da vida.
Criem-se escolas-oficina para os alunos que não gostam da escola, das aulas e até dos professores e chamem as coisas pelos nomes. Todos iríamos ganhar com isso: poupava-se dinheiro e melhorava o ambiente escolar.
Agosto 29, 2012 at 6:01 pm
Com menos conversa já lhe tinha passado o link da notícia do JN: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Educacao/Interior.aspx?content_id=2740966
É gralha minha, a obrigatoriedade não está citada. Onde digo “na primeira parte da notícia também citam a obrigatoriedade” queria dizer que também mencionam; não é uma citação.
A citação (citação da fonte, mesmo, agora não é gralha minha) a que me refiro, mais uma vez, é esta:
“Os alunos podem, em determinado momento do percurso escolar, frequentar estes cursos por opção própria ou do seu encarregado de educação, ou por serem encaminhados após uma redefinição do seu percurso escolar que resulte do parecer das equipas de acompanhamento e orientação e do comprometimento e a concordância do seu encarregado de educação”
A última parte desmente categoricamente a obrigatoriedade. Não sei como podia ser mais claro.
Se quisermos teorizar que fonte mente, que o MEC já mentiu e enganou e o diabo a sete, tudo bem. Cada um tem direito à sua opinião. Mas os dados de que dispomos neste momento desmentem a obrigatoriedade. Isto não é uma opinião, é um facto.
Pergunta: este bloco consta da notícia do DN?
Agosto 29, 2012 at 6:03 pm
O marco decora e debita como um papagaio laranjinha com cauda rosa.
Agosto 29, 2012 at 6:06 pm
Eu penso que a Adriana tem razão: que fazer com aqueles que não querem fazer nada? Um aluno com dificuldades, mas com vontade de aprender, consegue fazer. Com esforço, mas faz. Agora os barulhentos malcriadões (peço desculpa da expressão), o que é que se faz com eles? São esses que vão para os profissionais? Coitadinhos dos cursos profissionais. Penso que só depois do 3º ciclo se devia pensar em vocações ….
Agosto 29, 2012 at 6:11 pm
Os que não querem estudar, genericamente, também não querem trabalhar.
Muitos deles são já criminosos encartados, com cursos muito mais sólidos do que o do Relvas.
Este palerma do Crato anda para aí a dejetar mais diarreira, do mesmo género da que temos há uma dúzia de anos.
Este MEC é um palerma e um falso.
P.S. – Estamos a falar de ótimas profissões para rapazes. E elas? Talvez lavores.
Agosto 29, 2012 at 6:12 pm
#30,
Sim, consta da 5ª coluna da página 4.
E PIM!
Agosto 29, 2012 at 6:14 pm
#30,
Já agora, só para lhe alargar o reportório heurístico:
A “notícia” do JN nem é assinada e limita-se a reproduzir (como em outro meios) um digest do que vem no DN.
Ou seja, é notícia mastigada a posteriori.
Não deu por isso?
Tem igual ou similar na TSF, Económico, etc, etc.
E vem aqui ar lições sobre como usar fontes e notícias?
Com menos conversa, eu no seu lugar já teria admitido que esteve a comentar “on thin ice” e que o dito já se quebrou há um bocado…
Agosto 29, 2012 at 6:15 pm
E então em que é que se baseia para continuar a defender a obrigatoriedade? Diga-me que agora já é só teimosia, senão tenho de assumir o pior…
Agosto 29, 2012 at 6:17 pm
#36,
Assuma o que entender… depois de não ter lido, de ter extrapolado e ter truncado, sempre é outro verbo.
É que estou mesmo, mesmo, mesmo ralado com o que pensa…
Agosto 29, 2012 at 6:24 pm
Eu estou a comentar baseado exclusivamente numa frase da fonte que desmente o carácter obrigatório da medida em causa. É factual. O gelo não é fino, nem grosso, nem sequer é gelo: é cimento armado.
Lamento que o facto não se coadune com aquilo que escreveu. De homenzinho era corrigir o post, mas já estou a ver que estou a bater à porta errada.
Agosto 29, 2012 at 6:36 pm
#38,
Então eu vou explicar-lhe de-va-ga-ri-nho, apesar de ter usado a expressão “homenzinho”, pela qual merece o meu mais profundo desprezo pessoal, terminando aqui qualquer diálogo consigo.
No Ensino Básico ou Secundário, com alunos menores, todos os documentos escolares devem ser validados pelos Encarregados de Educação.
Os alunos que têm, por exemplo, negativas que indiciam insucesso devem ter “obrigatoriamente” um Plano de Recuperação/Acompanhamento. Que deve ser assinado pelo EE. Que pode não o assinar se não for à Escola. Mas o plano existe.
Percebeu, ó ganda homenzarrão que cita o que não leu e trunca o que leu, extrapolando acerca do que adivinhou?
Passe bem e ao largo que de papalvos presumidos ando mais do que cheio.
Agosto 29, 2012 at 6:46 pm
Pronto, agora amuou. 😀
(quem é que eu conheço de “papalvos presumidos”? ah, certo…)
Agosto 29, 2012 at 6:46 pm
José Manuel Canavarro (ex-SEE) ao DN:
Agosto 29, 2012 at 7:56 pm
Este marco alem de ser uma nulidade nula e de trer quica feito o curso com equivalencias tenta ser um hermaneuta das fontes.Nao tarda ainda vai afirmar que esta noticia nao existe e foi fabricada pela imprensa falsa.Ele ha cada energumeno.
Agosto 29, 2012 at 10:18 pm
Afinal, isto é uma notícia requentada. Edição do Expresso de 30 de Junho (!): http://expresso.sapo.pt/alunos-vao-poder-escolher-cursos-mais-praticos-logo-no-5-ano=f736481
Felizmente, encontrei a versão completa: http://www.fle.pt/images/stories/pdf/alunospodemescolher.pdf
Atentai especialmente no seguinte parágrafo:
“Para já, o Ministério explica que estes cursos poderão ser frequentados por opção dos alunos ou por sugestão da escola, se esta entender que aquela oferta se adequa mais ao perfil do estudante. Por exemplo, no caso de um jovem que já tenha chumbado várias vezes no ensino geral. Em todos os casos, terá sempre de haver o acordo dos pais.”
Reforço: “Em todos os casos, terá sempre de haver o acordo dos pais.”
P… PIM? 😀
Agosto 29, 2012 at 10:25 pm
Este tipo parece uma carraça …ok… o partido já lhe pagou o dia ..claro que é necessário o acordo dos pais…só quem nunca esteve no ensino não sabe isso..dah…
Agosto 29, 2012 at 10:44 pm
Porque é que raio as pessoas insistem em afirmar que aprender condignamente uma profissão é menos exigente que seguir pelo ensino dito “regular” em preparação para o Universitário?
Os miúdos no 10º ano já têm dificuldade em escolher uma profissão quanto mais ainda mais cedo do que isso.
Querem ensinar “profissões” – ensinem a todos(sem excepção): electricidade básica, carpintaria, ensinem a usar um nível, um fio de prumo, um berbequim, uma serra, um compasso, um formão, a usar uma fritadeira, um descascador de batatas, ensinem a fazer uma omolete, a gerir um orçamento familiar, a preencher um cheque, a usar convenientemente um BCC num e-mail (e expliquem porquê)
Querem conhecimento operativo: ensinem informática a sério – e não a porcaria das TIC. Ensinem uma qualquer linguagem de programação e ponham os miúdos a pensar.
Mas mais uma vez, a TODOS sem excepção. Ou pelo menos deem-lhes a oportunidade de aprender.
Façam como nalguns países anglo-saxónicos (como USA e Austrália) onde os alunos criam o seu percurso formativo tendo por base um conjunto alargado de disciplinas (onde entram coisas curiosas como Home Economy) coexistindo o “vocacional” com o dito “regular” não havendo uma distinção efectiva entre os dois, havendo contudo limites e cargas horárias obrigatórias.
Depois mais tarde (e mais maduros e conhecedores de várias profissões) optam por um curso profissional ou por seguir para um curso superior (acontece algo similar no país Basco)
Agora especialmente não digam institucionalmente que para ser electricista ou cozinheiro é necessário ter chumbado 3 vezes, e que porque chumbaram vão dar obrigatoriamente com os costados no “Ensino Vocacional”!
Agosto 29, 2012 at 11:15 pm
Os correios tinham uns marcos vermelhos por onde se enviava recados.
Agora, temos o marco laranja em forma de moço de recados (veio aqui e agora comentar esta notícia “por acaso”… 😆 ).
Agosto 29, 2012 at 11:16 pm
enviavam
Agosto 30, 2012 at 12:58 am
# 20
Então e os direitos de autor?
Agosto 30, 2012 at 10:49 am
Mais uma treta para os entertenimentos, entrevistas dos contras e prós e o MEC aparecer no ecran e na página.
cursos profisionais – Para que empregos?
Alunos com 3 retenções. Não era esse um dos critérios para os CEF?
E depois, podem fazer-se turmas com menos de 20?
E, caso não se possa, se houver 19 meninos com 3 retenções continuam no currículo normal ou são postos à janela com orelhas de burro?
A minha tia jorgina era mais pertinente a dizer coisas que os Situação a apresentar projetos, reflexões e análises
Agosto 31, 2012 at 10:08 pm
[…] se tiveram atenção à discussão que tive ontem com um comentador (Marco) e o que ele insistia ser a versão correcta dos factos (que a notícia do DN teria adulterado) e […]
Setembro 4, 2012 at 5:28 pm
You could certainly see your skills in the paintings you write. The arena hopes for even more passionate writers such as you who are not afraid to mention how they believe. All the time follow your heart.